segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

2008: Epitáfio

O ano de 2008 já morreu. Foi pro saco, bateu as botas, pendurou as chuteiras (ou a balaclava). E como todo bom morto, o ano merece um rito cristão. Velório, luto, enterro e um epitáfio a altura.

O epitáfio de 2008 precisa contar a história de um ano muito singular. Sete pilotos (Hamilton, Raikkonen, Massa, Kubica, Kovalainen, Vettel e Alonso) e seis equipes (McLaren, Ferrari, BMW, Toro Rosso e Renault) vencedores, equilíbrio, reviravoltas e o mundial decidido por um ponto, de forma única.

Há impasse entre os familiares. Todo mundo quer meter o bedelho. Os fantasmas dos outros campeonatos se reúnem para tentar um consenso. O mundial de 2007 acha-se tão emocionante quanto o recém finado 2008, mas leva um pito de 1986. 2002 e 2004 não se interessam pela discussão, uma vez que não geraram tamanho burburinho. 1994, já traumatizado, pede calma e diz que nervosismo não resolve nada. Eis que 1950, o pai de todos os mundiais, surge no salão fúnebre, carregando ao seu redor o espectro de Giuseppe Farina. Há reverências da parte de todos os mundiais. 1982, com as marcas do sangue de Gilles Villeneuve, faz um sinal brusco com as mãos, pedindo silêncio imediato. 1997, o ano que vingou o clã dos Villeneuve, atende rapidamente. O patriarca então, sentencia:

- Jamais houve um fim de campeonato como esse. O que vocês têm é inveja. Ninguém pode se gabar de ter uma corrida decisiva tão boa quanto o nosso último irmãozinho. Até a decisão de nosso irmão 1988 fica pra trás. É evidente que 2008 merece referências especiais.

1958, o ano do campeão com uma vitória só, pede a palavra. Tem uma idéia:

- Os manuais de redação recomendam uma ou duas frases de efeito, não muito longas mas com bastante significado. Pensei em “Aqui jaz o Campeonato Mundial de Pilotos e Equipes de F-1 - 2008, síntese do passado com o olhar para o futuro.”

Segue-se um novo frisson. 1987, marrento como seu campeão, não se conforma. Quer explicações. Obtém sua resposta:

- O nosso novo defunto é síntese do passado por causa das emoções que despertou. E olha para o futuro porque viu nascer muitos vencedores de peso – esclareceu 1958.

O espectro de Mike Hawthorn deixa escapar um leve sorrisinho, satisfeito com a iluminação de seu ano. Encerram-se as discussões, todos concordam e os fantasmas dos mundiais passados desaparecem. O último a sumir é 1950.

-Fui o 1º a olhar para o futuro. Jamais imaginei ser embrião de algo tão fascinante e que atravessasse as décadas com tanta força.

Depois de refletir, desapareceu. Desapareceu deixando para trás uma nuvem verde. Esperança de que a F-1 resista à crise que ameaça 58 anos de história.

terça-feira, 23 de dezembro de 2008

HO!HO!HO!

Enfim o natal, com o esquema de sempre: casa de família, missa, muita comelança, presentes e descanso. É nesse ritmo que essa escriba se encontra desde a semana passada. Então é hora de desejar essa tranqüilidade e vida boa aos que me acompanham via internet.

A todos um feliz natal e um ótimo ano novo. Sáude, sucesso, felicidade e todos os tradicionais votos que o fim de ano inspira. Que Papai Noel venha com o "saco cheio" de coisas boas para todos.

Que em 2009 esse blog cresca mais e mais. E que quem me acompanha por aqui não enjoe desse blogueiro.
'
A página, portanto, ficará em ritmo semi-letárgico nos próximos dias. As passadas por aqui serão esporádicas.

Se você já escreveu sua cartinha ao Papai Noel, deixe seu sapatinho na janela. De repente esse ano o velho se inspira e trás um presentinho um pouco mais polpudo.

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Intelecto, Filosofia e muitos amigos!

Quando iniciei esse blog em junho não tinha muita noção de onde estava me enfiando. Com o passar do tempo fui conhecendo gente (boa) e desbravando a blogosfera. Percebi que os blogs automobilísticos dialogam, que seus donos se ajudam, que as páginas se interlacionam, formando um ambiente singular na rede mundial. Os blogs automotivos brasileiros (e portugueses também) criaram um tipo de relação própria, de cooperação, de admiração mútua e com um clima pra lá de amistoso. São características que os tornam únicos.

Blogs, pela própria natureza de atuação, são veículos que, a um primeiro momento, provocam mais isolamento do que interação. Explico: a atividade consiste em escrever, discorrer, desenvolver um raciocínio e publicá-lo. Mexe com algo que todos levamos a sério: o ego. Portanto, a blogosfera, em determinados meios, é um ambiente áspero, de competitividade feroz e de poucos amigos. Não é o que acontece com o pessoal do esporte-a-motor.

O contato entre os blogueiros “sobre rodas” formou uma rede social da qual eu tenho o maior prazer em participar. Esses amigos que eu não conheço (sim, a internet é capaz disso) são pessoas de mente criativa, gente muito boa naquilo que faz. Gente que tem tesão por escrever, por interagir, algo essencial para quem trabalha com atividades que envolvem a criação. Justamente num ambiente em que os egos tenderiam a se inflar e em que a competitividade criaria poucas relações amistosas, nasceu uma teia de relações muito especial.

Duas figuras integrantes dessa rede aprontaram nessa fim de ano. Marcos Antônio Filho, o Trovador de Ilusões, também é o responsável pelo GP Séries. E lá no GP ele desejou um feliz natal a esses amigos que integram o “Orkut” da velocidade, me incluindo na lista. Um mimo que me deixa pra lá de contente.

O outro amigo que me cita de forma muito lisonjeira é o Paulo Maeda, do Blog da Fórmula-Indy. Esse é um irmão querido, de altos papos no MSN e de muita ajuda mútua. É um paulista gente boa que ressuscitou o “Esfera al Intelecto y la filosofia- Versão Natalina”, prêmio dado pelos blogueiros aos próprios blogueiros. A premiação consiste no seguinte: listar 10 blogs valorizados pelo blogueiro que recebe o prêmio, fazendo com que cada um dos 10 liste mais 10 e assim crie-se uma rede de premiados. Então, lá vai a lista:


Continental-Circus

BlogSport

Blog F-1

GP Séries

Grid GP

Blog do Groo

Blog da F-Indy

Net Esportes

No Mundo da Velocidade

Cadernos do Automobilismo

Ta aí a lista. Difícil foi escolher só 10.

domingo, 21 de dezembro de 2008

Jogo de Três

Em 2009 há uma interessante novidade no grid: 16% dos pilotos serão campeões do mundo. Seria algo a ser louvado se o grid não fosse tão miúdo. Com apenas 18 pilotos e com 3 deles sendo campeões, uma porcentagem relativamente alta já tem um título para chamar de seu.

Alonso, Raikkonen e Hamilton começam a remontar um período de certo equilíbrio na F-1. Serão três campeões na pista, algo que a F-1 ficou muito tempo sem ver. Durante os anos Schumacher o máximo que aconteceu foi a dupla Schumahcer-Hakkinen ou Schumacher-Alonso. A exceção foi em 2006 quando o alemão, o espanhol (àquela altura com apenas um título, o de 2005), e Villeneuve, campeão de 1997, se juntaram no mesmo grid. Porém, a trinca de campeões se desfez antes do fim da temporada: após o GP Alemanha, Villeneuve se afastou da BMW, substituído por Kubica, que impressionou e frustrou de vez as chances do canadense.

O retorno de três campeões é excitante até mesmo por causa da mudanças que o regulamento sofrerá a partir de 2009. Prever o cenário para o ano que vem, por exemplo, é impossível. Não se sabe ao certo que equipe sairá na frente no desenvolvimento dos bólidos e haverá pouco tempo para testes. Diz-se que a Ferrari, a dama de ferro, está perigosamente atrasada no desenvolvimento do KERS. Nesse ambiente não há garantias de que os três bam-bam-bans da categoria possam estar em carros vencedores, o que abre precedentes empolgantes para a garotada de talento. Vettel, Kubica e, em menor grau, Glock, podem ter a chance de comprovar toda a qualidade que inspiram.

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

De Olho no Videokê: A Volta

Na verdade, se eu fosse Roberto Carlos, diria que “são tantas as emoções” nessa volta. Como não sou, mas gosto do rei, lasco o vídeo de “A Volta” para comemorar (sim, esse blogueiro começa a dar os primeiros sinais de estrelismo) meu próprio retorno à ativa.

Estou voltando senhores. Pelo menos eu acho que estou. Não mais em casa, mas no interior, na casa dos parentes para aquele esquema que acontece em todo o fim de ano. E para curtir merecidas férias.

Portanto, é uma volta meio vacilante. Aliás, confesso que ando bem por fora dos acontecimentos dos últimos 20 ou 30 dias. Vou me atualizando aos poucos.

Enfim, to voltando ao som de Robertão. Segura aê!

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

O Post-Desespero

Sem computador pessoal, com três dias de provas discursuvas à vista e uma revolução no regulamento da F-1 para 2009. E eu aqui, sem dizer palavra.

Sim, este blog não cumpre o que seu título promete. Não cumpre em parte. De olho eu continuo estando. Só não tenho como me fazer presente por aqui.

Segue então o retrato do meu desespero:


Uma dica: acompanhar os blogs relacionados aí ao lado. A leitura deles me ajuda muito (isso quando eu consigo acessá-los).

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

São Paulo -> Schumacher -> Raikkonen

O dia ontem foi dos são-paulinos. Com a vitória de 1 X 0 sobre o Goiás o São Paulo Futebol Clube, com todos os méritos, conquistou o sexto título brasileiro de sua história, sagrando-se o maior clube do futebol nacional. De quebra ainda conquistou o tricampeonato brasileiro em seqüência, outro feito épico.

É difícil encontrar outro paralelo no futebol. O São Paulo vence campeonatos com uma facilidade que nos remete a um outro esporte e a uma outra equipe: a Ferrari que arrasou o quarteirão dessa década com Schumacher, Cabem aqui também a McLaren de fins dos anos 80 e a Williams de 92/93, equipes que reinaram absoultas em suas respectivas épocas. Nenhuma delas, porém com a longeividade e com a existência de um ídolo personalista como Michael Schumacher, que foi o imperador de todos os títulos. O Schumacher da Ferrari é representado no São Paulo por Muricy Ramalho, o técnico do único hexacampeão brasileiro. Ramalho é o comandante da barca infalível do Morumbi, tal como o Schumi foi na equipe italiana.

Vencer um campeonato da magnitude do Brasileirão por três vezes seguidas, além de ser inédito, é indício de uma preperação milimétrica. O São Paulo, com sua rígida estrutura financeira, consegue manter suas contas sadias e assim tem caixa para contratações de certa relevância. Claro, não é nada que se compare aos gigantes europeus, mas é o suficiente para manter uma equipe forte e com jogadores que fazem a diferença. Também salta aos olhos a valorização da chamada prata da casa, os jogadores formados nas bases do time paulistano. Quando não são aproveitados no próprio São Paulo, são negociados de forma rentável pelo clube. O que de uma vez por todas explica o sucesso do São Paulo, porém, não são as finanças nem as pratas da casa. Esses fatores complementam o real motivo dos seguidos êxitos do time do Morumbi. O esquema tático do comandante Muricy Ramalho é vencedor. Contando com jogadores que atuam em várias áres durante o jogo (caracterísitca a qual deram o nome de polivalente) e uma defesa bem estruturada, o São Paulo afirmou-se como um time de peso.

Esse esquema começou a dar sinais claros de sucesso em 2005, com a conquista da Taça Libertadores da América. De lá pra cá vieram um Mundial de Clubes (2005), um Campeonato Paulista (2005) e três Campeonatos Brasileiros (2006; 2007; 2008). Uma folha corrida com tantos êxitos é pra Schumacher nenhum botar defeito.

A história da F-1 conta que o alemão chegou à Ferrari com uma missão quase impossível. Vindo de dois títulos na Benetton, Schumacher era a esperança italiana. Sua meta: reavivar um mito decadente, a Ferrari dos anos 90. Schumacher recebeu poderes quase absolutos na scuderia, contratava, mandava e desmandava. Depois de ser bicampeão na Benetton, Schumi ficou em um jejum de quatro anos. Quando sofreu o acidente em Silverstone, em 1999, e quebrou as duas pernas, foi dado como acabado para o esporte. E o pior, sem conseguir trazer a Ferrari ao hall das campeãs.

Mas depois de suar a camisa, Schumi voltou ainda no fim de 99. Naquela altura a Ferrari chegou ao mundial de construtores, depois de 16 anos. No ano seguinte os esforços acumulados desde 1996 renderam o fruto esperado: Schumacher campeão de pilotos, Ferrari campeã de times. Era o início do reinado da dupla Schumi-Ferrari.

Foram 5 cinco anos de números absurdos alcançados pelo alemão e pouca emoção. Schumacher, apesar do incontestável talento, é um campeão sem ultrapassagens. A superioridade de seu equipamento era tão flagrante que Schumi proporcinou poucas ultrapassagens tensas durante seus anos de glória. Na mesma razão está o São Paulo. Apesar do sucesso e da qualidade de seu elenco, o tricolor paulista não nos apresentou um ídolo supremo. O São Paulo se consagrou fazendo uso da coletividade, marca desse futebol moderno. É o fim definitivo da existência de ídolos máximos como um Rivelino. Esses tempos morreram.

E o que fez Schumacher em seu reinado? Alterou a ordem natural com a qual a F-1 convivia desde sempre. Ultrapassagens passaram a ser feitas nas paradas de reabastecimento, não mais na pista. Era a morte do ritual do "vácuo", da freada no fim da reta. Era a marca do automobilismo pós-moderno, em que correr riscos é encarado como algo desnecessário.

Por fim, o São Paulo hexacampeão também é o time com uma característica que remete a outro ferrarista: Kimi Raikkonen. Porque se em 2006 e 2007 o time paulista dominou a tabela, em 2008 ele só se tornou favorito no final. Assim como Raikkonen em 2007, o São Paulo passou boa parte do campeonato em posições intermediárias. Porém, como um bom finlandês campeão, se aproveitou das falhas dos rivais e mostrou seu poder de reação. Se na F-1 do ano passado, Raikkonen se aproveitou da briga entre Alonso e Hamilton na McLaren, o São Paulo desse ano se beneficiou dos tropeços de Grêmio, Palmeiras, Cruzeiro e Flamengo.

O curioso disso tudo é que apesar de citar dois pilotos consagrados na Ferrari, o texto não toca no único deles que é são-paulino: Felipe Massa ainda não produziu uma história parecida com a de seu time.

Coisas da vida!
*Infelizmente continuo sem tempo para responder aos comentários de vocês. Peço desculpas e mais paciência a todos.

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Remake Previsível

Enfim, a crise econômica começa a fazer seus estragos no automobilismo. Ao mesmo tempo, a ALMS e a F-1 sofrem perdas importantes: na ALMS, a Audi foi embora. Na F-1, a Honda se mandou. Justificativa de ambas: conter custos.

Os efeitos ainda são imprevisíveis. Não se sabe se a queda da Honda na F-1 é um fato isolado ou o início de uma quebradeira generalizada. O certo é que a F-1 terá míseros 18 carros alinhando no próximo dia 29 de março. Um número risível, diga-se de passagem.

A saída da Honda também complica a vida de Jenson Button, Rubens Barrichello, Bruno Senna e Lucas di Grassi, todos aspirando a uma vaga na equipe.

E tudo isso me obriga a fazer um remake de um post lá de agosto, época em que este escriba chamava a atenção para o possível colapso que uma debandada de montadoras causaria na F-1.

"Montadoras não têm muita preocupação com o esporte. Montadoras têm preocupação com lucro, produtividade, coisas do mundo corporativo. No momento em que perceberem que a F-1 não é tão rentável, pularão fora."

É algo matemático, cartesiano, exato. Tão certo como 2 + 2 = 4.

*Peço desculpas pelo texto sucinto, ainda estou usando computadores de terceiros! Fiz esse post em caráter emergencial.

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Papo InterContinental

Eu daqui do Brasil, ele lá de Portugal, com um oceano a nos separar. Dois continentes espalhados por muitos litros d'água. A distância, porém, não impediu um interessante papo entre este blogueiro e outro, realmente fera quando o assunto é esporte a motor. Speeder_76, a mente brilhante por trás do Continental Circus, me fez um irrecusável convite: uma entrevista para sua mais nova seção, Speeder Questiona.

O convite, enfim, era praticamente uma intimação. Porque qualquer um que conheça um pouco desse fabuloso universo bloguístico sabe o que siginifica uma citação no Continental.

Eu não hesitei. Lasquei respostas para as perguntas do Speeder. E não quero enganar ninguém, mas a o papo intercontinental ficou bem legal.

E vejam como esse mundo é pequeno: Speeder fala o português da terrinha, Portugal, mas é um capixaba! Pasmem, mas o senhor Paulo Alexandre Teixeira é nascido em Vitória. Só foi morar em Portugal aos 6 anos de idade.

Mundo pequeno!

Enfim, para conferir a entrevista, basta clicar aqui.

domingo, 30 de novembro de 2008

Soma Infeliz

Sabe quando parece que está dando tudo errado? Quando a vida lhe reserva uma série de dores de cabeça em série? Quando você tem vontade (alô Groo!) de comprar um livro de auto-ajuda de Lair Ribeiro para consertar todos os seus problemas? Se não sabe, eu ensino como conseguir. Tudo se dá por meio de uma operação matemática simples.

Em primeiro lugar se inscreva em um vestibular. É essencial para que o plano dê certo. Inscreva-se em um vestibular e, claro, adicione um blog na operação aritmética. Em poucas semanas você não terá tempo para uma das duas atividades. Depois disso, certifique-se de seu computador terá problemas de funcionamento. A placa de vídeo é um ótimo local para uma pane. No meio dessa operação matemática de simples resolução fique 2 semanas sem postar no tal blog. Irrite-se, tenha vontade de quebrar o computador, o quarto e a casa. Está pronta uma soma extremamente infeliz.

Por isso tudo, senhores, peço desculpas pelas semanas seguidas sem postagens. Não abandonei esse bendito blog durante as férias. Pelo contrário, tinha algumas idéias em mente para esse período. Peço desculpas e paciência a todos.

Não se enganem: ninguém está tão irritado com a situação como eu. Espero resolver o problema durante a semana.

Também peço desculpas ao meus companheiros ddos blogs "vizinhos" pelo sumiço. Quando der, volto à ativa.

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Toc Toc Toc! Há alguém aí?

Uma semana de ausência e algumas coisas passaram em branco. Agora, vamos àquela mania deste blogueiro que não consegue levar a vida sem dar uns pitacos nesse mundo da velocidade.

Os testes de Barcelona

O vestibular (ai!) da Honda parece ter premiado Bruno Senna. Na briga entre o primeiro-sobrinho e Lucas di Grassi, parece que o brasileiro de sobrenome famoso levou a melhor. Olhando a tabela de tempos, eles não ficaram muito distantes, mas por algum motivo, a preferência foi de Senna.

Na verdade, na verdade, a vaga já parecia destinada à Bruno desde antes dos testes. Porém, um rumor levantado pelo jornalista Bruno Vicaria embolou ainda mais a situação da vaga que resta na Honda: segundo Vicaria, uma fonte sigilosa cedeu a seguinte informação, em tom de notícia não confirmada: Rubens Barrichello estaria garantido na equipe em 2009 e encerraria a carreira normalmente. Os testes realizados na semana passada apenas teriam a intenção de fomentar a posição de Senna como piloto de testes em 2009, para que ele estreasse como titular em 2010.

No meio disso tudo o jovem Lucas di Grassi ficaria com uma outra vaga, a de bobo da corte.

A contusão de Webber

No sábado Mark Webber fraturou a perna numa corrida ciclística na Austrália, seu país natal. Ironia das ironias: Webber passa o ano em bólidos que atingem mais de 300 km/h e nunca havia quebrado um dedo. Quebrou uma perna por muito menos.

Webber passou por uma cirurgia e pela colocação de pinos em sua perna direita.

O caso, porém, é relativamente ameno. Webber ainda está hospitalizado mas deve receber alta nos próximos dias. O maior problema será o período de recuperação do piloto australiano: ele deve perder a maior parte dos testes justamente no período em que a maioria dos pilotos estará se adaptando aos novos carros da F-1 revitalizada que entrará em cena em 2009.

A equipe Red Bull, no entanto, espera que o piloto esteja em plena forma para a estréia da temporada 2009, dia 29 de março.

As medalhas e a aliança de Bernie

Numa daquelas idéias de girico que só poderiam sair de mentes muitíssimo evoluídas, a F-1 pode alterar radicalmente seu sistema de pontuação. Se hoje o vencedor ganha 10 pontos na tabela, a partir de 2009 ele pode passar a ganhar medalhas de ouro, como numa olimpíada. Nesse novo sistema, defendido com empolgação por Bernie Ecclestone, o campeão seria simplesmente o piloto que vencesse mais corridas. Regularidade seria um traço jogado na lata do lixo com uma impressionante desfaçatez.

Tudo bem que quem comanda o circo quer ver os pilotos voltando a arriscar. A vitória realmente precisa voltar a valer a pena. O atual sistema, bolado para conter o fenômeno Michael Schumacher é extremamente obsoleto. Em primeiro lugar porque não conseguiu segurar o alemão. Dos 4 campeonatos que disputou com o atual sistema de pontos, Schumi venceu 2. Ou seja, a eficiência do dispositivo é amplamente relativa. Em segundo lugar, Schumacher já vestiu seu pijama e pulou fora da F-1. Não há mais necessidade de tentar frear ninguém.

Para fazer a vitória voltar a ter algum sentido na F-1 basta tomar uma medida simples e sem as pirotecnias de titio Ecclestone: fazer o sistema de pontuação voltar a privilegiar a vitória. Para isso basta voltar ao sistema antigo (10-6-5-4-3-2-1) ou manter o atual, elevando a diferença de pontos conquistados pelo vencedor para a de pontos conquistados pelos segundo. Premiar o vitorioso com 12 pontos, por exemplo, é um bom caminho.

Ou então, o excelentíssimo senhor Bernie pode adotar o sistema de medalhas. Mas ao invés de usar medalhas, o cartola podia usar alianças. Já que o velho Ecclestone parece estar se divorciando de sua esposa, poderia doar sua aliança ao circo e estrear mais uma de suas medidas descabidas com chave (literalmente) de ouro.

[Off] - Por Água Abaixo

Quem acompanhou o noticiário com alguma atenção nos últimos dias não pôde ignorar as tragédias que a chuva causou no estado de Santa Catarina. Inundações, enxurradas e deslizamentos de terra já provocaram mais de 50 mortes no estado do sul. A bela Florianópolis sofre com a chuva e um dos acessos a suas famosas praias foi obstruído pela queda de uma barreira. É, enfim, o começo da temporada de enchentes que assolam o Brasil a cada verão.

A hecatombe catarinense é perfeitamente justificável. Nos últimos dias choveu no estado um volume de água 4 vezes superior ao esperado para todo o mês de novembro. Em lugar algum do mundo, seja esse mundo o “desenvolvido” ou o “em desenvolvimento”, uma quantidade de água dessas cairia sem causar prejuízos. O que acontece em cidades como Blumenau, quase que totalmente submersa, teria de acontecer, independente da infra-estrutura da cidade. Simplesmente pelo fato de que a quantidade de água foi excessivamente exorbitante. Claro, sujeira nas ruas, assoreamento dos rios, tudo isso deve ter contribuído para o desastre, mas a enchente aconteceria, independente desses fatores.

Enquanto isso, aqui no meu modesto Espírito Santo, também chove de forma insistente desde a última sexta-feira. E não é porque esse blog diz que está "De Olho na F-1" em seu título que as impressões sobre o resto do mundo precisam ser ignoradas.

São quase 80 horas de chuva praticamente ininterrupta. E nesse tempo o caos se instalou nas principais cidades do estado. Em Vitória várias barreiras desabaram sobre casas e a defesa civil, abarrotada de chamados, não consegue atender a todas as ocorrências. Na Serra, a Lagoa de Carapebus subiu mais de 3 metros e ilhou os moradores do Balneário Carapebus. Em Vila Velha, cidade mais populosa do estado, os alagamentos se espalham com a velocidade de uma endemia. As principais avenidas da cidade, pólo turístico que guarda o monumento mais visitado do Espírito Santo, o Convento da Penha, se transformaram em rios, situação se repetiu na capital do estado.

A diferença entre a enchente catarinense e a capixaba é uma só: lá ela era inevitável. Aqui ela poderia, no mínimo ser amenizada. A chuva que cai no Espírito Santo é insistente, mas não forte. As pancadas mais violentas foram registradas apenas na sexta-feira. De lá pra cá a chuva cai de forma muito menos intensa. Qualquer cidade com um sistema de escoamento decente conseguiria atravessar esse período com menos problemas. Ao contrário, a região metropolitana de Vitória pára a cada chuvisco, se transformando numa São Paulo em escala muito reduzida. Bastam 5 minutos de chuva. Pára o trânsito, pára a vida do cidadão, que (sempre vale lembrar) trabalha quase 5 meses para encher o bolso do poder público e não recebe esse investimento de volta.

Na maior cara-de-pau, o governo do estado anda fazendo campanha para incentivar a emissão de nota fiscal. Parece piada.

Pra quem não conhece Vitória e suas artimanhas, vai uma pequena explicação: várias áreas da minúscula capital do Espírito Santo são frutos de aterros e outras tantas estão centímetros abaixo do nível do mar. Regiões como as da Avenida Maruípe e Leitão da Silva necessitam de um sistema de bombeamento para retirar a água das galerias e enviá-la até o mar. O grande problema é que essa bombas há muito estão defasadas e não dão conta de fazer o transporte de toda a água. Quando coincidem chuva forte e maré cheia, é caos na certa.

O resultado são os alagamentos faraônicos e os congestionamentos quilométricos. Na sexta-feira houve quem levasse 3 horas para cortar a Avenida Reta da Penha, com risíveis 2,5km de extensão. A situação mais grave, porém é a de Vila Velha, cidade localizada do outro lado da baía de Vitória. Com seus 400 mil habitantes e muitos cursos d’água convertidos em valões, a cidade amarga grandes prejuízos a cada chuva. Por se tratar de um município essencialmente plano, Vila Velha sofre com alagamentos que tomam bairros inteiros.

Lá, os efeitos da chuva são sentidos com mais força. Na Avenida Carlos Lindenberg, uma das principais ligações com a capital Vitória, a água atinge os joelhos de quem se arrisca a trafegar a pé. E a cidade continua parada.

Continua parada porque o poder público se omite, pra variar. A cada chuva, a cada sereno, a região de Vitória pára. A chuva dos últimos dias tem sido insistente, é inegável. Mas não tem sido forte. Soluções simples, como limpeza adequada de bueiros e valões, facilitariam a situação. A omissão de quem existe para garantir a boa ordem é assustadora. Na própria Carlos Lindenberg um senhor se enfiou num buraco com água até a cintura, tudo para sinalizar aos motoristas que naquele ponto, trafegar é impossível. Sinalização do trânsito é responsabilidade da prefeitura, mas é o cidadão quem precisa, mais uma vez, tomar a iniciativa de resolver o que os senhores (ir)responsáveis que lidam com as cidades não resolvem.

O que acontece aqui, senhores, é um descaso generalizado, não muito diferente do que acontece em outras regiões Brasil afora.

Um poder público que contribui para que a sociedade contabilize prejuízos dá um tiro em sua própria existência. Um poder público que não se mexe, permanece imóvel enquanto o cidadão perde casa e móveis, trai sua própria essência. Mas só reclamar da paralisia alheia é muito cômodo.

É esse o poder público que a gente legitima em cada eleição. O discurso é ridiculamente repetitivo, mas válido: num país em que se troca um voto por um saco de cimento, muita gente ainda vai ver esse cimento derreter na próxima enxurrada.

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

A Falta

Confesso: ando em falta com este espaço. Semana que antecede o temido vestibular é dose.

E o pior é que eu sinto falta disso aqui. Sinto falta de "perder" uns minutinhos gerando conteúdo por aqui. Acho que manter um blog é algo meio viciante.

Juro que volto rapidamente para pôr o papo em dia com quem me acompanha por essa página. Por enquanto, fica esse postzinho só para esclarecer: não morri (ainda), logo volto.

Talvez eu fique louco (quem já passou pelo processo sabe como que é a pressão), mas volto, mesmo que num estado pscológico alterado. Na verdade eu lido bem com toda a tensão que envolve esses dias de espera. Mas sempre rola aquele frio na barriga.

Enfim, o retorno deve acontecer em breve.

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

O Grande Encontro

Essa semana acontecem testes da F-1 no Circuito da Catalunha, região de Barcelona, na Espanha. As equipes começam a testar seus bólidos adaptados às mudanças no regulamento do ano que vem. Alguns times, porém, testaram com carros não totalmente adaptados às alterações, o que possibilitou uma grande discrepância quanto aos tempos registrados.

Apesar de toda a comoção causada pelos novos traços do bólidos (em especial o da BMW), o grande destaque do dia é o encontro dos dois pilotos brasileiros que disputam a vaga na Honda. Bruno Senna e Lucas di Grassi , ambos procedentes da GP2, ambicionam um lugar na equipe nipônica. Quem se despede da equipe japonesa é outro brasileiro, Rubens Barrichello. A outra vaga na equipe deve ser ocupada pelo já titular Jenson Button.

No 1º dia de briga entre Bruno e Lucas, o sobrinho do tricampeão Ayrton Senna levou a melhor. Marcou o 15º tempo do dia e imprimiu uma superioridade de quase 1,1s sobre di Grassi. Os próximos dias nos dirão mais.

Como ficou óbvio, esta é a 1ª vez em que o sobrenome Senna volta a ter contato direto com a F-1 desde 1994. É também o retorno do vínculo entre a marca da montadora nipônica Honda e sobrenome do tricampeão depois de 16 anos. Explica-se: a Honda motorizou a McLaren dos três títulos de Ayrton até 1992. Por tudo o que já foi citado até aqui, Senna parece favorito à vaga, mas há um detalhe que pode ser ainda mais decisivo.

A coluna Radar da revista Veja da semana passada noticiou que a Petrobras pretende lançar uma gasolina com o nome Senna, substituindo a atual Supra. Curiosamente, a Petrobras passará a fornecer combustível a Honda a partir de 2009. Existiria melhor garoto-propaganda do que o sobrinho de Ayrton Senna?

Quem também marcou presença no 1º dia de testes em Montmeló foi o francês Sébastian Loeb, pentacampeão mundial de Rali. O multicampeão andou com modelo da Red Bull em Barcelona e disse ter gostado da experiência, apesar de não se entusiasmar com a idéia de competir formalmente na F-1.

Em tempo: Loeb registrou um bom 8º tempo em sua série de voltas.

O Inferno São os Outros

Que eu ando me irritando com a insistência de Rubens Barrichello em implorar um vaga na F-1 em 2009, não é novidade. Do ponto de vista do torcedor e apoiante do Rubinho que sempre fui, me irrita esse comportamento xiita de só querer a F-1, de fechar os olhos a tantas outras categorias automotivas que desejam ter Barrichello como integrante. Enfim, é assunto para uma outra (e possivelmente extensa) postagem.

A outra cena meio patética que Barrichello tem protagonizado também não é nova. Rubinho diz que vai escrever um livro contando tudo o que passou em seus 6 anos de Ferrari. “Um dia saberão a verdade” – disse Rubinho em entrevista à revista Veja. O assunto é antigo. Em outubro do ano passado, numa entrevista concedida a Galvão Bueno na semana do GP Brasil, o piloto duas vezes vice-campeão já havia revelado a intenção de escrever o tal livro.




Que Barrichello passou por situações incômodas e engoliu muitos sapos na Ferrari todo mundo sabe. A pergunta que fica é: por que então ficou tanto tempo na equipe italiana?

Oportunidades para abandonar o barco vermelho não faltaram. No início de 2001, as especulações da “rádio-paddock” sinalizavam um Barrichello fora da Ferrari ao final daquele ano, o último de seu contrato. O comportamento, de Rubinho no GP Áustria (corrida em que Barrichello cedeu o 2º a Schumacher na última curva), no entanto, pareceu ser decisivo e, semanas depois, o vínculo do brasileiro com o time italiano foi estendido por mais um ano.

Em 2002, semanas antes daquele GP Áustria que ninguém esquece, a Ferrari anunciou a extensão do contrato de Rubinho até 2004.

No início de 2004, situação repetida: o contrato que acabaria no final daquele ano, foi estendido até 2006. E agora sem choro e sem vela: já estava claro para todos que a Ferrari trabalhava com um regime hierárquico rígido, que premiava Michael Schumacher com os privilégios de 1º piloto. Essa renovação se deu depois da marmelada vermelha da Áustria. Portanto, se Rubinho estava tão infeliz na Ferrari, por que continuou?

Talvez pela mesma postura radical de quem não aceita correr em outra categoria. Foi a mesma cegueira travestida em esperança de um impossível título que fez de Barrichello um dos escudeiros mais afáveis que a F-1 já conheceu. Rubinho não foi obrigado a ficar 6 anos na Ferrari. Ficou porque quis. Desperdiçou seu talento a serviço de Schumacher também porque quis. Tentar posar de vítima do destino agora é trair a sua torcida e a si próprio. Se estava mesmo tão insatisfeito na Ferrari e consciente de que o papel de 2º piloto era a única coisa que lhe restava, Barrichello teve várias oportunidades para se despedir da equipe italiana e tentar a vida em outras equipes. É claro para o mundo que o brasileiro passou por muitas dificuldades no time vermelho, mas a autonomia para dar uma banana ao cavalinho rampante jamais lhe foi negada. Pelo contrário, chances para pular fora da barca vermelha capitaneada pelo alemão papa-títulos não faltaram.

Antes de culpar terceiros pelas situações desagradáveis vividas na Ferrari, seria interessante para Barrichello medir até que ponto suas próprias decisões interferiram nessa controversa relação Barrichello-Schumacher-Ferrari.

O Show de Horrores Continua...

Não sei não, mas a cada novidade que as equipes apresentam, mais aumenta meu medo em relação aos carros de 2009. A cada simulação das especificações regulamentares surge um pequeno monstro motorizado. Hoje cedo, em Montmeló, a BMW foi clicada nos testes coletivos para a próxima temporada:

As conclusões ficam por conta de cada um. Só fico com a impressão de que 2009 baterá todos os recordes de esquisitices e aberrações automobilísticas. Vai ser difícil se acostumar.

O Tyrrel de 6 rodas de 1976/1977 vai virar fichinha!

sábado, 15 de novembro de 2008

Ecclestone: Eterno, Profano e Divino

Testes de Ferrari e Williams? Que nada! A notícia mais importante da semana vem do dono do circo, Bernie Ecclestone, que, aos 78 anos, afastou qualquer possibilidade de aposentadoria.

“Nunca, nunca, nunca” – respondeu Bernie, ao ser indagado sobre um possível descanso. "O primeiro dia em que não estiver indo trabalhar, pode ter certeza que estarei morto. E isso não acontecerá nem tão cedo” – reforçou o dirigente que, talvez acostumado com a forma tirânica com a qual dita os rumos da F-1, acredita que tem o poder sobre a vida e a morte. O chefão imperial deve se achar eterno.

Bernie Ecclestone é uma velha raposa do circo da F-1. É mais conhecido pelos anos de cartolagem, tanto como “chefão” da categoria, como dono da extinta equipe Brabham. Além desses cargos, Ecclestone já se aventurou como empresário de pilotos britânicos e até como piloto, ofício que não lhe rendeu muitos sucessos.

Nos anos 70, Bernie comprou a Brabham e passou a desfilar influência nos bastidores do circo da F-1. Junto com outros chefes de equipe fundou a FOCA (uma FOTA de 30 anos atrás) e se tornou a voz mais ativa dentro da entidade. Mas foi com a aquisição dos direitos televisivos da F-1 que Bernie deu o pulo do gato. O inglês passou a ter controle cada vez maior na área financeira e é hoje o maior acionista da categoria, uma espécie de deus que decide os rumos da F-1 de forma quase totalitária.

Nos últimos anos Ecclestone se notabilizou por levar a F-1 a lugares cada vez mais inusitados. Malásia, China, Bahrein, Cingapura e, no ano que vem, Abu Dhabi são lugares para onde o circo andou migrando nos últimos tempos. Países com tradição automobilística nula, mas com muitos dólares a oferecer para ter o direito de sediar um gp. Enquanto isso a categoria se desfaz dos gp’s Canadá e França (países que nos deram pilotos como Gilles Villeneuve e Alain Prost, respectivamente), e em breve também deixará um de seus palcos mais sagrados, a pista de Silverstone. As despedidas quase sempre são motivadas por fatores financeiros: ao menor sinal de prejuízo, a F-1 abandona o barco. No lugar de traçados históricos, Bernie enfia construções suntuosas mas com valor agregado nulo, como a do autódromo de Xangai, profanando a memória da F-1.

É graças ao pragmatismo financeiro que não respeita e não reverencia o passado, que a F-1 segue seu caminho rumo à Ásia. Circuitos moderníssimos, arquitetura requintada e cenário livre de qualquer toque pessoal de pistas como uma Montreal, ou uma Spa-Francorchamps. Essas últimas não oferecem a mesma (e relativa) finura da arquitetura tilkenizada, mas possuem histórias para contar. Mais do que isso, são pistas de verdade, nascidas em tempos em que correr riscos fazia parte da essência de um esporte que consiste em andar o mais rápido e da melhor forma possível, fechando os olhos aos iminentes acidentes de forma quase que negligente, mas irresistivelmente moleca. Nada contra a exemplar segurança que rege a F-1 moderna, mas há décadas atrás a categoria vivia tempos em que as atenções estavam menos voltadas ao politicamente correto e mais ao puro prazer de se guiar. Tempos românticos que se afastam cada vez mais, em grande parte, pela fúria profanadora do homem que parece se julgar eterno.

Para desespero geral, Ecclestone deu pistas de que sua saga rumo a países excêntricos tende a continuar: "Se vocês soubessem o tamanho da lista de pedidos [de países desejando receber a F-1] que eu tenho em meu escritório, dificilmente você acreditaria” – disse o inglês em entrevista. Porém, ainda há tempo para Bernie se redimir.

Já que o chefão se julga tão poderoso, bem que ele poderia nos fazer um senhor favor, quando decidir desencarnar. Transmitir lá do além, uma corrida com mestres que já não estão aqui. Uma prova especial, exibida graças a grande influência que Ecclestone deve possuir lá em cima, uma vez que o britânico parece saber quando será a hora de sua morte. Uma corrida com Fangio, Clark, Peterson, Villeneuve e muitos outros inesquecíveis heróis, de tempos clássicos e distantes. Uma atitude como essa, e Bernie Ecclestone deixaria de ser lembrado como profano, para se tornar divino.

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Morde e Assopra

O dia foi de um incomum morde e assopra, protagonizado pela equipe Williams. Primeiro a escuderia inglesa, numa iniciativa pioneira, exibiu um modelo aproximado do carro do ano que vem, um FW30 adaptado às alterações regulamentares de 2009, como a limitação dos apêndices aerodinâmicos. O bólido que a equipe de Grove apresentou confirmou as expectativas: é bem “diferente”, com a asa dianteira mais larga e a traseira mais compacta. Não é tão pior do que bigornas e orelhas de dumbo, mas foi uma mordida dolorida no âmbito visual dos F-1.

Mais tarde, porém, veio o reparador assopro: a seguradora Allianz renovou o contrato publicitário com a Williams por mais 10 anos. O vínculo que já existia desde o ano 2000 se tornará um dos mais longevos da história não só da categoria, mas como do esporte mundial. A renovação também sinaliza um alívio para sir Frank Williams, já que seus outros colaboradores dão pistas de que abandonarão a equipe em 2009.

A Petrobras migra da Williams para Honda ano que vem. Mas essa não é, nem de longe, a perda mais significativa.

O banco RBS (Royal Bank of Scotland), um dos principais patrocinadores da equipe, por exemplo, precisou de socorro do governo inglês para não quebrar. Os rumores indicam que há forte possibilidade de a parceira não continuar em 2009 e a perda dessa fatia do orçamento pode colocar a Williams em situação delicada. Anualmente, o RBS injeta US$ 14 milhões na equipe. A falta dessa quantia pode iniciar um sério período de dificuldades financeiras para a única das equipes independentes que não recebe apoio de grandes montadores e/ou bilionários endinheirados.

O sinal de alerta já está aceso na equipe inglesa. Desde de 2006 os prejuízos acumulados atingem a marca de US$ 88 milhões. A falta de verba já causa danos à rotina do time. A Williams sofre com a concorrência de equipes emergentes como a Toro Rosso, apoiada pela Red Bull, e costumeiramente fica de fora do Q3 nas sessões classificatórias. É um sintoma sério da estagnação financeira de uma escuderia que já faturou 7 mundiais de pilotos e 9 de construtores. Hoje, infelizmente, o glorioso time do passado briga apenas pelos pontos.

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Olhando ao Redor

Confesso que graças à F-1 esse blog passou o fim de ano de olhos vendados ao que aconteceu em outras categorias pelo mundo. Mas, nunca é tarde para se manifestar.

Na Indy deu Scott Dixon, que decidiu o título na última corrida em Chicago. A vitória na corrida ficou com o brasileiro Hélio Castroneves, da Penske, numa das chegadas mais sensacionais da história. Mas as notícias mais palpitantes ficaram para o pós-temporada: Helinho foi acusado de sonegação fiscal pela Justiça americana.

O caso é grave. Segundo a Justiça americana, Castroneves teria sonegado quantias milionárias ao Leão. A irmã e o advogado do piloto teriam participado do caso como cúmplices. Segundo a acusação, Castroneves deixou de declarar boa parte dos estimados US$ 5,5 milhões que recebeu da Penske de 1999 a 2004. Ontem saiu a data do julgamento do piloto brasileiro: 2 de março de 2009. Até lá o piloto estará em liberdade, mas não poderá deixar os EUA.

Se condenado por todos os 7 crimes aos quais é acusado, Hélio Castroneves pode pegar até 35 de prisão.

O piloto brasileiro está, definitivamente, em maus lençóis. Seu futuro como esportista já foi comprometido, afinal, empresa alguma deseja patrocinar e/ou se envolver com pessoas ligadas a escândalos desse porte. Some-se a isso o fato de que Castroneves, inevitavelmente, passará alguns anos afastado de suas atividades profissionais em razão da possível pena que conheceremos em março.

Helinho também sai do caso com sua imagem de ídolo abalada. Um piloto que conquistou sucesso numa categoria como a Indy poderia passar sem essa. Apesar de Hélio se dizer inocente, investigações como essa, que também contou com a participação da Polícia Federal brasileira, têm destino certo e não costumam falhar.

Olhares do Futuro

Sem dormir em serviço, a Ferrari foi flagrada pelo jornal italiano La Gazzetta dello Sport, testando as novas configurações para 2009, temporada em que a F-1 sofrerá mudanças profundas.

Se em 2008 o controle de tração foi abolido, em 2009 outras alterações darão tom de novidade à categoria. Os recursos aerodinâmicos serão limitados e estará autorizada a implantação do KERS (sistema de recuperação de energia cinética, um dispositivo que fornecerá cerca de 80 cavalos de potência extra aos F-1. É acionado pelo pelo piloto). O uso desse novo sistema, no entanto, será facultativo, somente se tornando obrigatório a partir de 2010.

Na foto divulgada pela Gazzetta, o modelo ferrarista, pilotado pelo piloto de testes Luca Badoer em Fiorano, está mais clean, sem os excessivos apêndices aerodinâmicos. Ainda não se trata do carro de 2009, mas sim do F-2008K, uma adaptação do modelo que disputou o campeonato desse ano.

A equipe italiana, no entanto, fez mistério em relação aos testes. Não foram divulgados detalhes a respeito dos tempos de volta e se Badoer realmente andou com o KERS a pleno funcionamento.

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Falando na temporada do ano que vem, o Blog do Capelli divulgou essa semana uma foto-simulação dos bólidos da Ferrari em 2009. A postagem com as imagens está aqui.

A primeira impressão deixa no ar a sensação de que há algo fora do lugar. A parte traseira do carro ficou bem compacta, como algumas imagens divulgadas pela Williams já denunciavam.

Alguns acharam que a figura se assemelha aos carros do início dessa década. Pode até ser, mas carros como o F-2001 possuiam a asa traseira bem mais larga.

Se a 1ª impressão é a que fica, ela não foi boa.

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Há o que Comemorar?

No último fim de semana a Ferrari comemorou seu 16º campeonato de construtores. A equipe italiana é, de longe, a mais vitoriosa da F-1, mas sabe que deve esse número expressivo de títulos ao alemão Michael Schumacher. Dos 16 mundiais conquistados pelo cavalinho rampante, 6 deles tiveram Schumacher como ponto de apoio.

A festa da equipe foi realizada na pista particular de Mugello, como acontece tradicionalmente. Mecânicos, pilotos e o alto comando da equipe estiveram presentes, com direito a uma exibição de Kimi Raikkonen e Felipe Massa. No mais, foram brincadeiras do presidente Luca di Montezemolo e as tradicionais fotos de toda a escuderia reunida, como uma grande família italiana.

No meio disto tudo, fica a pergunta: há o que comemorar? Por um lado sim, a Ferrari conquistou o mundial de times, o objetivo maior da equipe desde sempre. Mas a própria equipe, a imprensa e os torcedores sabem que a Ferrari não foi 100% em 2008. Pelo contrário, esteve longe disso. A equipe técnica falhou, a equipe de estrategistas falhou e a dupla de pilotos falhou. Foram erros no atacado, em série, do alto comando até os mecânicos, passando pelas estrelas Raikkonen e Massa. Felipe se redimiu dos erros de Melbourne e Sepang no decorrer da temporada, mas as patacoadas do restante do time puxaram o desempenho do brasileiro para baixo.

No domingo do GP Brasil, dia 2, esse blog ganhou uma postagem que tocava num ponto: por mais que a Ferrari tenha cometido erros inadmissíveis, Massa não perdeu o título por culpa (exclusiva) de seu time. Sem o erro da Malásia (que até onde se sabe foi pessoal e não mecânico), Massa teria vencido o mundial desse ano por 8 pontos de vantagem. É chato tocar nesse ponto mais um vez, mas essa é uma questão que merece uma revisão. Acompanhe:

- Com os 8 pontos que viriam no GP Malásia, Massa terminaria o GP Brasil com 105. Hamilton, que encerrou a corrida em Sepang em 5º, ficaria com o 6º posto. Na tabela de classificação o inglês encerraria com 97, ao invés dos 98 conquistados ao fim do GP Brasil.

Resultado: terminar o ano como vice-campeão dependeu, basicamente, apenas do próprio Felipe Massa. Eu pensava assim até o último fim de semana, quando me ocorreu um outro pensamento: “Hamilton também cometeu seus erros, até mais graves do que os de Massa. Por que foi campeão, afinal?”

É aí que entra a responsabilidade de uma equipe.

A McLaren jamais cometeu erros tão gritantes como os da Ferrari. O erros mais importantes dos quais me lembro foram os de Hockenheim, gp em que a McLaren vacilou ao não chamar Hamilton para o pit stop quando o Safety Car entrou na pista; e Monza, quando a equipe calçou o carro de Hamilton com pneus intermediários numa pista que secava rapidamente, forçando o inglês a fazer nova parada. Fora isso, a McLaren forneceu carro e táticas de corrida impecáveis a Hamilton. O inglês não sofreu um só abandono por falha mecânica em 2008, ao contrário de Massa que quebrou a três voltas do fim em Hugaroring. O inglês não sofreu um probleminha de reabastecimento, enquanto Massa foi vítima de falhas em Montreal e Cingapura. O inglês teve uma equipe que realmente merecia o mundial de construtores pela grande evolução demonstrada durante a temporada, nada a ver com a Ferrari, que começou o ano com um carro expressivamente superior e cedeu ao assédio das rivais.

Com o carro do início do ano, a equipe italiana era franca favorita ao mundial de pilotos e de construtores. Raikkonen e Massa davam a impressão de que 2008 seria um ano de briga doméstica dentro da equipe vermelha, ao estilo Schumacher. A equipe, porém, sofreu com a evolução da McLaren no meio do ano e não construiu uma boa vantagem na tabela. Para completar o inferno vermelho, faltou uma liderança que chamasse a responsabilidade para si. Stefano Domenicali é um chefe de equipe que não inspira a confiança de um Ron Dennis ou de um Jean Todt. Não mesmo.

Resumo da obra: a comemoração em Mugello foi murcha. Não há muito o que comemorar. A derrota no mundial de pilotos foi sentida e foi vergonhosa porque, no conjunto da obra, o F-2008 foi superior ao MP4/23. Era carro para a Ferrari fazer campeão, vice, e vencer o campeonato de times.

Eis a razão do sorriso amarelo de Montezemolo ao lado de Domenicali.

domingo, 9 de novembro de 2008

Palavras, Idéias e Agradecimentos

Quando eu comecei a idealizar esse blog, no início do ano, não tinha planos. Não tinha idéias, nem sabia se ia conseguir dar conta de mantê-lo atualizado com a freqüência que eu queria. Agora que o ano acabou eu posso olhar para trás e dizer: “consegui.”

Não foi fácil. Acho que a maior dificuldade foi acreditar que eu poderia fazer disso aqui um espaço que valesse a pena para o leitor. Por causa dessa dúvida adiei o começo das atividades por aqui. O que era para ter começado desde o início do ano só virou realidade no começo de junho.

Escrever eu sempre quis. Mas a gente sempre arruma um jeito de adiar as coisas por motivos geralmente bobos. Relutei, fui empurrando a idéia desse blog com a barriga. Até a hora em que a vontade de falar se tornou insustentável.

Um dos motivos para os tais adiamentos era o medo de não ter tempo. Sou meio cismado, se é pra começar a fazer alguma coisa que fique direito. Que eu tenha tempo para me dedicar, para fazer bem feito. O medo de que os estudos para o vestibular me impedissem foi, talvez, o maior vilão mental deste blogueiro.

No começo eu procurava um tom. Continuo procurando, na verdade. Mas tenho certeza que hoje isso aqui é um lugarzinho que possui algum atrativo aos leitores. Está longe de ser um blog em alto nível, mas não é todo de se jogar fora. O engraçado é que quando decidi criar essa casa, em maio, não tinha idéia do rumo que isso aqui iria ter. Eu não sabia o que fazer para cativar o leitor. Tudo foi acontecendo por obra do acaso.

A primeira seção apareceu assim, por um grande acaso mesmo. Na quinta-feira anterior ao GP Canadá, o primeiro “coberto” por este blogueiro, eu queria fazer um texto relembrando o ano anterior. Aí nasceu “A Mesma Praça, Outro Jardim”, que se manteve até o fim do ano. Foi assim com todas as outras seções, como a “Memories”, surgida na segunda-feira pós-Hungria, quando me lembrei de um acidente com a Ferrari do Barrichello em 2003 em Hungaroring. A “Coluna do Fábio” foi uma idéia louca do Deivison Conceição, que cismou de me convidar para escrever semanalmente para o EsporteZone. A “Mais do Mesmo” também foi uma filha não planejada: nasceu no pós-Bélgica, ocasião em que batizei um post sobre o debatido episódio Raikkonen-Hamiltom com o título que se tornaria mais uma seção periódica.

De junho pra cá, vivemos uma sensacional temporada de F-1. Aí fico pensando no capricho das coisas. Justamente quando resolvo me aventurar num caminho como o blog, sou presenteado com um campeonato tão bonito. Do período em que comecei a escrever até o fim do mundial, a F-1 conheceu três novos vencedores, e construiu imensas polêmicas. Hamilton e Raikkonen na Bélgica e Hamilton e Massa no Japão fizeram o mundo da velocidade palpitar. E no final de tudo, na última prova do ano, justamente no GP Brasil, se desenrola uma das melhores corridas que já vi. Uma decisão de campeonato ímpar, pra ficar guardada com carinho na memória.

Todas essas questões me obrigaram a tomar partido de algo, a não poder ficar sobre o muro da dúvida. Afinal, um blog nada mais é do que debate de opiniões. E para promover uma discussão decente é preciso, em primeiro lugar, ter uma opinião minimamente embasada. Me forcei a isso e acho que não errei.

No final das contas, restam os números: 292 postagens (contando essa) em 284 dias de funcionamento (desde o dia 1º de junho), o que dá a média de 1,02 postagens por dia. Nesse período foram 502 comentários de leitores, uma média de 1,7 comentários por postagem. Pouco? É mais do que esperava para esses primeiros 6 meses.

E falando em comentários, vem a parte mais prazerosa dessa brincadeira toda. A interatividade, a discussão, o debate e os novos amigos feitos aqui. Aos poucos fui sendo descoberto e me fazendo descobrir por outros blogueiros. Fomos trocando impressões e nos divulgando mutuamente. E assim nasceram as parcerias que me deixam extremamente contente. Gente que faz um trabalho realmente top e que eu admiro muito. Não posso deixar de agradecer aos parceiros que me ajudaram nessa jornada.

Paulo Maeda, do Blog da F-Indy; Ron Groo, do Blog do Groo; Juliano Barata, do Blog do Mulsanne; Felipe Maciel, do Blog F-1; Gustavo Coelho, do Blog F-1 Grand Prix; Felipão, do BlogSport; Thiago Raposo, do Café com F-1; Speeder_76, do Continental Circus; Deivison Conceição, do EsporteZone; Kimi_Cris, do Galáxia-F1; Marcos Antônio, do GP Séries; Bruno Aleixo e Fábio Campos, do Grid GP; Diego Maulana, do No Mundo da Velocidade; Francisco Grijó, do Ipsis Litteris e ao editor do Net Esportes, que confesso não saber o nome. A todos um imenso e sonoro MUITO OBRIGADO pela gentileza que “linkar” esse blog. Obrigado pela consideração e pelos comentários que são o maior incentivo para continuar nessa jornada. Já disse milhões de vezes e repito: ter gente tão boa me visitando é uma honra. Os comentários e as palavras de apoio depositadas aqui estão guardadas com muita reverência.

Enfim, foram erros, acertos, momentos um pouco difíceis, mas este blog resistiu. Resistiu à falta de tempo em algumas semanas um pouco mais atribuladas. Resistiu e se tornou motivo de orgulho para esse blogueiro. Resistiu mas deve entrar num período de recesso nas próximas semanas. O editor desta casa entra agora nas duas semanas decisivas para o Vest-UFES 2009. Os estudos se intensificarão e o De Olho na F-1 deve ficar um pouco de lado (pelo menos eu vou tentar, porque não consigo ficar muito longe disso aqui). Eu não deixarei de passar por aqui, dar uns pitacos sobre o que acontecer de mais interessante nas próximas semanas. Mas o ritmo dever ser reduzido.

Torcida para que 2009 seja ainda melhor do que foi 2008.

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Um Caminho Sutilmente Pavimentado

Foi anunciado hoje o já esperado rompimento da Force India com a Ferrari. O vínculo entre as partes iria até o fim do ano que vem e foi rompido “amigavelmente.” A Force India era uma dos times equipados com os motores italianos e o rompimento é sinal inequívoco de que a escuderia indiana irá se coligar à Mercedes-Benz a partir da próxima temporada.

A união Force India-Mercedes é um dos muitos passos que o bilionário Vijay Mallya, dono do time, deu na reestruturação da equipe. O alto comando do time e a equipe técnica também sofreram alterações importantes para a próxima temporada.

A parceria deve incluir o fornecimento, da parte da Mercedes, de motores à escuderia indiana. O detalhe mais importante dessa aproximação, porém, é outro. A Mercedes-Benz é a maior acionista da equipe McLaren e esse “chega mais” entre a Force India e a equipe inglesa pode, rapidamente, evoluir para um rodízio de pilotos entre as duas equipes. Os rumores ganham mais força quando se imagina que a McLaren não estaria satisfeita com o baixo rendimento de Heikki Kovalainen, apesar de ter renovado o contrato do finlandês por mais um ano. A ligação entre as duas equipes poderia resultar na ida de Adrian Sutil para a o time de Woking em 2010, no lugar de Kovalainen.

Porém, nada passa de boataria, por enquanto.

Um Amor Para Exibir

Uma mocinha chamou a atenção do público nos boxes da McLaren em Interlagos no último domingo. Uma morena bonita, sempre ao lado de Nicholas Hamilton, irmão do agora campeão do mundo. A senhorita em questão é a xará do irmão de Lewis Hamilton, Nicole Scherzinger.

Nicole é a namorada do mais novo campeão do mundo. A moça, aliás, fez questão de sofrer todos os percalços emocionais que o posto de aspirante a 1ª dama da F-1 lhe ofereceram. Nicole foi flagrada pelas câmeras rezando, se contorcendo, apertando as mãos de Nicholas e ao final da corrida elevou as mãos ao céu em agradecimento pelo recém-conquistado título do namorado.

Aí o leitor deve estar se perguntando: “e daí?” E daí que Nicole é uma popstar famosa nos EUA. Alguns pasmaram ao saber que tão desconhecida garota fosse famosa em algum lugar do mundo. Mas é. Nicole Scherzinger é vocalista e compositora do grupo de pop/rap Pussycat Dolls.

Não sabe o que é Pussycat Dolls? Então, leitor, está por fora da maior demonstração de talento feminino dos últimos anos. Deve ser o talento, aliás, que deixou o campeão de 2008 caidinho por Nicole:




Que talento, não? (claro que meus leitores prestaram muita atenção no talento da garota. Nem piscaram, eu presumo)

Piadinhas à parte, o fato é que Nicole continuou a fazer o papel de namorada dedicada durante a semana. A Pussycat Doll acompanhou Hamilton na festa da McLaren em Woking, na Inglaterra. O curioso da situação é que os dois são duas figuras públicas, Hamilton é um dos ídolos mais destacáveis da Inglaterra e, justamente no país do tablóides, os dois ainda não foram vítimas de um escândalo, o que seria normal nesses casos. A mídia inglesa é célebre por produzir farto material envolvendo famosos em suas páginas e o casal Hamilton-Nicole seria um prato cheio. Estaria Hamilton tão em alta no coração dos ingleses a ponto de ter sua imagem preservada pelos paparazzi?

Ou, talvez, o motivo do protecionismo seja o talento da moça. Um talento transbordante, eu diria.

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Um Caso Clínico

A temporada de F-1 se foi. Um ano divertido, saboroso, uma disputa empolgante até a volta final. Agora, porém, os motores pararam de roncar. Hamilton, o campeão, foi descansar em alguma ilha paradisíaca com sua também paradisíaca Pussucat Doll. Corridas de novo, só no finalzinho de março do ano que vem.

Daqui até lá os domingos serão mais monótonos. As manhãs não mais terão o sibilo dos F-1 rasgando retas e contornando curvas. Pra quem respira o esporte, tudo vai parecer mais chato. Namoradas e mães vão se irritar com a incessante obsessão de cidadãos que passarão a contar cada dia até o esperado 29 de março de 2009.

As linhas acima não carregam nenhuma ponta de exagero. Será assim em muitos lares que abrigam os F-1-maníacos. Daqui até março são quase 5 meses de espera. Durante esse período irá se questionar o motivo de a F-1 não se estender, pelo menos, até dezembro. Quem passa o ano dizendo que “devia ter F-1 toda semana” intensificará os apelos: “F-1 devia ser o ano todo.”

Se você, leitor, apresenta o quadro acima, saiba que você é mais um dos atingidos por uma síndrome grave, que assola milhões de pessoas pelo mundo. A ciência ainda busca uma definição, mas informalmente a patologia é conhecida por Depressão Pós-Temporada de F-1 (DPT). As pessoas que sofrem desse mal costumam entrar em severo processo de isolamento nos períodos compreendidos entre o fim de uma temporada e o começo de outra. É comum flagrar esses pacientes no Youtube, revendo lances da temporada que passou ou até mesmo de outros anos mais distantes. Segundo alguns estudiosos, a compulsão por vídeos de F-1 não é mais do que uma tentativa do inconsciente de reviver momentos de bem-estar proporcionados pelo vício.


Os sintomas da DPT não são muito diferentes dos da depressão comum. Acompanhe:

- Pessimismo: é comum o paciente pensar que sua vida não terá mais alegria enquanto a temporada não recomeçar. Os domingos passam a ser dias de luto.

- Desesperança: cada dia parece uma guerra a ser vencida. E o relógio insiste em não correr, os dias insistem em não passar. Uma profunda desesperança se instala, acompanhada de uma forte irritabilidade;

- Sentimento de pena de si mesmo: é típico. Quando a Globo exibe as chamadas da temporada que vem, a coisa ferve;

- Dificuldade para realizar tarefas cotidianas: é um dos sintomas mais irritantes para quem convive com o depressivo. Muitos conflitos são gerados por causa desse sintoma específico, porque o paciente já pega o calendário de 2009 e começa a marcar os finais de semana em que haverá F-1, portanto, dias de reclusão quase monásticos. Aí, namoradas, família e amigos entoam um coro em uníssono: “você vai deixar de ir ao casamento da Aninha?”; “vai faltar no aniversário do Marcão?” Se houver algum compromisso profissional no mesmo fim de semana da F-1 há o grande risco de o depressivo pós-temporada perder o emprego;

- Perda do desejo sexual: é o único sintoma da depressão clássica que não foi observado em pacientes com DPT.

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Ano Novo, Novo Tempo

Dia cheio de pequenas novidades para quem está De Olho na F-1. Duas delas chamaram a atenção:

- O Calendário-2009, que já fora divulgado, sofreu novas alterações. Depois das saídas das corridas do Canadá e da França, a Federação Internacional de Automobilismo decidiu remodelar o calendário do ano que vem. O mundial que iria até o dia 15 de novembro terminará no dia 1º do mesmo mês. Com essa decisão, o GP Brasil volta ao mês de outubro, no dia 18.

O GP China, tradicionalmente realizado no último terço do ano, foi transferido para o princípio de 2009. Será a terceira prova da temporada que vem.

Ficou assim, o Calendário-2009:

29/03 - Austrália
05/04 - Malásia
19/04 - China
26/04 - Bahrein
10/05 - Espanha
24/05 - Mônaco
07/06 - Turquia
21/06 - Inglaterra
12/07 - Alemanha
26/07 - Hungria
23/08 - Europa (Valência)
30/08 - Bélgica
13/09 - Itália
27/09 - Cingapura
04/10 - Japão
18/10 - Brasil
01/11 - Abu Dhabi

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A outra mudança que saltou aos olhos foi um pouco mais profunda. A FIA anunciou alterações importantes no que diz respeito às punições aplicadas aos pilotos durante as corridas. Devido ao grande número de sanções polêmicas aplicadas em 2008, a federação passará a adotar novos expedientes, na tentativa de tornar a relação fiscal-público mais amena.

O ritual punitivo que funcionou até hoje era o seguinte: uma comissão de fiscais locais (ou seja, em cada prova havia uma comissão diferente) julgava os casos suspeitos como ultrapassagens indevidas e qualquer outra espécie de fuga às regras da F-1. Essa comissão não era obrigada a justificar a punição. Apenas ficava encarregada de anunciá-la durante a prova.

A partir de 2009 as coisas mudam. Numa tentativa de dar mais lisura ao processo, a FIA passará a se pronunciar sobre as punições em seu site oficial e no site oficial da própria F-1. Nesses pronunciamentos a entidade divulgará vídeos e fotos nos quais os fiscais se embasaram para chegar às conclusões.

Também acontecerão mudanças na estrutura do corpo de fiscais. Do ano que vem em diante, dos três fiscais existentes em cada corrida, apenas um poderá ser local. Os outros dois terão de ser internacionais. Todos eles passarão por períodos de aprendizagem antes de se efetivarem como oficiais de fiscalização de corridas de F-1.

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Depois disso tudo fica a pergunta: ao invés de instituir novas regras, seria mais interessante diminuir o nível de interferência dos fiscais nas corridas, não?

Ó, Novidade...

A Renault anunciou a dupla para 2009. Novidades? Nenhuma! Fernando Alonso e Nelsinho Piquet continuam no time francês.

Poucas vezes o anúncio das vagas de uma equipe foi tão previsível. Alonso até tentou fazer um suspense no meio do ano, mas depois que as vagas na BMW foram fechadas, ficou claro que o espanhol continuaria na Renault. Na certa o bicampeão já esperava o bom fim de ano da equipe e as boas perspectivas para 2009. Alonso andou mais que o carro, ganhou duas corridas e provou por "A" + "B" que é o piloto que faz a diferença atualmente. Terminou o ano em 5º, com 61 pontos.

Nelsinho Piquet esteve mais ameaçado do que Alonso. O brasileiro sofreu em sua temporada de estréia na F-1. Passou as 7 primeiras corridas do ano sem pontuar. Os seguidos abandonos geraram um factóide nos bastidores: Piquetzinho teria um prazo para mostrar serviço ou seria substituído. O boato, porém, não se confirmou e Nelsinho continua na Renault após marcar 19 pontos e ficar em 12º lugar no campeonato de pilotos.

Alonso e Nelsinho serão os proprietários dos carros de números #7 e #8.

Mais do Mesmo: o vilão de Massa estava na outra Toyota

Será mesmo Glock o vilão de Massa em Interlagos?

A seção Mais do Mesmo dessa semana ganha tom investigativo e pergunta: onde diabos se meteu Jarno Trulli, que largou em 2º e desapareceu no decorrer da corrida, quando Massa precisava dele?

Juntando essa informação com os dados do Inforace, ferramenta disponibilizada pelo site Grande Prêmio, chega-se a seguinte conclusão:

Trulli ficou boa parte da corrida preso atrás de um punhado de carros mais lentos. Explica-se: o italiano tentou se defender de Lewis Hamilton na freada do “S” do Senna na volta 12 e perdeu o controle de sua Toyota. Retornou à pista muitas posições atrás da ideal e com carros mais lentos a frente. Longe dos 5 primeiros, Trulli se perdeu em sua estratégia de corrida. Enquanto os pilotos que ocupavam posições intermediárias antes da secagem da pista faziam seus respectivos pit stops e voltavam à pista andando rápido, o italiano perdia tempo. Trulli deu muito azar e finalizou em 8º após ter largado em 2º.

Para entender o motivo de Trulli ser o vilão de Massa em Interlagos, é preciso um bom entendimento de dinâmica de corrida.

A largada foi dada com chuva. Todo mundo de pneus intermediários. Porém, a pista de Interlagos secou rápido e todos precisaram antecipar suas paradas para voltar com pneus lisos. No momento do entra-e-sai dos boxes, Fisichella surgiu em 5º. Trulli era o 6º, Hamilton o 7º. O inglês tentou ultrapassar Trulli no “S”. Ao tentar se defender, o italiano da Toyota deu uma espalhada e perdeu muitas posições. Limitado por vários carros que agora estavam a sua frente, Trulli perdeu tempo e contato com os carros da ponta, que continuavam a andar rápido.

Trulli caiu para a 9ª posição, atrás de Bourdais. Na volta 20 Jarno avançou para 8º, graças a parada do francês. A partir daí, Trulli ficou limitado por Giancarlo Fisichella, da Force India, perdendo de vez qualquer chance de boa posição na corrida.

Enquanto Trulli dava voltas lentas atrás de Fisichella, pilotos como Vettel voltavam dos boxes a frente do italiano, com pista livre e andando rápido.

Portanto, deixem o pobre do Glock em paz. Trulli foi o grande "vilão" (muitas aspas no "vilão") de Massa em Interlagos. Se (odeio lidar com o tal do “se” porque ele não é factual, mas, se não há remédio) o italiano da Toyota não tivesse errado em sua tentativa de defesa de posição, certamente haveria mais um carro entre Massa e Hamilton ao final da prova. No momento em que fosse superado por Vettel, Lewis estaria em dificílima situação, pois cairia não para 6º, mas para 7º (imaginando sempre que Trulli estivesse no pelotão da frente, Hamilton passaria a maior parte da corrida em 5º, não em 4º como aconteceu de fato. Nesse cenário, quando a chuva do final da corrida se confirmasse, as perdas de posições para Glock e Vettel, levariam Lewis ao 7º posto). Ainda que recuperasse a posição perdida para Glock, Hamilton não seria campeão. Como Trulli estaria, em teoria, um pouco mais a frente do que Glock esteve, eram grandes as chances de o italiano cruzar a linha de chegada antes de ser alcançado por Hamilton, mesmo com os pneus de pista seca.

Mas...

Se Trulli continuasse entre os 5 primeiros, tinha grande chance de vencer a corrida. Imaginem o seguinte: o italiano em 3º ou 4º continuaria na pista na hora da chuva. Pularia na ponta e iria se arrastar na pista molhada com o pneu de seco. Massa ficaria em 2º, posição que lhe tiraria o título, e avançaria rapidamente para alcançar o italiano. Será que o brasileiro dava conta de alcançar Trulli antes do fim da prova?

Não acredito em destino e em nenhum tipo de determinismo, mas no caso específico desse GP Brasil eu sou obrigado a dar o braço a torcer: tinha que ser um final emocionante de qualquer jeito.

A F-1 estaria de volta à massa?

Já é quarta, me atrasei um pouco. Mas está valendo...

Conversando com o professor Grijó no último sábado, cheguei à conclusão de que, definitivamente, a F-1 está em baixa no Brasil.

Pouco mais de 24 horas depois, eis que me contradigo. Graças ao GP Brasil e seu final arrepiante, o assunto volta à tona com força total. Será que as coisas continuam assim por muito tempo?

Tema da última Coluna do Fábio de 2008, no EsporteZone.

Comentários são bem-vindos!

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Brasil em Vídeos

Dois vídeos interessantes sobre o GP Brasil:

- Um deles é a despedida das tirinhas animadas Los Quemagomas, produzidas pela Animatomic e exibidas pela tv espanhola TeleCinco antes da corridas. A tirinha final de 2008 revela a ignorância que a estrangeirada ainda possui quando o assunto é o Brasil. A estátua do Cristo Redentor foi retratada na paisagem de São Paulo. Ou seja, para o pessoal lá de fora, tanto faz se é Rio ou São Paulo, o importante é que aqui todos vivemos um eterno carnaval de mulheres peladas e com uma cesta de frutas na cabeça (o podre da história é pensar que, analisando a situação com profundidade, o estereótipo do Brasil lá fora não está tão errado).

Mas, a tirinha é hilária. A parte em que o Montezemolo prega uma imagem do Cristo no carro do Massa é impagável. Segue o vídeo:



- O outro vídeo é o das voltas finais do GP Brasil. Não se engane, é teste para cardíacos. Mesmo já sabendo o desfecho, eu confesso que fiquei nervoso ao ver o vídeo novamente. Minha pernas não pararam de tremer até agora. Segue o vídeo:

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Brasil - Memories

Coulthard triunfa sob chuva em Interlagos

Edição 2001 da prova brasileira, Interlagos.



Ontem a corrida de Coulthard terminou na 1ª volta. Foi sua despedida das pistas de F-1. Uma despedida um tanto quanto sem graça, logo no “S” do Senna. Mas o escocês já teve dias mais gloriosos em Interlagos.

Em 2001 Coulthard faturou o GP Brasil. Deu muita sorte, viu seus adversários mais fortes serem eliminados por erros, tanto pessoais como causados por terceiros. E venceu.

O GP Brasil daquele ano, como de costume, foi movimentado. Antes da largada já havia preocupação: Rubens Barrichello tem problemas com sua Ferrari na volta de alinhamento. Barrichello abandona o carro na pista e se dirige aos boxes correndo. Consegue pegar o carro reserva e sai dos boxes da Ferrari próximo do limite de tempo para que o pit lane fosse fechado.

Na hora da largada, um susto: o bicampeão Mika Hakkinen levanta os braços freneticamente, sinalizando problemas em sua McLaren. A largada, no entando, não é abortada e o finlandês fica exposto ao choque dos carros que partem do grid. Felizmente nada acontece e o Safety Car é acionado para que a McLaren de Mika seja retirado da pista.

Na relargada Juan Pablo Montoya faz sua ultrapassagem mais famosa. Retarda a freada no “S” do Senna e dá uma “chega pra lá” em Schumacher, pulando na ponta do GP Brasil.

A essa altura Coulthard, que largara em 5º, já era 3º.

Na freada seguinte Rubens Barrichello encerra sua corrida mais cedo. Sua e de Ralf Schumacher. O alemão tentava uma ultrapassagem e fazia zigue-zague na Reta Oposta. Na freada da Curva do Lago, o brasileiro acerta a traseira da Williams de Ralf em cheio. Fim de corrida para os dois.

Na briga da frente Schumacher é o 1º a ir aos boxes, deixando clara a estratégia de duas paradas. Montoya e Coulthard estão com combustível para uma parada só e torcem para que a chuva caia logo, para que eles possam trocar os pneus com segurança.

Na 39ª volta, porém, um fato pra lá de inusitado acontece. O retardatário Jos Verstappen, da Arrows, acerta a Williams de Montoya em cheio, inexplicavelmente. Fim de corrida para o colombiano, menos um no caminho de Coulthard.

Na volta 41 Coulthard realiza sua parada para reabastecimento e troca de pneus. A chuva ameaçava, mas não caía. O piloto da McLaren calça os pneus lisos e volta à pista ainda em 1º.

No 45º giro a chuva começa. Schumacher logo vem aos boxes e se equipa com pneus intermediários. Coulthard estranhamente permance na pista e perde muito tempo. Só entra nos boxes na volta seguinte e retorna em 2º. A estrela de Schumacher parecia ter brilhado novamente.

Mas, muita coisa estava para aconteceu até o fim da corrida. Debaixo da chuva paulistana, Coulthard se aproxima perigosamente de Schumacher na Reta do Boxes. A posição seria negociada na freada do “S” do Senna, mas um retardatário influencia a manobra de forma decisiva, num lance parecidíssimo com a ultrapassagem de Hakkinen sobre Schumacher em Spa no ano 2000.

Pra completar, Schumacher ainda roda na Curva do Lago e sai da pista no Laranjinha cedendo grande vantagem a Coulthard.

Coulthard vencia o GP Brasil de 2001, com Schumacher em 2º e o jovem e promissor Nick Heidfeld em 3º com a Sauber, depois de uma ultrapassagem sobre Jarno Trulli. O alemão Frentzen abandonava a corrida nas voltas finais para desepero de Eddie Jordan e para a felicidade de Peter Sauber.

Bye, Bye, Schumacher!

A temporada que acabou de acabar enterra de vez a figura de Schumacher. Antes ainda muito presente na rotina da F-1, mesmo que virtualmente, agora o alemão começa a ser “esquecido.”

De ontem pra hoje e Fórmula-1 provou que pode voltar a ser emplogante. Aliás, a corrida de ontem foi a mais emocionante da história. Hamilton, Massa, Vettel e Glock já entraram, inevitavelmente para os anais da F-1. E tudo apenas dois anos depois da aposentadoria do maior piloto da história.

Os “Anos-Schumacher” foram a representação da maior supremacia de um piloto e de uma equipe na F-1. Junto com a Ferrari, Schumi fez da F-1 um joguinho previsível, rotina quebrada em raras ocasiões. O esporte perdeu público durante o reinado do alemão e da equipe italiana. Nada acontecia de diferente enquanto Schumacher estava na pista.

Agora, apenas dois anos após a saída do heptacampeão, a F-1 teve dois campeonatos decididos por um ponto. O equilíbrio voltou, as viradas, as incertezas, tudo o que faz o automobilismo ser delicioso e que dificilmente acontecia com Schumacher na pista. Não mais tivemos campeonatos decididos com 6 corridas de antecipação, como em 2002. Tivemos um mundial somente terminado na penúltima curva, da última volta, da última corrida.

Alonso, Raikkonen, Hamilton, Massa e CIA trataram de enterrar, definitivamente, Michael Schumacher.

Os Números Falam

Terminado o campeonato, vamos ouvir o que a tabela e os números nela contidos nos dizem:

- O que mais chama a atenção ao primeiro olhar é o 3º lugar de Raikkonen. O finlandês, tão criticado (com razão) pelo apagão de 2008 só perdeu para os dois que disputaram o título. Mesmo depois de ser ultrapassado por Kubica e dado como morto, Kimi ressucitou com o 3º lugar no GP Brasil. O destempero da BMW nesse fim de temporada ajudou muito;

- O título desse ano, assim como o do ano passado, foi decidido por um ponto. E reitero o que já disse aqui em algum momento dessa louca temporada, agora com certeza total: 2008 tem muito mais motivos para ser lembrado no futuro do que 2007;

- O 5º colocado no mundial é Fernando Alonso. Pouco para um bicampeão? Sim. Porém, muito para quem guia um carro como a Renault. Alonso conquistou duas vitórias, mais do que Heikki Kovalainen, da McLaren, e a mesma quantidade de êxitos de Raikkonen, da Ferrari. Grande é o resultado do espanhol;

- Kubica termina o ano em 4º, empatado com Raikkonen nos pontos. Um grande resultado para um carro como a BMW, nem sombra da força de uma Ferrari;

- Kovalainen é uma vergonha pública. Enquanto Hamilton sagrou-se campeão, o finlandês termina o mundial numa péssima 7ª posição. É diferença demais para dois pilotos com o mesmo equipamento;

- Exultante é o resultado de Sebastian Vettel. 8º colocado no mundial, 35 pontos e uma vitória no currículo. E não é qualquer vitória, é Monza e sob chuva. A maior promessa para o futuro a meu modo de ver;

- Terrível é comparar o desempenho do Tião alemão com o do Tião francês, o Bourdais. O outro piloto de Gerhard Berger se despede de 2008 com apenas 4 pontos conquistados. Uma pena porque Bourdais não é mau piloto, foi muitas vezes campeão na extinta Champ Car, por exemplo. O francês deu um certo azar, até por ter encontrado um companheiro de equipe tão barra pesada. Corre o sério risco de ser substituído em 2008;

- Nelsinho Piquet é o Kovalainen da Renault. Enquanto o companheiro apresentou um desempenho arrasador, o brasileiro ficou devendo. Piquetzinho já admitiu que seu ano de estréia não foi dos melhores. Resta esperar que as coisas melhorem em 2009, quando ele já estará ambientado ao ambiente da F-1. Se vier outro mau resultado, não haverá mais desculpa;

-Rubens Barrichello engoliu Jenson Button na Honda: 11 X 3. Mesmo assim não tem contrato para 2009, é mole?;

- David Coulthard mostrou que estava mesmo na hora de ir embora. Termina o ano em 16º, com magros 8 pontos;

- No campeonato de equipes, prevaleceu quem tinha o melhor carro do início da temporada: a Ferrari. O conjunto vermelho sofreu com uma certa decadência no meio do ano, passou 3 corridas sem vencer nada, mas recuperou performance. Os seguidos maus resultados de Kovalainen, no entanto, foram decisivos para que a McLaren não avançasse muito;

- A BMW foi mesmo o destaque entre as equipes, mesmo com a queda no fim do ano. Liderar um mundial de equipes foi o sinal da evolução desse time. Só que várias equipes também cresceram no decorrer do ano e a BMW perdeu um pouco do brilho. Se quiser estar acima em 2009, terá de trabalhar arduamente;

- Como já havia ficado claro desde o meio do ano, a STR imprimiu uma lavada constrangedora à RBR. 39 X 29. Os 10 pontos da incrível vitória de Vettel em Monza construíram essa diferença. Será que a “promoção” é um bom negócio para o jovem alemãozinho?;

- Na briga das japonesas, sonora vantagem para a Toyota: 56 X 14. A Honda é a última colocada entre as equipes que pontuaram. Terminou o ano com um carro em chamas. Era só o que faltava.

domingo, 2 de novembro de 2008

Tabela 2008 - Final

GP Brasil, após 71 voltas:

01
Felipe Massa
Ferrari
01h34m11s435

02
Fernando Alonso
Renault
+00m13s298

03
Kimi Raikkonen
Ferrari
+00m16s235

04
Sebastian Vettel
Toro Rosso
+00m38s011

05
Lewis Hamilton
Mclaren-Mercedes
+00m38s907

06
Timo Glock
Toyota
+00m44s368

07
Heikki Kovalainen
Mclaren-Mercedes
+00m55s074

08
Jarno Trulli
Toyota
+01m08s463

09
Mark Webber
Red Bull
+01m19s666

10
Nick Heidfeld
Bmw Sauber
+1 volta

11
Robert Kubica
Bmw Sauber
+1 volta

12
Nico Rosberg
Williams
+1 volta

13
Jenson Button
Honda
+1 volta

14
Sebastien Bourdais
Toro Rosso
+1 volta

15
Rubens Barrichello
Honda
+1 volta

16
Adrian Sutil
Force India
+2 voltas

17
Kazuki Nakajima
Williams
+2 voltas

18
Giancarlo Fisichella
Force India
+2 voltas

19
Nelsinho Piquet
Renault
+71 voltas

20
David Coulthard
Red Bull
+71 voltas

Classificação Geral de Pilotos, após 18 etapas:


01 - Lewis Hamilton (McLaren) - 98 (CAMPEÃO)
02 - Felipe Massa (Ferrari) - 97
03 - Kimi Raikkonen (Ferrari) - 75
04 - Robert Kubica (BMW) - 75
05 - Fernando Alonso (Renault) - 61
06 - Nick Heidfeld (BMW) - 60
07 - Heikki Kovalainen (McLaren) - 53
08 - Sebastian Vettel (STR) - 35
09 - Jarno Trulli (Toyota) - 31
10 - Timo Glock (Toyota) - 25
11 - Mark Webber (RBR) - 21
12 - Nelsinho Piquet (Renault) - 19
13 - Nico Rosberg (Williams) - 17
14 - Rubens Barrichello (Honda) - 11
15 - Kazuki Nakajima (Williams) - 9
16 - David Coulthard (RBR) - 8
17 - Sebastien Bourdais (STR) - 4
18 - Jenson Button (Honda) - 3
19 - Giancarlo Fisichella (Force India) - 0
20 - Takuma Sato (Super Aguri) - 0
21 - Anthony Davidson (Super Aguri) - 0
22 - Adrian Sutil (Force India) - 0

Classificação Geral de Equipes, após 18 etapas:


01 - Ferrari - 172 (CAMPEÃ)
02 - Mclaren-Mercedes - 151
03 - Bmw Sauber - 135
04 - Renault - 80
05 - Toyota - 56
06 - Toro Rosso - 39
07 - Red Bull - 29
08 - Williams - 26
09 - Honda - 14
10 - Force India - 0
11 - Super Aguri - 0