segunda-feira, 1 de setembro de 2008

Spa-Tilke?

Um arrepio gelado cruzou a espinha dos F-1 maníacos: a notícia de que a pista belga de Spa-Francorchamps será alterada até 2010. A razão das mudanças seriam (sempre ele) o aumento da segurança e a diminuição da extensão da pista (atualmente a mais longa do calendário com pouco mais de 7 km).



É realmente uma pena. Spa é o último dos circuitos que resistem à pasteurização imposta pelas regras de segurança. É o último daqueles circuitos que ainda possuem alguma personalidade. A pista belga é uma exceção num mundo de retas mutiladas como em Hockenheim, na Alemanha, outra pista que ficou sem "alma" depois de sofrer uma reformulação de seu traçado. Em nome da segurança, o que havia de melhor na pista alemã (suas intermináveis retas) foi duramente removido, e o autódromo se tornou "mais um" no meio de tantos outros. Spa corre esse risco.


E é certo que, caso a notícia da reforma em Spa se confirme, Hermann Tilke, o arquiteto preferido de Bernie Ecclestone, será o resposável pela obra. Em seu currículo estão os circuitos de Sepang, Sakhir, Xangai e Istambul. Todos moderníssimos, claro, e todos sem personalidade alguma. Tilke ainda foi o responsável pela tal reforma em Hockenheim. Elogiadíssimo pelos cartolas, o arquiteto não é tão bem cotado entre o fãs do automobilismo.


A Fórmula-1 vai seguindo a tendência da segurança, mas será que em troca disso teremos circuitos todos iguais? Um giro rápido pelo calendário e o leitor encontrará poucas pistas realmente com "temperamento" próprio, características natas que de longe definem sua existência. Fazendo uma varredura em busca de pistas com esse perfil eu encontro apenas cinco: Mônaco (por razões que eu não preciso relatar aqui), Montreal (retas longas, freadas fortes), Spa (curvas de alta, de baixa, subidas, descidas e tangências desafiadoras), Monza (maior média horária do ano e a curva Parabólica, um desafio a ser contornado 53 vezes durante uma corrida) e Interlagos (maior diferença de altitude do calendário, longas retas contrastando com um miolo travado). Sem falar no circuito japonês de Suzuka, uma espécie de Spa do oriente, que nem está no calendário desse ano. O GP Japão agora está sediado na pista de Monte Fuji, por razões comerciais.


Fora esses exemplos o resto se torna apenas resto, um monte de retas misturadas com algumas curvas que não me dizem muita coisa. Um retrato tilkenizado de uma categoria que parece estar perdendo o melhor de sua história.

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