Max Mosley saiu vitorioso da votação que decidiu seu futuro a frente da Federação Internacional de Automobilismo (FIA). O inglês, que é presidente do órgão, se viu envolvido em um escândalo sexual com conotações sadomasoquistas a cerca de 2 meses. Desde então houve berreiro por parte de cartolas, dirigentes de equipes e presidentes de federações nacionais, todos clamando pela saída de Mosley do topo da entidade máxima do automobilismo. E o curioso é que mesmo assim, a vitória de Mosley foi maiúscula: 103 votos a favor de sua permanencia, 55 contra, 7 abstenções e 4 votos nulos.
A diferença entre a retórica dos dirigentes e o resultado da votação tem fácil explicação: no terreno oleoso que é o sub-mundo das relações entre as federações, equipes, cartolas, patrocinadores e mais meio mundo, os detratores de Mosley derraparam. O inglês certamente devia ter muita coisa dos bastidores do automobilismo pra contar, talvez até pro tablóide "News of the World", que publicou o vídeo da orgia de Mosley e estourou todo o escândalo. O presidente da FIA jogou com as cartas que tinha na manga, e venceu.
A vitória política de Max não apagou a chama de quem quer vê-lo fora da FIA. Bernie Ecclestone, chefe da Formula One Management (FOM, responsável pela área comercial da Fórmula-1 e, portanto, uma das vozes mais poderosas da categoria) já declarou que resultado da votação "não muda nada". Segundo o dirigente comercial da F-1, muita gente continua sem querer falar com Mosley, o que poderia travar negociações com países que possivelmente pudessem receber corridas de categorias top do automobilismo mundial.
E a fila de gente que quer ver Mosley fora é grande. As montadoras, que de alguns anos pra cá voltaram a investir pesado na F-1, não estão satisfeitas com os rumos que o dirigente anda impondo à categoria. Max é um dos partidários das regras de limitação de velocidade e de potencia de motores, regras que não agradam quem tem interesse de fazer da F-1 laboratório para inovações nos carros de rua.
No final das contas o resultado da reunião desta terça põe o mundo da velocidade em suspense. Não se sabe se as federações nacionais e os dirigentes das categorias vão aceitar serem representados por um sujeito que está no cargo de presidente da FIA, mas não tem base pra atuar. Federações americanas de automobilismo já comunicaram seu desligamento da FIA e um efeito cascata, que poderia criar um racha sem precedentes, não está descartado. Pode ser, como disse Paul Stoddart (ex-dono da Minardi), "o começo do fim da FIA".
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