A última vitória de Barrichello
Edição 2004 da prova chinesa, estréia do circuito de Xangai.
Esse era o primeiro GP China da história, que começava a sinalizar a tendência da F-1 de caminhar a passos largos para mercados emergentes endinheirados (há anos isso acontece, o GP Malásia, por exemplo, estreou no calendário em 1999 e jamais saiu. Enquanto isso Magny-Cours, sede do tradicionalíssimo GP França, escorregou na crise mundial e dançou) e/ou países que com petrodólares sobrando como o Bahrein.
Na China, economia que mais cresce nessa década, o 1º gp foi um sucesso. 200 mil pessoas se acomodaram no suntuoso autódromo desenhado por Hermann Tilke para ver o circo da velocidade, esporte ao qual não estão acostumados. Muito diferente da lotação registrada na corrida de ontem, com autódromo às moscas. Talvez a curiosidade dos chineses tenha causado o enganoso sucesso da corrida. O pessoal fez uma força para abrir o olhinho puxado, viu o monte de carros passando e fazendo um baita barulho, tirou umas fotos e ninguém voltou mais. Automobilismo é um corpo estranho à cultura chinesa. E continua sendo.
Mas, voltemos a 2004. A estréia da corrida chinesa aconteceu numa das temporadas mais monótonas da história. A Ferrari deitou, rolou e fez o piloto campeão, o vice e, de quebra, papou o mundial de construtores. Apesar da aparente apatia, o GP China daquele ano até foi divertido.
Pra começar, a estrela maior se classificara mal. Em 2004, o treino de sábado seguia o modelo da F-Indy: um piloto por vez na pista, com apenas uma tentativa. E Schumacher, que sofria com um carro mal acertado ao traçado chinês, rodou em sua única volta rápida. Optou por largar dos boxes no domingo.
Enquanto o alemão, já campeão pela 7ª vez (essa última de forma antecipada), tinha problemas, Rubens Barrichello tratava de colocar a Ferrari onde se esperava que ela estivesse: na ponta. O brasileiro se torna o primeiro pole do GP China, acompanhado por Kimi Raikkonen, da McLaren, que lhe daria um certo trabalho durante a prova.
A largada acontece de forma tranqüila no domingo. Barrichello conserva a ponta, seguido por Raikkonen. O finlandês se mantém o tempo todo próximo de Rubinho, mas jamais tem proximidade suficiente para tentar um bote definitivo. Mais atrás, Alonso sofre a ultrapassagem promovida por Jenson Button, numa época em que a Honda apresentava um desempenho respeitável.
Procedente da última posição, Schumacher esforçava-se para reagir e recuperar terreno. Mas no afã de abrir caminho e se aproveitar da superioridade de seu equipamento, o alemão exagera na tentativa de ultrapassagem sobre Christian Klien, da Jaguar. O heptacampeão tentou superar o austríaco no grito e os dois acabaram batendo. Klien abandonou, enquanto Schumi prosseguiu. Três voltas depois do incidente, o tedesco rodou sozinho no curvão que antecede a grande reta. Pra finalizar o péssimo fim de semana, a Ferrari de número 1 sofreria um furo de pneu a 20 voltas do término da corrida, e cruzaria a meta numa incomum 12ª colocação. Apesar da má posição de chegada, Michael Schumacher protagonizou duelos interessantes com David Coulthard e com o irmão Ralf e, de quebra, marcou a melhor volta da prova.
Ainda no pelotão do meio, os mesmos Coulthard e Ralf superados pelo “Schumacão” se envolveram num toque parecido com de Klien e Michael. Coulthard tentou realizar a ultrapassagem na marra e os dois se tocaram. O alemão da Williams abandonou e desceu do carro reclamando da equipe, que não estava preparada para recebê-lo. Poucas voltas depois o pneu dianteiro-esquerdo de Coulthard foi pras cucúias, possivelmente danificado no toque com a Williams de Ralf.
Nas voltas finais, uma cena curiosa: a Minardi de Gianmaria Bruni fica sem a roda dianteira-esquerda. O italiano foi obrigado a dar quase uma volta inteira com o carro “manco” e acabou abandonando.
No final das contas, Button consegue ganhar o segundo lugar de Raikkonen no pit stop. Barrichello lidera de ponta a ponta vence o 1º GP China da história. Foi a última vitória de sua carreira, acompanhado por Jenson Button (curiosamente, seu futuro parceiro na Honda a partir de 2006) e Kimi Raikkonen.
No pódio, Luca di Montezemolo recebe o troféu pelo time italiano e acaba tomando um banho de champanhe. Certamente, Rubinho foi o único homem a deixar todo-poderoso presidente da Ferrari tão molhado.
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4 comentários:
alguns comentários:
1- q saudade dos bons e velhos motor V10... esse som é inesquecível
2- saudade tb da "flecha de prata" da Mclaren, pra mim uma das pinturas mais bonitas de toda a F1
3- saudade da Honda andando bem. Button em 3º e Sato em 6º já está guardado como relíquia na Honda.
4- e por fim saudade desses bons tempos do Rubinho (e depois dizem q ele não pilotava nada...).
Belo vídeo que vc encontrou em Fábio, resumo da prova em 10 ótimos minutos, é isso ae blogueiro
Bela lembrança...
E será que estaríamos acompanhando sua despedida da categoria???
Po Saudades da Williams andando bem,mesmo com aquela droga de Ralf Schumacher...
Maeda: 1) os V10 também me deixam saudoso. Aquele gritinho estridente é muito legal. 2) essa pintura da McLaren é bonita mesmo. Pena que o carro não tenha sido tão vencedor. 3) Outros tempos na Honda, cara. De vez em quando eles beliscavam um pódio. 4) Rubinho tinha uns lampejos, fazia corridas sensacionais. A prova anterior a essa ele também venceu, na Itália. Largou em 1º, caiu lá pra baixo e deu show, fazendo uma dobradinha com Schumacher;
Felipão: infelizmente, acho que de 2008 o Barrichello não passa;
Marcos: se não me engano foi nesse ano que a Williams estreou aquele bico estranho que não muito resultado, né?
Senhores, como sempre, não deixo de agradecer.
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