
É um grito que uma hora ou outra iria ser dado. Nenhuma equipe das ditas "médias" conseguiu evoluir em tão pouco tempo como a BMW. Para qualquer outra equipe (exceto, claro, Ferrari e McLaren), vencer no Canadá sob as circunstâncias em que a equipe alemã venceu seria um golpe de sorte, algo do tipo "os azarões sendo agraciados pelo acaso". Mas não foi. Havia um consenso no paddock que essa hora iria chegar, e ela chegou com dobradinha, com autoridade de equipe de ponta. Mas agora que os alemães venceram também há o consenso de que não vai ser fácil repetir a dose. É paradoxal! A BMW se encontra em uma situação singular: Não é totalmente grande, nem completamente "média". O que é então?
Uma resposta fácil é: "uma equipe em ascensão". Tem uma dupla de lobos do volante, capital de uma grande montadora e knowhow suficiente para incomodar as toda-poderosas Ferrari e Mclaren. Mas é apenas isso que a BMW pode no momento: incomodar as grandes. Por mais que os fatos apresentados por Kubica e Heidfeld ("estar na ponta do campeonato de pilotos", e "ja ter liderado o campeonato de construtores") sejam irrefutavelmente verdadeiros, a equipe conseguiu o atingir a atual pontuação graças a escorregões das grandes. Analise:
-Em Melbourne apenas a McLaren consegiu pôr os dois carros na zona de pontuação. Hamilton foi o vencedor e Kovalainen foi o 5º. A equipe inglesa saiu de Montreal com 14 pontos na conta. Ferrari, com péssimo desempenho, faturou apenas 1 ponto. A BMW subiu ao pódio com Heidfeld e era a 2ª no mundial de construtores com 8 pontos ganhos;
- Na Malásia a BMW, mais uma vez, chegou ao pódio. Raikkonen venceu a prova e levou a Ferrari aos 11 pontos (todos dele), ja que Massa não completou. Kovalainen e Hamilton cruzaram a meta em 3º e 5º, respectivamente. Há de se lembrar que a dupla da McLaren foi punida com a perda de 5 posições no grid por atrapalhar a volta rápida de alguns pilotos na classificação de sábado. Ao fim da prova o campeonato de construtores estava assim: McLaren com 24, BMW com 19 e Ferrari com apenas 11;

- Em Barcelona mais um show vermelho. Nova dobradinha da Ferrari, dessa vez com Raikkonen na ponta e Massa em 2º. Kovalainen bateu e não completou, enquanto Hamilton garantiu magros 6 pontos para o chefe Ron Dennis. Pela BMW, apenas Kubica pontou. 4º lugar, 5 pontos. A Ferrari virava o campeonato de times a seu favor, disparando com 47 pontos. BMW tinha 35 e McLaren 34;

- Em Mônaco supresa do treino de sábado a chegada no domingo. Ferrari faz a 1ª fila na classificação e surpreende. Mas na hora da corrida, vacila ao trocar os pneus de Raikkonen depois do tempo previsto (tudo bem, o campeão trataria, mais tarde, de fazer sua própria barbeiragem contra Sutil) e bola uma estratégia pouco eficiente para Massa. Hamilton vence e Kubica frequenta o pódio mais uma vez. A F-1 vai a América com Ferrari ainda líder (69), McLaren vice (53) e BMW 3ª (52);
- Em Montreal uma corrida pouco convencional. Os então líderes do campeonato saem precocemente da prova. Kovalainen e Massa, cada um com motivos particulares, não conseguem boa pontuação e juntando tudo isso com a dobradinha da BMW tem-se a atual tabela: Ferrari 73, BMW 70 e Mclaren só 3ª com 53;

É esse o paradoxo da BMW. A equipe é apontada como terceira força do mundial desde o início do ano. A atual vice-liderança no campeonato de times e a dianteira do de pilotos é fruto da irregularidade das grandes até aqui. Fica muito claro que para o campeonato como um todo, salvo o caso de uma real evolução do time alemão, Ferrari e Mclaren ainda são favoritas. A BMW acaba
sendo um pseudo-líder, uma espécie de time que vence, mas não convence.
Nenhum comentário:
Postar um comentário