Nos últimos 10 anos, Interlagos faz questão de se apresentar como território neutro na briga entre Ferrari e McLaren: 4 vitórias dos italianos (2000, 2002, 2006, 2007), 4 dos ingleses (1998, 1999, 2001, 2005) e 2 triunfos de outras equipes (Jordan em 2003 e Williams em 2004).
Apontar um carro favorito na corrida decisiva não é fácil. Se as características apontadas no meio da temporada ainda servirem de parâmetro, a pista deveria favorecer a McLaren, já que é repleta de curvas de média/baixa velocidade. Nos últimos dois anos, porém, a Ferrari foi 100% no autódromo paulista: duas poles (Massa-2006/2007) e duas vitórias (Massa-2006/Raikkonen-2007).
Portanto, essa história de favoritismo e eficiência mecânica X eficiência aerodinâmica parece ter morrido. Os carros estão muito próximos a nível de performance de corrida e não há pista em que uma das equipes seja franca favorita, vide GP China, em que a Ferrari chegou como vencedora antecipada e saiu amargando uma derrota.
A McLaren se preparou para a etapa decisiva na pista brasileira. Para Interlagos a equipe introduzirá novos componentes na área aerodinâmica, em especial na parte traseira do carro. Com curvas em aclive e em declive, o autódromo José Carlos Pace exige uma senhora estabilidade dos bólidos. O time de Woking não dormiu em serviço, apesar do discurso “paz e amor” declamado diante das câmeras e dos microfones.
O autódromo estará lotado nos três dias de atividades. A torcida estará composta, em maioria esmagadora, de brasileiros ávidos por soltarem o grito de campeão preso desde 1991, época em que Ayrton Senna sagrou-se tri. Mas, como já foi repetido ao extremo, a tarefa de Massa não é fácil, e o pior, não depende só dele. Para ser campeão diante de sua torcida, Felipe precisa vencer e torcer para que Hamilton chegue abaixo da 5ª posição. Se for o 2º, Massa precisa, para levar o título, de que Hamilton chegue em 8º, no máximo.
Com o carro que tem, Hamilton só perde de quiser. Depende só de si para soltar o grito que deveria sair em 2007, mas foi adiado por sua própria inexperiência. Basta correr o mínimo necessário, ser o “bundão” da história, não disputar posições com o desespero habitual, correr pra chegar em 5º e se tornar o campeão mais jovem da história (aos 23 anos) sem depender de resultados. Seria pedir muito, Lewis?
Depois de tudo o que aconteceu em 2007, está na hora de assimilar a lição.
Quase ignorado, está o campeonato de construtores, ainda esperando definição. A Ferrari lidera, mas a McLaren ainda possui chances. O time italiano, no entanto, só perde esse se passar por um problema muito sério. A Ferrari tem 156 pontos contra 145 da McLaren, ou seja, 11 pontos de vantagem sobre o time inglês. Mesmo que, por exemplo, a McLaren faça a dobradinha, a equipe de Maranello será campeã se Raikkonen e Massa completarem em 3º e 4º.
8 comentários:
Este foi um campeonato maravilhoso, como a muito tempo não tinhamos. E não é pelo fato de ter um brasileiro brigando pelo titulo não. Mas por todo o conjunto da obra durante o ano. A diversidade de vencedores, de gente no pódio... Tudo.
Já estou com saudades!
Análise sensacional...
Inclusive, fiz uma citação em meu novo post, lá no blog, com relação a história do Mosley querer padronizar os motores e tal...
Voltando ao assunto, vc disse tudo e parece que não existem mais terrenos onde determinado carro fala mais alto e tal...
E, 100% da Ferrari e do Felipe, que facilitou pro Raikkonen no ano passado...
Grande decisão...
Sem dúvidas o melhor campeonato pós Schumacher. Sete vencedores diferentes, cinco equipes vencendo, bons pilotos surgindo, muitas polêmicas e um brasileiro na decisão. Espero que F1, depois de domingo, continue olhando pra frente para que possamos ver cada vez mais campeonatos equilibrados como esse.
Vamos ver quem vai desempatar o duelo entre Ferrari e Mclaren. Podia ser a ferrari com vitoria de massa e hamilton desistia.
Grande Abraço!
Kimi_Cris
Bom post,e realmente concordo com a maioria,esse foi um dos melhores campeonatos que já vi,o melhor pós Schumacher.O campeonato está na mão do Hamilton e o de contrutores,a Ferrari está muito interessada nesse título,ele passaram a gostar do título de pilotos na era Schumacher,mas depois que ele saiu,agora tanto faz,tanto fez...
Groo: 2008 terá um lugarzinho especial na memória de todos, penso eu. As muitas vitórias de muitos pilotos e equipes diferentes foram um traço delicioso desse ano. A gente costuma dizer "vai tarde" quando se despede de algo ou alguém de que não gostamos, né?
2008 vai cedo;
Felipão: citação já agradecida lá no BlogSport e aqui tmb. Valeu!
Pois é, rapaz, era pra ser 100% Felipe nesses últimos dois anos. Só não foi por causa do necessário jogo de equipe em 2007;
Diego: tomara mesmo. Tomara também que o Mosley não enlouqueça de vez no seu último ano de mandato e desfigure (mais) a F-1;
Cris: pelo que percebo, a torcida pelos vermelhos não fica só em terras brasileiras, ela atravessa o Atlântico;
Marcos: tomara que você esteja errado, cara! Poxa, o título de pilotos dá uma tremenda visibilidade à equipe.
Ficam os agradecimentos de sempre a vocês que me visitam!
Eu fico imaginando se o Hamilton não tiver assimilado tal lição e cometer outra patacoada daquelas. Vai ser apedrejado e cravado como amarelão por um bom tempo. Dois anos seguindos não dá. Acho que agora o título não lhe escapa.
Se bem que com a chuva que vem por aí, nunca se sabe...
É, Maciel, e ainda há a previsão de chuva, que aumenta as chances de erros pra todo mundo. Os mais agressivos sofrem mais, hehe!
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