Numa manobra inesperada, a Federação Francesa de Automobilismo (FFSA) desistiu de promover o GP França. Com a renúncia da entidade, a temporada 2009 pode, surpreendentemente, encolher o número de corridas para 17.
O presidente de federação justificou a saída provisória da prova de Magny-Cours: “após um exame de contexto econômico, a FFSA renuncia ao status de promotor financeiro do GP da França de F-1.” Seriam os primeiros ecos da crise financeira mundial?
Vale lembrar que a saída do GP França não é definitiva e a FOM ainda não se pronunciou sobre o caso. E pra dizer bem a verdade, acho improvável que um país como a França fique sem uma corrida para chamar de sua. Há uma equipe/montadora importante integrando a categoria (Renault) e o país é a terra natal de um campeão de envergadura de Alain Prost.
Mas, se a saída se confirmar, Bernie Ecclestone verá sua vontade ser feita de forma indireta. O dirigente não esconde sua insatisfação com o local que sedia a corrida francesa, e tenta há anos alterar a sede do GP França. Ecclestone está especialmente insatisfeito com a falta de estrutura da região de Magny-Cours, que não recebe os visitantes de forma adequada: é uma área predominantemente rural, em que até os jornalistas encontram dificuldades para se instalar. Alguns monstros da cobertura automobilística brasileira como Reginaldo Leme contam histórias folclóricas sobre os fins de semana por lá: sem opções de diversão fora do circuito, um grupo de jornalistas brasileiros organizava uma churrascada anual na casa em que ficavam hospedados. O “evento” era a única distração dos visitantes no período entre-treinos e cresceu a ponto de atrair não só a brasileirada presente na região, mas também jornalistas de outros países e mecânicos das equipes.
A possível saída de Magny-Cours do calendário soa como música a muitos ouvidos. Aos meus, é indiferente. Não morro de amores pela pista gaulesa, mas também não a detesto. Ok, a pista não possui pontos de ultrapassagem, mas Mônaco é muitas vezes pior. E vamos ser sinceros: o charme e o luxo não compensam a corrida chata que geralmente acontece em Monte Carlo. Nós agüentamos por que há toda uma história e uma tradição em volta da corrida mais famosa do mundo.
Em resumo: Magny-Cours vai, mas algo me diz que logo logo pinta um patrocínio salvador. A pressão e a tradição contam (eu espero que ainda seja assim, apesar de as saídas de Silverstone e Montreal me deixarem um pouco descrente) muito. Além disso a Renault deve mexer os pauzinhos para retomar seu gp doméstico.
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