sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Brasil - Results & Coments [2]

Tempos da 2ª sessão de treinos livres em Interlagos:

1. Fernando Alonso (Renault), 1.12.296
2. Felipe Massa (Ferrari), 1.12.353
3. Jarno Trulli (Toyota), 1.12.435
4. Kimi Raikkonen (Ferrari), 1.12.600
5. Mark Webber (Red Bull), 1.12.650
6. Sebastian Vettel (Toro Rosso), 1.12.687
7. Nelsinho Piquet (Renault), 1.12.703
8. Nico Rosberg (Williams), 1.12.761
9. Lewis Hamilton (McLaren), 1.12.827
10. Kazuki Nakajima (Williams), 1.12.886
11. David Coulthard (Red Bull), 1.12.896
12. Robert Kubica (BMW), 1.12.971
13. Nick Heidfeld (BMW), 1.13.038
14. Timo Glock (Toyota), 1.13.041
15. Heikki Kovalainen (McLaren), 1.13.213
16. Rubens Barrichello (Honda), 1.13.221
17. Sébastien Bourdais (Toro Rosso), 1.13.273
18. Jenson Button (Honda), 1.13.341
19. Adrian Sutil (Force India), 1.13.428
20. Giancarlo Fisichella (Force India), 1.13.691

Mais notinhas paulistanas:

- Ao contrário do treino da manhã, o da tarde teve carro na pista desde o início. Apesar disso, a sessão verspertina foi meio monótona, com pouca rotatividade de posições;

- Massa dominou praticamente o treino todo. Só no finalzinho Alonso fez seu habitual jogo de cena, cravando o melhor tempo da sexta-feira em São Paulo;

- O chove-não-molha que começou de manhã continuou;

- Lewis Hamilton não esteve entre os primeiros colocados em nenhum momento da tarde. Parece ter testado as configurações para a corrida;

- Enfim, poucas novidades nessa tarde. Amanhã às 2 da tarde ocorre a classificação e a largada é no domingo, às 3 da tarde, sempre no horário de Brasília.

Brasil - Results & Coments [1]

Não costumo me manifestar sobre o 1º treino livre, mas como é Brasil e é decisão, lá vai:

Tempos da 1ª sessão de treinos livres em Interlagos:

1. Felipe Massa (Ferrari), 1.12.305
2. Lewis Hamilton (McLaren), 1.12.495
3. Kimi Raikkonen (Ferrari), 1.12.529
4. Robert Kubica (BMW), 1.12.874
5. Heikki Kovalainen (McLaren), 1.12.925
6. Fernando Alonso (Renault), 1.13.061
7. Mark Webber (Red Bull), 1.13.298
8. Nelsinho Piquet (Renault), 1.13.378
9. Nick Heidfeld (BMW), 1.13.426
10. Timo Glock (Toyota), 1.13.466
11. Jarno Trulli (Toyota), 1.13.600
12. Nico Rosberg (Williams), 1.13.621
13. Sébastien Bourdais (Toro Rosso), 1.13.649
14. Rubens Barrichello (Honda), 1.13.676
15. Jenson Button (Honda), 1.13.766
16. Kazuki Nakajima (Williams), 1.13.806
17. Sebastian Vettel (Toro Rosso), 1.13.836
18. David Coulthard (Red Bull), 1.13.861
19. Adrian Sutil (Force India), 1.14.704
20. Giancarlo Fisichella (Force India), 1.14.821

Notinhas paulistanas:

- Nos primeiros minutos, pouca ação. O que deu pra escutar foi um coro de crianças entoando os seguintes versos: “Felipe Massa, cadê você? Eu vim aqui só pra te ver!” Confesso que não sei se eram mesmo crianças presentes no autódromo ou se o coro foi fruto de algum sistema de som;

- Quando a ação começou pra valer, Lewis Hamilton dominou. De cara, uma coisa ficou clara: a McLaren andou muito forte nos setores rápidos da pista, enquanto a Ferrari era a dona do miolo;

- Foi assim durante todo o treino. Hamilton tem as melhores passagens na 1ª e na última parcial. Massa ficou com o melhor tempo na 2ª. Para se ter uma idéia, os ferraristas eram os únicos a fazer o setor 2 abaixo dos 37s. Massa e Raikkonen cravavam 36,6 com facilidade;

- Apesar disso, a vantagem obtida na parte de baixa era perdida no final da volta, na Curva do Café e na Subida dos Boxes. Talvez seja um sinal de que a Ferrari andou com mais asa nesse primeiro momento. Somente quando restavam 6 minutos para o fim da sessão matutina, Felipe Massa cravou 1.12.305, e se isolou na ponta;

- Hamilton ainda tentou baixar a marca de Massa, mas sua volta não foi boa;

- Um detalhe: a Terra da Garoa não traiu seu apelido nacionalmente conhecido. Restando 30 minutos para o fim do treino, um chuvisco caiu sobre Interlagos. O “S” do Senna pareceu ser o trecho mais crítico. Raikkonen deu uma rodada por lá, mas nada grave;

- Previsão de chuva para hoje, sábado e domingo. Para a hora da largada, às 3 da tarde do dia 2, há 100% de chances de precipitações, segundo o Weather Channel;

- Daqui a pouco, às 2 da tarde, rola o segundo treino livre.

Imagens de Quinta

GP Brasil é sempre diferente. Já disse em outras ocasiões e reitero agora: sempre há um ar mais efusivo. Desde 2004 então, quando a corrida nossa foi transferida para o fim do ano, um número maior de situações inusitadas tem acontecido anos após ano.

A corrida do próximo domingo é a última de David Coulthard. Quando alinhar seu RB4 para a largada em Interlagos, David estará participando de sua corrida de número 247. Na F-1 desde 1994, substituindo Ayrton Senna na Williams, David passou ainda pela McLaren encerra a carreira na equipe dos energéticos, a Red Bull. Durante esses 14 anos conquistou 12 poles e 13 vitórias. Sua maior marca (como muito bem cravou o xará Fábio Campos, do Grid GP), porém, não é a do talento assombroso. Coulthard esteve em um dos melhores cockpits da F-1 por anos e sempre foi submetido pelos parceiros de equipe. Foi escudeiro do bicampeão Hakkinen e, quando esse se aposentou, também comeu poeira do novato Raikkonen.

Apesar de tudo, David foi uma voz muito ouvida entre os pilotos. Era um dos líderes da GPDA (em português, Associação do Pilotos de Grande Prêmio), entidade que lidava com as questões de segurança. Com a fama e a pose playboy, veio também a sucessão de namoradas lindíssimas, estilo top model. E só.

O escocês, porém, parece ter feito amigos durante seus anos na F-1 (pelo menos isso, né?). A RBR lhe oferecerá uma homenagem durante o GP Brasil. O bólido de Coulthard estará pintado com um tema diferente de usual e terá a inscrição “Wings for Lifes” (Asas para a Vida), uma instituição que cuida de crianças com câncer.

Ontem, Coulthard conseguiu reunir todos os pilotos para uma foto em sua própria homenagem.


Moral o cara tem.

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Outra foto curiosa foi a de Lewis Hamilton e Felipe Massa, na coletiva de imprensa de ontem. Os fotógrafos pediram e os dois posaram, dando um aperto de mão. Clima amistoso, ameno, cordial.

Até quando, hein?
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Preciso ir porque o 1º treino livre já está começando...

quinta-feira, 30 de outubro de 2008

A mesma praça, outro jardim: Brasil 2007

A corrida do ano passado em Interlagos já foi debatida e esmiuçada ao extremo. Reservo-me, então, ao direito de ficar calado e deixar que o ídolo (ó, ironia!) Galvão Bueno diga tudo o que é necessário:



“Onde você vaaaaaaaai, Hamiltoooon?”

Apenas para constar, as diversas situações em que o campeonato se encontrou durante a corrida, do ponto de vista de Hamilton:

Antes do início da corrida:

L. Hamilton – 107
F. Alonso – 103
K. Raikkonen – 100

Hamilton, portanto, precisava de um 2º lugar para ser campeão sem depender dos resultados alheios. Nessas condições, o inglês iria a 115 pontos, ficando a frente de Raikkonen e Alonso, mesmo que um desses últimos vencesse.

O 3º lugar serviria para o inglês, se Alonso não vencesse. Caso isso acontecesse, a dupla da McLaren empataria em 113 pontos, porém o espanhol teria uma vitória a mais e seria tricampeão.

Entre a largada e a Curva do Lago:

L. Hamilton – 112
F. Alonso – 109
K. Raikkonen – 108

Assim estava o campeonato nos primeiros segundos do GP Brasil. Hamilton em 4º era campeão naquele momento. Não precisava disputar posição com Alonso na freada do Lago. Hamilton estava confortável naquele posto, mesmo que Massa cedesse a liderança a Raikkonen. Nesse caso o finlandês iria, no máximo, a 110. Alonso, em 3º, estava longe de incomodar.

Depois dos dois erros de Hamilton:

F. Alonso – 109
K. Raikkonen – 108
L. Hamilton – 107

Depois das duas patacoadas de Hamilton, Alonso era o virtual campeão da temporada 2007. Mas, claro, a Ferrari preparava a festa na surdina, com a inversão de posições entre Massa e Raikkonen. Hamilton conseguia perder o título, inacreditavelmente.

Depois do jogo de equipe ferrarista:

K. Raikkonen – 110
L. Hamilton – 109
F. Alonso – 109

Com Raikkonen em 1º, Hamilton precisava chegar aos 111 pontos obrigatoriamente, ou seja, cruzar a meta pelo menos em 5º. Se os dois empatassem, o finlandês seria campeão nos critérios de desempate, com vitórias a mais. Os erros do início da corrida, no entanto, cobraram a conta: Hamilton terminou em 7º e entregou o campeonato a Kimi Raikkonen.

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Mais do mesmo: lá vem o Brasil

A seção Mais do Mesmo ressuscita em edição extraordinária para, como é a idéia de seu título, bater no defunto que já está morto. Vamos com as expectativas sobre o GP Brasil, decisão do título que acontece domingo em São Paulo.

Nos últimos 10 anos, Interlagos faz questão de se apresentar como território neutro na briga entre Ferrari e McLaren: 4 vitórias dos italianos (2000, 2002, 2006, 2007), 4 dos ingleses (1998, 1999, 2001, 2005) e 2 triunfos de outras equipes (Jordan em 2003 e Williams em 2004).

Apontar um carro favorito na corrida decisiva não é fácil. Se as características apontadas no meio da temporada ainda servirem de parâmetro, a pista deveria favorecer a McLaren, já que é repleta de curvas de média/baixa velocidade. Nos últimos dois anos, porém, a Ferrari foi 100% no autódromo paulista: duas poles (Massa-2006/2007) e duas vitórias (Massa-2006/Raikkonen-2007).

Portanto, essa história de favoritismo e eficiência mecânica X eficiência aerodinâmica parece ter morrido. Os carros estão muito próximos a nível de performance de corrida e não há pista em que uma das equipes seja franca favorita, vide GP China, em que a Ferrari chegou como vencedora antecipada e saiu amargando uma derrota.

A McLaren se preparou para a etapa decisiva na pista brasileira. Para Interlagos a equipe introduzirá novos componentes na área aerodinâmica, em especial na parte traseira do carro. Com curvas em aclive e em declive, o autódromo José Carlos Pace exige uma senhora estabilidade dos bólidos. O time de Woking não dormiu em serviço, apesar do discurso “paz e amor” declamado diante das câmeras e dos microfones.

O autódromo estará lotado nos três dias de atividades. A torcida estará composta, em maioria esmagadora, de brasileiros ávidos por soltarem o grito de campeão preso desde 1991, época em que Ayrton Senna sagrou-se tri. Mas, como já foi repetido ao extremo, a tarefa de Massa não é fácil, e o pior, não depende só dele. Para ser campeão diante de sua torcida, Felipe precisa vencer e torcer para que Hamilton chegue abaixo da 5ª posição. Se for o 2º, Massa precisa, para levar o título, de que Hamilton chegue em 8º, no máximo.

Com o carro que tem, Hamilton só perde de quiser. Depende só de si para soltar o grito que deveria sair em 2007, mas foi adiado por sua própria inexperiência. Basta correr o mínimo necessário, ser o “bundão” da história, não disputar posições com o desespero habitual, correr pra chegar em 5º e se tornar o campeão mais jovem da história (aos 23 anos) sem depender de resultados. Seria pedir muito, Lewis?

Depois de tudo o que aconteceu em 2007, está na hora de assimilar a lição.

Quase ignorado, está o campeonato de construtores, ainda esperando definição. A Ferrari lidera, mas a McLaren ainda possui chances. O time italiano, no entanto, só perde esse se passar por um problema muito sério. A Ferrari tem 156 pontos contra 145 da McLaren, ou seja, 11 pontos de vantagem sobre o time inglês. Mesmo que, por exemplo, a McLaren faça a dobradinha, a equipe de Maranello será campeã se Raikkonen e Massa completarem em 3º e 4º.

O de pilotos está na mão de uma, o de construtores na de outra. Mas 2007 provou que tudo pode acontecer.

Voltar à F-1, não tem preço

A edição dessa semana da revista Veja trás uma campanha publicitária da Tv Globo que exibe uma pequena, quase irrelevante novidade para as transmissões da F-1: a MasterCard voltará a patrocinar a cobertura da categoria na tv, depois de alguns anos de ausência.

A MasterCard ocupou o lugar deixado pela empresa de telefonia Tim. As outras empresas que já participavam da publicidade da F-1 na grade global, Nova Schin, Renault, Petrobras e Banco Real (que faz parte do mesmo grupo do banco espanhol Santander, que patrocina a McLaren), renovaram suas respectivas participações nas cotas publicitárias. A bagatela paga por cada uma: R$ 53 milhões.

Explicado o motivo de, no ano passado, a Record ter crescido o olho sobre a F-1. Os rumores, no entanto, dão conta de que Bernie Ecclestone preferiu continuar a parceria com a tradicional Globo.

O mais curioso da notícia toda é notar que, mesmo com a recente constatação de que a audiência da F-1 não anda muito pujante no Brasil (um dos treinos classificatórios desse ano ficou em 2º lugar na Grande São Paulo, sendo batido pelos desenhos da cuca-fresca e apresentadora-mirím Maísa, do SBT), a categoria continua sendo um ótimo negócio em termos comerciais. Mesmo que Felipe Massa não emplogue a torcida como Senna (os tempos, afinal, são outros), a F-1 é constituída por uma base fiel de telespectadores que acompanham as corridas domingo após domingo, sem titubear. O valor total do faturamento da Globo com o negócio aumentou sensivelmente: ano passado os ganhos da emissora carioca estiveram na casa dos R$ 243 milhões e esse ano subiram para R$ 265 milhões. A curva da audiência da F-1, entretanto, sequer ameaçou uma subida tão íngrime: continua no patamar dos 20 pontos de média.

terça-feira, 28 de outubro de 2008

É só emoção

Domingo é dia de nervos extremados e de emoção pura, como pede uma decisão que se preze. E é esse o tema da modesta Coluna do Fábio dessa semana no EsporteZone.

Comentarios são sempre bem-vindos.

Único e Solitário

A FIA, presidida por Max Mosley, não parece estar brincando ao sugerir a unificação dos motores a partir do ano que vem. "Visando a redução dos custos da atual F-1" a federação defende o motor único como uma das soluções para contornar os altos custos da categoria nesse cenário de crise econômica. Semana passada a Toyota já ensaiou um protesto. Hoje foi a vez da Ferrari.

Sobre a proposta de unificação dos motores, a fábrica italiana divulgou uma nota. No comunicado, a Ferrari deixa claro que possui "fortes restrições quanto ao projeto de uniformizar ou padronizar os motores" e chega a afirmar que se reserva ao direito de reconsiderar a continuidade da equipe na F-1.

E aí, a FIA compra a briga com a equipe mais poderosa do circo?

Aliás, a pergunta é: onde Mosley quer chegar com sua nova obssessão? Todos concordam que os custos precisam ser reduzidos, mas dar motores iguais a todo mundo é assinar o atestado de óbito da Fórmula-1, como o leitor pode relembrar aqui e aqui. Não faz sentido.

Tomar uma decisão dessas é como pedir para que as equipes abandonem o esporte numa debandada geral. Em sua tentativa de implantar o motor único, Mosley parece estar sozinho.

domingo, 26 de outubro de 2008

Especial: 2008 sai da vida para entrar na história

No próximo domingo, a essa altura do dia, a Fórmula-1 já conhecerá o nome do campeão desse inusitado ano de 2008. Um ano que teve 7 vencedores diferentes, 3 deles conquistando suas respectivas primeiras vitórias: Heikki Kovalainen ganhou em Hungaroring (uma trivialidade pra quem pilota uma McLaren) e Robert Kubica, com a BMW, venceu em Montreal, mas quem produziu a maior façanha do ano foi Sebastian Vettel, com a Toro Rosso, em Monza.

A temporada que se encerra no próximo domingo em Interlagos deixará suas marcas na história. Não é papo-clichê-de-blogueiro, é constatação. Se 2007, com seu escândalo de espionagem, com o racha dentro da McLaren e com a perda do título para o azarão Raikkonen, jamais será esquecido, 2008 também tem suas razões para ser lembrado por muito tempo, a começar pelos dados citados no 1º parágrafo: 7 pilotos venceram corridas nesse ano, o que comprova a tese que essa é uma das temporadas mais imprevisíveis dos últimos anos. Além disso, pelo menos 3 dessas vitórias são de pilotos apontados como expoentes da próxima geração de campeões, a exceção, talvez, de Kovalainen, que ainda não mostrou a que veio. Kubica e Vettel, que já chamavam a atenção do público mesmo antes de estrearem como vencedores, são os caras que, certamente, vão “aposentar” Alonso, Massa, Raikkonen e CIA (não cito Hamilton nessa turma de “aposentáveis” porque o inglês tem quase a mesma idade de Robert e Sebastian). Por essas, e algumas outras, 2008 merecerá citação no futuro: foi nesse ano que brilhou pela primeira vez a estrela de dois futuros campeões.

Assistir ao nascimento de talentos tão interessantes é um alento depois dos “anos-Schumacher.” Nada contra o alemão, pelo contrário, não escondo de ninguém minha idolatria pelo queixudo. O grande negócio é que durante o domínio do heptacampeão na F-1, os jovens talentos não conseguiam espaço para aparecer. A dobradinha Schumi-Ferrari foi tão unânime (em termos de resultados), que não ofereceu espaço à renovação. Durante anos foi escasso o número de pilotos que chegaram à sua primeira vitória, dada a previsibilidade das corridas. De 2006 pra cá, no entanto, a situação mudou de figura. Ainda que ano passado apenas Hamilton tenha debutado no lugar mais alto do pódio, os novatos já começavam a incomodar. Em 2008, mesmo com a briga pelo título aberta a vários pilotos até o fizinho da temporada, os garotos-prodígio aproveitaram as mancadas da equipes grandes para aparecer.

Mancada, aliás, será a marca de 2008, assim como foi também a de 2007. Ano passado as mais evidentes foram, claro, as de Lewis Hamilton em seu desastrado final de ano. Esse ano, porém, será difícil apontar um erro só. Equipes e pilotos ditos de ponta pareceram ter contraído uma endemia de erros. Se ano passado coube à McLaren o papel de boba da corte por não controlar o temperamento de seus pilotos, esse ano o “troféu-mico” fica com a Ferrari e com seus comandos e comandados: dois motores quebrados em Albert Park; a troca tardia de pneus que acarretou uma punição a Raikkonen e a errada escolha de calçados intermediários para Massa em Mônaco, fato que se repetiu em Silverstone; a quebra do motor de Felipe na Hungria; a mangueirada em Cingapura, gp que também contou com o abandono de Kimi; a sensação estranha de Massa em Sepang; enfim, um sem-número de situações evitáveis aconteceu dentro da escuderia italiana. Todos os erros estão cobrando a conta no mundial de pilotos e a equipe que era apontada como favorita desde a pré-temporada termina o ano assistindo o reinado de sua maior rival no campeonato com o favoritismo de Hamilton.

A McLaren também errou, lógico, mas as falhas estiveram dentro de um limite mínimo. Enquanto equipe, o time de Woking não cometeu falhas graves. Erros e atitudes precipitadas ficaram por conta do favorito ao título, Lewis Hamilton: as cortadas de chicane em Magny-Cours e Spa e a patuscada no pit stop de Montreal são as mais lembradas.

Quem também, assina seu nome no livro de causos de 2008 é Fernando Alonso. Descartado no início do ano na fraca Renault, o bicampeão recuperou a confiança, voltou a vencer com autoridade e renovou a esperança de que a Renault possa voltar a crescer em 2009.

Destaques do lado negativo: Kimi Raikkonen é o maior deles. O atual campeão esteve irreconhecível em 2008. Depois de vencer o mundial em 2007, Raikkonen apagou, e provou ser um piloto ímpar. Não é piada, é fato. Kimi vai bem em anos ímpares e some em anos pares. Acompanhe: em 2003 Raikkonen disputou o título com Schumacher até o último gp, no Japão, e perdeu o campeonato por míseros 2 pontos. Em 2004, sua McLaren não foi páreo para os carros da Ferrari, e o finlandês só venceu uma corrida, o GP Bélgica. Em 2005 novo período de luzes, e Raikkonen voltou a ter bons resultados. A confiabilidade do carro, entretanto, era um problema, e as constantes quebras lhe fizeram dar adeus ao título, que ficou com Alonso. Em 2006, novas trevas, nenhuma vitória e um jejum que só seria quebrado em 2007 no GP Austrália. No final do ano o finlandês, na Ferrari, finalmente sagrava-se campeão do mundo. E 2008 foi isso que a gente viu: apenas duas vitórias e sem chance de ser campeão.

Um caso a se tratar com uma numeróloga.

Por fim, os dois pilotos que polarizaram a briga: Lewis Hamilton e Felipe Massa fizeram por merecer o favoritismo que passaram a possuir desde o meio da temporada. Tudo bem, não são pilotos suficientemente geniais para lembrar Prost, Senna, Piquet e Mansell, como queriam alguns. Claro que não. São jovens, frutos de uma geração que teve de substituir com extrema rapidez o sumiço de um campeão único e dominador como Schumacher. Seria natural que esse retorno ao equilíbrio vivido pela F-1 fosse um pouco acidentado. Independente dos erros e da imaturidade de ambos, Hamilton e Massa nos proporcionaram um campeonato divertido, senão na pista, pelo menos na tabela. Os dois ainda precisam de lapidação, mas a evolução já começa a aparecer, especialmente em Felipe Massa. O brasileiro conseguiu reverter a imagem de piloto afoito que o perseguia desde seu ano de estréia na Sauber, e impediu que Raikkonen se tornasse a figura principal na Ferrari. Hamilton, por sua vez, continua o mesmo de 2007, e isso não necessariamente é algo ruim. O inglês ainda precisa controlar o ímpeto e o ego, mas já se apresenta como um piloto mais constante. É a consistência mais regular do que a dos ferraristas que, afinal, oferece a Lewis a vantagem de 7 pontos sobre Massa em Interlagos.

Domingo que vem, a essa hora, o ano de 2008 já terá “morrido” para a F-1. Assim que o GP Brasil acabar os olhares se voltarão para 2009 e para as intensas mudanças que a categoria sofrerá. Qualquer que seja o resultado, a história estará feita.

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Mundo-Cão

Faço uma passagem rápida e atípica neste meio de tarde para deixar algumas impressões sobre a confusão envolvendo um suposto diálogo entre a direção da Ferrari e Rubens Barrichello no GP Áustria-2002.

Vamos aos fatos: o tal diálogo está transcrito no livro Histórias, Lendas, Mistérios e Loucuras da F-1, do consagrado jornalista Lemyr Martins. O cara é um dos grandes monstros do jornalismo esportivo no Brasil, considerado um oráculo do automobilismo. O negócio é que, em seu livro, o diálogo em que a mãe de Rubinho é (sempre supostamente) ameaçada de tortura para que brasileiro deixe Schumacher vencer é considerado real. A conversa, esdrúxula ao extremo, acabou ganhando um "peso" especial por estar num livro de um profissional tão conceituado como Martins, e foi parar no site do jornal Lance!.

Desde hoje pela manhã que acompanho o desenrolar da história no Blog do Capelli. E foi lá mesmo que a história foi elucidada. A suposta conversa de Barrichello (que seria pressionado a dar passagem a Schumacher sob pena de ter a mãe torturada e de perder sua cadelinha de estimação) com a equipe é, de cara, muito difícil de se engolir. Pensei em falar sobre isso a noite, quando voltasse do cursinho, mas aí me lembrei de um detalhe.

A conversa é tão inverossímil que caiu em um tópico de uma comunidade sobre F-1 no site de relacionamentos Orkut no início desse mês. E lá mesmo os próprios membros duvidaram da veracidade do texto, fazendo piada com um diálogo tão impossível. Como está esclarecido no Capelli, a mãe de Barrichello sequer estava na Áustria naquele domingo das mães, portanto, não poderia estar acompanhando a corrida com o pessoal da Ferrari.

O texto ainda possui outros absurdos, como a citação de um tal procurador da Ferrari que jamais existiu.

Uma baboseira, portanto, não levada a sério nem pelos membros do Orkut, que (em sua maioria) adoram uma cornetada.

De Olhos Bem Fechados

Rubens Barrichello não enxerga o GP Brasil como sua última corrida. Talvez precise de um óculos.

O paulista, recordista de participações em corridas de F-1, está em seu último ano de contrato com a Honda. A equipe ainda não falou em renovação, mesmo a essa altura do campeonato. Ano que vem a Petrobras será patrocinadora da equipe e é consenso que haverá um brasileiro no time nipônico. Mas dificilmente o piloto verde-e-amarelo será Barrichello.

A petroleira quer associar sua imagem à de um piloto jovem e promissor. Opções não faltam: Nelsinho Piquet e Lucas di Grassi ainda não possuem um lugar certo para se instalar e um deles pode ir para o time nipônico. O maior boato que corre é o de que Bruno Senna ocuparia a vaga de Rubinho.

Fora da Honda, restaria ao ex-ferrarista buscar uma vaguinha na única equipe que ainda não confirmou vaga: a Toro Rosso. Também fala-se em Senna no time de Gerhard Berger. E vamos combinar: vale muito mais a pena para uma equipe ter alguém com o sobrenome “Senna”, que agrega valor imediato e trás grande visibilidade, do que alguém identificado como Barrichello. O nome de Rubinho carrega consigo a imagem de um piloto que “não aconteceu” na F-1 e se tornou limitado por escândalos como o do indefectível GP Áustria-2002. Há uma questão de imagem e de mercado dificultando a vida do veterano.

A não ser que tenha um contrato de gaveta com alguma equipe, Barrichello estará, mais uma vez, dando murro em ponta de faca.

Rubinho parece estar de olhos fechados a todas essas evidências e afirma que a corrida do próximo dia 2 não será a última de sua carreira na F-1. Está fechando os olhos a um cenário que está bem delineado a sua frente, mas que ele insiste em não aceitar, como nos anos-Ferrari, quando o brasileiro repetia, ano após ano, que tinha chances de ser campeão do mundo.

A gente sabia que não, a imprensa sabia que não, o próprio Barrichello sabia que não.

Mas Rubinho insistia, dizia que sim, se frustrava e frustrava uma torcida inteira. Hoje o piloto sofre com as críticas severas e com as gozações que surgem, invariavelmente, assim que seu nome é citado. Pura e simplesmente por estar sempre de olhos bem fechados.

É uma grande metáfora da carreira deste piloto. Sempre foi assim, prometendo o que não podia cumprir, que ele levou a torcida na conversa. Uma hora, porém, o caldo entornou, e os torcedores brasileiros, passionais que são, não mais toleraram a falta dos resultados prometidos.

Quem me conhece sabe o quanto gosto e o quanto respeito o Rubens. Mas não dá pra tapar esse Sol com uma peneira e fingir não ver os erros primários que rodeiam a vida profissional do piloto com mais largadas na história. Em outra postagem, disse que “Rubinho merecia uma saída mais digna.” Continuo pensando assim.

“Barrica, enxergue o cenário a sua frente e recolha pra garagem.”

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Unidos, ainda que pelo medo

Depois de alguns dias sabáticos, o De Olho na F-1 ensaia um retorno à rotina. E com atraso esta casa se manifesta a respeito da reunião de terça-feira em Genebra, entre construtores e a FIA, que começaram a decidir o futuro da Fórmula-1 num cenário de incertezas econômicas.

Uma pequena introdução ao assunto contaria com aquele blábláblá que todo mundo já conhece: Max Mosley, presidente de FIA, está preocupado com o futuro da categoria que está se tornando insustentável. O dirigente defende medidas polêmicas, como a unificação dos motores para todas as equipes. Do outro lado, os times procuram outros meios de reduzir os gastos mantendo a identidade de cada equipe.

Sobre as confabulações de anteontem, a revista AutoSport divulgou o seguinte: a partir de 2009 os motores passariam a durar 3 corridas e as montadoras que vendem os propulsores teriam de fornecê-los às clientes por um valor mais baixo. Além disso, o KERS, o tal sistema de recuperação de energia cinética, seria opcional no ano que vem, mas obrigatório a partir de 2010.
Reuniões secundárias estão agendadas para o Brasil e para um momento após o término da temporada. Em pauta, assuntos como o limite de quilometragem para os testes das equipes e a questão dos chamados times-clientes.

Um assunto que permanece intocado é a padronização dos propulsores. Hoje, a Toyota já se manifestou contrária à idéia e elevou o tom de irritação com a possível medida: falou até em se retirar da F-1.

Trocando em miúdos: a categoria que conhecemos sofrerá algumas mudanças inevitáveis com o fim da farra monetária que se desenrolou nessa década. E a melhor notícia vinda dessa reunião não está no adiamento da implantação do KERS nem na aparente sobrevivência das equipes-clientes. O fato que mais me deixou satisfeito foi a busca por um entendimento comum entre as equipes e o comando da FIA. Há alguns anos, situações como essa não seriam discutidas numa mesa de negociação, mas sim numa disputa política do tipo “quem pode mais” que colocaria o sentido de unidade da F-1 em risco. Ver um debate maduro é motivo de alívio, mesmo que esse clima ameno seja motivado por um medo coletivo da crise financeira internacional.

*Uma notinha: peço imensas desculpas aos leitores pela quebra no ritmo das atividades dessa página. Essa semana, como já ficou claro, as seções do blog não foram atualizadas em razão da falta de tempo que o editor-chefe enfrentou. O vestibular se aproxima, e os estudos me gritam. Infelizmente, esse será um fim de temporada atribulado, tanto na esfera estudantil, quanto na esfera bloguística da vida desse escriba.

terça-feira, 21 de outubro de 2008

Tic Tac

Senhores, o tempo será um grande obstáculo para este blogueiro nessa semana. Por esses e outros problemas informo que as atividades por aqui ficarão comprometidas. Enquanto isso, a dica é visitar os blogs automotivos aí do lado, que certamente não vão deixar passar em branco o que de mais importante acontecer durante os próximos dias, com comentários de muito mais propriedade do que os meus.

Volto assim que o tempo permitir!

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

China - Memories

A última vitória de Barrichello

Edição 2004 da prova chinesa, estréia do circuito de Xangai.



Esse era o primeiro GP China da história, que começava a sinalizar a tendência da F-1 de caminhar a passos largos para mercados emergentes endinheirados (há anos isso acontece, o GP Malásia, por exemplo, estreou no calendário em 1999 e jamais saiu. Enquanto isso Magny-Cours, sede do tradicionalíssimo GP França, escorregou na crise mundial e dançou) e/ou países que com petrodólares sobrando como o Bahrein.

Na China, economia que mais cresce nessa década, o 1º gp foi um sucesso. 200 mil pessoas se acomodaram no suntuoso autódromo desenhado por Hermann Tilke para ver o circo da velocidade, esporte ao qual não estão acostumados. Muito diferente da lotação registrada na corrida de ontem, com autódromo às moscas. Talvez a curiosidade dos chineses tenha causado o enganoso sucesso da corrida. O pessoal fez uma força para abrir o olhinho puxado, viu o monte de carros passando e fazendo um baita barulho, tirou umas fotos e ninguém voltou mais. Automobilismo é um corpo estranho à cultura chinesa. E continua sendo.

Mas, voltemos a 2004. A estréia da corrida chinesa aconteceu numa das temporadas mais monótonas da história. A Ferrari deitou, rolou e fez o piloto campeão, o vice e, de quebra, papou o mundial de construtores. Apesar da aparente apatia, o GP China daquele ano até foi divertido.

Pra começar, a estrela maior se classificara mal. Em 2004, o treino de sábado seguia o modelo da F-Indy: um piloto por vez na pista, com apenas uma tentativa. E Schumacher, que sofria com um carro mal acertado ao traçado chinês, rodou em sua única volta rápida. Optou por largar dos boxes no domingo.

Enquanto o alemão, já campeão pela 7ª vez (essa última de forma antecipada), tinha problemas, Rubens Barrichello tratava de colocar a Ferrari onde se esperava que ela estivesse: na ponta. O brasileiro se torna o primeiro pole do GP China, acompanhado por Kimi Raikkonen, da McLaren, que lhe daria um certo trabalho durante a prova.

A largada acontece de forma tranqüila no domingo. Barrichello conserva a ponta, seguido por Raikkonen. O finlandês se mantém o tempo todo próximo de Rubinho, mas jamais tem proximidade suficiente para tentar um bote definitivo. Mais atrás, Alonso sofre a ultrapassagem promovida por Jenson Button, numa época em que a Honda apresentava um desempenho respeitável.

Procedente da última posição, Schumacher esforçava-se para reagir e recuperar terreno. Mas no afã de abrir caminho e se aproveitar da superioridade de seu equipamento, o alemão exagera na tentativa de ultrapassagem sobre Christian Klien, da Jaguar. O heptacampeão tentou superar o austríaco no grito e os dois acabaram batendo. Klien abandonou, enquanto Schumi prosseguiu. Três voltas depois do incidente, o tedesco rodou sozinho no curvão que antecede a grande reta. Pra finalizar o péssimo fim de semana, a Ferrari de número 1 sofreria um furo de pneu a 20 voltas do término da corrida, e cruzaria a meta numa incomum 12ª colocação. Apesar da má posição de chegada, Michael Schumacher protagonizou duelos interessantes com David Coulthard e com o irmão Ralf e, de quebra, marcou a melhor volta da prova.

Ainda no pelotão do meio, os mesmos Coulthard e Ralf superados pelo “Schumacão” se envolveram num toque parecido com de Klien e Michael. Coulthard tentou realizar a ultrapassagem na marra e os dois se tocaram. O alemão da Williams abandonou e desceu do carro reclamando da equipe, que não estava preparada para recebê-lo. Poucas voltas depois o pneu dianteiro-esquerdo de Coulthard foi pras cucúias, possivelmente danificado no toque com a Williams de Ralf.

Nas voltas finais, uma cena curiosa: a Minardi de Gianmaria Bruni fica sem a roda dianteira-esquerda. O italiano foi obrigado a dar quase uma volta inteira com o carro “manco” e acabou abandonando.

No final das contas, Button consegue ganhar o segundo lugar de Raikkonen no pit stop. Barrichello lidera de ponta a ponta vence o 1º GP China da história. Foi a última vitória de sua carreira, acompanhado por Jenson Button (curiosamente, seu futuro parceiro na Honda a partir de 2006) e Kimi Raikkonen.

No pódio, Luca di Montezemolo recebe o troféu pelo time italiano e acaba tomando um banho de champanhe. Certamente, Rubinho foi o único homem a deixar todo-poderoso presidente da Ferrari tão molhado.

domingo, 19 de outubro de 2008

Tabela 2008, após 17 etapas

GP China, após 56 voltas:

01
Lewis Hamilton
Mclaren-Mercedes
01h31m57s403

02
Felipe Massa
Ferrari
+00m14s925

03
Kimi Raikkonen
Ferrari
+00m16s445

04
Fernando Alonso
Renault
+00m18s370

05
Nick Heidfeld
Bmw Sauber
+00m28s923

06
Robert Kubica
Bmw Sauber
+00m33s219

07
Timo Glock
Toyota
+00m41s722

08
Nelsinho Piquet
Renault
+00m56s645

09
Sebastian Vettel
Toro Rosso
+01m04s339

10
David Coulthard
Red Bull
+01m14s842

11
Rubens Barrichello
Honda
+01m25s061

12
Kazuki Nakajima
Williams
+01m30s847

13
Sebastien Bourdais
Toro Rosso
+01m31s457

14
Mark Webber
Red Bull
+01m32s422

15
Nico Rosberg
Williams
+1 volta
16
Jenson Button
Honda
+1 volta

17
Giancarlo Fisichella
Force India
+1 volta

18
Heikki Kovalainen
Mclaren-Mercedes
+7 voltas

19
Adrian Sutil
Force India
+43 voltas

20
Jarno Trulli
Toyota
+54 voltas

Classificação Geral de Pilotos, após 17 etapas:


01 - Lewis Hamilton (McLaren) - 94
02 - Felipe Massa (Ferrari) - 87
03 - Robert Kubica (BMW) - 75
04 - Kimi Raikkonen (Ferrari) - 69
05 - Nick Heidfeld (BMW) - 60
06 - Fernando Alonso (Renault) - 53
07 - Heikki Kovalainen (McLaren) - 51
08 - Jarno Trulli (Toyota) - 30
09 - Sebastian Vettel (STR) - 30
10 - Timo Glock (Toyota) - 22
11 - Mark Webber (RBR) - 21
12 - Nelsinho Piquet (Renault) - 19
13 - Nico Rosberg (Williams) - 17
14 - Rubens Barrichello (Honda) - 11
15 - Kazuki Nakajima (Williams) - 9
16 - David Coulthard (RBR) - 8
17 - Sebastien Bourdais (STR) - 4
18 - Jenson Button (Honda) - 3
19 - Giancarlo Fisichella (Force India) - 0
20 - Takuma Sato (Super Aguri) - 0
21 - Anthony Davidson (Super Aguri) - 0
22 - Adrian Sutil (Force India) - 0

Classificação Geral de Equipes, após 17 etapas:


01 - Ferrari - 156
02 - Mclaren-Mercedes - 145
03 - Bmw Sauber - 135
04 - Renault - 72
05 - Toyota - 52
06 - Toro Rosso - 34
07 - Red Bull - 29
08 - Williams - 26
09 - Honda - 14
10 - Force India - 0
11 - Super Aguri - 0

Noite do Pijama/China - Results & Coments [6]

Vitória Indisputada

Lewis Hamilton foi tão dominante na China que pareceu correr numa categoria à parte. A honra, que durante anos pertenceu a Schumacher e sua Ferrari imbatível, mudou de mãos em Xangai e deixou o inglês a passos curtos de seu primeiro mundial. A superioridade de Hamilton fez o GP China ser monótono. O inglês largou com segurança, escaldado pela manobra desastrada de Fuji e sumiu. Não teve rivais, ignorou o resto do grid e correu para vitória o tempo todo. Foi regular, como água gotejando, rapidíssimo em todas as partes importantes da prova. Em determinado momento seu ritmo pareceu tão forte que comprometeria os pneus, como em 2007. Doce ilusão! O inglês teve em suas mãos um carro milimetricamente acertado, uma flecha em límpida trajetória rumo a vitória.

Com o melhor carro da pista, Hamilton teve liberdade para fazer o que mais sabe: acelerar. O inglês andou tão forte que a diferença conseguida sobre a Ferrari foi algo único nesse ano. Deixou a impressão de que assistimos a uma corrida fora da realidade. Nem pareceu que o GP China fez parte dessa temporada de sensacional equilíbrio entre Ferrari e McLaren. A equipe de Woking destruiu o favoritismo dos italianos e deu a Hamilton um carro acima da média.

O ritmo esteve tão bom que Hamilton passou a andar lento no terço final da prova, economizando e salvando o equipamento que será repetido no Brasil. O inglês chegava a girar 1 segundo mais lento em algumas voltas, desfilando a competência de sua equipe. Um dia em que, definitivamente, a McLaren e Hamilton não tiveram rivais.

Foi um senhor banho de água fria naqueles que (como eu, admito) achavam que o inglês iria fazer outra burrada e entregar a vitória a Ferrari. Ao contrário de 2007, Hamilton guiou com maestria em Xangai, foi veloz sem cometer erros e se despede da China numa situação muito parecida com a do ano passado: está 7 pontos a frente de um ferrarista (a diferença é que esse ano não há mais ninguém na briga) e com uma mão na taça. Basta chegar em 5º lugar no GP Brasil para finalmente comemorar o título. Nessas condições Hamilton só perde o mundial se uma infelicidade muito grande acontecer em Interlagos.

Noite do Pijama/China - Results & Coments [5]

Sobre o favoritismo, o jogo de equipe e a pressão

A derrota imprimida por Lewis Hamilton à Ferrari foi sonora e difícil de ser engolida: “ganhei onde meus principais rivais deveriam se apresentar com facilidade” – pode se gabar o inglês. Comprova (mais uma vez) que fazer previsões nessa temporada em que favoritismos caem a todo instante é mais arriscado do que investir na bolsa de valores.

Em nenhum (nenhunzinho mesmo!) momento desse fim de semana a Ferrari foi superior à McLaren. Olhando para a sexta-feira, agora que as atividades em Xangai foram encerradas, vê-se que os desempenhos da McLaren não eram blefes. A superioridade dos ingleses era real e absoluta. Num circuito com longas e retas e que exige eficiência aerodinâmica (pontos em que a equipe italiana se achava superior), a Ferrari sofreu uma derrota incontestável. É de chamar atenção.

Hamilton fez a pole, fez a volta mais rápida de prova e venceu. Foi mais rápido em todos os setores da pista de Xangai. Na parte de alta, de média, de baixa, em todos os trechos o MP4/23 moeu o F-2008. Não houve alternativa à equipe de Maranello senão se contentar com o 2º lugar.


Posição que foi de Raikkonen durante a maior parte da prova e que, atendendo à expectativa do mundo inteiro, foi trocada com Massa. Não há, pelo menos da parte do editor deste blog, nenhum problema com jogo de equipe. Na visão do escriba dessa página, é algo que já foi excessivamente discutido e sobre o qual já se chegou a uma conclusão: é necessário às equipes e, particularmente nesse caso, mantém o campeonato vivo até Interlagos. Não houve nada de perverso, a Ferrari não é a “grande vilã do automobilismo” e o mundo não vai acabar. A equipe apenas brigou para manter suas (difíceis) chances de título acesas.

Muita gente vai questionar: por que a equipe não fez a inversão na parada de boxes? Porque não havia como. Na primeira metade da corrida Raikkonen precisava pelo menos tentar se aproximar de Hamilton. Ele tentou, andou no limite e abriu mais de 6 segundos de vantagem para Massa, que não conseguiu acompanhar seu ritmo em nenhum momento. Para que a mudança acontecesse na parada, os ferraristas precisariam de menos distância na pista, senão a coisa seria por demais acintosa: a equipe teria de segurar Raikkonen por muito mais tempo do que o necessário e a manobra “daria na vista.”

Por isso optou-se por fazer a inversão de posições na pista, nas voltas finais. E o teatro protagonizado por Massa e Raikkonen foi um primor. Numa volta Raikkonen perdia 4 décimos, na outra ganhava 2 e assim aconteceu a aproximação de Felipe. No retão Massa encosta, tira de lado, Raikkonen levanta o pé e Massa leva o segundo lugar. A Ferrari evita que Hamilton abra mais 4 pontos, minimiza a diferença e, dentro de uma improvável esfera de possibilidades, ainda sonha com o título de pilotos no Brasil.

Claro, tudo isso é muito normal se você leitor, assim como eu, for uma pessoa que vive no mundo real. E eu espero que viva. Porque se você, que lê este texto, ainda pensa que o mundo é um próspero corpo celeste onde todo mundo é bonzinho e que quem obriga um competidor a deixar o outro passar é malvado, sinto muito, a vida não é bela. Relações, sejam elas pessoais, profissionais, econômicas e, por que não, esportivas, vão além desse maniqueísmo piegas e romântico. O esporte de hoje, assim como a maioria das atividades, gira em torno de uma só palavra: interesse. À Ferrari, que paga (e muito bem) o salário de Kimi e Felipe, interessava manter o brasileiro o mais próximo possível de Hamilton. A equipe fez valer seu interesse. Fim de papo!

De toda forma, a coisa não ficou bonita para Massa. O piloto da Ferrari chegará a seu país numa situação desconfortável: 7 pontos atrás do líder, precisando vencer e torcer para que Hamilton cruze a linha de chegada, na melhor das hipóteses, em 6º. Improbabilíssimo!

E ainda há um agravante: Massa estará diante de sua apaixonada tocida. E eu peço ao leitor que a palavra apaixonada seja explorada em todas as suas nuances: positiva e negativamente. O brasileiro é sedento por um campeão na F-1 há anos, já cansou de se frustrar com Barrichello e costuma se deixar levar pelo calor do momento. A pressão vai ser enorme, o clamor pela vitória será insuportável e aí veremos como Felipe se sai quando confrontado com um clima tão inóspito.

Noite do Pijama/China - Results & Coments [4]

O Sonho Acabou

Destaques no pelotão intermediário foram poucos, situação que retrata a monotonia do GP China. Kovalainen, que fez falta ao Hamilton lá na frente, teve um pneu furado e algumas voltas depois abandonou, assim como no Japão. Dois abandonos seguidos são coisa rara na McLaren e devem acender uma luzinha amarela no time inglês. Por isso, talvez, Hamilton tirou o pé de vez nas 10 voltas finais e salvou o motor que irá repetir no decisivo GP Brasil.

Alonso em 4º confirma a boa fase. Isola ainda mais a Renault na 4º posição do mundial de construtores e, pasmen, ultrapassa Kovalainen, de McLaren, no campeonato de pilotos. Como se vê o material humano ainda faz a diferença.

Kubica, o até então azarão, se despediu da briga pelo título. E eu me permito dar uma conrnetadinha: “Alô, Kubica, a padaria McLaren avisa: o sonho acabou!” Foi até longe demais.

Não que eu não torcesse pelo polonês. Seria interessante ver alguém quebrando a previsibilidade da F-1. Mas pensar assim é por um pezinho fora da realidade, afinal, todos sabemos que os resultados do polonês até aqui se devem, em grande parte, às mancadas das equipes grandes. E ainda há o lado positivo nessa maravilhosa temporada de Robert: estar na briga contra McLaren e Ferrari até a penúltima corrida do ano é uma amostra da evolução da BMW e do talento desse rapaz, sem dúvida um dos integrantes da próxima geração de campeões do automobilismo.

sábado, 18 de outubro de 2008

Fórmula-Igual

Max Mosley parece ter falado sério quando se pronunciou favorável à padronização dos motores da F-1. Ontem a FIA emitiu um parecer que confirma essa idéia.

O assunto não é novo, já tratamos dele aqui. E reitero o conteúdo da postagem antiga:

"Vestir esse black-tie na F-1 é querer obrigar a categoria a apresentar uma igualdade que ela nunca fez questão de possuir. A diferença de equipamento para equipamento é algo que está na alma da Fórmula-1. Padronizar os carros é retirar boa parte do sentido da existência de equipes tão míticas quanto Ferrari e McLaren."

Noite do Pijama/China - Results & Coments [3]

A Briga

No Q3 decisivo de Xangai, prévia da briga pelo título, as atenções (como não deixaria de ser) estiveram polarizadas entre Hamilton e Massa. A decisão da pole na China ocorre num momento em que Hamilton é bombardeado por todos os lados. No briefing de pilotos na sexta-feira, o inglês foi espinafrado por boa parte das figuras importantes do paddock: chefes de equipe como Flávio Briatore (que tem a língua solta mesmo) e pilotos do quilate de Fernando Alonso (que, como todo mundo sabe, tem seus motivos para não ser muito chegado ao britânico) abriram a boca e criticaram Hamilton abertamente. Com as palavras ásperas proferidas pelos colegas de trabalho, Hamilton recebeu mais pressão, mais do que uma decisão de título já pode gerar. E ele respondeu às críticas hoje.


Na verdade Lewis vem respondendo à saraivada de opiniões negativas desde sexta-feira. De todos os treinos realizados de lá até aqui, o líder da temporada só não foi o mais rápido em um, o “warm up” do sábado, liderado por Heidfeld. Em todos os outros treinos, invariavelmente, Hamilton foi o melhor, e em alguns deles com muita sobra para o principal rival, Felipe Massa. Hoje não foi diferente: o piloto da McLaren liderou os 3 “Q”’s, e parte na frente em sua cruzada rumo ao título. Raikkonen é o 2º, Massa o 3º.

A vantagem de Hamiton sobre Massa é de quase 0,6s, ou seja, uma senhora diferença, muito próxima daquela que Felipe impôs sobre Lewis na classificação de Cingapura. Mas, assim como em Fuji semana passada, eu duvido que exista uma diferença muito gritante no nível de combustível dos três que ocupam as primeiras posições no grid. A impressão que eu tenho é a de que o carro da McLaren tem mais ritmo de treino, enquanto a Ferrari deve se sair melhor no long run, na hora da corrida.

Fala-se muito que a pista de Xangai favorece a Ferrari e que das 4 edições da prova chinesa, a equipe italiana venceu 3. É fato, mas de todas essas vitórias apenas uma foi com pole, na 1ª delas, em 2004 quando Rubens Barrichello ainda guiava pelo time de Maranello. Os outros êxitos dos carros vermelhos tiveram grande influência das circunstâncias da corrida: em 2006, Schumacher largou em 6º, numa pista meio seca meio úmida. Naquelas condições, a vantagem dos pneus intermediários da Bridgestone fizeram a diferença a favor do alemão, que venceu uma corrida que lhe manteve vivo na briga com Alonso. Em 2007, novamente a condição climática interferiu, o líder Hamilton abandonou e o caminho ficou aberto para Raikkonen. Portanto, é melhor ir com calma ao analisar as possibilidades da corrida de amanhã.

A McLaren apresentou uma superioridade indisputada até aqui. No Q3 de hoje, Hamilton foi, pelo menos, 3 décimos melhor que a Ferrari mais bem posicionada, a de Raikkonen. E pelo que se pode imaginar, o finlandês deve estar uma ou duas voltas mais leve do que os carros imediatamente ao seu redor, justamente para complicar a vida do veículo da frente. Era isso que se esperava em Fuji, não fosse a má classificação de Massa: Raikkonen parte leve, causa alguma confusão à estratégia da McLaren e crescem as chances de Felipe na corrida. É isso que se espera amanhã em Xangai.

A primeira fila chinesa é rigorosamente igual à japonesa. Hamilton e Raikkonen já estão “estudados”, um já sabe do que o outro é capaz porque a largada do GP Japão lhes ensinou isso. Na 2ª fila ainda há um ingrediente que, junto aos instáveis Hamilton e Massa, pode ser explosivo: Alonso, o tal que declarou ajudar o brasileiro se necessário, pode, assim como no Japão, se envolver na briga do caneco desse ano, mesmo não tendo chance alguma de título.

Há um outro cenário em vista: Massa, largando do lado limpo e emborrachado da pista, pode partir para o ataque por conta própria. Não é impossível. O arrojo e o desnecessário ímpeto são marcas dos dois pilotos que brigam pelo campeonato de 2008.

A missão de Massa não é simples. Sua tentativa de ser campeão esbarra em obstáculos importantes. A McLaren tem um carro dos mais confiáveis do grid, enquanto a Ferrari já mostrou que o F-2008 não é nenhuma jóia da durabilidade. Isso pode fazer diferença e tem causado certa preocupação quanto a corrida de amanhã porque Massa não poupou seu motor em Fuji e repete o mesmo propulsor agora em Xangai, diferentemente de Hamilton, que estréia uma nova peça na China. Além disso, há a questão da tabela, já complicada por natureza: Massa precisa ganhar, a todo custo, e contar com o maior número de carros possíveis entre sua posição e a de Hamilton. Não apenas Raikkonen se torna importante nesse momento, mas todo o pelotão intermediário. Massa precisa assumir alguns riscos porque tem menos a perder, mas não pode, em hipótese alguma, dar sopa para o azar como fez em Fuji, no episódio do toque com Hamilton. O campeonato poderia ser entregue ao inglês ali, caso acontecesse algum prejuízo ao F-2008 de número 2.

O campeonato pode acabar amanhã e as emoções prometem pintar logo na largada. Em quem o leitor aposta?

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Alonso pinta, borda e aproveita seu bom momento psicológico. Embalado pelas duas vitórias consecutivas, o espanhol aprontou um 4º lugar para amanhã. Já disse e repito: numa largada com os já inconstantes Massa e Hamilton disputando o título, Alonso é o elemento que faltava para aumentar a tempertura do gp chinês;

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Kovalainen é só 5 e não oferece ajuda alguma a Hamilton, a não ser que esteja com o tanque cheio. Típico.

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De 6º Webber não tem nada: com o motor trocado, larga 10 posições atrás, e acaba juntinho de Coulthard, seu companheiro de RBR;

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Heidfeld parece ter invertido os papéis da BMW. Foi ao Q3 e deixou o companheiro de equipe chupando dedo;

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Toro Rosso? De novo no Q3 com os 2 carros. E há um dado: com a troca do motor de Webber, a filial empurra uma derrota sonora à matriz, que ficou com os dois carros abaixo do 15º lugar;

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Trulli está na dele, em 9º. Nada demais, nada de menos.
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1. Lewis Hamilton (McLaren) 1min36s303
2. Kimi Raikkonen (Ferrari) 1min36s645
3. Felipe Massa (Ferrari) 1min36s889
4. Fernando Alonso (Renault) 1min36s927
5. Heikki Kovalainen (McLaren) 1min36s930
6. Sebastian Vettel (Toro Rosso) 1min37s685
7. Jarno Trulli (Toyota) 1min37s934
8. Sebastian Bourdais (Toro Rosso) 1min38s885
9. Nick Heidfeld (BMW) punido
10. Nelsinho Piquet (Renault) 1min35s722
*Atualizado em 18/10 às 14:47

Noite do Pijama/China - Results & Coments [2]

Veteranos e Invertidos

O Q1 foi razoavelmente inusitado em Xangai. As duas Force India ficaram fora, como é de costume. Uma Williams também foi degolada de primeira e uma Honda terminou o treino logo cedo. A surpresa é essa vaga que sobrou: David Coulthard a ocupou porque Barrichello conseguiu ir ao Q2.

É o contraste no fim de carreira de pilotos que começaram mais ou menos na mesma época, colocaram seus nomes entre os maiores pontuadores da história da F-1, foram submetidos a companheiros de equipes campeões e não conseguiram escapar da pecha de “escudeiros.” Com o carro que tem nas mãos, Coulthard é candidato ao Q3, mas costumeiramente tem ficado pelo caminho, abandonando a classificação logo no Q2. Hoje, em Xangai abusou do direito de andar mal, e ficou com o 16º tempo. Vai encerrar a carreira como um mero rascunho, sombra daquele piloto que já ganhou corridas como um GP Mônaco.


Com Rubinho a expectativa é inversa: espera-se que ele fique pelo Q1, graças ao ruim projeto da Honda, que briga com a Force India para descobrir qual o pior carro do grid. Rubinho, porém, levou a equipe japonesa a um bom 14º lugar, talvez numa tentativa de mostrar aos diretores do time que ainda consegue ser rápido e tem experiência a oferecer. Coulthard, ao contrário, parece desinteressado e apagado, ainda mais comparando seu rendimento com o do parceiro de equipe Mark Webber, que vai ao Q3 com relativa freqüência.

No Q2, a briga foi apertada. Renault, Toyota, STR, BMW e todo o pelotão do meio tentavam se garantir na fase final. Dos 15 que foram à segunda etapa da classificação, a Williams de Rosberg e a Honda de Barrichello já eram carta fora do baralho do Q3. Além desses dois, acabaram ficando de fora da briga pela pole Nelsinho Piquet (por míseros 7 milésimos!), Robert Kubica (raro momento em que Heidfeld consegue andar mais que o polonês) e Timo Glock.

Atenção especial, nesse caso, para Kubica. O piloto da BMW tem chances de título, mas as vê cada vez menores, especialmente depois dessa frustante 12ª colocação. Porém, conhecendo o polonês como a gente conhece, dá pra imaginar que ele parte amanhã abarrotado de combustível, para uma única parada. Não duvidem se o azarão surgir no pódio.

11. Robert Kubica (BMW) 1min35s814

12. Timo Glock (Toyota) 1min35s937

13. Rubens Barrichello (Honda) 1min36s079

14. Nico Rosberg (Williams) 1min36s210

15. David Coulthard (Red Bull) 1min36s731

16. Mark Webber (Red Bull) punido

17. Kazuki Nakajima (Williams) 1min36s863

18. Jenson Button (Honda) 1min37s053

19. Adrian Sutil (Force India) 1min37s730

20. Giancarlo Fisichella (Force India) 1min37s739

Atualizado em 18/10 às 14:50

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Noite do Pijama/China - Results & Coments [1]


Melhores tempos da sexta-feira em Xangai:

1. Lewis Hamilton (McLaren) 1min35s630
2. Felipe Massa (Ferrari) 1min36s020
3. Fernando Alonso (Renault) 1min36s024
4. Kimi Räikkönen (Ferrari) 1min36s052
5. Nelsinho Piquet (Renault) 1min36s094
6. Heikki Kovalainen (McLaren) 1min36s103
7. Jarno Trulli (Toyota) 1min36s159
8. Mark Webber (Red Bull) 1min36s375
9. Robert Kubica (BMW) 1min36s507
10. Sebastien Bourdais (Toro Rosso) 1min36s529
11. Nick Heidfeld (BMW) 1min36s553
12. Nico Rosberg (Williams) 1min36s556
13. Timo Glock (Toyota) 1min36s615
14. David Coulthard (Red Bull) 1min36s808
15. Sebastian Vettel (Toro Rosso) 1min36s925
16. Kazuki Nakajima (Williams) 1min36s975
17. Giancarlo Fisichella (Force India) 1min37s473
18. Adrian Sutil (Force India) 1min37s617
19. Jenson Button (Honda) 1min37s619
20. Rubens Barrichello (Honda) 1min37s827

Notinhas chinesas:

- O editor desse blog informa que só viu o treino da manhã. Nessa etapa houve uma grande rotatividade na 1ª posição. Kovalainen, Raikkonen e, principalmente, Massa e Hamilton ocuparam o posto diversas vezes. Mas a partir de determinado momento, Hamilton fez uma volta voadora e se isolou na liderança com quase 0,4s de vantagem;

- Lewis, pelo que eu fiquei sabendo, também foi dominante na fase vespertina do treino. Se é blefe ou se o desempenho da McLaren é real só vamos começar a descobrir na próxima madrugada;

- Uma nota lamentável? as duas últimas posições nas maõs da Honda;

- Enfim, sessões de treinos bem normais. A sexta as vezes acaba revelando muita coisa ou quase nada. Porém, segundo declarações de Raikkonen, que disse que o carro precisa melhorar em alguns pontos, a Ferrari pode não ser tão favorita, pelo menos para a disputa da pole position.

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Horário Mutante

A corrida desse fim de semana, além de já ser numa hora incômoda, promete algumas confusões em relação ao relógio. É porque na noite de sábado pra domingo começa o Horário Brasileiro de Verão.

Então, atenção aos horários dos treinos e da corrida:

A classificação é na noite de sexta para sábado, às 3 da manhã, ao vivo na Globo;

A corrida é na madrugada de sábado para domingo, já no horário de verão, às 5 da manhã, também ao vivo pela Globo.

* E há uma novidade no blog: a partir de hoje, todas as postagens que se relacionarem à decisão do título serão iniciadas com essa espécie de selo no topo do texto. Peço perdão aos leitores pela tosquice da montagem. O Paint é o único recurso de manipulação de imagens a que tenho acesso.

A mesma praça, outro jardim: China 2007

Em 2007, o GP China sinalizou a primeira ruptura de Hamilton em sua torta caminhada ao título (que não veio). É uma memória muito viva para todo mundo, tão cedo não será esquecida.

Recaptulando: Hamilton larga na pole, Raikkonen em segundo, Massa (sem chance e com o claro papel de escudeiro de Raikkonen) em terceiro e Alonso, o grande oponente do inglês, em quarto. A pista se encontrava úmida e todos largaram com pneus intermediários.

No princípio, Hamilton escapa bem, seguido por Kimi, Felipe e Fernando. Porém, a medida que a pista seca, o inglês perde rendimento, enquanto Raikkonen mantêm-se rápido. O finlandês alcança o novato-sensação de 2007 e depois de alguma negociação, realiza a ultrapassagem. Hamilton continua a se arrastar na pista quando, finalmente, a McLaren o chama para o pit stop.

Os erros até aqui foram muitos. A McLaren podia ter chamado Hamilton antes. O inglês, percebendo a queda de rendimento, também podia ter sugerido uma mudança na tática de paradas de equipe. Também seria de bom tom evitar a disputa desesperada com Raikkonen, uma zebra vestida de vermelho. Hamilton estava com 107 pontos contra 95 de Alonso. Não precisava de uma vitória, não necessitava de um resultado espetacular. Podia se contentar em ser "bundão." Todos esses erros estavam saindo barato até esse momento, em que Alonso estava numa 3ª posição que lhe tirava as chances de ser campeão no Brasil. Do jeito que estava (Hamilton em 2º, Alonso em 3º) o inglês faria história e teria o direito de armar uma merecida festa. Mas o erro-capital ainda viria, de forma dura e patética.

Os pneus da McLaren de Lewis estavam tão degradados que o britânico sequer conseguiu concluir a curva que dá acesso aos boxes. “Abriu” a tangência, subiu na caixa de brita e ficou empacado na única e minúscula área de escape não-asfaltada do autódromo de Xangai. Pagou pela inexperiência e adiou o sonho para Interlagos.

O piloto da McLaren entregou numa bandeja dourada a 200ª vitória da Ferrari de Kimi, na última corrida em que os italianos apareceram com a logomarca dos cigarros Marlboro estampada nos seus bólidos. Alonso ganhava sobrevida com seus 103 pontos, porém, o mais improvável dos resultados seria o de Raikkonen, que se despedia da China com 100.

As atenções do GP China 2007 ainda foram divididas com os bons 5º lugar da Honda de Jenson Button e o 4º posto de Sebastian Vettel, da Toro Rosso.

Resumo do GP China 2007, narração em espanhol:



Au Revoir

Numa manobra inesperada, a Federação Francesa de Automobilismo (FFSA) desistiu de promover o GP França. Com a renúncia da entidade, a temporada 2009 pode, surpreendentemente, encolher o número de corridas para 17.

O presidente de federação justificou a saída provisória da prova de Magny-Cours: “após um exame de contexto econômico, a FFSA renuncia ao status de promotor financeiro do GP da França de F-1.” Seriam os primeiros ecos da crise financeira mundial?

Vale lembrar que a saída do GP França não é definitiva e a FOM ainda não se pronunciou sobre o caso. E pra dizer bem a verdade, acho improvável que um país como a França fique sem uma corrida para chamar de sua. Há uma equipe/montadora importante integrando a categoria (Renault) e o país é a terra natal de um campeão de envergadura de Alain Prost.

Mas, se a saída se confirmar, Bernie Ecclestone verá sua vontade ser feita de forma indireta. O dirigente não esconde sua insatisfação com o local que sedia a corrida francesa, e tenta há anos alterar a sede do GP França. Ecclestone está especialmente insatisfeito com a falta de estrutura da região de Magny-Cours, que não recebe os visitantes de forma adequada: é uma área predominantemente rural, em que até os jornalistas encontram dificuldades para se instalar. Alguns monstros da cobertura automobilística brasileira como Reginaldo Leme contam histórias folclóricas sobre os fins de semana por lá: sem opções de diversão fora do circuito, um grupo de jornalistas brasileiros organizava uma churrascada anual na casa em que ficavam hospedados. O “evento” era a única distração dos visitantes no período entre-treinos e cresceu a ponto de atrair não só a brasileirada presente na região, mas também jornalistas de outros países e mecânicos das equipes.

A possível saída de Magny-Cours do calendário soa como música a muitos ouvidos. Aos meus, é indiferente. Não morro de amores pela pista gaulesa, mas também não a detesto. Ok, a pista não possui pontos de ultrapassagem, mas Mônaco é muitas vezes pior. E vamos ser sinceros: o charme e o luxo não compensam a corrida chata que geralmente acontece em Monte Carlo. Nós agüentamos por que há toda uma história e uma tradição em volta da corrida mais famosa do mundo.

Em resumo: Magny-Cours vai, mas algo me diz que logo logo pinta um patrocínio salvador. A pressão e a tradição contam (eu espero que ainda seja assim, apesar de as saídas de Silverstone e Montreal me deixarem um pouco descrente) muito. Além disso a Renault deve mexer os pauzinhos para retomar seu gp doméstico.

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Sem dívidas

O jornalista Fábio (nós vamos dominar o mundo) Seixas fez uma matéria sobre as reformas em Interlagos (o conteúdo completo pode ser acessado clicando aqui). E o resultado é animador, como vocês podem ver a seguir:



A pista em si já havia recebido um banho de loja (na verdade um banho de material de construção) e foi reformada, ficando pronta para receber a corrida do ano passado de forma decente. Esse ano os investimentos da prefeitura e dos organizadores se concentram em melhorias na infra-estrutura existente ao redor do traçado. Arquibancadas, paddock, áreas de escape e outros detalhes.

Finalmente chega o dia em que Interlagos pode receber uma etapa da F-1 sem ficar devendo nada aos autódromos europeus. Só esperamos que essa não seja uma única reforma em 10 ou 20 anos. A manutenção precisa existir sempre.

Mais do mesmo: há um algo a mais na vitória de Alonso

Durante o dia de domingo, visitei todos os blogs aí ao lado, como de costume. E alguns deles chamavam a atenção para a vitória de Alonso, com a mediana (para não dizer medíocre) Renault. Percebi que eu não havia dado o mesmo destaque ao êxito do espanhol. E é hora de corrigir o pequeno deslize.

Porque no último domingo, Alonso venceu com todos os rivais das equipes grandes na pista. Não houve Safety Car nem chuva nem nada que promovesse alguma bagunça nas posições. Os peixes-grandes simplesmente largaram mal, e isso faz parte do jogo. Alonso não tinha nada com os problemas depressivos de Hamilton, com fortes traços de garoto problemático e suicida, nem com os de Massa, igualmente confuso, com tendências homicidas. Alonso passou limpo na largada e seguiu sua vida.

Foi no ato contínuo que se desenrolou a partir daí que o espanhol mostrou porque é bicampeão. Seu carro, como ele mesmo já fez questão de deixar público, não é o melhor (nem de longe) do grid. Pelo histórico desse ano, a própria BMW de Kubica, que seguia no seu encalço, era um oponente temeroso. Mas Alonso andou como um alucinado lá na frente, contornou as possíveis desvantagens técnicas de seu carro e venceu. Imediatamente atrás do asturiano estavam uma BMW (Kubica) e uma Ferrari (Raikkonen)! Fernando não deu chances a ambos.

Uma vitória como essa separa o joio do trigo e deixa algumas coisas claras: Alonso pode, sem sombra de dúvidas, ser apontado como o melhor piloto da atualidade. Isso é subjetivo, vai muito do gosto de cada um, mas o bicampeão pode e deve figurar nessa categoria. Até mesmo em níveis um pouco mais ambiciosos. Alonso é, na minha opinião (e isso pode e deve ser debatido, com bons argumentos), o segundo melhor piloto da década. Está atrás somente daquele cara do queixão, que é, obviamente, o bambambam dos anos 2000, um dos grandes nomes da história.

Outra coisa curiosa, levantada pelo meu xará Fábio Campos, do excelente Grid GP, é que Alonso está com a mesma quantidade de vitórias de Kimi Raikkonen. A um primeiro oilhar, nada demais, são dois pilotos de sucesso e campeões mundiais. Há, porém, uma diferença gritante: Raikkonen está no melhor carro do grid (junto com a McLaren, claro), enquanto Alonso está num bólido que figura entre as equipes médias. Como disse o próprio Campos “piloto que é bom mesmo consegue, de uma maneira ou de outra, aparecer bem.”


Esse é Fernando Alonso. Pode-se não gostar dele e de seu jeito marrento e reclamão, mas não admitir sua qualidade é um quase que um crime.

terça-feira, 14 de outubro de 2008

Moleque ou caveira?

Diz-se que é na hora do aperto, das decisões importantes, que um homem deixa claro do que ele é feito e quem ele é. Quem é Hamilton?

Assunto da semana na Coluna do Fábio, modesto espaço oferecido por Deivison Conceição no Esporte Zone.

Comentários são bem-vindos!

Rapidinha e Inflamável

Representadas pela FOTA, as equipes anunciaram que pretendem acabar com os reabastecimentos em 2009. A medida teria o objetivo de tornar a F-1 ecologicamente correta e diminuir os custos.

É o que eu disse outro dia a respeito dessa lenga-lenga ecológica: os F-1 não são ninguém perto de aviões, e dos milhões de carros beberrões que rodam por esse mundo de meu Deus, em especial nos Estados Unidos;

E pra quê acabar com o reabastecimento? Ele é um dos poucos momentos em que há alguma rotatividade nas posições (2008 é exceção porque está recheado de corridas atípicas). Além disso há outros meios mais efetivos para se diminuir os gastos das equipes.
Eu não sabia que o litro da gasolina estava tão caro.

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

O Dia Depois de Domingo

Não se trata de uma das grandes produções hollyudianas, mas de uma das improvisadas postagens deste editor, que notou certa animosidade nas declarações dadas pelos pilotos na segunda pós-Japão.

Massa foi o mais ameno em suas palavras. Disse que o toque com Hamilton não deve provocar maiores problemas de relacionamento com o inglês: "Temos um bom relacionamento. Eu o admiro como piloto e pessoa, e tenho certeza de que isso é recíproco. Não tento levar os problemas para fora da pista. Nunca tive problema em cumprimentá-lo, discutir assuntos e me divertir. Sem problemas. Não vou mudar com ele." – disse o ferrarista, num ataque de otimismo. Já Hamilton parece ter levado o negócio mais a sério. O Inglês crê que a manobra de Massa foi proposital: “Fiz a curva normalmente. Ele veio de forma muito agressiva e me atingiu. Acredito que foi deliberado” – falou o piloto da McLaren.

Me atrevo a dar um testemunho pessoal sobre o caso: confesso que no momento do toque me emploguei e comentei com meu pai: “o bom relacionamento dos dois acaba aí” – pensei. Agora que a poeira começa a baixar, percebo que talvez não seja para tanto. Mas que Hamilton levou o incidente a mal, isso ninguém nega.

Mas quem deu as declarações mais agressivas foi o francês Sébastien Bourdais, da Toro Rosso. Sobre a controversa manobra em que ele e Massa se chocaram, o jovem pilotou opinou: “Foi próprio de alguém perigoso que não sabe pilotar. Está lutando pelo título e corre riscos desnecessários, como fez comigo e com Webber. É um sinal de arrogância.” Falou, claro, com o ressentimento de quem foi claramente garfado. Sim, pra mim não há outro termo. O que fizeram com Bourdais foi uma punição por um incidente simples. Fiquei mesmo com a impressão de que estão tentando empurrar a decisão para Interlagos a qualquer custo.

Porém, coloco algumas observações nas palavras de Sébastien. Quando o francês diz que Massa foi “perigoso e não sabe pilotar”, está se esquecendo de uma coisa básica: Massa está atrás na tabela de classificação e PRECISA correr riscos para ser campeão. Pode-se acusar o brasileiro de um monte de coisas, mas não de correr da fogueira que é estar atrás na tabela e com ânsia de ganhar o mundial. Massa quer e vai atrás. É certo que as declarações do piloto da STR estão motivadas pelo ressentimento de uma decisão injusta.

Quem deu a declaração mais coesa da segunda-feira foi Nick Heidfeld: “Eu pensei que Hamilton tinha aprendido uma lição no ano passado. Ele foi aconselhado pelo time na última corrida para ter cuidado. Do que pude ver no replay, a disputa na primeira curva não era necessária."

Sem mais palavras minhas.

Japão - Memories

Uma grande exibição em Senna

Edição 1988 do GP Japão, em Suzuka.



Talvez essa seja a memória mais fácil com a qual me deparei nesses meses de atividade bloguística. Mas eu não poderia deixar passar em branco o aniversário de 20 anos do primeiro título de Ayrton Senna, conquistado no GP Japão de 1988.

Na verdade o debut de Senna no hall dos campeões ainda não completou duas décadas. O aniversário do primeiro campeonato de Ayrton é dia 30. Mas a seção Memories oferece as felicitações antecipadas.

Talvez eu nem precise escrever nada sobre o vídeo acima. Ele tem vida própria, quase fala sozinho. Além disso, essa corrida é uma das mais documentadas da história da F-1. Foi um ano de domínio absoluto da McLaren em que o então bicampeão Alain Prost travou um duelo em alto nível com Ayrton Senna, um dos grandes campeões sem coroa da década de 80, até aquele momento.

Os dois chegaram ao Japão, penúltima etapa daquele campeonato, para uma corrida decisiva. No qualifying dá Senna em 1º e Prost em 2º, providencial vantagem para o brasileiro na briga pelo título. Mas na largada o McLaren de Ayrton morre, “dá uma engasgada”, usando um termo nada técnico. O brasileiro perde inúmeras posições e vai pro meio do bolo. Na 11ª das 51 voltas da corrida, Senna era o 3º colocado. No giro de número 27, Prost é ultrapassado por Senna, que assume a liderança da prova para não mais perdê-la.

Muita coisa contribuiu para o show de Senna naquele GP Japão. No meio da prova um sereno manhoso caiu e cobriu o asfalto de Suzuka com um fina “capa” escorregadia, que vitimou alguns mais afoitos. Nessas condições Senna pilotava como ninguém e Prost, naquele que se tornou um de seus defeitos mais célebres, não guiava com tanta destreza. O francês ainda sofria com um problema de câmbio que complicava sua pilotagem e tornava difícil até mesmo a simples tarefa de impedir o avanço da March de Ivan Capelli. Senna, que não tinha nada com os problemas de Alain, aproveitou as chances, recuperou o terreno perdido na largada e venceu o GP Japão.

Com a regra do descarte de pontos, Senna terminava o ano com 90, Prost com 87. Ayrton era campeão mundial de 1988!

Uma das mais marcantes exibições de talento de Ayrton (e olhe que foram muitas). Começava a ser construído um dos maiores mitos da história do esporte a motor, não só a nível de Brasil, mas também a nível mundial.

domingo, 12 de outubro de 2008

Red Bull no centro do poder

No Youtube, fonte primordial de imagens de todos os tipos, encontro um entre muitos vídeos sobre a exibição da Red Bull, feita nas ruas da capital federal no sábado:



Foi um espetáculo para cerca de 85 mil pessoas, que prestigiaram o evento promovido pela marca de bebidas energéticas. E se o desempenho dos carros da equipe não foi lá muito positivo no GP Japão, o show em Brasília foi de encher os olhos.

O piloto canadense Robert Wickens comandou a exibição nas projetadas ruas da capital desenhada por Oscar Niemeyer. Elogiou muito a cidade e se disse feliz por poder proporcionar o espetáculo em meio a um cenário de arquitetura tão renomada. E ainda declarou estar satisfeito com a recepção do público brasileiro.

Wickens já havia andado com um F-1 na sexta, no Autódromo Internacional de Brasília, o mesmo que recebeu uma corrida extra-campeonato em 1974. Os elogios rasgados às ruas da capital do Brasil não se repetiram no circuito brasiliense. As ondulações e a manutenção insuficiente não causaram tanta empolgação ao canadense, que baixou em 11 segundos o recorde da prova realizada 34 anos atrás.

Dois veículos da Stock Car também estiveram nas ruas de Brasília fazendo demonstrações. Hoover Orsi e Daniel Serra pilotaram os carros da categoria nacional, mas a grande vedete foi o F-1 da equipe austríaca. Os cavalos-de-pau e as arrancadas mereceram uma reação histérica dos fãs da velocidade, como não deixaria de ser.

Tabela 2008, após 16 etapas

GP Japão, após 67 voltas:


01
Fernando Alonso
Renault
01h30m21s892

02
Robert Kubica
Bmw Sauber
+00m05s283

03
Kimi Raikkonen
Ferrari
+00m06s400

04
Nelsinho Piquet
Renault
+00m20s570

05
Jarno Trulli
Toyota
+00m23s767

06
Sebastian Vettel
Toro Rosso
+00m39s207

07
Felipe Massa
Ferrari
+00m46s158

08
Mark Webber
Red Bull
+00m50s811

09
Nick Heidfeld
Bmw Sauber
+00m54s120

10
Sebastien Bourdais
Toro Rosso
punido

11
Nico Rosberg
Williams
+01m02s096

12
Lewis Hamilton
Mclaren-Mercedes
+01m18s900

13
Rubens Barrichello
Honda
+1 volta

14
Jenson Button
Honda
+1 volta

15
Kazuki Nakajima
Williams
+1 volta

16
Giancarlo Fisichella
Force India
+46 voltas

17
Heikki Kovalainen
Mclaren-Mercedes
+51 voltas

18
Adrian Sutil
Force India
+59 voltas

19
Timo Glock
Toyota
+61 voltas

20
David Coulthard
Red Bull
+67 voltas

Classificação Geral de Pilotos, após 16 etapas:


01 - Lewis Hamilton (McLaren) - 84
02 - Felipe Massa (Ferrari) - 79
03 - Robert Kubica (BMW) - 72
04 - Kimi Raikkonen (Ferrari) - 63
05 - Nick Heidfeld (BMW) - 56
06 - Heikki Kovalainen (McLaren) - 51
07 - Fernando Alonso (Renault) - 48
08 - Sebastian Vettel (STR) - 30
09 - Jarno Trulli (Toyota) - 30
10 - Mark Webber (RBR) - 21
11 - Timo Glock (Toyota) - 20
12 - Nelsinho Piquet (Renault) -18
13 - Nico Rosberg (Williams) - 17
14 - Rubens Barrichello (Honda) - 11
15 - Kazuki Nakajima (Williams) - 9
16 - David Coulthard (RBR) - 8
17 - Sebastien Bourdais (STR) - 4
18 - Jenson Button (Honda) - 3
19 - Giancarlo Fisichella (Force India) - 0
20 - Adrian Sutil (Force India) - 0
21 - Takuma Sato (Super Aguri) - 0
22 - Anthony Davidson (Super Aguri) - 0

Classificação Geral de Equipes, após 16 etapas:


01 - Ferrari - 142
02 - Mclaren-Mercedes - 135
03 - Bmw Sauber - 128
04 - Renault - 66
05 - Toyota - 50
06 - Toro Rosso - 34
07 - Red Bull - 29
08 - Williams - 26
09 - Honda - 14
10 - Force India - 0
11 - Super Aguri - 0

Sessão-Coruja/Japão - Results & Coments [5]

A cereja do bolo

Quando se pensa que os comissários já fizeram toda a lambança (minha vontade é usar um outro termo, mas prezo pelo respeito aos meus poucos leitores), descobrimos que ainda falta o grand finale: Bourdais foi considerado culpado pelo insignificante incidente envolvendo ele e Felipe Massa na volta 50 do GP Japão. Mais 25 segundos no tempo de chegada do francês que cai da 6ª para a 10ª posição no resultado final.

Melhor para Massa, que ascende à 7ª colocação e diminui a diferença para Hamilton. Se era de 6, agora é de 5 pontos, restando duas corridas.

Fico com a impressão de que estão tentando empurrar a decisão para o GP Brasil a todo custo...

*Também não sei porque o blogger está uma hora a frente do horário real. Já chequei minha configurações e vi que estou no fuso "GMT-03h00-São Paulo". Algum bug deve ser o responsável pelo erro.

Sessão-Coruja/Japão - Results & Coments [4]

Ensaio sobre a cegueira

Se o ano de 2008 tiver que deixar uma marca na história da F-1, ela será a surpresa. Essa palavra de 8 letras é a mais repetida do ano até aqui. Corridas que mudam de cara logo no início, favoritos que caem, zebras que vencem e uma teimosa indefinição têm feito desse mundial um dos mais divertidos para se assistir.

Os líderes do campeonato deram um show, uma aula sobre o que não deve ser feito por quem deseja ser campeão. A largada foi o momento em que se viu isso com clareza para Hamilton. O inglês, que passou a semana dizendo que pilotaria pelo título, descumpriu sua promessa de pensar no campeonato. Não tolerou a boa partida de Raikkonen e quis reaver a posição na marra, no fim da reta. Bloqueou Kimi (atitude que lhe renderia um drive-through) e perdeu muitas posições, tudo isso sem a mínima necessidade. Hamilton podia muito bem negociar a ultrapassagem com Kimi numa boa, afinal era (e ainda é) líder do campeonato com boa vantagem e tinha o principal rival numa distante 5ª posição. Mas o inglês insiste em ser arrojado além da conta e em confiar demais em si mesmo. Bom, porque ele não desiste nunca e nos brinda com grandes lances? Pode ser, mas a coisa mais emocionante que Hamilton conseguiu protagonizar hoje foi a rodada, fruto da disputa de posição com Massa nas primeiras voltas.

Em resumo: a largada deixou a impressão de que todo mundo quis cruzar a primeira curva passando pelo mesmo lugar. E não é preciso ser nenhum gênio da física para supor que dois ou mais corpos não podem ocupar a mesma posição no mesmo espaço. A partida confusa resultou em perdas de posições, especialmente para Hamilton e Massa. Em determinado momento do começo da prova (que foi de tirar o fôlego, é bom que se diga) o brasileiro superou o britânico e aí se viu o grande prejuízo que foi a largada kamikaze do piloto da McLaren. Na sempre impetuosa gana por ganhar posições, Hamilton partiu pra cima de Massa na chicane e aí se desenhou o lance mais polêmico da corrida.

Massa tentou defender a posição, retardou a freada e perdeu o ponto de tangência da primeira perna do “S”. Hamilton contornou a curva por dentro, mas ficaria por fora na curva seguinte. Massa, que tentava corrigir o erro, colocou duas rodas de sua Ferrari na grama em “embicou” o F-2008 pra cima de Hamilton, que já tinha mais de meio carro de vantagem. Não deu outra: os dois se tocaram, Hamilton rodou, Massa seguiu e parecia que, naquele momento, o brasileiro conseguiria diminuir a desvantagem na tabela do mundial.


Mas na F-1 de hoje lances como esse são logo motivo de investigação dos comissários de prova e eles decidiram punir Massa com um drive-through. O problema é que na hora de julgar atitudes como as do parágrafo aí de cima, caímos na vala da subjetividade. Eu achei a punição a Massa correta. Vi uma pontinha de má-fé na manobra do ferrarista, que não aceitou a passagem limpa de Hamilton. Outros não concordarão, certamente vão argumentar que Hamilton fechou Felipe. Não vi isso em momento algum. Vi um Massa com duas rodas fora da pista tentar recuperar uma posição na marra e apelar para uma manobra excessivamente dura. Mas não é nessa discussão que quero ficar.

Hamilton também foi punido com um drive-through por causa de sua manobra de largada, em que teria bloqueado Raikkonen. E ainda durante a corrida surgiu a informação de que o incidente secundário envolvendo Massa e Bourdais estava sob investigação e o veredicto sairá após a corrida. Exceto no caso da disputa entre Massa e Hamilton (em que reitero: achei justa a punição aplicada a Felipe por notar um exagero em sua tentativa desmedida de manter a posição), as outras punições me trazem uma sensação de irritação enorme. Juro que não me lembro (a não ser que esteja muito enganado) de ter visto alguma deslealdade na largada de Hamilton. Vi nervosismo, vi a famosa falta de paciência e a vontade de resolver a corrida na primeira curva, mas não enxerguei nenhuma manobra perigosa e/ou desleal. No caso Massa-Bourdais então, não vi nada. O francês saía do boxes, o brasileiro seguia pelo traçado normal e tentou dividir a curva. Os dois não se entenderam e houve um suave toque. Exageros das duas partes sem maiores conseqüência para ambos. Apenas.

Mas a F-1 insiste em sua revoltante caça às bruxas. Um lance mais agressivo, num tom um pouco menos formal, já levanta suspeitas dos comissários. Falei sobre essa questão no GP Cingapura, em que também aconteceram várias canetadas em seguida (naquela ocasião motivadas pela regra que fecha o pit lane em caso de Safety Car), e continuo a não me conformar. Punição tem como objetivo impedir que um competidor ganhe vantagem indevida (como no famoso caso Hamilton-Raikkonen em Spa ou na colisão Massa-Hamilton hoje) e/ou ponha em risco a segurança de seus pares. Mas do jeito que as coisas seguem na F-1, os comissários estão virando árbritos, como no futebol, e decidindo corridas e campeonatos no apito. O excesso de rigor parece ter como meta acabar com as disputas de posições e tornar a F-1 um passeio no parque, em fila indiana.

Alguém dentro da FIA precisa acordar para essa característica asquerosa que a categoria ganhou de um tempo pra cá. Essa cegueira da federação, que não enxerga excessos nas inúmeras investigações levantadas a cada corrida, pode levar o lado esportivo da F-1 ao descrédito. A coisa está ficando muito impessoal, asséptica, livre de qualquer risco. Isso não é automobilismo. Automobilismo é rendimento total, é briga ferrenha, é espremer no canto da pista, é levar uma disputa às últimas conseqüências, claro, respeitando o adversário e as regras de esportividade. As punições sem sentido distribuídas a cada corrida estão matando esse lado nervoso e saboroso da F-1. É com pesar que me certifico disso.

Entre os mortos e feridos da chuva de canetas assassinas, Hamilton sai de Fuji num lucro razoável. Não pontuou, mas manteve-se 5 pontos a frente de Massa, que só marcou dois pontinhos magros com o 7º lugar. Felipe não teve um fim de semana digno de quem quer ser campeão: foi mal na classificação e beirou a deslealdade em seu lance com Hamilton. Precisa vencer na China e depende dos resultados de Lewis para empurrar a decisão até o GP Brasil.

Hamilton sorri, apesar do péssimo 12º lugar. Se vencer na China no próximo domingo e Massa chegar em 5º ou pior posição, o britânico já será proclamado campeão com uma corrida de antecedência. Seria um fim de campeonato improvável depois de tanto equilíbrio.

Resumo da obra: os dois aspirantes a campeão demonstraram nervosismo e ímpeto além da conta. No caso particular desse campeonato, melhor para Hamilton.

*Atualizado em 12/10/08, às 06H32min