sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

[OFF]: Recesso Momesco

Enfim, chegou a folia de Momo. O rei provisório já recebeu as chaves simbólicas da cidade de Vitória das mãos do prefeito. Está decretado o carnaval.

Nos próximos dias, portanto, esse blog estará em recesso. O Olho-Chefe somente dará o ar da graça por aqui se algo muito excepcional acontecer. A parada momesca deve se estender até o dia 2 de março.

Enquanto eu estiver curtindo um decanso, Rio de Janeiro, Salvador e Recife darão conta de produzir os maiores carnavais do país. O triste, porém, é que em dois desses mega-eventos que são denominados populares, a festa já não é assim, tão povão.

No Rio o carnaval virou coisa para turista ver. O gigantismo da Marquês de Sapucaí transformou o desfile do carnaval carioca num super-evento, com renome internacional. Enche os olhos, é verdade. É algo hoje extremamente profissional. Mas o povo, povo mesmo, ficou meio de lado na festa. Hoje é festa para encantar e reafirmar o exotismo do país para os gringos.

Em Salvador a festa também se elitizou. E lá não é só festa para turista. É festa para turista rico, vide o preço dos pacotes para os principais blocos. Também hoje o carnaval soteropolitano é extremamente profissionalizado. Não há mais as “guerras” de trios (situação em que dois trios ficam muito próximos e o som de um se confunde com o do outro) e os percursos foram rigidamente estabelecidos. Porém a manifestação perdeu um pouco de seu romantismo, de sua ingenuidade. O carnaval da Bahia, até por englobar o principais nomes do show bussiness brasileiro (Ivete, Chiclete e as infinitas cópias que se seguiram), agigantou-se talvez além da conta. Tornou-se um pula-pula obrigatório e as vezes repetitivo.

A festa de Recife talvez seja a única que permanece acessível ao dono do carnaval, o povo. Ao som do frevo, os pernambucanos fazem a festa em seus tradicionais blocos. O mais famoso é o Galo da Madrugada, que arrasta a multidão desde cedo pelas ruas da Veneza Brasileira.

É claro, há alternativas para quem está em Salvador ou no Rio. Os blocos não morreram e o carnaval de rua ainda resiste nas duas primeiras capitais do Brasil.

E há festas menores por todo o Brasil. Quase toda cidadezinha, especialmente as litorâneas, possuem uma programação para o período. Então, aproveitem.

Fica aí uma demonstração de cada uma das super festas de encher os olhos:

Salgueiro 1993

Talvez o último dos sambas-enredo com personalidade. O “Explode-Coração”, como ficou conhecido, foi unanimidade no carnaval de 1993. Há quem arrisque dizer que nunca o público vibrou tanto com um samba-enredo. Letra de fácil compreensão aliada a uma competente exibição da escola fizeram a Sapucaí cantar em coro o refrão da campeã do ano de 1993.

We Are The World of Carnaval

Os baianos que animam os trios elétricos se auto-intitulam o mundo do carnaval. E não estão sem razão. O império do axé music construiu um domínio de nomes que você com certeza já ouviu falar, mesmo que não aprecie: Chiclete com Banana, Ivete Sangalo, Asa de Águia. Esses artistas lotam shows e micaretas pelo país e cobram dos mais altos cachês de que se tem notícia. Alguns deles até alcançaram reconhecimento pela qualidade instrumental (caso de Carlinhos Brawn) e/ou vocal de seus trabalhos (caso de Ivete Sangalo), mas a maioria continua dividindo opiniões. Uns amam, outros odeiam.

O Galo da Madrugada

É livre, é leve, é solto. O carnaval mais democrático do Brasil rola em Recife. O Galo da Madrugada arrasta dois milhões de pessoas entre os canais da capital de Pernambuco no sábado de carnaval. Sem cordão, sem isolamento, sem camarote para os bacanas.

Aproveitando o momento eleitoral pelo qual o blog passou na última semana, opine. Qual seu carnaval favorito? Sonha sair em um deles? Ou não, odeia carnaval?

Se você é dos que gostam, aproveite. Pule, grite, fantasie-se, sambe, saia atrás do trio, namore. Só não faça algo que traga arrependimento para o resto da vida.

Se você não gosta, durma, tranque-se em casa, retire-se, descanse. Só não se esqueça de deixar um comentariozinho aí embaixo, nem que seja para mandar o carnaval para o inferno.

Enfim, aproveite os próximos dias do jeito que achar melhor.

E bom carnaval para todos!

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Sobre o talento nato

Como ter certeza de que se está diante de um talento nato?

Para começar é preciso traçar a diferença entre um talento nato e aquele que é adquirido. O talento nato, como é explícito, já está com o indivíduo. É natural. Não é preciso estudar, ou decorar, o treinar durante anos para consegui-lo. A pessoa que o possui simplesmente o possui.

O talento adquirido é aquele que precisa ser talhado. O indivíduo já vem ao mundo com uma predisposição para fazer determinado serviço, mas durante a sua formação ele trabalha, se especializa, se dedica e consegue ascender ao topo do nível de excelência. O melhor exemplo desse tipo de talento na F-1 atual, talvez, seja Felipe Massa.

Agora voltamos à pergunta que inicia essa postagem.

Nos últimos anos, piloto algum conseguiu reunir em torno de si tanta expectativa quanto Sebastian Vettel. O alemãozinho recebe olhares cobiçosos desde suas primeiras corridas na F-1. As primeiras impressões de que o garoto alemão é acima da média começaram a se formar no Grande Prêmio do Japão de 2007, quando o calouro caminhava para levar a STR até o pódio debaixo de um dilúvio. O menino tinha chances de conseguir, não fosse a colisão com Mark Webber durante uma entrada do Safety Car.

Na corrida seguinte, na China, Vettel novamente surpreendeu. Numa prova em que Lewis Hamilton cometeu sua patacoada histórica, Vettel levou a Toro Rosso a um encorajador 4º lugar. A corrida chinesa também contou com pista molhada no seu início.

Em 2008 o alemão terminou 9 das 18 corridas na zona de pontuação, um feito louvável para uma equipe média e que não passa de uma filial de uma organização maior. Vettel, por fim, conquistou sua primeira vitória num dos palcos sagrados da F-1, a pista italiana de Monza, sob chuva, depois de ter cravado a pole no sábado também sob chuva. Em ambas situações, Vettel triunfou com todos os grandes carros e pilotos consagrados na pista.

O menino fez aquilo que se chama de entrada triunfal. Em poucas corridas na F-1 já é considerado talento nato. Já foi imediatamente comparado a seu conterrâneo papa-recordes, Michael Schumacher. Já se fala que é questão de tempo para que Sebastian esteja disputando um título. Diz-se, por fim, que não demorará até que ele ocupe um cockpit de um grande time como Ferrari ou McLaren.

Nenhuma dessas evidências, porém, é mais latente do que a admiração dos patrões. São eles – os chefes - que desejam ter em sua equipe os melhores pilotos. São eles, normalmente, as raposas mais experientes do circo, os caras que vão longe para garimpar os talentos mais reluzentes. E também são eles que tem a noção exata da posição de seu time numa competição como a F-1. Pode-se ter a certeza definitiva sobre um talento nato quando o patrão – o dono ou o chefe da equipe – dá um tiro no próprio ego e admite colocar de lado obrigações contratuais para que um piloto com capacidade alce vôos mais altos. É a confirmação do potencial de um piloto, potencial que ninguém quer correr o risco de atrapalhar.

Eis que Dietrich Mateschitz, dono da Red Bull, assegurou de vez que Vettel é talento nato:

"Temos dois anos de contrato de Sebastian. Se não conseguirmos dar a ele um carro de ponta, certamente não queremos ficar em seu caminho rumo ao título mundial.”

Vão achar que o blogueiro está variando, mas as palavras acima valem tanto quanto uma vitória. Para a carreira de um piloto, valem.

É o chefe assegurando que seu equipamento pode não estar a altura de Vettel. No poço de vaidades que é a F-1, é raro ver tal demonstração de reverência da parte de um boss. Na categoria em que Enzo Ferrari afirmava que "pilotos apenas servem para perder corridas", Sebastian Vettel é a contradição em pessoa.

A Toro Rosso, enquanto equipe-satélite de outra maior, existe para perder corridas. Seria essa sua função. Girar em torno da RBR, apenas acompanhado sua trajetória. Seria uma espécie de derrota prévia, contratual. Afinal, não faria (e não faz) sentido a filial dando um banho na matriz.

Na lógica a Toro Rosso, enquanto filial, existe para perder corridas. Vettel, talvez, exista para ganhá-las.

Enzo Ferrari se revira na tumba.

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

O Blogueiro Fala

Semanas atrás, pingou na minha caixa de entrada um email do Diego Maulana. Era um convite para uma entrevista, em que o boss do No Mundo da Velocidade queria saber quais eram as minha expectativas para a temporada 2009 da F-1. Como eu adoro falar, ainda mais sobre F-1 (um dos motivos que me levaram a criar o blog, oras. Eu quero falar, falar e falar, verborragia pura), não pude dispensar o convite do blogueiro palmeirense.

Para quem nunca passou pelo blog do Diego, fica a dica de visita. O Maulana, estudante de jornalismo, analisa mais do que só a F-1, coisa que eu não consigo fazer. Diego passa pela Stock, pela GP2 e por outras categorias, atualizando o No Mundo com freqüência igual ou superior a dos workaholics mais viciados da blogosfera.

E, claro, recomendo também a minha entrevista, feita lá pelo mês de janeiro, por email.

*Obrigado ao Maulana pelo espaço!

O Melhor e o Pior de Rubens Barrichello (Resultados)

Vocês votaram e está estampado na barra ao lado o resultado da votação que elegeu o melhor e o pior momento de Rubens Barrichello na F-1. Como experiência essa primeira aparição da nova seção me ensinou algumas coisas, como olhar com mais atenção para a carreira do piloto antes de definitivamente disponibilizar as opções aqui. Muitos e muitos momentos melhores e piores me ocorreram depois de já ter o texto redigido e publicado.

Outra observação importante: a enquete não tem pretensão alguma de ser conclusiva ou representativa do pensamento da maioria dos fãs da F-1, como torna-se óbvio. Não há quantidade de votos suficiente para isso. É apenas um meio de movimentar o blog e provocar uma gostosa discussão, como a que aconteceu no post dedicado a ilustrar as opções.

A votação começou no dia 11 e se estendeu até ontem. Foram retumbantes 15 votos depositados em cada categoria, a maioria absoluta, presumo, da blogaiada que passa por aqui regularmente. E os votantes elegeram os seguintes episódios:

O Melhor

Confesso que já esperava a lavada da vitória de Hockenheim no ano 2000. Fiquei até surpreso com os 2 votos recebidos por cada uma das outras opções porque a exibição de Barrichello naquele foi de gala. É, particularmente falando, o maior momento da carreira do brasileiro, vencendo numa pista meio seca e meio molhada, tendo partido da 18ª posição.

Eis o resultado:

A Entidade de Hockenheim (GP Alemanha 2000) - 73% (11 votos)

O “Xis” de Magny-Cours (GP França 1999) / Vitória Vermelha (GP Itália 2004) – 13% (2 votos)

Pitacos eleitorais:

- Enfim, toda a justiça foi feita à 1ª e dramática vitória de Rubinho. Logo quando terminei de escolher as concorrentes para a categoria “O Melhor” imaginava que a manobra sobre Schumacher em Magny-Cours não era uma forte concorrente, até pelo que disse o Felipão: “foi um ato isolado e previsível, mas bonito.”

- A única concorrente a altura era a corrida de Monza em 2004. Estar em último e conseguir recuperar-se e vencer numa pista como Monza é dificílimo. Pistas de velocidade pura, como a italiana, não oferecem muitas possibilidades de recuperação. Sabendo disso, a Ferrari trabalhou com o mesmo expediente usado em Hockenheim 2000: deixar Barrichello mais leve do que o restante para que ele andasse mais rápido e elevar o número de paradas para 3. Isso implicaria em andar no limite durante todas as 50 voltas restantes, correndo o sério risco de errar. E Rubinho fez o papel que lhe foi reservado no script com louvor, sem precisar de Safety Car ou malucos entrando na pista. Reitero o que disse na postagem que apresentou as opções: uma vitória também dos projetistas que deram ao F-2004 uma superioridade enorme e de Ross Brawn e suas estratégias infalíveis. Mas também uma bela condução de Barrichello.

O Pior

Pra mim, era páreo duro. São três momentos de grande imperícia de Rubinho, especialmente os de Silverstone e Interlagos, em que Barrichello não prejudicou só a si próprio, mas a outros pilotos também.

Eis o resultado:

Abandono Verde-e-Amarelo (GP Brasil 2001) – 60% (9 votos)

Atropelamento em Silverstone (GP Inglaterra 1995) 26% (4 votos)

Pião Australiano (GP Austrália 2003) 13% (2 votos)

Pitacos eleitorais:

- Já esperava que a tal rodada em Melbourne não fosse causar muita comoção, mas me surpreendi com a superioridade que a batida na Williams de Ralf Schumacher provocou. Pode confessar Marcos Antônio, você votou várias vezes, né?

- A surpresa é porque a cacetada de Rubinho no Schumacher mais novo é muito parecida com a que o brasileiro aplicou em Mark Blundell em Silverstone 1995. Apesar de também ter votado no episódio de Interlagos, esperava certo equilíbrio entre os dois atropelamentos provocados por Barrichello.

Fiquem, novamente, com os vídeos dos campeões:

O Melhor: A Entidade de Hockenheim (Alemanha 2000)


O Pior: Abandono Verde-e-Amarelo (Brasil 2001)

[OFF] Sem Mais (muitas) Palavras Minhas [2]

No G1, portal de notícias da Globo na internet:


(Clique na imagem para ampliar)

Indústria mais poderosa do mundo? Só se for em outra época...

Sem Mais (muitas) Palavras Minhas [1]

Apontaram um microfone na direção de Mark Webber. E ele falou:

"Todo mundo fala que o show precisa melhorar, mas no ano passado tivemos várias corridas ótimas. Os últimos dois anos foram absolutamente espetaculares. Eles estão sonhando se acham que podem melhorar o espetáculo."

Não que eu considere Mark Webber um mago das frases, muito menos alguém com idéias extremamente relevantes. Longe disso. Minha antipatia ao piloto Webber se estendeu (feliz ou infelizmente) à pessoa Webber. Mas dessa vez eu tenho que concordar com o australiano.

Outro dia, pensando (e fã de esporte a motor, quando se põe a pensar, pensa no que?) cheguei à seguinte conclusão: tivemos dois bons anos de disputas interessantes nas pistas. Contando só 2008, então, tivemos um ano de muitas emoções. Excelente, eu diria. Por que, então, mudar regulamento, inventar o tal KERS e querer mais emoção, mas de forma artificial?

Aí me lembrei de uma frase do presidente da FIA, Max Mosley, na semana seguinte ao escândalo da marmelada ferrarista de A1 Ring: “polêmica faz bem. Nunca falaram tanto de F-1 como agora, nem quando Senna morreu. A F-1 vive disso.”

Explicado!

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

O Blogueiro do Dia

(Sim, essa homenagem é descaradamente inspirada no “Piloto do Dia” que você confere com certa freqüência no Continental Circus)

Porque hoje o dia é dele! Paulo Maeda do Blog da Fórmula Indy faz hoje aniversário. E eu não posso deixar de parabenizá-lo aqui, apesar de já ter enviado minhas felicitações por outros meios.

Maeda, além de acompanhar e comentar a Fórmula Indy em seu blog, é também piloto virtual. E o Blog da Fórmula Indy é um excelente meio para se conhecer o universo das corridas online porque o Maeda posta freqüentemente relatos e impressões sobre suas corridas.

Além disso é um amigo pelo qual tenho profundo respeito, porque sei da luta dele para conseguir manter o blog, com todas as dificuldades. Começamos na mesma época, trocamos referencias, nos ajudamos, trocamos idéias e crescemos em paralelo.

O melhor de tudo é que agora ele não mais precisará disfarçar sua idade dizendo ter 23 anos e meio.

O dia é dele: parabéns Paulo Maeda!

*Fico devendo a foto do meliante porque a iniciativa foi decidida na última hora. É uma surpresa até para mim, que dirá para o Paulo!

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

O Silêncio

Bruno vai, Bruno fica, Bruno assina contrato, Bruno desmente assinatura, a Honda vai estar presente na primeira corrida, a Honda talvez nem volte a correr tão cedo...

Bem, é grande e é irritante a quantidade de boatos levantados a respeito da novela Honda-Senna. O Grand Prix, a Folha de São Paulo e outros inúmeros veículos se esforçam para dar o furo primeiro. O problema é que, aparentemente, não há furo. Só há especulação.

Então o Olho-Chefe informa: em relação ao caso Honda-Senna esse blog só volta a se manifestar quando existir uma declaração oficial. Até lá, tudo o que estiver relacionado ao caso passará em branco por aqui.

Porque não faz sentido comentar sobre eternas especulações.

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Ah, a notícia mais relevante do dia diz respeito à saída do banco holandês ING da F-1 a partir de 2010. A Renault perde seu maior patrocinador e 4 etapas do mundial também.

Previsível, previsível.

O próximo da fila é o RBS. Te cuida Frank Williams!

domingo, 15 de fevereiro de 2009

Em Primeira Pessoa - KERS saber? Eu caí na real!

Valeu a pena ter uma hora a mais de sono graças ao fim do horário de verão. Dorminhoco reincidente das manhãs de domingo (nas férias da F-1, claro) hoje esse blogueiro acordou mais cedo, a tempo de ver o programa motorizado das manhãs globais, o Auto Esporte.

Aí vi a chamada sobre a matéria do KERS. E fiquei esperando...



Nada demais, como se nota, mas muito útil ao fã menos interado sobre as mudanças no regulamento.

A reportagem, no entanto, me fez cair na real, finalmente. Percebi certa perversidade no dispositivo durante a narração do repórter do programa.

“Lembra do filme Velozes e Furiosos?” Com essas palavras o Auto Esporte me fez entender o que vai se passar na F-1 em 2009. E a sensação não foi boa.

Antes que protestos irados ganhem as páginas do meu distinto blog, um esclarecimento: nada contra o filme, é um exercício de entretenimento relativamente interessante (o "relativamente" é obrigatório porque o filme só é digerível se o espectador não se rebelar contra a pose de mau dos aspirantes a rapper que povoam a película).

Enfim, ao citar Velozes, o tal carinha da matéria sobre o KERS me fez perceber algo que eu já havia desconfiado, mas não tinha entendido completamente. O Felipe Maciel, inclusive já havia chamado atenção para o delicado ponto em sua coluna no site Pit Stop:

“ (...) deveria ser vergonhoso para uma categoria desse porte baixar o nível a tal ponto [adoção do KERS para facilitar as ultrapassagens]. O piloto deve mostrar que tem braço, buscar a melhor trajetória, induzir o adversário ao erro... O piloto não tem que pressionar botão para ganhar posição. A F-1 não precisa disso. (...)”

Me lembrei do que foi salientado pelo Maciel imediatamente. E me irritei de vez com a mania de artificialidade que permeia a cabeça dos comandantes da F-1.

Uma pena que a FIA não abriu enquete para perguntar se os fãs são a favor do KERS. Eu me comprometeria a passar dias e noites votando contra.

Mais problemas, Frank?

Enquanto as equipes e os pilotos começam a se preparar de forma mais intensa para o início da temporada, uma reportagem do jornal Sunday Express começa a causar desconforto na Grã-Bretanha. O diário chamou a atenção da opinião pública britânica para o curioso fato de que, apesar de ter registrado um prejuízo de 28 bilhoes de euros em 2008, o RBS (Royal Bank of Scotland) continua patrocinando a Williams e marcando presença em vários gp’s.

O jornal britânico ressaltou que parte da verba direcionada à F-1 é empregada em camarotes repletos de luxo e ostentação, com direito a massagistas e grifes internacionais. A divulgação causou mal-estar porque o RBS é mantido pelo contribuinte britânico, que começa a perceber certo abuso em usar o dinheiro da coletividade para manter um esporte caro como a F-1 num momento de crise internacional. O banco escocês precisou de socorro estatal no último mês de novembro e o governo da Grã-Bretanha comprou 58% das ações da companhia.

Seriam mais problemas para o turbulento momento financeiro da Williams?

[OFF] A Capa da Capricho

Olhar-se no espelho e ver gordura em determinados pontos, apesar da evidente magreza que assusta a qualquer um com o mínimo bom senso. O bom senso, no entanto, já não faz parte do dia-a-dia do doente há meses. A maior obsessão torna-se emagrecer a todo custo, passar fome e ver as costelas ganhando aparência na pele, cada vez mais fina.

As refeições passam a ser adiadas, saltadas ou feitas de forma parcial. A família passa a se preocupar com o impiedoso transtorno psicológico que faz com que corpo se afine a um ponto mórbido. Os conselhos de nada valem e o jovem indivíduo adquire problemas de saúde incomuns a organismos antes tão viçosos: baixa imunidade e anemia o levam à internação num hospital. Os problemas fazem com que o risco de uma doença oportunista deixe os médicos temerosos.

Depois de algum sofrimento, o corpo antes bonito e saudável do auge da juventude dá lugar a um amontoado de ossos aparentes. A respiração se torna uma penosa obrigação. A morte vem em seguida e costuma atrair a atenção de jornais e revistas.


Esse é caminho habitual de jovens garotas com anorexia, distúrbio que ganhou fama e se tornou conhecido pelo mundo graças aos inúmeros casos de meninas, quase sempre adolescentes, que passam a considerar-se gordas mesmo estando pele e osso puros. É assunto recorrente em revistas dedicadas às adolescentes e também às mães. Mas, a continuar no ritmo que está, a anorexia pode em breve deixar de ser exclusividade das meninas e mulheres para habitar um ambiente dominantemente masculino: a Fórmula-1. A necessidade de adaptação ao KERS, que fornece um ganho de peso considerável aos carros, faz com que muitos pilotos se esforcem para emagrecer e tentar compensar o peso extra. Fernando Alonso, Nelsinho Piquet, Kimi Raikkonen, Timo Glock e Nico Rosberg já se disseram preocupados e declararam ter iniciado dietas no sentido de emagrecer. Ou seja, pilotos já baixinhos e franzinos vão ficar ainda menores graças ao sistema de recuperação de energia cinética.

O absurdo dos absurdos, porém, é o caso de Robert Kubica. O polonês de 1,84m já é reconhecidamente um dos mais fininhos do grid. Mas não está satisfeito com os atuais 72kg e deseja perder mais.

Logo logo, pais e mães de pilotos estarão enviando suas aflitas cartas às redações das revistas adolescentes e o assunto vai ganhar as capas.

Aguardem!

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Divina Caçoada

Foi como se Deus, lá de cima, caçoasse de certos mortais. Especialmente dos japoneses da Toyota, dos alemães da BMW e dos italianos da Ferrari. Ou não seria Deus o responsável pela inédita tempestade de areia durante os treinos da F-1 em Sakhir, no Bahrein?

E o mais curioso da situação toda é notar que Ele resolveu tirar uma com a cara de uma equipe como a Ferrari, justamente a despótica, tirânica e onipresente Ferrari, tão parecida com Ele, enfim. Ele, porém, não parece ter se importado com a ironia. Mandou ventos fortíssimos à região do circuito barenita e levantou poeira, com diria o refrão de certa música tocada à exaustão nos últimos carnavais.

Há indícios de que a trama do pai-maior tenha sido planejada com requintes de crueldade quase inéditos. Porque cada uma das equipes que foi ao Bahrein, quis se safar do possível mau tempo que assolou seu respectivo programa de testes de janeiro. Na ocasião a Toyota treinou junto com a maioria, no autódromo de Portimão, em Portugal, e foi vítima das chuvas ininterruptas que castigaram a região. A BMW tomou o cuidado de conferir a previsão do tempo antes de ir para Portugal, e evitou a chuva lusitana indo para Valência. Lá realmente o Sol brilhou, mas os fortes ventos incomodaram e trouxeram dificuldades para as avaliações aerodinâmicas. A Ferrari também teve uma palavrinha com a moça do tempo e fugiu dos testes coletivos: foi testar o F-60 no quintal de casa, em Fiorano. Também sofreu com a chuva.

Para evitar novas pirraças do inverno europeu, as três equipes desembolsaram uma grana e decidiram ir ao deserto barenita, onde o Sol era garantido. Aí, como num pesadelo, a areia resolve abandonar o solo e flutuar pelos ares, como se evaporasse.

Enquanto isso, McLaren, Toyota, RBR, STR e Williams rodavam em Jerez, na Espanha, sob céu de brigadeiro (para não dizer que foi perfeito, somente um dia se passou com tempo ruim na Espanha, a terça-feira).

Cômico. Para quem assistiu de fora, foi sim, cômico.
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Pitacos de Jerez

- Na Espanha, só deu STR. Buemi e Bourdais andaram cerca de 2 segundos mais rápidos do que qualquer outro carro em todos os dias de testes. A estranheza se deve ao uso do carro de 2008, ainda usando e abusando da carga aerodinâmica ilimitada que era permitida até então;

- Entre os carros que habitam a realidade de 2009, a McLaren deu um certo banho. Foi a mais veloz em 3 dos 4 dias de atividades. Mas também cabem observações sobre os carros de Woking: os monpostos ingleses usaram a asa traseira larga e baixa de 2008 em algumas sessões, provavelmente com problemas em se adaptar aos novos apêndices do MP4/24;

- A Renault começa a preocupar Fernando Alonso, em sua eterna insatisfação por não brigar pelo título. O bólido da montadora francesa fechou 3 dos 4 dias de testes ocupando o último lugar. Diz-se que o R29 sofre com o fraco desempenho nas retomadas de velocidade e no rendimento em reta. Colocando-se no lugar da equipe francesa, a mudança nas regras parece um pouco mais cruel: justamente quando a equipe se recuperava de duas temporadas ruins, o regulamento sofreu alterações abruptas e impediu a continuidade do trabalho de melhoramento, já que os carros desse não aproveitarão praticamente nada das temporadas passadas;

Pitacos do Sakhir

- No oriente, a Ferrai comandou as atividades na maioria das vezes. Somente no primeiro dia a Toyota foi melhor, com Timo Glock fazendo sua melhor volta 0,114s mais rápido do que Felipe Massa;

- Na quarta-feira só houve uma hora e meia de treinos. Depois do curto período, a areia invadiu a pista, impedindo qualquer atividade dos carros e do helicóptero de socorro, obrigatório em atividades envolvendo a F-1. Ninguém teve tempo para dar mais do que vinte e poucas voltas e, numa dessas, Massa estabeleceu a melhor marca do dia;

- Ontem, nada de trabalhos. A tempestade de areia se estendeu durante todo o dia. Numa temporada em que os testes foram radicalmente limitados, um dia perdido faz uma senhora diferença;

- Hoje a poeira se recolheu, e as equipes trabalharam para recuperar o tempo perdido. Todos os três pilotos que foram ao autódromo romperam a marca das 100 voltas realizadas. A melhor volta ficou com Kimi Raikkonen (Ferrari), seguido de muito perto por Jarno Trulli (Toyota). O piloto de testes da BMW, Christian Klien ficou a 0,341s do melhor tempo do dia;

- Raikkonen, aliás, foi o pivô da manchete mais inusitada da semana: parou de beber, segundo amigos próximos. Sim, o maior biriteiro da atual geração de pilotos teria sido visto tomando apenas refrigerante numa boate de Helsinque, ao lado de amigos embriagados. Kimi também teria iniciado uma dieta para compensar o ganho de peso que os carros terão com o KERS;

- Os testes do Bahrein continuam na próxima semana.
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Tempo bom no inverno da Europa, tempestade (ainda que de areia) prejudicando a rotina de testes no deserto e um Kimi Raikkonen abstêmio. É para levar a sério?

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Na Marca do Pênalti

Quando o presidente da FIA Max Mosley falou em 12 equipes na F-1 em 2010, o espectro da dúvida rondou a categoria. Muita gente achava que era apenas um chute do dirigente, talvez tentando amenizar a situação numa época de crise e boatos anunciando a saída de outras montadoras da competição no fim de 2009. Depois das notícias de hoje, no entanto, o chute de Mosley pareceu se transformar numa bola boa, em límpido caminho rumo ao gol. Ou talvez não seja para tanto.

Primeiro a USF1, projeto de equipe americana que aspira chegar à F-1 em 2010, começou a dar sinais de que suas intenções na F-1 não são poucas. Um jornal espanhol informou que a equipe busca uma base européia para racionalizar suas operações, já que a grande maioria das etapas do mundial ocorre no velho continente. Segundo o diário, a equipe americana buscou contatos na Espanha, país que recebe expressivo volume de testes durante o ano.


Aparentemente, Ken Anderson, um dos idealizadores do projeto estadunidense, planeja utilizar as instalações de um time da Le Mans Series para estruturar a equipe USF1 na Europa. A idéia é que os carros da futura equipe sejam fabricados nos Estados Unidos, mas que a base de operações da equipe seja do outro lado do Atlântico.
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Enquanto isso aparências apontam para um renascimento do que sobrou da Honda, fábrica que abandonou a F-1 no início de dezembro. O site Grand Prix chegou a afirmar que Bruno Senna e Jenson Button já estariam com contratos assinados com a equipe. Os motores da nova Honda seriam Mercedes (talvez confirmando a ajuda prometida por Ron Dennis a Senna) e o estímulo financeiro viria da parte da própria montadora (apenas o mínimo necessário) e de Bernie Ecclestone, por meio da FOM, entidade que gere a área financeira da categoria.

Na matemática da novela Honda, há muitos fatores, dividendos e frações envolvidos.

O nome Senna, pelo simples fato de ser pronunciado, já é capaz de mover, senão montanhas, pelo menos algumas pedrinhas. Sabe-se desde meados do ano passado, que a Petrobras deixou a Williams em direção à Honda, com esperanças de indicar Bruno Senna para um dos cockpits e usufruir do retorno financeiro que o nome do sobrinho de Ayrton Senna pode proporcionar.

Ron Dennis, o chefe de Ayrton durante todo o período em que o tricampeão esteve na McLaren, prometeu, tempos atrás, ajuda ao menino Bruno. Rumores indicam que Dennis estaria disposto a oferecer motores com desconto à equipe, se Bruno fosse contratado.

O Seninha conta ainda com o apoio financeiro de grandes instituições que o patrocinam: o banco espanhol Santander e a empresa de telecomunicações Embratel. Os gigantes do capital poderiam entrar com montantes consideráveis para garantir o funcionamento da equipe.

Outras razões para acreditar em um “retorno” de uma equipe com a estrutura da Honda não faltam: a calma monástica de Bruno Senna e Jenson Button (o primeiro até garantiu não mais se interessar por uma vaga na GP2; o segundo não emite uma palavra a respeito do caso há semanas) e o esforço de Ecclestone para fazer com que a F-1 tenha pelo menos 20 carros alinhando em Melbourne são as mais relevantes. Porém, assim como existem motivos para crer numa reformulação da equipe, há também evidências de que nada está garantido.

No final da tarde de hoje, Bruno Senna negou ao site Tazio ter assinado qualquer contrato com a equipe, apesar de mostrar esperança em correr dia 29 de março, data da abertura do mundial, na Austrália.
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No caso de uma efetiva participação da USF1 e do renascimento da Honda, seriam 11 as equipes aptas a disputar a temporada 2010. Estaria Mosley sabendo de mais alguém com interesse em manter uma equipe na F-1?
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Ou a Grand Prix ou Max Mosley estão chutando (ou ambos). Na verdade, a bola parece nem ter saído da inércia. Está na marca do pênalti, esperando por um goleador que encerre as dúvidas e os boatos que povoam a F-1.

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

O Melhor e o Pior de... Rubens Barrichello

Entediado que estou com essa Pré-Temporada em que só se fala de números, prejuízos, KERS e outros assuntos desinteressantes, resolvi dar ao blog alguma coisa nova, sair um pouco da pasmaceira instalada desde que a F-1 ingressou em seu período de férias.

Decidi que essa página precisava de uma injeção de ânimo, de sair um pouco dos pitacos sobre lançamentos de carros e comentários de pilotos. Achei que o conteúdo estava muito feijão com arroz.

Então, num arrombo de disposição para pesquisar e garimpar o Youtube, anuncio que o "De Olho" ganha mais uma seção. “O Melhor e o Pior de...” trará sempre 3 momentos de glória e 3 de vergonha de algum piloto. Uma enquete ficará no ar durante uma semana para que o leitor que passa por aqui dê a sua opinião e decrete: qual foi a glória inesquecível e a vergonha mais execrável realizada pelo piloto em foco. Não será uma seção periódica, surgirá assim que o humor de Olho-Chefe estiver razoavelmente agradável. O textos, sempre que possível, virão acompanhados de vídeos para ilustrar as situações narradas.

Para começar a nova atração do blog, escolhi ele, o mais zuado piloto de sempre: Rubens Barrichello. E tive muitos motivos para escolher o Barrica. O 1º deles é óbvio: foi com o Rubinho que comecei a me interessar por F-1, o que não era nada fácil, já que os resultados não apareciam com a freqüência esperada. Acompanhado de perto a carreira de Barrichello tenho muitas memórias visuais de momentos bons e de outros de fazer corar a bochecha. Então fica fácil para lembrar!

Começa agora, senhores, O Melhor e o Pior de... Rubens Barrichello.

O Melhor

O XIS de Magny-Cours

No molhado Grande Prêmio da França de 1999, Michael Schumacher jogou pesado com Rubinho. Tentou a ultrapassagem no grampo, depois da longa reta, em Magny-Cours. Barrichello, em seu último ano pela Stewart, mostrou ao alemão que topava a parada de igual para igual. Deixou Schumi com a linha de dentro, espalhou e retomou a posição num típico “xis”, para delírio de Cléber Machado.



A Entidade de Hockenheim

O Grande Prêmio da Alemanha do ano 2000 é, para muitos, a melhor exibição de Barrichello em todos os tempos. Largando da distante 18ª posição, Rubinho pilotou como se estivesse possuído por alguma entidade. Fez várias ultrapassagens na pista e, com alguma sorte, corria para chegar ao pódio, já que estava bem mais leve do que os outros, preparado para fazer 3 paradas. As entradas do Safety Car, porém, foram um grande negócio para Rubinho. O brasileiro acabou ascendendo ao 3º posto depois das duas entradas do carro-madrinha. Nas voltas finais, a chuva caiu sobre o circuito de Hockenheim. Hakkinen e Trulli, que estavam à frente de Barrichello, foram trocar os pneus de seco pelos de chuva. O ferrarista, porém, arriscou, continou na pista molhada com pneus de seco e, depois de 123 largadas, venceu sua primeira corrida na F-1.



Vitória Vermelha

Em 2004 não teve para ninguém: a Ferrari fez barba, cabelo e bigode. Equipe campeã, Schumacher campeão, Barrichello vice. Para celebrar, os vermelhos queriam fazer bonito diante de torcida em Monza. Até conseguiram, mas não sem uma dose de suspense.

Rubinho era o pole do grid daquele GP Itália. Mas um erro de calculo antes do início da prova quase pôs a corrida do brasileiro em risco: chovera na manhã daquele domingo em Monza e a pista encontrava-se úmida. Barrichello foi um dos únicos que optou por largar com pneus intermediários. Esperava obter vantagem com o asfalto molhado. Não contava com a alta velocidade dos carros na pista de Monza, que secou em 4 voltas. Rubinho, sem rendimento, foi então alcançado por Alonso. A equipe de Maranello preparava uma mudança de tática para tentar a vitória.

Barrichello foi imediatamente para os boxes, equipar-se com pneus lisos. Voltou em último, e sabia que precisaria andar 100% no limite para vencer, pois faria três paradas, e não duas, como era o planejamento inicial. Mais leve, Rubinho explorou toda a superioridade do F-2004 e venceu, mesmo precisando de um splash and go milimétrico a 12 voltas do fim.

Uma vitória também dos engenheiros que projetaram o avião F-2004 e de Ross Brawn e suas estratégias mirabolantes. Mas, sobretudo, uma inegável condução sem erros de Barrichello.



O Pior

Atropelamento em Silverstone

Finalzinho do Grande Prêmio da Inglaterra de 1995, Barrichello disputando com Mark Blundell uma posição entre os pontuam e... zaz! O brasileiro atropela a McLaren de Blundell. Fim de corrida para Rubinho a 2 voltas do encerramento.



Abandono Verde-e-Amarelo

O Grande Prêmio do Brasil de 2001 foi daqueles para Rubens se esquecer. Na volta de instalação, enquanto se dirigia para o grid, o carro de Barrichello sofre uma pane no miolo do circuito de Interlagos. Rubinho desce do carro e se dirige com pressa ao pit lane. Era preciso chegar aos boxes da Ferrari e sair com o carro reserva antes que o tempo-limite para ingressar no grid se esgotasse. Quase no limite, o piloto da Ferrari consegue sair dos boxes, mas sua corrida será breve. Tenso, Rubinho atinge Ralf Schumacher em cheio na freada do Lago. Fim de corrida para ambos.



Pião Australiano

Em 2003 a FIA estava disposta a barrar o domínio do binômio Schumacher-Ferrari. As regras do treino classificatório e a distribuição de pontos mudaram e o Grande Prêmio da Austrália mostraria se o efeito das alterações era real.

Na classificação, ficou a impressão de que 2003 seria como 2002. Schumacher fez a pole, Barrichello ficou com o 2º tempo. Na corrida, porém, tristes novidades para a Ferrari. Schumacher enfrentou problemas com a estratégia e com os defletores do carro, que se soltaram, e não passou do 4º lugar. E Rubinho...

Errou feio na volta 6, rodou e bateu sozinho. Começou o ano no zero, numa corrida que viu cair a marca de 53 pódios consecutivos com pelo menos um ferrarista presente. O ano, entretanto, seria de Schumacher, mais uma vez.


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E então, qual a melhor e qual a pior exibição de Rubens Barrichello entre as citadas? Vote ali ao lado. E comente aqui embaixo.

O resultado sai na próxima semana.

*Certamente vão perguntar: “porque não escalar a marmelada de A1 Ring em 2002?” Porque na Áustria, a vergonha precisa ser dividida com a cúpula da Ferrari e com Michael Schumacher.

**Não, não me esqueci dos testes de Jerez e do Bahrein. Preifro me manifestar sobre eles na sexta-feira, quando tudo estiver acabado. Fazer um balanço geral deixa o blog mais simples e menos repetitivo.

Inter Blogs

Vem de Leandro Montianele, do Loucos por F-1, uma indicação para um prêmio desses distribuídos entre os próprios blogueiros. O Leandro se lembrou desse modesto blog entre as suas 15 indicações.


Desde já agradeço ao Leandro pela lembrança e informo que vou quebrar o protocolo regular da premiação. Não vou indicar os 15 blogs aos quais tenho direito por um motivo muito simples: como vários outro blogueiros, como o Speeder, já haviam recebido e distribuído o selo, vários dos meus blogs favoritos já foram indicados. Portanto, eu estaria apenas "re-premiando" diversos blogs que já receberam o tal selo.

Eu, mais uma vez, agradeço ao Leandro pela moral.

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Falando em Speeder, informo: o Portuga está comemorando 2 anos de seu fantástico blog, o Continental Circus. Vale a pena passar por lá nessa semana comemorativa e conferir as atividades que estão rolando, como a entrevista concebida pelo Daniel Médici e que contou com a participação de vários outros blogueiros como o Felipão, o próprio Daniel, eu, e mais uma turma.

Já disse e repito: vale a pena o clique!

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Red Bull 2009: RB5

Com o bico que promete ser o mais pronunciado do mundial, a Red Bull Racing mostrou ao mundo o bólido que usará para disputar a temporada 2009 da F-1. O RB5 é a aposta da equipe suíça para fazer bonito, sendo guiado pelo promissor Sebastian Vettel e pelo semi-geriátrico Mark Webber.

A apresentação modesta (como têm sido modestas todas as apresentações nesse 2009 de crise) foi feita em Jerez de La Fronteira, tradicional palco de testes da F-1. O carro foi projetado pelo festejado Adrian Newey que, como tantos outros técnicos da área, salientou que as mudanças no regulamento são das mais radicais das últimas décadas: "este ano terá provavelmente a maior mudança nas regras desde 1983, quando os carro-asa foram proibidos. É uma mudança drástica. Começamos com uma folha em branco e consideramos todas as implicações das novas regras e como interpretá-las.” – disse o projetista, que também foi cético em relação ao aumento das ultrapassagens. Segundo Newey, “ficará um pouco mais fácil, só que não será uma mudança grande como as pessoas desejam. O desenho dos circuitos ainda é o fator mais importante para que haja trocas de posição. No ano passado, o pelotão estava muito próximo, com um grid bem apertado e cinco equipes vencendo corridas. Acredito que o novo regulamento vai gerar um efeito contrário, com só um ou dois times acertando em cheio e vencendo todas as provas."

Para Sebastian Vettel o novo regulamento também terá, em um primeiro momento, efeito contrário ao desejado. Apesar de acreditar que “as novas regras podem dar a times como o nosso [RBR] a chance de diminuir a diferença para os mais fortes", Vettel reitera a força das duas equipes-titãs: "Ferrari e McLaren são as favoritas, sem dúvida."

Outro integrante do elenco da equipe dos energéticos se dedicou a falar sobre os aspectos técnicos do carro. Geoffrey Willis, chefe do time, ressaltou que a adoção do KERS e a mudança dos pneus sulcados para slicks obrigaram a equipe técnica a moldar um carro totalmente novo. Segundo Willis, a questão da distribuição do peso será crucial para equipes que queiram obter sucesso nessa “nova” F-1. Trabalhar para minimizar os efeitos do peso-extra do KERS será, na opinião do chefe da RBR, essencial, até mesmo para minimizar as conseqüências que o peso do aparelho possa ter sobre o desgaste dos pneus, especialmente os traseiros, que ficarão mais frágeis. "A troca dos pneus sulcados por lisos com as mesmas dimensões faz com que os pneus traseiros gastem muito mais rapidamente do que os dianteiros”, revelou Geoffrey, que finalizou: "precisamos minimizar o efeito deletério do peso extra, além de trabalhar na estabilidade em frenagens.”

Os motores que empurrarão o RB5 continuam a ser fornecidos pela Renault, assim como o KERS, concebido numa parceria entre a montadora francesa e a Magnetti Marelli.

Dona dos números #14 e #15, a RBR espera, finalmente, vencer sua primeira corrida na F-1. Para começar a testar o novo carro, a equipe escolheu Vettel, que já realizou o shakedown na pista espanhola. Webber só pega no volante do RB5 na quarta-feira, quando estará apto a retomar suas atividades após a recuperação de sua fratura na perna.

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

BOURDuada da vez: a demora foi justa, Toro?

Venceram os que apostaram em Bourdais na briga por uma vaga na STR, independente de Sennas, Buttons e Satos que correram por fora. O francês foi hoje finalmente confirmado como titular da Toro Rosso para a temporada 2009 da F-1.

A decisão do alto comando da STR não pode ser classificada de outra forma senão como sensata. Bourdais, afinal, era a escolha mais segura entre as opções apresentadas pela imprensa como postulantes a uma vaga: Jenson Button é uma incógnita britânica, um piloto que se perdeu depois de um começo promissor. Ninguém mais sabe onde o inglês é capaz de chegar. Takuma Sato não é todo de se jogar fora, mas a fama de “showman” e trapalhão conquistada depois de algumas passagens pela F-1 não contribui para sua imagem. Sua maior esperança de voltar a um cockpit da categoria máxima era conseguir um gordo patrocínio para injetar a grana na Toro Rosso. O japonês não conseguiu, como Bruno Senna também não. O último, aliás, era, de longe, o maior tiro no escuro: um piloto que apesar de rápido na GP2, não foi devidamente “testado” na F-1.

Além de todos esses, um veterano ainda era cotado para a vaga restante: Rubens Barrichello, sem emprego desde o desligamento da Honda, tal qual Button. O brasileiro, porém, nunca esteve entre os favoritos para ser o escolhido da equipe de Faenza.

Há consenso de que Bourdais é a escolha mais segura de todas.

Mas a Toro Rosso fez da vida do jovem Bourdais uma verdadeira novela. O francês passou 2008 tendo de assistir o companheiro Sebastian Vettel ser aplaudido de pé pelo mundo da F-1, especialmente após a vitória do alemão em Monza. Vettel se tornou o queridinho da F-1, com todos os méritos, aliás. Involuntariamente, o Schumi-Baby lançou uma tremenda pressão sobre o Tião francês, que, é bem verdade, penou para se adptar na primeira metade da temporada. Uma vez ambientado, porém, Bourdais mostrou seu valor: foi 4º colocado no grid de Monza, enquanto Vettel era o pole. Um desempenho aquém daquele conquistado pelo companheiro, obviamente, mas tão louvável o quanto, debaixo de chuva e com todos os grandes na pista. Apresentasse o mesmo ritmo de Vettel na corrida e a Toro Rosso poderia ter feito uma dobradinha. Poderia, porque o carro de Bourdais não partiu para a volta de apresentação, tendo que largar de trás do pelotão.

Em Spa, a má sorte outra vez fez companhia ao francês. Bourdais se encaminhava para um encorajador 3º, depois da batida de Raikkonen na penúltima volta caprichosamente chuvosa. O Tião francês se mantinha na pista úmida com pneus de pista seca e só não contava com a astúcia de Nick Heidfeld e Fernando Alonso, que entraram nos boxes na última hora para equipar-se com pneus intermediários. Além de perder posições para Heidfeld e Alonso, o francês não se segurou no piso escorregadio e cedeu aos avanços de Vettel e Kubica.

Bourdais, portanto, não é tão ruim quanto a demora da STR em resolver seu destino aparentou. Pode não ser tão sensacional como Vettel, mas é um piloto de qualidade, que seguramente não precisava esperar tanto tempo para ter sua renovação assegurada. Por mais que a situação de crise obrigue a Toro Rosso a primar pelo lado financeiro, não parece justo deixar o Tião francês na berlinda por tanto tempo.

Enfim, continua a saga dos tiões na STR: em 2009 serão Sebastien Bourdais e Sebastien Buemi os alvos do tal Fetiche de Faenza.

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Amnésia

Não se sabe se por otimismo ou por pura desinformação, mas os comandantes da F-1 ignoram solenemente qualquer indício de que a crise mundial tenha algum efeito sobre a categoria que é a maior expoente do esporte a motor no mundo. Max Mosley e Bernie Ecclestone continuam a falar. Talvez porque os microfones continuem sendo apontados a eles.

Mosley, o presidente da FIA, surgiu com uma idéia um tanto quanto alegórica para um período de crise tão intensa: o dirigente espera ter 12 equipes na F-1 em 2010. Atualmente a F-1 conta com apenas 9 times, descontada a possibilidade de o espólio da Honda ser comprado. Nesse caso (que parece mais improvável a cada dia) serão 10 as equipes credenciadas para o mundial desse ano. Max, porém, confirmou o interesse dos americanos na F-1: existe mesmo a intenção de montar a USF1. Caso a nova equipe exista e todas as atuais (incluindo a “nova” Honda) permaneçam, serão 11 as equipes aptas a disputar a temporada 2010.

Não se sabe de onde Mosley tirou uma 12ª equipe para 2010. A ProDrive (uma espécie de colônia da McLaren que quase virou realidade em 2008) era uma possibilidade, mas o time de Woking já arranjou um satélite para si em 2009: a Force India.

Contudo, Max ressaltou que para existir um crescimento no número de equipes, uma redução de custos torna-se essencial: “os dias de bilionários gastando dinheiro acabaram.”

Por fim, Mosley não descartou a possibilidade de tentar um 5º mandato na presidência da FIA: "muita gente me diz 'você deve ficar' e, de certa maneira, seria grosseiro não pensar nisso. É tentador.”

Alguém aí se lembra de escândalo, pedidos de moralidade, gente exigindo a saída de certo dirigente e risco de evasão das federações nacionais de automobilismo?

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Já Bernie Ecclestone sublinhou que os efeitos da crise não são tão graves e que, se de um lado nações tradicionais como França e Canadá não mais receberão gp’s, do outro Coréia do Sul, Rússia e Índia possuem planos adiantados para receber etapas do mundial, como se os países exóticos fossem a salvação do planeta Motor.

Enquanto Ecclestone envia o circo cada vez mais para o leste, Inglaterra e Alemanha vêem seus gp’s ameaçados para 2010. No Reino Unido os problemas são com a reforma de Donington Park. Na Alemanha são os gestores do autódromo de Hockenheim que alegam dificuldades financeiras para manter o nível de exigência da F-1. E Ecclestone sugere que os organizadores recorram ao Estado para financiar as atividades: "o orçamento para se firmar no calendário da F-1 é pequeno. É muito barato para um país manter um dos principais esportes do mundo" – adverte Bernie, que recebeu apoio de Mosley: "a FIA não pode pressionar Bernie a correr na Inglaterra se outros países pagam mais pelos seus gp’s."

A amizade não é linda? Alguém aí se lembra de um certo tiozinho pedindo a saída de outro tiozinho no auge da moda sadomasô?

NerdEsportes

Há na blogosfera, uma página especializada em esportes, o blog NetEsportes. E há na F-1 uma tendência de que Sebastien Bourdais continue na Toro Rosso esse ano, ocupando a vaga que está vaga. A esse fenômeno dá-se o nome de NerdEsportes.

Sim, os rumores de que o Quatro Olhos vá continuar na STR ganharam muita força desde que ele foi confirmado nos testes de Jerez de La Fronteira na próxima semana. Bourdais guiará o carro da equipe junto com seu novo companheiro de mesmo nome, Sebastien Buemi.

Era a última vaga em aberto para 2009. E quem vai ocupá-la é justamente o mesmíssimo piloto de 2008.

Sensatez, essa é a palavra a ser usada se Bourdais for mesmo o escolhido. Falta de alguém com algum dinheiro também é uma expressão válida.

E 2009 é um ano em que, definitivamente, as mudanças na F-1 ficaram (quase que) apenas por conta do regulamento.

Antídoto da DPT

Para você que, como eu, anda com ataques crônicos de DPT (Depressão Pós-Temporada de F-1), uma dica: visite a página disponibilizada no site oficial da F-1 com o resumo de cada corrida de 2008. É garantia de ótimos momentos da divetida temporada do ano passado.

Depois de clicar nesse link é só ir no "I agree" e escolher o vídeo da etapa que você quiser.

Ah sim, sua conexão precisa ser um pouco, digamos, robusta.

O Céu é o Limite

Capa da divisão de F-1 da Globo.com hoje a tarde:

(Clique na imagem para ampliar)
Já com citações na empresa do narrador-mor!

Sessão de autógrafos em breve.

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quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

É Fantástico?

Assim como no Fantástico, da Tv Globo, uma família carioca teve de se virar diante das câmeras para se adequar ao orçamento doméstico, a F-1 vai tentando se adequar à crise financeira. As novidades do dia são as medidas de um pacote que a FIA pretende adotar para tornar a F-1 menos cara, portanto, mais viável.

Depois da saída da Honda, em dezembro, e do agravamento da crise mundial, surgiram rumores de que outras montadoras como Renault e Toyota pudessem abandonar a categoria, deixando o grid esvaziado. Para tentar contornar a situação, a Federação Internacional de Automobilismo prepara grandes alterações no modo de operação das equipes.

O jornal britânico Financial Times noticiou que a FIA prepara padronizações em áreas que, teoricamente, não influem diretamente na performance dos carros: rodas, suspensão, freios e caixas de câmbio seriam fornecidos por apenas um fabricante. Com essas medidas, mais a regra que institui o uso de apenas 8 motores para toda a temporada, a federação espera reduzir os gastos de manutenção de uma equipe para algo em torno de 50 milhões de euros (para se ter uma idéia dos valores que rondaram a F-1 em 2008, a Toyota foi a equipe que mais gastou: 445 milhões de euros. O resultado prático: nenhuma vitória, motivo pelo qual se especula a saída da montadora da categoria).

Flávio Briatore, chefão da Renault, gostou das idéias da FIA: “é possível cortar 60% dos gastos até 2012” – aliviou-se. Já Ron Dennis, chefe da equipe McLaren, adotou outra ótica para analisar as propostas. Segundo Dennis, a padronização fere a história da F-1, sempre pautada pela existência de equipamentos diferentes entre as equipes: "a F-1 não pode ser uma categoria em que um grande número de componentes seja igual para todos."

Eis o grande desafio da F-1: se adequar à nova realidade como uma adolescente de classe média na tv.

Gira Mondo

(Não, você não está no Blog do Gomes e tampouco eu sou o jornalista-mor do site Grande Prêmio).

Com domínio na internet e tudo, está para surgir uma nova equipe na F-1. Pelo menos é o que especulou o site alemão MotorSportTotal. De acordo com o site, a equipe se chamará USF1 e estará baseada nos Estados Unidos. Ainda segundo o site alemão, a tal USF1 estreará em 2010 e adotará a política de valorização de pilotos norte-americanos.
É aí que está a grande ironia: dizer que uma equipe americana e com pilotos americanos estreará na F-1 justamente no momento em que a categoria não irá pôr as rodas na América do Norte. Em 2009, pela 1ª vez, um mundial de F-1 não terá etapa alguma na porção norte da América, sinalizando uma ruptura importante. A relação entre F-1 e EUA, aliás, foi feita pela última vez em 2007, quando a categoria disputou o GP EUA em Indianápolis. Depois disso desentendimentos entre Bernie Ecclestone e os gestores do autódromo americano emperraram as negociações para a realização de novas corridas em território estado-unidense.

Portanto, que repercussão uma equipe americana na F-1 teria dentro dos EUA, país que já deixou claro seu desinteresse pela categoria européia?

Como diria o Flávio Gomes numa hora dessas, “gira mondo, gira.”