segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

2008: Epitáfio

O ano de 2008 já morreu. Foi pro saco, bateu as botas, pendurou as chuteiras (ou a balaclava). E como todo bom morto, o ano merece um rito cristão. Velório, luto, enterro e um epitáfio a altura.

O epitáfio de 2008 precisa contar a história de um ano muito singular. Sete pilotos (Hamilton, Raikkonen, Massa, Kubica, Kovalainen, Vettel e Alonso) e seis equipes (McLaren, Ferrari, BMW, Toro Rosso e Renault) vencedores, equilíbrio, reviravoltas e o mundial decidido por um ponto, de forma única.

Há impasse entre os familiares. Todo mundo quer meter o bedelho. Os fantasmas dos outros campeonatos se reúnem para tentar um consenso. O mundial de 2007 acha-se tão emocionante quanto o recém finado 2008, mas leva um pito de 1986. 2002 e 2004 não se interessam pela discussão, uma vez que não geraram tamanho burburinho. 1994, já traumatizado, pede calma e diz que nervosismo não resolve nada. Eis que 1950, o pai de todos os mundiais, surge no salão fúnebre, carregando ao seu redor o espectro de Giuseppe Farina. Há reverências da parte de todos os mundiais. 1982, com as marcas do sangue de Gilles Villeneuve, faz um sinal brusco com as mãos, pedindo silêncio imediato. 1997, o ano que vingou o clã dos Villeneuve, atende rapidamente. O patriarca então, sentencia:

- Jamais houve um fim de campeonato como esse. O que vocês têm é inveja. Ninguém pode se gabar de ter uma corrida decisiva tão boa quanto o nosso último irmãozinho. Até a decisão de nosso irmão 1988 fica pra trás. É evidente que 2008 merece referências especiais.

1958, o ano do campeão com uma vitória só, pede a palavra. Tem uma idéia:

- Os manuais de redação recomendam uma ou duas frases de efeito, não muito longas mas com bastante significado. Pensei em “Aqui jaz o Campeonato Mundial de Pilotos e Equipes de F-1 - 2008, síntese do passado com o olhar para o futuro.”

Segue-se um novo frisson. 1987, marrento como seu campeão, não se conforma. Quer explicações. Obtém sua resposta:

- O nosso novo defunto é síntese do passado por causa das emoções que despertou. E olha para o futuro porque viu nascer muitos vencedores de peso – esclareceu 1958.

O espectro de Mike Hawthorn deixa escapar um leve sorrisinho, satisfeito com a iluminação de seu ano. Encerram-se as discussões, todos concordam e os fantasmas dos mundiais passados desaparecem. O último a sumir é 1950.

-Fui o 1º a olhar para o futuro. Jamais imaginei ser embrião de algo tão fascinante e que atravessasse as décadas com tanta força.

Depois de refletir, desapareceu. Desapareceu deixando para trás uma nuvem verde. Esperança de que a F-1 resista à crise que ameaça 58 anos de história.

terça-feira, 23 de dezembro de 2008

HO!HO!HO!

Enfim o natal, com o esquema de sempre: casa de família, missa, muita comelança, presentes e descanso. É nesse ritmo que essa escriba se encontra desde a semana passada. Então é hora de desejar essa tranqüilidade e vida boa aos que me acompanham via internet.

A todos um feliz natal e um ótimo ano novo. Sáude, sucesso, felicidade e todos os tradicionais votos que o fim de ano inspira. Que Papai Noel venha com o "saco cheio" de coisas boas para todos.

Que em 2009 esse blog cresca mais e mais. E que quem me acompanha por aqui não enjoe desse blogueiro.
'
A página, portanto, ficará em ritmo semi-letárgico nos próximos dias. As passadas por aqui serão esporádicas.

Se você já escreveu sua cartinha ao Papai Noel, deixe seu sapatinho na janela. De repente esse ano o velho se inspira e trás um presentinho um pouco mais polpudo.

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Intelecto, Filosofia e muitos amigos!

Quando iniciei esse blog em junho não tinha muita noção de onde estava me enfiando. Com o passar do tempo fui conhecendo gente (boa) e desbravando a blogosfera. Percebi que os blogs automobilísticos dialogam, que seus donos se ajudam, que as páginas se interlacionam, formando um ambiente singular na rede mundial. Os blogs automotivos brasileiros (e portugueses também) criaram um tipo de relação própria, de cooperação, de admiração mútua e com um clima pra lá de amistoso. São características que os tornam únicos.

Blogs, pela própria natureza de atuação, são veículos que, a um primeiro momento, provocam mais isolamento do que interação. Explico: a atividade consiste em escrever, discorrer, desenvolver um raciocínio e publicá-lo. Mexe com algo que todos levamos a sério: o ego. Portanto, a blogosfera, em determinados meios, é um ambiente áspero, de competitividade feroz e de poucos amigos. Não é o que acontece com o pessoal do esporte-a-motor.

O contato entre os blogueiros “sobre rodas” formou uma rede social da qual eu tenho o maior prazer em participar. Esses amigos que eu não conheço (sim, a internet é capaz disso) são pessoas de mente criativa, gente muito boa naquilo que faz. Gente que tem tesão por escrever, por interagir, algo essencial para quem trabalha com atividades que envolvem a criação. Justamente num ambiente em que os egos tenderiam a se inflar e em que a competitividade criaria poucas relações amistosas, nasceu uma teia de relações muito especial.

Duas figuras integrantes dessa rede aprontaram nessa fim de ano. Marcos Antônio Filho, o Trovador de Ilusões, também é o responsável pelo GP Séries. E lá no GP ele desejou um feliz natal a esses amigos que integram o “Orkut” da velocidade, me incluindo na lista. Um mimo que me deixa pra lá de contente.

O outro amigo que me cita de forma muito lisonjeira é o Paulo Maeda, do Blog da Fórmula-Indy. Esse é um irmão querido, de altos papos no MSN e de muita ajuda mútua. É um paulista gente boa que ressuscitou o “Esfera al Intelecto y la filosofia- Versão Natalina”, prêmio dado pelos blogueiros aos próprios blogueiros. A premiação consiste no seguinte: listar 10 blogs valorizados pelo blogueiro que recebe o prêmio, fazendo com que cada um dos 10 liste mais 10 e assim crie-se uma rede de premiados. Então, lá vai a lista:


Continental-Circus

BlogSport

Blog F-1

GP Séries

Grid GP

Blog do Groo

Blog da F-Indy

Net Esportes

No Mundo da Velocidade

Cadernos do Automobilismo

Ta aí a lista. Difícil foi escolher só 10.

domingo, 21 de dezembro de 2008

Jogo de Três

Em 2009 há uma interessante novidade no grid: 16% dos pilotos serão campeões do mundo. Seria algo a ser louvado se o grid não fosse tão miúdo. Com apenas 18 pilotos e com 3 deles sendo campeões, uma porcentagem relativamente alta já tem um título para chamar de seu.

Alonso, Raikkonen e Hamilton começam a remontar um período de certo equilíbrio na F-1. Serão três campeões na pista, algo que a F-1 ficou muito tempo sem ver. Durante os anos Schumacher o máximo que aconteceu foi a dupla Schumahcer-Hakkinen ou Schumacher-Alonso. A exceção foi em 2006 quando o alemão, o espanhol (àquela altura com apenas um título, o de 2005), e Villeneuve, campeão de 1997, se juntaram no mesmo grid. Porém, a trinca de campeões se desfez antes do fim da temporada: após o GP Alemanha, Villeneuve se afastou da BMW, substituído por Kubica, que impressionou e frustrou de vez as chances do canadense.

O retorno de três campeões é excitante até mesmo por causa da mudanças que o regulamento sofrerá a partir de 2009. Prever o cenário para o ano que vem, por exemplo, é impossível. Não se sabe ao certo que equipe sairá na frente no desenvolvimento dos bólidos e haverá pouco tempo para testes. Diz-se que a Ferrari, a dama de ferro, está perigosamente atrasada no desenvolvimento do KERS. Nesse ambiente não há garantias de que os três bam-bam-bans da categoria possam estar em carros vencedores, o que abre precedentes empolgantes para a garotada de talento. Vettel, Kubica e, em menor grau, Glock, podem ter a chance de comprovar toda a qualidade que inspiram.

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

De Olho no Videokê: A Volta

Na verdade, se eu fosse Roberto Carlos, diria que “são tantas as emoções” nessa volta. Como não sou, mas gosto do rei, lasco o vídeo de “A Volta” para comemorar (sim, esse blogueiro começa a dar os primeiros sinais de estrelismo) meu próprio retorno à ativa.

Estou voltando senhores. Pelo menos eu acho que estou. Não mais em casa, mas no interior, na casa dos parentes para aquele esquema que acontece em todo o fim de ano. E para curtir merecidas férias.

Portanto, é uma volta meio vacilante. Aliás, confesso que ando bem por fora dos acontecimentos dos últimos 20 ou 30 dias. Vou me atualizando aos poucos.

Enfim, to voltando ao som de Robertão. Segura aê!

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

O Post-Desespero

Sem computador pessoal, com três dias de provas discursuvas à vista e uma revolução no regulamento da F-1 para 2009. E eu aqui, sem dizer palavra.

Sim, este blog não cumpre o que seu título promete. Não cumpre em parte. De olho eu continuo estando. Só não tenho como me fazer presente por aqui.

Segue então o retrato do meu desespero:


Uma dica: acompanhar os blogs relacionados aí ao lado. A leitura deles me ajuda muito (isso quando eu consigo acessá-los).

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

São Paulo -> Schumacher -> Raikkonen

O dia ontem foi dos são-paulinos. Com a vitória de 1 X 0 sobre o Goiás o São Paulo Futebol Clube, com todos os méritos, conquistou o sexto título brasileiro de sua história, sagrando-se o maior clube do futebol nacional. De quebra ainda conquistou o tricampeonato brasileiro em seqüência, outro feito épico.

É difícil encontrar outro paralelo no futebol. O São Paulo vence campeonatos com uma facilidade que nos remete a um outro esporte e a uma outra equipe: a Ferrari que arrasou o quarteirão dessa década com Schumacher, Cabem aqui também a McLaren de fins dos anos 80 e a Williams de 92/93, equipes que reinaram absoultas em suas respectivas épocas. Nenhuma delas, porém com a longeividade e com a existência de um ídolo personalista como Michael Schumacher, que foi o imperador de todos os títulos. O Schumacher da Ferrari é representado no São Paulo por Muricy Ramalho, o técnico do único hexacampeão brasileiro. Ramalho é o comandante da barca infalível do Morumbi, tal como o Schumi foi na equipe italiana.

Vencer um campeonato da magnitude do Brasileirão por três vezes seguidas, além de ser inédito, é indício de uma preperação milimétrica. O São Paulo, com sua rígida estrutura financeira, consegue manter suas contas sadias e assim tem caixa para contratações de certa relevância. Claro, não é nada que se compare aos gigantes europeus, mas é o suficiente para manter uma equipe forte e com jogadores que fazem a diferença. Também salta aos olhos a valorização da chamada prata da casa, os jogadores formados nas bases do time paulistano. Quando não são aproveitados no próprio São Paulo, são negociados de forma rentável pelo clube. O que de uma vez por todas explica o sucesso do São Paulo, porém, não são as finanças nem as pratas da casa. Esses fatores complementam o real motivo dos seguidos êxitos do time do Morumbi. O esquema tático do comandante Muricy Ramalho é vencedor. Contando com jogadores que atuam em várias áres durante o jogo (caracterísitca a qual deram o nome de polivalente) e uma defesa bem estruturada, o São Paulo afirmou-se como um time de peso.

Esse esquema começou a dar sinais claros de sucesso em 2005, com a conquista da Taça Libertadores da América. De lá pra cá vieram um Mundial de Clubes (2005), um Campeonato Paulista (2005) e três Campeonatos Brasileiros (2006; 2007; 2008). Uma folha corrida com tantos êxitos é pra Schumacher nenhum botar defeito.

A história da F-1 conta que o alemão chegou à Ferrari com uma missão quase impossível. Vindo de dois títulos na Benetton, Schumacher era a esperança italiana. Sua meta: reavivar um mito decadente, a Ferrari dos anos 90. Schumacher recebeu poderes quase absolutos na scuderia, contratava, mandava e desmandava. Depois de ser bicampeão na Benetton, Schumi ficou em um jejum de quatro anos. Quando sofreu o acidente em Silverstone, em 1999, e quebrou as duas pernas, foi dado como acabado para o esporte. E o pior, sem conseguir trazer a Ferrari ao hall das campeãs.

Mas depois de suar a camisa, Schumi voltou ainda no fim de 99. Naquela altura a Ferrari chegou ao mundial de construtores, depois de 16 anos. No ano seguinte os esforços acumulados desde 1996 renderam o fruto esperado: Schumacher campeão de pilotos, Ferrari campeã de times. Era o início do reinado da dupla Schumi-Ferrari.

Foram 5 cinco anos de números absurdos alcançados pelo alemão e pouca emoção. Schumacher, apesar do incontestável talento, é um campeão sem ultrapassagens. A superioridade de seu equipamento era tão flagrante que Schumi proporcinou poucas ultrapassagens tensas durante seus anos de glória. Na mesma razão está o São Paulo. Apesar do sucesso e da qualidade de seu elenco, o tricolor paulista não nos apresentou um ídolo supremo. O São Paulo se consagrou fazendo uso da coletividade, marca desse futebol moderno. É o fim definitivo da existência de ídolos máximos como um Rivelino. Esses tempos morreram.

E o que fez Schumacher em seu reinado? Alterou a ordem natural com a qual a F-1 convivia desde sempre. Ultrapassagens passaram a ser feitas nas paradas de reabastecimento, não mais na pista. Era a morte do ritual do "vácuo", da freada no fim da reta. Era a marca do automobilismo pós-moderno, em que correr riscos é encarado como algo desnecessário.

Por fim, o São Paulo hexacampeão também é o time com uma característica que remete a outro ferrarista: Kimi Raikkonen. Porque se em 2006 e 2007 o time paulista dominou a tabela, em 2008 ele só se tornou favorito no final. Assim como Raikkonen em 2007, o São Paulo passou boa parte do campeonato em posições intermediárias. Porém, como um bom finlandês campeão, se aproveitou das falhas dos rivais e mostrou seu poder de reação. Se na F-1 do ano passado, Raikkonen se aproveitou da briga entre Alonso e Hamilton na McLaren, o São Paulo desse ano se beneficiou dos tropeços de Grêmio, Palmeiras, Cruzeiro e Flamengo.

O curioso disso tudo é que apesar de citar dois pilotos consagrados na Ferrari, o texto não toca no único deles que é são-paulino: Felipe Massa ainda não produziu uma história parecida com a de seu time.

Coisas da vida!
*Infelizmente continuo sem tempo para responder aos comentários de vocês. Peço desculpas e mais paciência a todos.

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Remake Previsível

Enfim, a crise econômica começa a fazer seus estragos no automobilismo. Ao mesmo tempo, a ALMS e a F-1 sofrem perdas importantes: na ALMS, a Audi foi embora. Na F-1, a Honda se mandou. Justificativa de ambas: conter custos.

Os efeitos ainda são imprevisíveis. Não se sabe se a queda da Honda na F-1 é um fato isolado ou o início de uma quebradeira generalizada. O certo é que a F-1 terá míseros 18 carros alinhando no próximo dia 29 de março. Um número risível, diga-se de passagem.

A saída da Honda também complica a vida de Jenson Button, Rubens Barrichello, Bruno Senna e Lucas di Grassi, todos aspirando a uma vaga na equipe.

E tudo isso me obriga a fazer um remake de um post lá de agosto, época em que este escriba chamava a atenção para o possível colapso que uma debandada de montadoras causaria na F-1.

"Montadoras não têm muita preocupação com o esporte. Montadoras têm preocupação com lucro, produtividade, coisas do mundo corporativo. No momento em que perceberem que a F-1 não é tão rentável, pularão fora."

É algo matemático, cartesiano, exato. Tão certo como 2 + 2 = 4.

*Peço desculpas pelo texto sucinto, ainda estou usando computadores de terceiros! Fiz esse post em caráter emergencial.

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Papo InterContinental

Eu daqui do Brasil, ele lá de Portugal, com um oceano a nos separar. Dois continentes espalhados por muitos litros d'água. A distância, porém, não impediu um interessante papo entre este blogueiro e outro, realmente fera quando o assunto é esporte a motor. Speeder_76, a mente brilhante por trás do Continental Circus, me fez um irrecusável convite: uma entrevista para sua mais nova seção, Speeder Questiona.

O convite, enfim, era praticamente uma intimação. Porque qualquer um que conheça um pouco desse fabuloso universo bloguístico sabe o que siginifica uma citação no Continental.

Eu não hesitei. Lasquei respostas para as perguntas do Speeder. E não quero enganar ninguém, mas a o papo intercontinental ficou bem legal.

E vejam como esse mundo é pequeno: Speeder fala o português da terrinha, Portugal, mas é um capixaba! Pasmem, mas o senhor Paulo Alexandre Teixeira é nascido em Vitória. Só foi morar em Portugal aos 6 anos de idade.

Mundo pequeno!

Enfim, para conferir a entrevista, basta clicar aqui.