domingo, 28 de setembro de 2008

A Luz e a Escuridão [5]

Ele voltou a vencer. Depois de um longo jejum, depois de amargar um ano inteiro em um carro que não lhe dá condições de brigar nem por pódios, depois de viver a glória de ganhar dois títulos sobre Schumacher e de logo ser comparado ao hepta-campeão. Ele voltou a vencer, depois de viver um inferno astral na McLaren em 2007. Ele é Fernando Alonso, o espanhol que foi o responsável pelo começo do fim da hegemonia Schumacher-Ferrari.

Contrariando o “grande” Galvão Bueno, Alonso deu uma resposta aos que não mais o colocam na lista dos melhores da atualidade. Ok, Hamilton e Massa são ótimos, capazes de lances de grande talento, e não se pode desconsiderar Raikkonen, o campeão do mundo sobre o próprio Alonso em 2007. Mas o espanhol fez o que nenhum dos outros concorrentes conseguiu (eliminando Hamilton, que não teve oportunidade): desbancou Schumacher, alterou a ordem do poder na F-1 e tem todo o direito de estar travando o mercado de pilotos. Massa, Hamilton, Raikkonen, Kubica, todos são ótimos, pilotos futuramente campeões, mas ninguém tem o currículo brilhante de Fernando. É fato.

A vitória de hoje, claro, foi circunstancial. Alonso jamais teria chance de sonhar com a ela não fossem os acontecimentos tortos do gp cingalês. Mas quando teve chance de andar na frente, Alonso fez o mais sabe fazer: acelerou, dominou os adversários, e venceu. Foi bom ver o bicampeão fazendo seu gesto característico com as mãos na volta da vitória. É um gesto que representa as muitas vitórias que ele esperava conquistar e que ele de fato conquistou durante um período de sua carreira, mas que se tornaram escassas graças a sua má movimentação nos bastidores da F-1. Com as portas das equipes grandes fechadas para seu talento, Alonso terá de continuar a contar com a sorte para voltar a vencer.

E Alonso não fez pouco: largou em 15º, pulou para o 12º lugar logo nas primeiras voltas e contou com a “ajuda” do companheiro de equipe para vencer. Nelsinho bateu na volta 14, forçou a entrada do Safety Car e a estrela do campeão começou a brilhar. Alonso já havia feito sua parada e iria para as cabeças. Dito e feito! Poucas voltas após a saída do carro de segurança os líderes virtuais foram para seus pit stops, Alonso pulou na ponta e não mais a abandonou.

Voltou a vencer o bicampeão mundial, após um jejum de 379 dias desde o GP Itália do ano passado. Com a vitória de Alonso a temporada 2008 passa a ter 7 vencedores diferentes em 15 corridas, um equilíbrio que a Fórmula-1 não via há muitos anos.

A imagem de hoje revela um contraste com a de ontem, na classificação, quando o espanhol teve um problema no carro que o impediu de ir ao Q3. Alonso desceu do carro desesperado, socou o ar e o próprio capacete e sabia que perdera a chance de talvez ir para a 1ª fila do grid. Eram as trevas. Hoje, desceu do carro de forma altiva, comemorando muito sua primeira vitória na temporada, deixando claro que esse sempre foi o objetivo desse rapaz de talento nato que sofre por estar em um carro fraco e sem chances de ascender às grandes equipes da categoria. É a luz


Momento de felicidade para Nico Rosberg, que atingiu a melhor posição de chegada em sua carreira na F-1. O segundo lugar do piloto da Williams poderia ser primeiro não fosse o penalty sofrido pouco depois da parada dos boxes. Inclusive, tenho quase certeza de que Nico saiu do pit lane com luzes verdes, portanto de forma lícita. Se alguém aí tiver um contato com a direção de prova...

Um comentário:

Felipão disse...

Poxa, fiquei com essa sensação a respeito do Nico também...

será que não foram injustos???