segunda-feira, 30 de junho de 2008

Especulações S.A.

Poucas vezes as especulações a respeito da habitual dança da cadeiras começaram tão cedo. Antes da metade da temporada, a bolsa de apostas de quem vai para onde já está a pleno vapor.
A equipe BMW e a Ferrari são os maiores focos das fofocas. Apesar de Kimi Raikkonen e Felipe Massa viverem repetindo que seus contratos não expiram esse ano, a imprensa insiste em colocar Robert Kubica na escuderia italiana em 2009. Também se fala que Nick Heidfeld estaria com os dias contados na BMW. Os substitutos, pelo que se pode avaliar, seriam Fernando Alonso e o brasileiro Bruno Senna, que carrega um dos sobrenomes de maior octanagem da F-1. Senna esclareceu que ainda não foi sondado pela BMW e por equipe nenhuma, e lembrou que a possivel vitória no campeonato de GP2 esse ano não garante vaga na F-1 ano que vem.


A contratação de Bruno pela BMW não é a única possibilidade segundo os jornais europeus. A Toro Rosso (STR) também estaria interessada no brasileiro. A suspeita das folhas européias são alimentadas pelo fato de Gerhard Berguer ser um dos proprietários do time. Berguer foi companheiro de equipe e amigo pessoal do tio de Bruno, o tricampeão Ayrton Senna, no início da década de 1990.

Vale lembrar, porém, uma coisa: jornais sobrevivem de vendas e a F-1 é a categoria de maior prestígio no velho continente. Especular sobre o futuro dos pilotos para o próximo ano é o esporte preferido de folhas como a alemã Bild, a italiana Gazzetta Dello Sport e a espanhola As. Boatos na Fórmula-1, ainda na metade do ano, e lançados em páginas de jornais, são apenas boatos.

Vídeo da Semana



Domingo atrasado a sorte decidiu o Grande Prêmio da França de Fórmula-1 a favor de Felipe Massa. Faltando pouco mais de 30 voltas para o final, o líder Kimi Raikkonen teve um problema com o escapamento de sua Ferrari e o brasileiro seguiu tranquilo rumo a vitória. Algo muito parecido com um episódio ocorrido no GP Espanha de 2001.

Aquela era a 5ª etapa de um ano que já tinha pinta de Ferrari e de Schumacher. A corrida em sí foi monótona: Schumacher largou na pole e manteve a posição enquanto Mika Hakkinen era o 2º. Barrichello, o 3º, não ameaçou a posição do finlandês em nenhum momento da prova. As coisas só mudaram na volta 50. A McLaren alterou a estratégia de pit stops de Hakkinen deixando na pista por mais tempo. A opção por uma segunda "perna" mais longa foi acertada. Enquanto Schumacher, ja reabastecido e com tanque cheio, fazia voltas lentas, Hakkinen voava na pista de Barcelona. Quando Mika fez sua parada e voltou a pista já era líder.

Hakkinen acelerava rumo a vitória. Schumacher, com problemas em sua Ferrari, ja estava mais de 30 segundos atrás do finlandês e não o ameçava mais. Mais aquele 29 de abril não era o dia de Hakkinen. O bicampeão, ainda sem pontos àquela altura do campeonato, sofreu um dos lances de maior falta de sorte da história da F-1. Na 65ª e última volta do Grande Prêmio da Espanha, Mika Hakkinen bisonhamente vai ecostando sua McLaren. Inacreditavelmente Hakkinen abandona a corrida, na última volta, para perplexidade dos espectadores. A estrela do campeão Michael Schumacher brilha mais uma vez e o alemão vence a corrida. Schumi, porém, nem comemorou a vitória mais inesperada de sua carreira.

domingo, 29 de junho de 2008

Especial de Domingo

Sensacional replay, duas décadas depois

McLaren 2007 e Williams 1986. Troque as peças, faça as adaptações necessárias. É basicamente o mesmo ambiente, com alguma ou outra variação. São coincidências que evidenciam fatores que desempatam a relação entre o piloto e o time: nacionalidade, simpatia do chefe e um certo efeito-Mansell que ligam Piquet a Alonso.

No ano passado a inglesa McLaren apresentou sua nova dupla de pilotos. Chegava a equipe, trazendo consigo o número 1, o bicampeão Fernando Alonso, encarregado de levar o time de volta ao topo da F-1. O outro integrante era um inglês, Lewis Hamilton, um garoto de impressionante velocidade nas categoria anteriores a Fórmula-1, festejado como a nova esperança britânica nas pistas.

Na McLaren do início do ano passado ninguém podia imaginar Hamilton andando mais que Alonso ou disputando vitória com o espanhol. O que se esperava era que Ron Dennis utilizasse a tática inteligente, a de definir com clareza a hierarquia dentro da equipe. Mas Dennis preferiu a burra estratégia da igualdade e deu aos dois pilotos condições iguais na pista. O que poderia ser uma cordial relação de apredizado descambou para uma explosão de ira do espanhol. Alonso, que esperava ser tratado como um reizinho, se ressentiu, estourou um escândalo de espionagem e a McLaren se perdeu em sua briga interna, entregando um título garantido ao azarão Kimi Raikkonen.

Na Williams de 86 uma situação parecida: Mansell era um piloto que, embora não fosse novato na F-1 como Hamilton, carregava a esperança da torcida inglesa nas costas. Rápido, arrojado e destemido, Mansell era capaz de fazer uma façanha monumental no começo da corrida mas perdê-la por acenar para a torcida na última volta, e se desconcentrar. Apesar de tudo era o que a Inglaterra, o país mais tradicional no automobilismo mundial, tinha de melhor na F-1. Como companheiro do inglês Mansell na inglesa Williams, Nelson Piquet (assim como Alonso na McLaren em 2007, bicampeão), era o piloto contratado a peso de ouro para ser o guia da equipe rumo a novas conquistas no campeonato. Tinha na gaveta um contrato que lhe garantia as “mordomias” de 1º piloto do time de Frank Williams. Mas...

Piquet não contava com o acidente de carro sofrido pelo chefão Frank. Sem o dono dando as cartas na casa, Patrick Head comandava a equipe e parecia não estar muito sintonizado com Piquet. Head não teve pulso nem para controlar a situação de litígio da dupla de pilotos nem para corrigir o comportamento dos mecânicos (ingleses), que claramente preferiam trabalhar para que Mansell fosse campeão ao invés de Piquet. Entre brigas internas e a agonia de Frank no hospital, a favorita Williams entregava o título ao azarão Alain Prost, da McLaren.

Avance no tempo, e chegue a 2007. Hamilton aparece na F-1 como o novato-sensação. Venceu quatro corridas, duas delas como um veterano: segurou Alonso durante todas as 73 voltas em Indianápolis e guiou como um campeão no encharcado circuito de Fuji. O garoto conquistou o coração da equipe e do patrão, que começou a dar sinais de que preferia o novato. Mas quando Hamilton se viu pressionado e obrigado a vencer para levar a taça, cometeu erros, arriscou corridas confortáveis e jogou o campeonato fora.



Em 1987, na Williams, Piquet não estava disposto a brincar de gato e rato com Mansell. Sabendo que o rival copiava os seus acertos, Piquet passou a não revela-los à equipe. Apenas seus mecânicos mais chegados ficavam sabendo das configurações do carro. Mansell, inexperiente e mau acertador de carros, teria de se virar para dar uma condição rápida ao carro. Nelson também agiu no terreno psicológico: para tirar Mansell do sério, Piquet se valeu da fraca força mental de Nigel. Chamava a esposa do bigodudo de “a mais feia do paddock” e sempre tinha um comentário ácido para as situações em que Mansell não completava as corridas. Não se sabe com certeza se foi por conta das anedotas agressivas de Piquet, mas naquele ano o brasileiro sagrou-se tricampeão de Fórmula-1, enquanto Mansell teve que se contentar com o vice.


20 anos depois, em 2007, Alonso se valeu de artimanhas parecidas para tentar fazer o campeonato pender para o seu lado: sabendo que Hamilton não tinha grande experiência em desenvolver o carro e que o inglês copiava o seu acerto, Alonso não mais permitia que suas configurações fossem passadas a Hamilton. O espanhol, porém não conseguiu levar a taça em 2007 e não teve clima para permanecer na McLaren no ano seguinte. Depois que o chefe Ron Dennis disse que “a equipe correu contra Alonso”, o bicampeão achou melhor arrumar as malas e voltar para a Renault. Talvez esse seja o único ponto onde as histórias não se equivalem: enquanto Piquet se despediu da Williams como campeão em 1987, Alonso saiu da McLaren em 2007 sem nada a comemorar.

sexta-feira, 27 de junho de 2008

Medo do frio

As mantas térmicas vão continuar a serem usadas em 2009. Pelo menos é o que afirma a revista Autosport. Segundo a publicação, a FIA voltou atrás em sua intenção de banir o recurso para a temporada do ano que vem. As mantas térmicas são como cobertores com aquecimento elétrico que mantém a temperatura da borracha elevada proporcionando uma boa aderencia dos carros ao asfalto. Esse efeito de segurança causado pelas mantas foi o principal argumento dos pilotos para criticar a intençao da FIA. Sem as mantas, eles argumentam, a F-1 tenderia a ficar mais perigosa, já que na volta dos pit stops os carros regressariam à pista sem boas condições de aderencia.

Eu estou com os pilotos. Nem tanto pela questão da segurança, mas pela insistência da FIA em aplicar meios artificiais para tentar recuperar a "emoção" durante as corridas. Pegue como exemplo os treinos classificatórios de sábado. No atual modelo a pole perdeu totalemente o sentido. A volta, que deveria ser a mais rápida do fim de semana, não é, nem de longe, a melhor do dia. Os carros vão para o tal "Q3" com o combustível para a largada do dia seguinte. E eu pergunto: Ferrari e Mclaren deixaram de dominar as primeiras posições por causa dessa regra ridícula?

O que impede as ultrapassagens na F-1 hoje é a imensa carga aerodinâmica que os carros carregam e não é a falta de um cobertor que vai mudar isso.

Detalhes tão pequenos...

Saiu o resultado das investigações sobre o acidente de Heikki Kovalainen na Espanha. Segundo Martin Whitmarsh, chefe executivo da McLaren, a primeira suspeita (de quem detritos em contato com o aro pudessem ter destruido a estrutura) foi descartada. A real causa do acidente (que obrigou Kovalainen a ficar sob observação em um hospital espanhol) foi a falta de um "verniz", uma substância lubrificante que reduz o atrito entre o eixo e a roda do carro.

Que tal hein? Um detalhezinho miúdo desses causar um acidente sério como o do Kova. Chega a ser assustador.

Ainda não viu o acidente do Kova em Barcelona? Ta aí o vídeo:

quinta-feira, 26 de junho de 2008

1, 2, 3, Testando (agora em Silverstone)

Desde terça-feira as equipes estão testando em Silverstone, se preparando para a próxima etapa do mundial, o GP Inglaterra. E foi em casa que Lewis Hamilton fez o melhor tempo da semana: 1m19s170


Hamilton conseguiu pôr a McLaren muito a frente de sua principal rival, a Ferrari. Pela escuderia italiana Kimi Raikkonen marcou hoje o 3º tempo, 1m20s321. A diferença foi de quase 1,2s. É muita coisa.

E vale a nota: 10 mil pessoas foram a Silverstone assistir aos treinos. Em um dia de semana! A demonstração de apoio da torcida deixou Hamilton otimista. E olhe que o "prodígio" inglês ainda não ganhou em casa.

Testes de Quinta em Silverstone:

1. Lewis Hamilton - McLaren - 1min19s170

2. Timo Glock - Toyota - 1min19s815

3. Kimi Raikkonen - Ferrari - 1min20s321

4. Fernando Alonso - Renault - 1min20s862

5. Nick Heidfeld - BMW - 1min21s011

6. Kazuki Nakajima - Williams - 1min21s059

7. Adrian Sutil - Force India - 1min21s331

8. Rubens Barrichello - Honda - 1min21s344

9. Sebastien Bourdais - STR - 1min21s432

10. David Coulthard - RBR - 1min22s232

Notinhas dos treinos:

- Hamilton botou um temporal sobre Raikkonen. Aliás, a Ferrari (que dominou a terça-feira com Massa), ficou atrás até da Toyota de Timo Glock;

- Olha a Force India abandonando a última posição. Boa surpresa;

- E a RBR tomando tempo até da equipe "irmã". Coulthard ficou com a lanterna;

- Mas há um fato importante a ser considerado: treino é treino, jogo é jogo. Respostas definitivas só dia 6 de julho.

2009 vem aí...

A FIA divulgou o "pré-calendário" para 2009. Se tudo sair como a federação planeja, ano que vem teremos 19 corridas, espalhadas por Europa, Américas do Norte e do Sul, Oceania e Ásia. A nova etapa que estréia em 2009 é a dos Emirados Árabes Unidos, em Abu Dhabi. É a tendência de termos 20 corridas se confirmando.

Entre as outras mudanças, estão:
- O GP Turquia volta a ser disputado em agosto. Esse ano a F-1 experimentou correr em Istambul no início do ano, mas as baixas temperaturas da primavera turca dificultaram a apresentação do carros;
- Magny Cours, que todo ano sofre ameaças, continua ano que vem. Na verdade continua até 2010, pelo menos;
- Alemanha, obedecendo ao rodízio de circuitos, terá seu GP disputado em Nürburgring;
- Também com rodízio, o GP Japão volta a Suzuka (graças a Deus!);
- E o GP Brasil deixa de ser o último do ano. A corrida dos Emirados passa a encerrar o ano e a prova em Interlagos será a penúltima;

Na real

Além de ser o piloto da moda, a sensação do momento e de ser apontado como o "the best of the best", Robert Kubica manteve os pés no chão. Terça-feira, primeiro dia dos testes em Silverstone, o polonês afirmou que a BMW ainda está muito atrás de McLaren e Ferrari, e que teme a aproximação de Toyota e RBR. Kubica também justificou a atual segunda posição na tabela de pilotos: "felizmente, algumas vezes tanto McLaren quanto Ferrari têm problemas técnicos, e os pilotos também nos ajudam com alguns erros. Por isso, estamos na frente".

Com uma postura lúcida esse garoto vai conquistando mais e mais fãs.

Modestia faz bem

E Kubica não foi o único que analisou friamente a situação depois do GP França. Felipe Massa, o vencedor da prova e novo líder do campeonato, deu um banho de água fria em quem já se animava em proclamá-lo o novo Senna: disse que era apenas "pequenininho" perto de Ayrton e dos outros campeões tupiniquins (Emerson Fittipaldi e Nelson Piquet).

Aliás, Massa parece não criar sob sí a obrigação de ser o novo Senna (uma cobrança infantil de uma torcida cruel, que morre de amores quando enxerga êxito e cai de pau ao menor deslize). Essa cobrança talvez tenha sido o maior motivo para o insucesso de Rubens Barrichello. Barrica vestiu a fantasia que lhe ofereceram e o resultado está aí: ridicularizado por 9 entre 10 brasileiros, Barrichello amarga a passagem apagada por uma equipe nada competitiva. Massa, ao contrário, parece lidar bem com a traiçoeira torcida brasileira.

E Felipe, aliás, deve tomar cuidado com a fome global por um novo ídolo automobilístico. Na edição de segunda-feira, o Globo Esporte já esparramou Tema da Vitória pra todo lado e festejou "o primeiro brasileiro a liderar o mundial desde Senna". Alguém tem que lembrar ao Tino Marcos que o campeonato ainda não chegou nem a metade e que manter o ritmo de agora até Interlagos, última prova do ano, é o mais difícil. Deixem as matérias regadas a Tema da Vitória e lágrimas para quando o menino (se Deus quiser) for campeão.

Metendo a mão

A sede monetária da Federação Internacional de Automobilismo (FIA) anda cada vez maior. A entidade que regula o esporte-a-motor no mundo revelou que planeja um aumento de 150% na inscrição das equipes no campeonato de Fórmula-1. Isso poucos dias depois de os pilotos reclamarem do valor da superlicença, uma taxa paga pelos corredores de acordo com a quantidade de pontos conquistados.

É bom que se diga que é através desse dinheiro que a FIA se sustenta e organiza o mundial. Mas
justamente em tempos de cortes de custos a federação aparece com um aumento desse tamanho para as equipes! Ferraris, McLaren, Renaults e outras equipes com amplo capital aguentam o tranco numa boa. Mas e uma Force India da vida, como fica? Será que o recente exemplo da Super Aguri (que perdeu o apoio financeiro da Honda e foi obrigada a se retirar do mundial da F-1) não é suficiente?

Política e finanças andam ocupando um espaço muito grande na F-1. Nem parece que tratamos de um esporte, e sim de uma empresa.

quarta-feira, 25 de junho de 2008

Esclarecendo...

Galera, o dono do blog enfrentou alguns probleminhas para mantê-lo atualizado de domingo para cá. Afinal, uso computador pessoal para fucçar isso aqui, e computadores pessoais adoram nos dar dor de cabeça. O meu ainda não está 100%. Talvez só a partir de amanhã eu volte as atividades normais por aqui.

Por hora, aquele abraço

segunda-feira, 23 de junho de 2008

Vídeo da Semana



Grande Prêmio do Brasil 2006. Última corrida de Schumacher, decisão do título, vitória de um brasileiro ...na certa uma das melhores corridas da década.

Mas o assunto do post é Michael Schumacher. No GP Brasil daquele ano o alemão encerrou a carreira em grande estilo. Não se trata de defender ou puxar a sardinha para o lado de Micahel. Depois de um começo decepcionante, Schumacher deu swow no autódromo de Interlagos.

Largou em 10º, e logo nas primeiras voltas teve o pneu furado numa disputa de posição com Fisichella. Foi aos boxes e voltou à pista em último, quase uma volta atrás do líder, Felipe Massa. O campeonato naquele momento estava acabado, Alonso era enfim o campeão. Sem ter mais com o que se preocupar, Schumacher decidiu se divertir em sua despedida.

Fez 13 ultrapassagens diretas, na pista. Claro, estar em uma Ferrari, o melhor carro daquele fim de temporada, ajuda nesses casos. E estar em Interlagos também. A pista paulista é um primor para quem tem um bom carro e precisa fazer uma corrida de recuperação: retas, curvas de alta e de baixa, subidas, descidas e um miolo travado, tudo contrubuiu para o espetáculo de Michael. A ultrapassagem do vídeo acima foi a última realizada por Schumacher.

O oponente no vídeo é Kimi Raikkonen, o sujeito que substituiu o alemão na Ferrari. Kimi, de McLaren, até que tenta, mas não consegue escapar de Schumacher. O alemão, talvez um pouco impaciente, tenta resolver a disputa na marra, um pouco antes da área conhecida como "junção". Acaba perdendo o traçado ideal e deixa Raikkonen escapar um pouco. Mas na volta seguinte o ferrarista ja está de novo na cola da McLaren e prepara o bote pra cima de Kimi. Na subida da reta dos boxes, Schumacher se aproxima muito de Raikkonen. O finlandês percebe a aproximação e "oferece" a linha de fora do "S" do Senna para o heptacampeão. Mas Schumacher enfia a Ferrari por dentro, retarda a freada ao máximo e realiza sua última tacada de mestre na Fórmula-1. A manobra arrancou aplausos da torcida nas arquibancadas de Interlagos.

Ah, depois de estar em último, Schumacher terminou a corrida (que teve Massa como vencedor) em 4º.

A cueca do Massa

Não é nenhum furo de reportagem, mas é interessante a entrevista de Felipe Massa a revista Veja. O piloto fala sobre superstições, comparações com ídolos do passado, do relacionamento entre os pilotos e da estranha mania de usar a mesma cueca desde o GP Brasil 2006.


*A entrevista foi dada após o GP Mônaco, portanto, antes das etapas Canadá e França.


Fazia tempo que os torcedores brasileiros não tinham um piloto competitivo na Fórmula 1. O último brasileiro a sagrar-se campeão no esporte foi Ayrton Senna, em 1991. Desde que Felipe Massa passou a integrar a Ferrari, em 2006, essa história começou a mudar. Naquele ano, ele venceu os grandes prêmios de Istambul e Interlagos e terminou a temporada em terceiro lugar. Menos de dois anos depois, Felipe, de 27 anos, já é um dos favoritos ao título em uma das temporadas mais disputadas da F1, em que três outros pilotos têm chances de ganhar o campeonato. Numa passagem por São Paulo, o piloto, que vive em Mônaco, concedeu a VEJA.com a seguinte entrevista:


Veja – O que você espera desta temporada? Acha que este pode ser o seu ano?
Massa – Espero dar seqüência ao meu trabalho e, se tudo der certo, que ele me leve à realização do meu sonho de me tornar campeão de Fórmula 1. Mas não adianta fazer planos. Tenho que focar sempre na próxima corrida. Esse é o caminho, não tem outro.


Veja – Rubinho (Rubens Barrichello) sofria com o estresse gerado pela expectativa do público de que ele fosse um substituto do Ayrton Senna. As inevitáveis comparações com Senna também te assustam?
Massa – Simplesmente, não ligo. Aliás, não dou a mínima para qualquer comparação do gênero. Comparar pilotos de épocas diferentes é o mesmo que comparar jogadores de hoje com os da época do Pelé. Não tem nada a ver. Também já estou acostumado a lidar com a expectativa das pessoas. Até porque eu tenho de lidar duplamente com a expectativa. Corro para uma equipe italiana que é alvo uma pressão muito forte. Na Itália, se a Ferrari ganha, está apenas fazendo a obrigação. Se perde, é motivo para te atirarem pedras. Por outro lado, sou brasileiro, e também tenho a cobrança do Brasil, que me apóia, mas que quer um piloto com chances de vencer, um piloto campeão. Acho que isso faz parte do jogo e acho que consigo me sair bem, até porque já sofri muitas pressões depois de um resultado ruim e consegui ganhar uma corrida na semana seguinte, depois de duas semanas só sofrendo críticas


Veja – Como é ser o primeiro piloto brasileiro, desde Ayrton Senna, a ter condições reais de ser campeão de Fórmula 1?
Massa – Acho que não é bem assim. Não podemos esquecer as possibilidades que o Rubinho teve de ganhar e brigar pelo campeonato. Correu seis anos na Ferrari e foi duas vezes vice-campeão mundial. Às vezes as pessoas se esquecem do que ele fez. Para ser campeão, é preciso ter tudo a favor: ser o mais rápido, ser constante – fazendo pontos em todas as corridas – e ter a sorte de estar no lugar certo na hora certa. Se faltar um, talvez você não seja campeão.

Veja – No começo da temporada, quando você ainda não havia pontuado, a imprensa internacional dava como certo que você deixaria a Ferrari, depois da saída de Jean Todt do posto de diretor-executivo da escuderia. Chegou a ficar preocupado?
Massa – Não porque eu praticamente havia acabado de renovar meu contrato com a Ferrari até o fim de 2010. Além disso, eu sabia qual era o meu trabalho dentro da equipe e o que equipe pensava de mim. Sabia que numa semana poderia ser motivo de críticas, mas que na outra poderia vencer e acabar com isso, que foi o que aconteceu. Além disso, a Ferrari não contrata um piloto porque ele é amigo, porque o piloto é filho do presidente da empresa. Ela contrata porque acredita que ele tem capacidade de trazer resultados para a equipe – que é o objetivo final dela. Não fui contratado porque era bonzinho, gente boa, nem porque conhecia o Jean Todt, ou porque o filho dele é meu manager. Fui chamado porque demonstrei ter potencial de crescimento e de brigar por vitórias, que foi o que realmente aconteceu. Em dois anos de Ferrari, ganhei sete corridas, fiz 12 pole positions, já briguei pelo campeonato. Isso mostra que não estou lá porque conheço alguém, mas porque tenho condições de estar numa Ferrari. Acho que com tudo o que aconteceu, as pessoas finalmente enxergaram meu potencial.

Veja – Nesta fase de críticas, do começo do ano, Michael Schumacher o defendeu publicamente. Como é sua relação com ele?
Massa – Sempre o tive como um professor. Entrei novo na Ferrari, com uma experiência bem menor e me espelhei nele. Sempre tentei tirar o máximo, aprender o máximo sobre o jeito como ele trabalha sendo um líder dentro da equipe. Mesmo quando ele não me falava nada, eu estava observando o que ele fazia, volta a volta. Tudo isso me fez crescer bastante. Me ajudou a ter uma evolução muito rápida tanto como piloto quanto na parte técnica. Além disso, temos uma amizade. Sempre nos falamos por telefone. No ano passado ele veio participar da minha corrida de Kart em Florianópolis. Às vezes nos encontramos na Europa para jogar futebol.


Veja – Atualmente, dentro da Ferrari, existe um segundo piloto? É uma situação tensa em relação ao Kimi (Raikkonen, companheiro de escuderia) ou ele aceita bem o equilíbrio entre vocês?
Massa – Hoje em dia a Ferrari tem um modo de trabalhar totalmente voltado aos dois pilotos. Com os dois pilotos com condições iguais, andando juntos, fica difícil apontar aquele que terá mais chance. Eu e o Kimi estamos disputando um com o outro cada corrida, estamos separados no campeonato por um ponto. A equipe trabalha voltada aos dois pilotos e até usa essa rivalidade para crescer e melhorar como equipe. É claro que eu quero ganhar, assim como ele, mas prevalece o respeito pela equipe. Até porque se a gente começar a brigar, pode jogar muitos pontos fora e até perder o campeonato. No ano passado, os pilotos da McLaren se dividiram e acabaram perdendo o campeonato. Para mim, a situação na Ferrari é ideal: sou 100% respeitado dentro da equipe, e sinto que a empresa está fazendo de tudo para me ajudar, assim como para ajudar o Kimi.

Veja – Quem é o seu rival nesta temporada: Lewis Hamilton, Raikkonen ou Robert Kubica?Massa – Profissionalmente, eu diria que os três estão no mesmo nível. Neste momento, não dá para dizer quem é meu principal adversário, porque o campeonato está embolado como há muito tempo não ficava. No plano pessoal, me identifico mais com o Kubica. Ele é um cara legal, aberto, e neste ponto acho que se parece comigo.

Veja – Há espaço para a camaradagem na Fórmula 1? Você tem amigos entre os pilotos?
Massa – Tenho vários amigos, como o Rubinho, o Schumacher e... é, não tem muitos assim. Mas tenho boas relações, não tenho problemas com nenhum piloto. Mas acho que amizade, são poucos. Amizade é uma palavra muito forte para descrever essa boa relação. Apesar de a gente correr junto, a gente se vê muito pouco. Num treino, você trabalha ali o dia todo, mas não encontra os outros pilotos. Só na pista. E até num fim de semana de corrida, você vê os pilotos uma ou duas vezes, no fim de semana inteiro. Vê de longe. Não tem essa coisa de ficar todo mundo junto. O resto do tempo, cada um está focado na sua equipe trabalhando.

Veja – Qual é relação que um piloto profissional tem com a velocidade? Você ainda sente a adrenalina ou já se acostumou?
Massa – A adrenalina faz parte do meu trabalho. Não é que eu sinta medo. Cada vez que você entra na pista, você sabe o que está fazendo e está extremamente confortável no carro. A velocidade não assusta. O que dispara a adrenalina é entrar numa classificação e querer fazer aquela volta perfeita. É você se concentrar 100% e tirar tudo do carro. Chegar ao limite, nem mais nem menos. Isso te dá emoção. Uma corrida como a de Mônaco, na chuva, é adrenalina a cada volta. Qualquer fração de segundo que você errar, frear um pouquinho antes ou depois numa poça, é motivo para você bater e jogar pontos importantes no lixo. Não sinto medo de morrer nas pistas. No dia em que tiver medo de pilotar por medo de sofrer um acidente, não vou conseguir tirar o máximo do carro, não vou conseguir andar no limite e ser eficiente.

Veja – Você é ansioso? Chega a perder o sono antes de uma corrida?
Massa – Não. Posso até perder um pouco o sono de quinta para sexta, por vontade de iniciar logo o treino. Minha ansiedade é para começar logo a trabalhar. Mas não lembro de não ter dormido de um sábado para domingo por causa de uma corrida. O que acontece comigo é que fico tão focado na véspera, que muitas vezes minha mulher está falando comigo e eu não estou escutando o que ela diz, estou pensando em outra coisa. Às vezes eu até respondo, mas no automático, sem prestar atenção.


Veja – E quando está no carro, dá para pensar em outras coisas que não a corrida?
Massa – Uma vez, quando eu estava vencendo a corrida no Brasil, tinha vantagem bem ampla em relação a quem vinha atrás. Nessas situações é quando você tem mais chances de perder a atenção, porque você está guiando fácil. Às vezes eu passava pela reta e me distraía olhando para a arquibancada. Aí eu me lembrava e dizia: "não, não posso desviar meu foco". Porque eu poderia errar. Você pode perder a concentração pensando em coisas estúpidas. No GP do Bahrein, eu fiz a classificação inteira com a música da Ivete Sangalo na minha cabeça: "Poeira, poeira..." Eu não queria estar com aquela música na minha cabeça, mas ela não saía. São coisas extremamente estranhas que passam na cabeça de um piloto.

Veja – Em 2007, você repetia na corrida a mesma cueca com que foi bem no treino para dar sorte...
Massa – Até hoje uso a mesma cueca nas corridas, desde aquela época que ganhei o GP do Brasil. É a mesma, coitadinha da cueca. Já perdeu até as pregas do lado. Aquela cueca é a número 1. Está até escrito nela: BR 1. Mas eu lavo.

Veja – E que outras superstições você tem?
Massa – Tenho várias. Sempre entro no carro pelo lado esquerdo. A luva e a sapatilha de corrida eu coloco sempre a peça do lado direito antes. Tenho uma calça jeans da sorte e um tênis que uso sempre. Se um dia deu tudo certinho, e fiquei em primeiro, tento lembrar tudo que fiz naquele dia para fazer igual. Por exemplo, acordar e sair da cama com o pé direito. Vou para o banheiro e me pergunto por que lado eu tinha começado a escovar o dente. Comecei pelo lado direito? Então tento começar igual. Mas não me desgasta. É automático.

Veja – É verdade que você fazia bicos no autódromo de Interlagos para ficar mais próximo dos pilotos?
Massa – Estreei na Fórmula 1 em 2002. Em 2001, no ano anterior, trabalhei como piloto do carro de intervenção no Grande Prêmio do Brasil. Ficava numa curva da pista com três médicos para atender as emergências. Em 1999, trabalhei como entregador de comida. O empresário que me ajudava na época, tem restaurantes em São Paulo e forneceu a comida da equipe Bennetton. Ele fazia as compras e mandava entregar para o cozinheiro da equipe. Como eu não tinha credencial para circular em Interlagos, vi naquilo a oportunidade de ter acesso ao autódromo. Com isso, terça, quarta, quinta e sexta eu fui para a pista, circulei nos boxes, vi como eram os carros, a equipe. Mas o jeito de eu entrar era carregando caixas de macarrão, bananas, batatas. Um dia, eu virei para o cozinheiro da Bennetton e disse: "Quem sabe um dia ainda não nos reencontramos?" Ele deu risada. E hoje ele é o cozinheiro da Ferrari. Quando entrei na Fórmula 1, fui até ele e perguntei se ele se lembrava de mim. Quando eu disse para ele que eu era aquele menino da comida, de Interlagos, ele quase teve um troço.

Veja – Quem são seus ídolos na Fórmula 1? O que você procura copiar deles?
Massa – Ayrton Senna foi ídolo de todos nós pela sua dedicação, pelo que fazia nas pistas. Sempre enxerguei Senna e Schumacher como pilotos diferenciados. Pilotos que eram completos, que tinham tudo junto. Às vezes, você vê um piloto extremamente talentoso, mas que não tem a habilidade técnica. Há outros com menos talento, mas extremamente dedicados à parte física e técnica. É difícil encontrar um piloto que reúna tudo, como os dois. Se eu conseguir ser um Senna nas corridas de classificação, e um Schumacher no GP, não perco nunca mais.

Muito barulho por (quase) nada

Bernie Ecclestone comentou que Magny-Cours pode permanecer no calendário por mais um ano. Depois de garantir que ontem seria a última corrida de Fórmula-1 na pista francesa, o dirigente voltou atrás. E isso era totalmente previsível.

O sonho de Ecclestone é conseguir organizar o GP França nas ruas de Paris. Mas Bernie não conseguiu costurar os acordos para a realização da corrida na capital francesa para 2009. Portanto, para não deixar a França sem uma etapa da Fórmula-1, Ecclestone preferiu permitir a corrida em Magny-Cours (com todos as limitações de uma área interiorana) por mais um ano.

Ou alguém aí acha que o tio Bernie iria deixar um país como a França sem um GP?

domingo, 22 de junho de 2008

Tabela 2008, após 8 etapas

GP França, após 70 voltas:


01
Felipe Massa
Ferrari
01h31m50s245

02
Kimi Raikkonen
Ferrari
+00m17s984

03
Jarno Trulli
Toyota
+00m28s250

04
Heikki Kovalainen
Mclaren-Mercedes
+00m28s292

05
Robert Kubica
Bmw Sauber
+00m30s512

06
Mark Webber
Red Bull
+00m40s304

07
Nelsinho Piquet
Renault
+00m41s033

08
Fernando Alonso
Renault
+00m43s372

09
David Coulthard
Red Bull
+00m51s072

10
Lewis Hamilton
Mclaren-Mercedes
+00m54s521

11
Timo Glock
Toyota
+00m57s738

12
Sebastian Vettel
Toro Rosso
+00m58s065

13
Nick Heidfeld
Bmw Sauber
+01m02s079

14
Rubens Barrichello
Honda
+1 volta

15
Kazuki Nakajima
Williams
+1 volta

16
Nico Rosberg
Williams
+1 volta

17
Sebastien Bourdais
Toro Rosso
+1 volta

18
Giancarlo Fisichella
Force India
+1 volta

19
Adrian Sutil
Force India
+1 volta

20
Jenson Button
Honda
+54 voltas

Classificação Geral de Pilotos, após 8 etapas:

01 - Felipe Massa (Ferrari) - 48
02 - Robert Kubica (BMW) - 46
03 - Kimi Raikkonen (Ferrari) - 43
04 - Lewis Hamilton (McLaren) - 38
05 - Nick Heidfeld (BMW) - 28
06 - Heikki Kovalainen (McLaren) - 20
07 - Jarno Trulli (Toyota) - 18
08 - Mark Webber (RBR) - 18
09 - Fernando Alonso (Renault) - 10
10 - Nico Rosberg (Williams) - 8
11 - Kazuki Nakajima (Williams) - 7
12 - David Coulthard (RBR) - 6
13 - Timo Glock (Toyota) - 5
14 - Sebastian Vettel (STR) - 5
15 - Rubens Barrichello (Honda) - 5
16 - Jenson Button (Honda) - 3
17 - Nelsinho Piquet (Renault) - 2
18 - Sebastien Bourdais (STR) - 2
19 - Giancarlo Fisichella (Force India) - 0
20 - Takuma Sato (Super Aguri) - 0
21 - Anthony Davidson (Super Aguri0 - 0
22 - Adrian Sutil (Force India) - 0

Classificação Geral de Equipes, após 8 etapas:

01 - Ferrari - 91
02 - Bmw Sauber - 74
03 - Mclaren-Mercedes - 58
04 - Red Bull - 24
05 - Toyota - 23
06 - Williams - 15
07 - Renault - 12
08 - Honda - 8
09 - Toro Rosso - 7
10 - Force India - 0
11 - Super Aguri - 0

França - Results & Coments [11]

Mil acasos

A sorte (ou a falta dela) foi, no final da contas, a grande variável do Grande Prêmio da França. Muita gente foi providencialmente beneficiada pelas punições aplicadas a Kovalainen, Hamilton e Rosberg. E a disputa pela dianteira da corrida e do campeonato não teria os mesmos contornos sem a ajuda do acaso.

Desde ontem pequenos detalhes têm feito a diferença em Magny-Cours. A pole, por exemplo, foi decidida por míseros 41 milésimos. E hoje na hora da corrida a sorte sorriu para Felipe Massa. No princípio da prova ela parecia não estar muito de bem com o brasileiro. Quando Raikkonen foi aos boxes fazer sua 1ª parada, Massa teria que aproveitar a pista livre e andar rápido para tentar ultrapassar o finlandês. Mas o tráfego intenso o atrapalhou e quando os dois ferraristas terminaram seus trabalhos de pit, Raikkonen estava com uma distância ainda mais confortável do que antes das paradas. Com 6 segundos de vantagem, Raikkonen parecia caminhar tranquilamente para a vitória.

Mais a sorte resolver interferir no resultado da corrida. Logo ela, que já foi responsável por inacreditáveis fiascos na carreira de Kimi e que começou a andar do lado do campeão após sua ida para a Ferrari. A tal sorte traiu Raikkonen outra vez hoje, após um longo tempo de relacionamento estável. Quando a corrida passava da metade, a Ferrari de número 1 começa a girar cerca de 2 segundos mais lentos por volta, graças a um problema no escapamento do bólido. Em questão de 3 voltas Raikkonen vê seu maior rival na briga pelo título se aproximar perigosamente. Tratava-se de Felipe Massa, seu parceiro de equipe. Sem ter como resistir, Raikkonen é ultrapassado por Massa na volta 39. A sorte consumava sua vontade.

De uma ou de outra forma, a corrida terminou com a Ferrari fazendo dobradinha. É o esperado domínio vermelho, que se fez regra em circuitos "normais", longe das ruelas apertadas de Mônaco ou do asfalto esfarelante de Montreal. A Ferrari também contou com a sorte hoje em Magny-Cours: viu os principais rivais na tabela de times ficarem ainda mais para trás. A sorte ajudou, mas não foi decisiva para os italianos. O fato de Raikkonen ter chegado em 2º mesmo com sérios problemas comprova que o carro de Maranello é o alvo a ser atingido pelos rivais.
--
No balanço do fim de semana quem mais saiu no lucro foi Felipe Massa. Quando ninguém acreditava que o brasileiro pudesse reagir, a sorte (sempre ela) lhe sorriu. No resultado individual da prova é possível dizer com alguma segurança que o problema no carro de Raikkonen foi fundamental para a vitória de Massa. Com metade da corrida realizada, Raikkonen tinha uma vantagem absolutamente segura para controlar a corrida até surgir o problema que deu a 1ª posição a Massa. Mas quem disse que a sorte não faz parte do jogo?

Massa sai do circuito de Nevers como líder da temporada pela 1ª vez na carreira. E as marcas da vitória de hoje não param por aí: Massa se torna o 4º piloto a atingir a ponta em 2008, e o 2º brasileiro a vencer um GP sob bandeira francesa (o outro foi Nelson Piquet em 1985). Mas Felipe é o 1º brazuca a vencer em Magny-Cours (a vitória de Piquet foi no circuito de Paul Ricard). Com os 10 pontos de hoje, Massa se torna o 1º brasileiro a ser líder desde a temporada de 1993 quando Ayrton Senna assumiu a ponta da tabela depois de vencer em Interlagos, Donnignton Park e Monte Carlo. Naquele ano, porém, Senna não foi campeão. Seria a hora de mudar a escrita?

França - Results & Coments [10]

A surpresa

Trulli completou o mais italiano dos pódios até agora. Além da dobradinha da Ferrari, a festa do champagne em Magny-Cours teve a presença do piloto da terra da bota, que desde 2005 não participava da premiação. Trulli vem fazendo uma corajosa temporada, sempre beliscando os pontos com a Toyota. Depois de passagens apagadas por Renault e Jordan, Trulli enfim parece ter se encontrado na equipe nipônica.


França - Results & Coments [9]

Perdendo a liderança

Apagado. Assim pode ser traduzido o desempenho da BMW durante o fim de semana em Magny-Cours. Os alemães não se entenderam com a pista francesa e saíram da França com modestos 4 pontos no campeonato de construtores, todos garantidos pelo 5º lugar de Robert Kubica, que abandonou a liderança do campeonato. Depois de largar bem e ultrapassar Alonso, Kubica foi cortado pelo espanhol ainda na 1ª volta. Voltou ao 5º posto e dele não saiu mais.

Heidfeld teve (mais) um fim de semana para esquecer. Mal na classificação, péssimo na corrida, ficou longe da zona de pontuação. As dificuldades do alemão em se adaptar ao carro já deveriam ter sido sanadas, afinal passamos da 8ª etapa do mundial. Nick sofre para tentar acompanhar Kubica e os boatos de que Alonso o substituiria em 2009 começam a ganhar corpo.


Para a realidade da equipe a corrida da França demonstrou a verdade do campeonato. A BMW não tem carro para concorrer com a McLaren e muito menos com a Ferrari. Para as próximas três etapas do mundial (Silverstone, Hockenheim e Hungaroring) os prognósticos são os mesmos.

França - Results & Coments [8]

Brigando com os donos da casa

A sina das McLarens foi brigar contra os donos da casa hoje em Magny-Cours. Lewis Hamilton passou 8 voltas ameaçando Nelsinho Piquet. Travou roda, fez traçados diferentes, tentou induzir o brasileiro ao erro de todas as formas. A velha rivalidade (os dois disputaram o título de GP2 em 2006) foi relembrada hoje na pista francesa. E em grande estilo. Sim, porque o Nelsinho Piquet que se viu hoje em Nevers foi o Nelsinho que todos esperavam ver desde o princípio da temporada. Seguro, intransigente, duro de ser ultrapassado. Hamilton tentou superar o brasileiro durante 8 voltas sem sucesso, até ser informado que sofrera nova punição. Depois de ter largado em 13º, Lewis recebeu um drive-through que acabou totalmente com suas chances de pontuar. Recebeu a bandeirada na 10ª posição.


Mas a briga de Hamilton com Piquet não foi o único encontro que McLaren e Renault protagonizaram em Magny-Cours. Depois de disputar em vão a posição com Nelsinho, Hamilton se encontrou duas vezes com Fernando Alonso na pista gaulesa. Nas duas Hamilton conseguiu fazer a ultrapassagem com facilidade, mas um suspense rondou os expectadores do GP. Depois do relacionamento explosivo dos dois na McLaren ano passado, a Fórmula-1 sempre espera faíscas nos encontros entre o inglês e o espanhol. Apesar dos triunfos sobre o arqui-rival, Hamilton não foi bem no GP França. O pupilo de Ron Dennis obteve um grande prejuízo no campeonato de pilotos: não pontuou e agora está 10 pontos atrás do líder Felipe Massa.
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Nelsinho finalmente desencantou. Marcou seus primeiros dois pontos na F-1 e conseguiu terminar a corrida a frente do companheiro de equipe Fernando Alonso. Finalmente o brasileiro teve um desempenho minimamente elogiável. Talvez a grande conquista de Piquet não tenha sido a pontuação ou os elogios do chefe Flávio Briatore e sim a guinada no fator psicológico. Afinal segurar Lewis Hamilton, com a toda-poderosa McLaren durante 8 voltas é um fato louvável.

E Nelsinho também enfrentou a outra flecha prateada em Magny-Cours. Heikki Kovalainen tentou e conseguiu ultrapassar Piquet, mas não sem um bom esforço. O finlandês só concretizou a manobra na saída dos boxes quando o brasileiro (por motivos ainda obscuros) demorou a recuperar velocidade. Kovalainen, aliás, foi o homem da corrida. Fez várias ultrpassagens e, talvez pela primeira vez no ano, andou mais do que o parceiro Lewis Hamilton. Saindo da 10ª posição Heikki conseguiu chegar em 4º e salvou o fim de semana da McLaren.

sábado, 21 de junho de 2008

França - Results & Coments [7]

Fazendo história

A Ferrari fez apenas o que era esperado na França: a 1ª fila. Talvez o único motivo de surpresa seja a configuração das posições. Kimi Raikkonen, que frequentemente vai mal nas classificações, é o pole position para a corrida de amanhã. Felipe Massa, que dominou boa parte dos treinos livres e as duas primeiras sessões da classificação, é o 2º.

Raikkonen sabe que precisa reagir na tabela de classificação. Após duas corridas sem pontuar, o campeão deve estar bastante motivado para o GP de amanhã. Ficou nítido durante a semana que Kimi se sentia pressionado e talvez isso tenha feito a disputa pela pole pender para seu lado. A vitória é o resutado mais desejado por quem era líder até o GP Mônaco e caiu pra 4º após o GP Canadá, 7 pontos atrás do novo ponteiro, Robert Kubica. Com a vitória amanhã, e dependendo de uma improvável combinação de resultados, Raikkonen pode sair de Magny-Cours outra vez como líder. E é bom lembrar: Kimi tem um bom relacionamento com essa tal de probabilidade!



A pole de Raikkonen não é especial apenas por dar uma resposta a Massa, que estava se acostumando a largar na frente do companheiro de equipe. Raikkonen foi o autor da pole de número 200 da escuderia italiana, uma marca que traduz a superioridade da equipe no últimos anos e a tradição de ser a única a participar do campeonato desde sua criação em 1950. O finlandês vai se notabilizando por conquistar feitos que poucos dos maiores ídolos da Ferrari conseguiram: venceu seu 1º GP pela equipe (GP Austrália 2007) e também foi campeão em seu ano de estréia pela equipe de Maranello (2007). Além disso, durante sua passagem pela Ferrari, Raikkonen se tornou o 4º maior autor de voltas mais rápidas em corridas. Está atrás apenas de Nigel Mansell, Alain Prost e (adivinhem?!) Michael Schumacher.


Felipe Massa sai um pouco frustrado da classificação de hoje. Não que o 2º lugar seja uma mau resultado, mas pelo embalo que o brasileiro conseguiu de Sakhir para cá, a pole do dono do carro número 2 era muito esperada hoje. Apesar de se dizer satisfeito, Massa sabe que para ganhar, e quem sabe sair de Magny-Cours como líder, vai ter que enfrentar seu maior rival: o companheiro de equipe. Felipe terá de lutar com Raikkonen, mas sem arriscar a performance da Ferrari, tão conservadora e preocupada com o campeonato de construtores.
Grid de Largada pro GP França - 2008

1
K. Raikkonen (FIN)
Ferrari
1m16s449
2
F. Massa (BRA)
Ferrari
1m16s490
3
F. Alonso (ESP)
Renault
1m16s840
4
J. Trulli (ITA)
Toyota
1m16s920
5
R. Kubica (POL)
BMW Sauber
1m17s037
6
M. Webber (AUS)
RBR
1m17s233
7
D. Coulthard (ESC)
RBR
1m17s426
8
T. Glock (ALE)
Toyota
1m17s596
9
N. Piquet (BRA)
Renault
1m15s770
10
H. Kovalainen (FIN)
McLaren
1m16s944 (punido)
11
N. Heidfeld (ALE)
BMW Sauber
1m15s786
12
S. Vettel (ALE)
STR
1m15s816
13
L. Hamilton (ING)
McLaren
1m16s693 (punido)
14
S. Bourdais (FRA)
STR
1m16s045
15
K. Nakajima (JAP)
Williams
1m16s243
16
J. Button (ING)
Honda
1m16s306
17
R. Barrichello (BRA)
Honda
1m16s330
18
G. Fisichella (ITA)
Force India
1m16s971
19
A. Sutil (ALE)
Force India
1m17s053
20
N. Rosberg (ALE)
Williams
1m16s235 (punido)

França - Results & Coments [6]

Fênix?

Seria o começo do renascimento do bicampeão? Cedo pra dizer, mas o resultado da classificação é animador pra Renault. Dentro da casa da equipe, Alonso fez um entusiasmante 3º lugar e Nelson Piquet, beneficiado pelas punições de Hamilton e Kovalainen, larga em 9º. É a chance que os franceses têm de, finalmente, colocar os dois carros na zona de pontuação.
Talvez até haja perspectiva de pódio para Alonso em Magny-Cours amanhã. O espanhol esteve perto disso em Montreal, mas ficou pelo caminho acidentado do GP norte-americano. Amanhã se o pódio vier será muito festejado, afinal a equipe de Briatore não freqüenta a cerimônia do champagne desde o GP Japão do ano passado. Voltar ao pódio em casa é o objeitvo.

Piquetzinho não chegou ao Q3. Deu sorte com as perdas de posições de Lewis e Kovalainen e larga a uma posição da pontuação. Nunca a chance de um bom resultado esteve tão próxima do brasileiro. Boa estratégia combinada a uma dose segura de calma e Nelsinho tem boas chances de sair com pontos da França.

França - Results & Coments [5]

Hegemonia no duelo oriental

Bom sábado para a Toyota em Magny-Cours. O time nipônico andou bem na classificação e os dois carros chegaram ao Q3. Jarno Trulli (grande surpresa do treino, junto com Alonso) larga em 4º e Glock em 8º. Claro que, tanto no caso de Trulli e Glock como no de Alonso, ter as McLarens fora ajudou muito. Mas as falhas e punições sofridas pela equipe inglesa foram muito bem justificadas pelos comissários. Vale lembrar que sorte também faz parte do jogo.


Vale o comentário: Toyota e Honda são duas montadoras japonesas, concorrentes no mercado automotivo mundial e grandes oponentes nesse ramo. Se levarmos em consideração o resultado da disputa nas pistas de F-1, a Honda leva uma vergonhosa lavada.

França - Results & Coments [4]

O não-favoritismo

A BMW respondeu aos que colocavam a equipe como favorita ao título: ainda faltam melhorias para que o time alcance esse favoritismo. E Kubica também respondeu aos que tinham dúvidas quanto sua superioridade na briga interna da equipe alemã: ele é o "elo forte" da atual dupla de pilotos, certamente o homem que a equipe escolherá caso planeje um contrato longo e um desenvolvimento contínuo do carro.


O "elo fraco" nessa conversa atende pelo nome de Nick Heidfeld. O alemão sofreu para conseguir chegar ao Q2, só conseguindo atingir um lugar entre os 15 em sua última volta do Q1. E ficou nisso. Com um modesto 12º tempo, Heidfeld foi beneficiado com a punição sofrida por Lewis Hamilton e larga em 11º. Enquanto isso Kubica, 7º tempo na classificação, larga em 5º, beneficiado pelas sanções aplicadas a dois pilotos: Hamilton e Kovalainen. Até nisso Kubica anda ganhando de Heidfeld: na sorte.

França - Results & Coments [3]

Decepções em série

Já está sendo constrangedor o desempenho da Honda nas classificações. Button larga em 16º e Barrichello em 17º (e olhe que eles fram beneficiados pela punição de Nico Rosberg).

Pouco a dizer sobre a atuação fraca de uma equipe que ameaçou incomodar as grandes e até venceu um GP em 2006. É curioso que um time com integrantes do naipe de Jenson Button (que foi apontado com menino-prodígio quando surgiu na F-1), Rubens Barrichello (6 anos de Ferrari e mais de 255 GP's no currículo) e Ross Brawn (o arquiteto da vitoriosa carreira de Schumacher na Ferrari) esteja sofrendo tanto para desenvolver o carro. Isso sem falar na questão financeira, que não é problema para uma equipe financiada por uma montadora.

França - Results & Coments [2]

Bagunça no grid

No grid de amanhã em Magny-Cours muita gente vai largar fora de suas posições de origem graças as punições sofridas por Hamilton, Rosberg e Kovalainen. Os dois primeiros foram sancionados por causa da patuscada de Montreal. Na ocasião, os comissários entenderam que o inglês e o alemão desrespeitaram a luz vermelha nos boxes e mereciam perder 10 posições no grid do GP França. Hamilton fez o 3º tempo hoje, portanto larga em 13º amanhã. Rosberg fez o tempo que originalmente ocuparia a posição número 13, mas com as 10 posições de sanção foi para o último posto do grid, o 20º.
Já Kovalainen foi punido por atrapalhar Mark Webber durante a volta rápida do australiano na classificação de hoje. O finlandês havia feito o 5º tempo, mas perdeu 5 posições e larga em 10º. São problemas sérios para a McLaren (que está muito atrás de Ferrari e até da BMW no mundial de construtores) e para Hamilton. Se as previsões para a corrda de amanhã se confirmarem e a Ferrari fizer a esperada dobradinha, Hamilton terá de conquistar o maior número possível pontos. A tarefa do inglês não é fácil. Magny-Cours não privilegia ultrapassagens e Hamilton vai ter que assumir riscos imensos para se manter vivo no campeonato. Lewis vai correr entre a cruz e a espada pois se for conservador corre o risco de conquistar poucos pontos; se for arrojado corre o risco de jogar (outra) corrida fora.

Talvez a corrida de amanhã seja a chance de Hamilton dar a resposta aos que duvidam de sua capacidade de reagir em situações adversas. É a hora de o inglês responder na prática e não apenas no discurso.

sexta-feira, 20 de junho de 2008

França - Results & Coments [1]

Depois de duas sessões de treinos preparatórios para o GP França, confira os melhores tempos do dia:

1 - Felipe Massa (Ferrari) - 1m15s306 (46 voltas)
2 - Fernando Alonso (Renault) - 1m15s778 (60)
3 - Kimi Raikkonen (Ferrari) - 1m15s999 (63)
4 - Lewis Hamilton (McLaren-Mercedes) - 1m16s002 (51)
5 - Heikki Kovalainen (McLaren-Mercedes) - 1m16s055 (56)
6 - Sebastian Vettel (STR-Ferrari) - 1m16s298 (69)
7 - Robert Kubica (BMW Sauber) - 1m16s317 (54)
8 - Nick Heidfeld (BMW Sauber) - 1m16s458 (64)
9 - Nelsinho Piquet (Renault) - 1m16s543 (70)
10 - David Coulthard (RBR-Renault) - 1m16s572 (57)
11 - Nico Rosberg (Williams-Toyota) - 1m16s682 (72)
12 - Jarno Trulli (Toyota) - 1m16s743 (75)
13 - Sebastien Bourdais (STR-Ferrari) - 1m16s758 (69)
14 - Timo Glock (Toyota) - 1m16s886 (70)
15 - Kazuki Nakajima (Williams-Toyota) - 1m17s002 (57)
16 - Mark Webber (RBR-Renault) - 1m17s106 (60)
17 - Jenson Button (Honda) - 1m17s244 (58)
18 - Giancarlo Fisichella (Force India-Ferrari) - 1m17s394 (69)
19 - Rubens Barrichello (Honda) - 1m17s491 (52)
20 - Adrian Sutil (ALE/Force India-Ferrari) - 1m17s868 (46)

Notinhas do dia:
- O tempo de Alonso na 2º sessão foi o melhor da tarde e chegou a impedir uma dobradinha da Ferrari. Só é uma pena que não se possa dizer que o bicampeão voltou mesmo à briga por vitórias. O 1m15s778 foi conseguido graças ao pouco combustível do espanhol nas últimas voltas;

- Felipe Massa foi quem menos deu voltas hoje. Certamente se deu por satisfeito em ser o mais rápido da manhã e dominar o treino da tarde até o finzinho. E no fim das contas o brasileiro sabe que o 1º lugar de Alonso na 2ª sessão não vale muita coisa;

- As McLarens estão no lugar que todo mundo esperava. Aliás os 2 carros de Ron Dennis estariam na 2ª fila não fosse o bom desempenho de Alonso;

- Sebastian Vettel fez uma grande volta a tarde e se colocou entre as McLaren e as BMW. Deve ser outro que, como Alonso, andou com gotas de gasolina. A BMW, aliás, passou boa parte do treino vespertino andando la atrás, na 6ª fila. Só na última meia hora do treino que a equipe do líder da temporada conseguiu melhorar o desempenho;

- Piquetzinho tinha esperanças de melhorar seu desempenho em pistas conhecidas, como Magny-Cours. Continua tomando um banho do companheiro de equipe. Só hoje ficou 0,8s atrás de Alonso. Mas o saldo (parcial, afinal treinos de sexta não dizem muito sobre a classificação e a corrida) é bom para o brasileiro: se amanhã Nelsinho repetir o 9º lugar terá vaga no Q3;

- A Honda continua mal das pernas. Das equipes que brigam para ser a 4ª força do campeonato (além da própria Honda, RBR, Williams, Renault e Toyota) é a que anda se saindo pior, desde o pricípio do ano. Hoje os japoneses brigaram com a Force Índia (de longe o pior carro do grid) para decidir que ficaria na última posição. Barrichello tirou a Honda do vexame por apenas 0,4s;

- E quem sabe encontremos alguma emoção em Magny-Cours? Sim, o asfalto da pista pode ser uma vairiável interessante. O piso da pista francesa, muito liso, provocou um festival de sáidas: Sutil, Kovalainen, Massa, Glock e Alonso (que protagonizou uma bonita cena na entrada da reta dos boxes: depois de atacar a zebra da chicane, o espanhol quase rodou. Mas consegiu corrigir no braço e trazer o carro e volta ao traçado ideal) foram vítimas do tapete persa impecavelmente liso de Magny-Cours.

quinta-feira, 19 de junho de 2008

A mesma praça, outro jardim: França 2007

Véspera do início das atividades do GP França de Fórmula-1 é dia de relembrar como foi a corrida do ano passado.

Em 2007 a Ferrari desembarcou em Magny-Cours sob pressão. O time chegou às etapas norte-americanas como favorito e voltou a Europa com duas sonoras derrotas para a McLaren. Era a hora de reagir, e o circuito francês era um local prá lá de apropriado. Com uma pista de retas longas e curvas de alta, o traçado de Magny-Cours era (e ainda é) um dos que mais favoreciam os modelos com maior distância entre-eixos, como o F-2007 dos italianos. No sábado, Felipe Massa fez a pole e Raikkonen (que está se tornando célebre por não fazer boas voltas nos treinos classificatórios) foi o 3º. Entre as Ferraris estava Lewis Hamilton, em 2º. Fernando Alonso, o outro integrante do "G4" (as duplas de pilotos de Ferrari e McLaren), largava apenas na 10ª posição.


Na corrida o que se viu foi um domínio absoluto da Ferrari e uma das provas mais monótonas da temporada. A pista de Magny-Cours, localizada em uma fazenda no interior da França, numa área com pouquíssima (ou nenhuma) infra-estrutura para receber um evento do porte de um GP de Fórmula-1, apresenta um dos melhores exemplos daquele tipo de corrida que ninguém gosta: as sem emoção. A pista possui grandes áreas de escape (portanto ninguém sobra pelo muro) e não possui pontos de ultrapassagem (logo a estratégia é essencial para um bom desempenho durante a prova). E é nesse ritmo pacato, típico das áreas rurais, que se desenrola o GP francês. Por isso justifica-se a insistência de Bernie Ecclestone em retirar o GP da França da pista interiorana.

Na largada, Kimi Raikkonen partiu pra cima e ganhou a 2ª posição de Hamilton. O finlandês ficou à espreita, atento ao menor vacilo de Felipe Massa, pronto pra roubar a ponta do brasileiro. E foi na estratégia de paradas que a corrida se decidiu a favor de Kimi. No momento dos pit stops, Raikkonen sempre ficava algumas voltas a mais na pista do que Massa. Com um carro leve, Raikkonen fazia voltas muito rápidas e anulava a distância aberta pelo brasileiro. Quando Kimi voltou dos boxes e a verdade da prova se estabeleceu, Massa ja havia ficado para trás.


O resultado da prova foi típico, com nenhuma surpresa: dobradinha da Ferrari com Raikkonen (que iniciou sua reação da temporada) e Massa, e o 3º lugar de Hamilton. Para o próximo domingo, em condições normais de temperatura e pressão, espera-se o mesmo marasmo interiorano em Magny-Cours.

quarta-feira, 18 de junho de 2008

Não se pode cochilar...

Em nota divulgada ontem em seu site oficial a Ferrari anunciou que os motores que empurram os carros de Kimi Raikkonen e Felipe Massa ganharão novas configurações a partir da próxima etapa do mundial, o GP França. Segundo a equipe italiana a diferença entre as 3 equipes que lideram o campeonato é muito pequena e evoluções constantes são essenciais para a manuntenção da competitividade.

Ainda segundo a nota as mudanças foram testadas durante os testes feitos semana passada em Barcelona na Espanha. A equipe experimentou os novos componentes e se disse satisfeita com o resultado dos treinos que, entre outras coisas, comprovaram a confiabilidade dos novos compostos.

É esse o propulsor que move a F-1. Mudanças constantes, ganhos de de 1 ou 2 décimos a cada prova, pequenos detalhes que podem decidir uma corrida e (considerando o todo do campeonato) até mesmo um campeão. Certamente a Ferrari não é a única a implementar inovações para Magny-Cours. McLaren e BMW, concorrentes diretas dos italianos na briga pelo título, também devem trazer modificações buscando os tais décimos que podem decidir o resultado de uma corrida.


O finlandês acordou?







E pra quem se incomoda com o jeitão "to nem aí" de Kimi Raikkonen, um alento: o campeão declarou que nunca sentiu tanta vontade da ganhar como agora. Kimi está mordido com o resultado das 2 últimas corridas. Depois de passar por Monte Carlo e Montreal em branco, sem marcar um só ponto, Raikkonen caiu da 1ª para a 4ª posição na classificação geral do campeonato e sabe que a hora da reação é agora. É também a hora de ver como é o Homem de Gelo com a cabeça fervendo.

A Atre de Provocar

De Fernando Alonso, bi-campeão e ex-parceiro de equipe de Lewis Hamilton na McLaren, onde os dois protagonizaram uma das brigas internas mais explosivas da história da F-1:

"Os erros de Lewis Hamilton não me surpreendem. As primeiras nove corridas do ano passado é que foram estranhas, com nove pódios. Tudo lhe veio de cara e ele teve sorte. Nem tudo depende do piloto. Neste ano, as coisas estão mais normais."

Nem preciso comentar...

Video (atrasado) da Semana



Caros amigos do De Olho na F-1.

Informo que graças a uma combinação infeliz entre falta de tempo e pane no site "Blogger", que hospeda esse blog, desde sábado não consigo postar por aqui. Mas vamos repor o tempo perdido.

O vídeo dessa dessa semana, que deveria ter sido postado na segunda-feira, é para lembrar de um sujeito que não ganhou um mundial, nunca foi apontado com bam-bam-bam, mas passou boa parte da carreira nos melhores cockpits da Fórmula-1. É David Coulthard, o interminável escocês que ingressou na catgoria em 1994 substituindo Ayrton Senna, morto em Ímola na 3ª corrida da temporada.

Foi o 3º lugar do David em Montreal que me motivou a postar o vídeo da semana em homenagem a ele. Percebo que dei pouca atenção ao fato de Coulthard conseguir levar a RBR ao pódio. Mas o vídeo também casa com o momento "comédia pastelão" que aconteceu em Montreal, quando o Hamilton fez a patuscada do ano, atingindo o Raikkonen dentro do pit lane. Explica-se:

No vídeo de Coulthard estamos no GP Austrália de 1995, encerramento da temporada que seria ganha por Michael Schumacher e despedida de David da Williams. Coulthard caminhava para uma vitória tranqulia até que no momento de sua parada nos boxes, comete um erro bobo: não consegue completar a curva que da acesso ao pit lane, bate e joga a corrida fora. Um erro infantil, como o de Hamilton no Canadá. As falhas de Hamilton e Coulthard lembraram os rompantes de um outro piloto do Reino Unido, célebre por mesclar momentos de pura genialidade com outros de triste amadorismo: Nigel Mansell, o leão que jogou corridas e campeonatos fora por pura falta de paciência.

Será que é mal dos súditos da rainha?

sábado, 14 de junho de 2008

1, 2, 3, Testando (e agora com novidades - Montmeló)

Reagiu?



Dessa vez algo menos monótono. No último dia de treinos no circuito de Montmeló na Espanha, Nelsinho Piquet aprontou a surpresa do dia ao conquistar o tempo mais rápido da sessão. O brasileiro deu 112 voltas na pista de Barcelona, a melhor delas em 1m20s076, quase 1 segundo mais rápido que o tempo anotado por Luca Badoer, que havia sido o mais rápido ontem com a Ferrari. É um resultado surpreendente (por mais que, as vezes, esses testes não queiram dizer muita coisa, afinal, blefes não são novidade na F-1) já que a Renault não tem um bom desempenho na temporada e Piquet está sendo questionado pela torcida e pela imprensa especializada.

O brasileiro conseguiu o feito de ficar a frente até mesmo de McLaren e Ferrari. Pelo time inglês o melhor tempo foi assinalado pelo piloto de testes Pedro de la Rosa, 1m20s402. Pela escuderia italiana, Luca Badoer, que dominou os outros dois dias de treinos, ficou em 3º hoje, com 1m20s680.

Testes de sábado em Montmeló:

1. Nelsinho Piquet (Renault) - 1min20s076

2. Pedro de la Rosa (McLaren-Mercedes) - 1min20s402

3. Luca Badoer (Ferrari) - 1min20s680

4. Mark Webber (Red Bull-Renault) - 1min21s037

5. Timo Glock (Toyota) - 1min21s158

6. Nick Heidfeld (BMW Sauber) - 1min21s295

7. Rubens Barrichello (Honda) - 1min21s672

8. Nico Hulkenberg (Williams-Toyota) - 1min21s674

9. Sebastian Vettel (Toro Rosso-Ferrari) - 1min21s880

sexta-feira, 13 de junho de 2008

1, 2, 3, Ainda Testando... (Montmeló)

Vermelho maravilha

Segundo dia de treinos coletivos no circuito de Montmeló na Espanha, segundo dia sem grandes surpresas. Ao final da sessão de hoje, A Ferrari foi a mais rápida com o piloto de testes Luca Badoer. Nas segunda posição ficou a Mclaren do também piloto de testes Pedro de la Rosa. A Williams conseguiu se colocar no terceiro posto com Nico Rosberg e a BMW ficou no 4º lugar com Robert Kubica.



E se ontem poucas equipes puseram o titulares pra andar, hoje aconteceu o contrário. Dos 8 times que foram a Barcelona treinar, apenas Ferrari e McLaren giraram com pilotos de testes. Williams, BMW, RBR, Renault, Toyota, Honda e STR andaram com seus pilotos titulares na pista espanhola hoje.


Testes de sexta-feira em Montmeló:


1. Luca Badoer (Ferrari) - 1min21s013
2.Pedro de la Rosa (McLaren) - 1min21s374
3.Nico Rosberg (Williams) - 1min21s614
4.Robert Kubica (BMW) - 1min21s761
5.David Coulthard (Red Bull) - 1min21s812
6.Rubens Barrichello (Honda) - 1min22s101
7.Nelsinho Piquet (Renault) - 1min22s180
8.Timo Glock (Toyota) - 1min22s287
9.Sébastien Bourdais (Toro Rosso) - 1min22s907

Metamorfose Opinativa

Bernie Ecclestone, chefe da área comercial da F-1, enviou uma comunicado aos times hoje condenando qualquer espécie de pressão pela saída de Max Mosley da presidência da FIA. Depois de alguns donos de equipes se manifestarem favoráveis a renúnicia do atual presidente (que se viu envolvido em um escândalo sexual com contornos sadomasoquistas), Ecclestone tentou pôr tudo em panos quentes: segundo ele, tudo o que os dirigentes querem é a formatação de um novo Pacto de Concórdia, um código de regras que rege a F-1, assinado em consenso pelas equipes.

A mudança de opinião de Ecclestone é muito curiosa. Semana passada, quando Mosley recebeu o voto de confiança da FIA para continuar no comando da entidade, Ecclestone reagiu de forma verborrágica: chegou a dizer que Max deveria se afastar da FIA. Para Bernie, a permanência de Mosley a frente da organização que regula o automobilismo no mundo poderia emperrar negociações com países que estivessem dispostos a receber corridas de F-1, em especial os países árabes, para onde a F-1 apontou sua artilharia em busca de um público que, entre outras coisas, não fosse muito exigente quanto a ocorrencia de ultrapassagens durante uma corrida, um público que estivesse satisfeito em pagar uma fortuna e simplesmente ver os 20 carros dando voltas no circuito. E Bernie não estava sozinho. Cartolas de escuderias importantes como Luca di Montezemolo, presidente da Ferrari, também pediram a saída de Max. Também voltaram atrás e mudaram de opinião pouco depois.


A razão para a metamorfose dos dirigentes é uma só: ter Mosley a frente da FIA pode ser ruim para a categoria, mas tê-lo fora pode ser pior. Mosley é um Daví que tenta a todo custo impedir que os Golias representados pelas montadoras (as mais interessadas em sua saída) tomem conta da Fórmula-1 de vez. Isso aconteceu no passado e os efeitos foram devastadores para o esporte, já que quando as fábricas cansaram de brincar de carrinho, se retiraram da competição, deixando a F-1 a beira da extinção. A categoria foi salva por "garageiros" como Frank Williams e Bruce McLaren, pilotos-mecânicos-engenheiros que deram seus jeitos para continuar a tocar as equipes e dar continuidade a F-1. A existência de equipes nas maõs de donos independentes das montadoras é vital para a manutenção da Fórmula-1 como a conhecemos hoje, uma vez que times como Williams e McLaren não existem como fabricantes de automóveis de passeio, ao contário de Renault e Honda por exemplo. As equipes que contam com o sobrenome do fundador, (são o símbolo do sucesso dos garageiros e eram algo comum a 15 anos atrás. Hoje se tornaram peças raras de se ver, tal o domínio intenso que as montadoras já exercem) sobrevivem apenas da F-1 e se vierem a sofrer alguma espécie de crise financeira vão continuar na categoria mesmo que aos trancos. Já as montadoras, ao menor sinal de crise, pularão fora imediatamente, por não dependerem do lucro da F-1 para existir.


É aí que entram os interesses de gente como Berine Ecclestone, que anda se esforçando para apagar o incêndio que as montadoras tentam armar. Ecclestone lucra horrores com a atual configuração da F-1. Não quer correr o risco de ver a categoria nas mãos de montadoras que certamente iriam cortar suas asinhas.

1, 2, 3, Testando... (Montmeló)

De ontem até sábado tem carro de Fórmula-1 na pista em Barcelona, na Espanha. Mas os trabalhos não são oficiais. Tratam-se dos testes coletivos das equipes, visando o desenvolvimento dos carros para as próximas etapas do mundial. Esta quinta-feira foi o 1º dia de atividades na pista espanhola.

E nesse 1º dia, nenhuma surpresa. A Ferrari foi a equipe mais rápida do dia com o piloto de testes Luca Badoer. O italiano deu 81 voltas, a mais rápida delas em 1m22s412. O segundo melhor tempo ficou por conta do vencedor da última prova, Robert Kubica, que marcou sua melhor passagem em 1m22s682. Kubica aliás, foi um dos poucos pilotos titulares a entrar na pista hoje. Das 8 equipes que foram a Montmeló só BMW e RBR puseram seus corredores oficiais para trabalhar.

Apesar de ainda ser muito cedo pra dizer que os testes de Barcelona confirmam o favoritismo da Ferrari, é sempre bom lembrar: a pista espanhola é célebre por representar o ideal de uma pista de testes. Tem tudo o que é preciso para se avaliar o desempenho de um carro: retas longas e fortes subidas cuidam de esclarecer se o carro é potente o bastante; curvas de baixa velocidade testam o equilíbrio e a tração dos bólidos e curvas de média e alta delimitam a estabilidade. Um jargão da F-1 diz que "o carro que vai bem em Barcelona, vai bem no resto das pistas". Olhando a tabela de classificação de equipes, essa máxima é confirmada.

Testes de quinta-feira em Montmeló:

1 - Luca Badoer (Ferrari) - 1m22s412 (81 voltas)

2 - Robert Kubica (BMW Sauber) - 1m22s682 (69)

3 - David Coulthard (RBR-Renault) - 1m22s724 (21)

4 - Sebastien Buemi (RBR-Renault) - 1m22s764 (79)

5 - Gary Paffett (McLaren-Mercedes) - 1m22s938 (36)

6 - Anthony Davidson (Honda) - 1m23s208 (81)

7 - Nico Hulkenberg (Williams-Toyota) - 1m23s619 (112)

8 - Romain Grosjean (Renault) - 1m23s899 (60)

9 - Kamui Kobayashi (Toyota) - 1m24s442 (82)

Dando o Papo

Mário Theissen, chefe da equipe BMW Sauber, afirmou ontem a tarde em Barcelona que a equipe não dará prioridade a nenhum dos dois pilotos nas estratégias de corrida, mesmo Kubica sendo o atual líder da temporada e Heidfeld apenas o 5º. A declaração deve ter chegado como um balde de água fria ao ouvidos do polonês, que esperava receber privilégios durante as corridas. Theissen afirmou que "ambos os pilotos terão acesso aos mesmos equipamentos e receberão tratamento igual por parte da equipe. Então, dependendo do que cada um fizer no treino classificatório, decidiremos nossa tática para a corrida".

Pra quem achava que o Heidfeld seria o novo Barrichello fica o recado: se até a Ferrari adotou a política de igualdade entre seus pilotos, porque a BMW iria destoar?

quarta-feira, 11 de junho de 2008

Massa, Two Moments

Os dois vídeos abaixo reproduzem aquelas que talvez sejam as mais bonitas ultrapassagens da Fórmula-1 nos últimos anos. As duas efetuadas por Felipe Massa, as duas com o brasileiro no cockpit de uma Ferrari, as duas refletindo o estilo agressivo desse piloto que já foi taxado de "afoito" por sua inconstância, mas que fez as pazes com a regularidade desde o GP Barhein.

No 1º vídeo, Massa X Kubica na última volta do GP Japão de 2007, valendo a 5ª posição;

No 2º vídeo, Massa ultrapassa Kovalainen e Barrichello ao mesmo tempo, no GP Canadá disputado no último domingo. Valeu a 4ª posição.




Quero Ser Grande!

O grito foi dado e vitória no Canadá era o que faltava pra ratificá-lo. Em entrevista ao F-1 Live, Robert Kubica (o vencedor da prova) e Nick Heidfeld (2º colocado) afirmaram que a equipe de ambos, a BMW, pode hoje ser considerada uma das "grandes", patamar que apenas duas equipes obtém com segurança atualmente: Ferrari e McLaren.
É um grito que uma hora ou outra iria ser dado. Nenhuma equipe das ditas "médias" conseguiu evoluir em tão pouco tempo como a BMW. Para qualquer outra equipe (exceto, claro, Ferrari e McLaren), vencer no Canadá sob as circunstâncias em que a equipe alemã venceu seria um golpe de sorte, algo do tipo "os azarões sendo agraciados pelo acaso". Mas não foi. Havia um consenso no paddock que essa hora iria chegar, e ela chegou com dobradinha, com autoridade de equipe de ponta. Mas agora que os alemães venceram também há o consenso de que não vai ser fácil repetir a dose. É paradoxal! A BMW se encontra em uma situação singular: Não é totalmente grande, nem completamente "média". O que é então?

Uma resposta fácil é: "uma equipe em ascensão". Tem uma dupla de lobos do volante, capital de uma grande montadora e knowhow suficiente para incomodar as toda-poderosas Ferrari e Mclaren. Mas é apenas isso que a BMW pode no momento: incomodar as grandes. Por mais que os fatos apresentados por Kubica e Heidfeld ("estar na ponta do campeonato de pilotos", e "ja ter liderado o campeonato de construtores") sejam irrefutavelmente verdadeiros, a equipe conseguiu o atingir a atual pontuação graças a escorregões das grandes. Analise:

-Em Melbourne apenas a McLaren consegiu pôr os dois carros na zona de pontuação. Hamilton foi o vencedor e Kovalainen foi o 5º. A equipe inglesa saiu de Montreal com 14 pontos na conta. Ferrari, com péssimo desempenho, faturou apenas 1 ponto. A BMW subiu ao pódio com Heidfeld e era a 2ª no mundial de construtores com 8 pontos ganhos;

- Na Malásia a BMW, mais uma vez, chegou ao pódio. Raikkonen venceu a prova e levou a Ferrari aos 11 pontos (todos dele), ja que Massa não completou. Kovalainen e Hamilton cruzaram a meta em 3º e 5º, respectivamente. Há de se lembrar que a dupla da McLaren foi punida com a perda de 5 posições no grid por atrapalhar a volta rápida de alguns pilotos na classificação de sábado. Ao fim da prova o campeonato de construtores estava assim: McLaren com 24, BMW com 19 e Ferrari com apenas 11;

- No Barhein, a primeira grande exibição de força da Ferrari na temporada: dobradinha com Massa em 1º e Raikkonen em 2º. Mas também no Barhein a BMW deu a sua primeira demonstração de ousadia: Kubica foi pole no sábado, mas não pôde competir com o ritmo de corrida dos italianos. Apenas completou o pódio. A McLaren tropeçou: Kovalainen foi somente 5º e Hamilton, depois de se envolver em um acidente com Alonso, chegou em 13º, uma volta atrás. A tabela de times saiu do oriente com BMW líder (30), Ferrari vice (29) e McLaren em 3º (28);
- Em Barcelona mais um show vermelho. Nova dobradinha da Ferrari, dessa vez com Raikkonen na ponta e Massa em 2º. Kovalainen bateu e não completou, enquanto Hamilton garantiu magros 6 pontos para o chefe Ron Dennis. Pela BMW, apenas Kubica pontou. 4º lugar, 5 pontos. A Ferrari virava o campeonato de times a seu favor, disparando com 47 pontos. BMW tinha 35 e McLaren 34;

- Na Turquia, outro bom desempenho da Ferrari e outro tropeço da McLaren. Os italianos fizeram 16 pontos com a vitória de Massa e o 3º lugar de Raikkonen. Hamilton foi 2º e Kovalainen não pontuou. Kubica e Heidfeld foram 4º e 5º, respecitivamente. Ferrari se mantinha na ponta (63), BMW consolidava-se como vice (44) e McLaren, acumulando tropeços, era 3ª (42);
- Em Mônaco supresa do treino de sábado a chegada no domingo. Ferrari faz a 1ª fila na classificação e surpreende. Mas na hora da corrida, vacila ao trocar os pneus de Raikkonen depois do tempo previsto (tudo bem, o campeão trataria, mais tarde, de fazer sua própria barbeiragem contra Sutil) e bola uma estratégia pouco eficiente para Massa. Hamilton vence e Kubica frequenta o pódio mais uma vez. A F-1 vai a América com Ferrari ainda líder (69), McLaren vice (53) e BMW 3ª (52);

- Em Montreal uma corrida pouco convencional. Os então líderes do campeonato saem precocemente da prova. Kovalainen e Massa, cada um com motivos particulares, não conseguem boa pontuação e juntando tudo isso com a dobradinha da BMW tem-se a atual tabela: Ferrari 73, BMW 70 e Mclaren só 3ª com 53;
É esse o paradoxo da BMW. A equipe é apontada como terceira força do mundial desde o início do ano. A atual vice-liderança no campeonato de times e a dianteira do de pilotos é fruto da irregularidade das grandes até aqui. Fica muito claro que para o campeonato como um todo, salvo o caso de uma real evolução do time alemão, Ferrari e Mclaren ainda são favoritas. A BMW acaba
sendo um pseudo-líder, uma espécie de time que vence, mas não convence.

segunda-feira, 9 de junho de 2008

domingo, 8 de junho de 2008

Tabela 2008, após 7 etapas

GP Canadá, após 70 voltas:


01
Robert Kubica
Bmw Sauber
01h36m24s447

02
Nick Heidfeld
Bmw Sauber
+00m16s495

03
David Coulthard
Red Bull
+00m23s352

04
Timo Glock
Toyota
+00m42s627

05
Felipe Massa
Ferrari
+00m43s934

06
Jarno Trulli
Toyota
+00m47s775

07
Rubens Barrichello
Honda
+00m53s597

08
Sebastian Vettel
Toro Rosso
+00m54s120

09
Heikki Kovalainen
Mclaren-Mercedes
+00m54s433

10
Nico Rosberg
Williams
+00m57s749

11
Jenson Button
Honda
+01m07s540

12
Mark Webber
Red Bull
+01m11s229

13
Sebastien Bourdais
Toro Rosso
+1 volta

14
Giancarlo Fisichella
Force India
+19 voltas

15
Kazuki Nakajima
Williams
+24 voltas

16
Fernando Alonso
Renault
+26 voltas

17
Nelsinho Piquet
Renault
+31 voltas

18
Lewis Hamilton
Mclaren-Mercedes
+51 voltas

19
Kimi Raikkonen
Ferrari
+51 voltas

20
Adrian Sutil
Force India
+57 voltas

Classificação Geral de Pilotos, após 7 etapas


01 - Robert Kubica (BMW) - 42
02 - Lewis Hamilton (McLaren) -38
03 - Felipe Massa (Ferrari) - 38
04 - Kimi Raikkonen (Ferrari) - 35
05 - Nick Heidfeld (BMW) - 28
06 - Heikki Kovalainen (McLaren) - 15
07 - Mark Webber (RBR) - 15
08 - Jarno Trulli (Toyota) - 12
09 - Fernando Alonso (Renault) - 9
10 - Nico Rosberg (Williams) - 8
11 - Kazuki Nakajima (Williams) - 7
12 - David Coulthard (RBR) - 6
13 - Timo Glock (Toyota) - 5
14 - Sebastian Vettel (STR) - 5
15 - Rubens Barrichello (Honda) - 5
16 - Jenson Button (Honda) - 3
17 - Sebastien Bourdais (STR) - 2
18 - Giancarlo Fisichella (Force India) - 0
19 - Takuma Sato (Super Aguri) - 0
20 - Anthony Davidson (Super Aguri) - 0
21 - Nelsinho Piquet (Renault) - 0
22 - Adrian Sutil (Force India) - 0

Classificação Geral de Equipes, após 7 etapas

01 - Ferrari - 73
02 - Bmw Sauber - 70
03 - Mclaren-Mercedes - 53
04 - Red Bull - 21
05 - Toyota - 17
06 - Williams - 15
07 - Renault - 9
08 - Honda - 8
09 - Toro Rosso - 7
10 - Force India - 0
11 - Super Aguri - 0

Canadá - Results & Coments [17]

Mereceu!

A festa foi merecida, foi esperada e foi justa. Robert Kubica venceu o Grande Prêmio do Canadá, com Nick Heidfeld em 2º e David Couthard (que desde 2006 não subia ao pódio) em 3º. O resultado coroou o trabalho de um time que vem evoluindo temporada a temporada e que era apontado como um dos que iam dar trabalho a Ferrari e McLaren em 2008. A festa da 1ª vitória de Kubica e da BMW não podia ser melhor: dobradinha na pista canadense.

Claro, ter os principais adversários fora da briga ajudou muito. Raikkonen foi vitimado pelo atropelamento de Hamilton, que também não pôde concluir a prova e Massa enfrentou problemas em seu 1º pit stop. Mas não se pode cair na armadilha de diminuir a vitória do fenômeno Kubica (esse tem mais motivos pra receber o título do que Hamilton). O polonês foi rápido quando precisou abrir vantagem para o companheiro Heidfeld, e mereceu a vitória. O dia de hoje foi uma daqueles em o que paddock todo sorri, porque Kubica é daqueles garotos-prodígio que adquirem a simpatia de todos: mecãnicos, imprensa e torcida. Foi uma vitória bonita e cheia de significados:
-Foi a 1ª da BMW. A equipe também mereceu muito o triunfo. Fiquei feliz por ver o trabalho, iniciado lá atrás por Peter Sauber, recompensado. Deu uma grande guinada na moral do time, ainda mais por ser dobradinha. É bom ver mais uma equipe vencendo na F-1;

-Depois de sair de Montreal sob cuidados médicos em 2007, Kubica não podia dar melhor resposta a quem achava que ele guardava algum trauma da pista;

-Foi a 1ª vitória de um piloto do leste europeu na F-1, tão acostumada a triunfos britânicos, alemães, franceses, finlandeses, italianos e, nos últimos anos, espanhóis;

- Desde 1962 sem comemorar vitória por construtores, a Alemanha voltou a ouvir seu hino ser dedicado a uma equipe;

E ainda há de se achar espaço para comentar o desempenho de Heidfeld, que foi o "homem do time" ao abrir passagem para o polonês e segurar Alonso. Nick foi fundamental na dobradinha que dá a BMW a vice-liderança no mundial de construtores, 3 pontos atrás da Ferrari e 17 (17!) a frente da McLaren (nem em seus melhores sonhos o Mário Theissen, chefe da equipe BMW, podia sonhar com essa situação, antes do meio da temporada).

Mas surpresa mesmo é a configuração da tabela de pilotos. O garoto que venceu uma corrida de F-1 pela primeira vez hoje, agora é, também pela 1ª vez, líder do campeonato. Kubica é o 3º a figurar como cabeça da tabela nesse ano, mas não se pode dizer que ele é candidato ao título. No geral esse resultado foi proporcionado pelos problemas que as equipes principais (Ferrari e McLaren) encontraram em pistas como Melbourne, Mônaco e Montreal. A BMW deve continuar dando trabalho, mas precisa ainda precisa de alguma evolução para ser considerada candidata ao título.

De qualquer forma, parabéns Kubica, que esse seja a 1ª de muitas vitórias!

Canadá - Results & Coments [16]

O papelão


Para esse post, vários títulos me ocorreram, mas optei por "O Papelão" porque assim fica nítida a cena de comédia pastelão que se desenrolou na saída dos boxes de Montreal hoje. A batida de Hamilton em Raikkonen deixa claro o quanto falta ao inglês para ser considerado um fenômeno. Fenômenos não cometem acidentes dignos de trânsito de rua em uma competição como a F-1. Que fique claro: Hamilton é sim bom piloto. Hamilton só precisa crescer para aparecer.

Pra quem não viu, vamos a narração dos fatos: O Safety Car, como era esperado, entrou em ação depois que Sutil rodou e ficou em posição perigosa na pista de Montreal. Contavam-se 17 voltas realizadas e Hamilton caminhava para uma vitória aparentemente fácil, com Kubica em 2º e Raikkonen em 3º. Na volta 19, Hamilton, Kubica, Raikkonen, Rosberg, Alonso e mais um punhado de gente foi ao pit antecipar suas paradas, aproveitando a permanencia do carro de segurança na pista. Kimi e Robert ultrapassaram Lewis nos boxes e se dirigiram a saída. Os dois encontraram então as luzes do pit lane vermelhas e frearam para esperar autorização para a partida. Lewis que vinha atrás, não percebeu a luz e pronto. Uma cena digna de circo aconteceu: Hamilton atropelou Raikkonen dentro do pit lane! Fim de corrida para os então líderes do mundial. De brinde, Nico Rosberg, outro desatento, deu um toquinho em Hamilton e ficou sem bico. Inacreditavel!


Um Raikkonen visivelmente irritado saiu do cockpit da Ferrari apontando para o semáforo, como quem pergunta: "não viu o sinal vermelho, ô maluco?" Hamilton sabia da besteira que havia feito e sequer teve argumento a apresentar. Foi pra dentro do box da McLaren receber o consolo de papai Anthony, que semana passada também se envolveu em um acidente em que destruiu uma Porsche. Vai ver é herança de família.

A presepada não saiu barata. Hamilton e Rosberg vão perder 10 posições no grid da próxima corrida, o GP França em Magny-Cours. Os comissários entenderam que Lewis e Nico desrespeitaram as luzes vermelhas no pit lane e deveriam sofrer tais sanções. A punição complicou a vida de Hamilton no campeonato, já que na França ele dificilmente brigará pela vitória.

E agora aumentam as desconfianças da F-1 em relação ao inglês-sensação da temporada 2007. Até o GP China do ano passado, Lewis era um fenômeno pop, o novato que irritou um bicampeão, e que vinha pra ser o 1º estreante a vencer um campeonato de Fórmula-1. Mas de repente Hamilton se viu diante de um adversário maior que Massa, Alonso e Raikkonen juntos: a pressão. Hamilton, então líder do mundial, errou infantilmente na China ao insistir em se manter na pista com pneus desgastados e não completou a prova. Ainda havia uma segunda chance pro "fenômeno", no Brasil. Em Interlagos Hamilton mais uma vez traiu a sí próprio apertando um botão, o de limitação de giros, e entregou o título a Raikkonen. Terminou o ano jogando no lixo toda a boa impressão que havia construído durante a temporada.


O resultado é um prejuízo grande para Hamilton e para Raikkonen. O piloto da McLaren perdeu a liderança do campeonato para Kubica e está empatado com Massa na tabela, enquanto Kimi caiu de 2º pra 4º colocado na classificação geral. De qualquer forma Hamilton continua sendo a figura principal do ano. Graças a sua barbeiragem a tabela está super embolada.