segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Vai ou não vai?

"Eu sempre disse que o nosso principal interesse é a equipe e os pilotos sabem disso. Neste momento do campeonato, não podemos tirar pontos um do outro. No que for possível Kimi será bastante agressivo, mas sempre considerando que Felipe está mais perto do líder."

Stefano Domenicali, chefe da equipe Ferrari.

"Minha situação não está boa, mas eu continuarei lutando pelas melhores colocações nas próximas corridas."

Kimi Raikkonen, atual campeão do mundo, 21 pontos atrás do líder Lewis Hamilton e 20 atrás do companheiro de equipe Felipe Massa.

Como era previsto, a Ferrari sinaliza (tardiamente, na opinião de muitos) que a hierarquia dentro da equipe será estabelecida. Massa, o único capaz de acompanhar o desempenho de Hamilton, passará a obter vantagem nas estratégias da Ferrari, e Raikkonen assumirá o papel de escudeiro. Será mesmo?

A situação na equipe italiana é inusitada: o atual campeão do mundo atravessa uma péssima fase, está mais de 20 pontos atrás dos líderes restando apenas 40 possíveis. Não há dúvidas sobre quem merece prioridade na equipe. Mas Raikkonen, apagado ou não, desmotivado ou não, está carregando o número 1 na frente de sua Ferrari. O que está envolvido nessa tentativa de hierarquizar a dupla vermelha é mais do que simplesmente Massa ser o número 1 e Raikkonen o 2. A questão passa por vários outros pontos.

Um deles é o fato de Kimi ser o atual campeão. O triunfo de 2007 dá ao finlandês a possibilidade de não se sentir obrigado a “escudeirar” Massa. Raikkonen carrega o trunfo de ter ganho um campeonato em condições extremamente desfavoráveis ano passado, tirando uma diferença enorme nas últimas 4 corridas. Talvez essa lembrança, ainda muito viva, cause certa dificuldade de compreensão a Kimi e a relutância em se submeter a Massa.

Mas, o título conquistado de forma surpreendente por Kimi teve a importante colaboração do brasileiro. No GP Brasil, Massa era líder, com certa sobra, e caminhava para mais uma vitória dentro de casa. Raikkonen, o segundo, precisava de mais 2 pontos para ser campeão, e a Ferrari fez (dessa vez com extrema competência) o jogo de equipe: Massa parou nos boxes mais cedo, Kimi continou na pista com o carro leve e ao voltar do pit stop, era o líder em Interlagos. Felipe abdicava de uma vitória dentro de casa, algo que todo piloto valoriza, mas era o homem da equipe, priorizando o sucesso coletivo em detrimento do êxito pessoal. Muita gente considera que Raikkonen tem uma dívida com Felipe por causa da manobra de Interlagos. Não tem. Massa apenas foi profissional e atendeu a um pedido dos patrões. Nada mais que isso.
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As cartas estão na mesa e o jogo está claramente favorável a Massa. Raikkonen sabe que a Ferrari é caracterizada pelo pensamento na equipe como um todo, como bem disse Domenicali, e o sucesso desse “todo” é a conquista do mundial de pilotos. Kimi está fora da briga e tem plena consciência de que se não ceder aos interesses do chefe pode estar comprando uma briga histórica dentro da equipe mais visada do automobilismo mundial. É esperar para ver.

2 comentários:

Anônimo disse...

Na Ferrari já se fala que o Kimi terá que ajudar o Massa nas próximas corridas (com contrato até 2010 acho que ele não será louco de não ajudar), o Kubica é um piloto regular mas não deve brigar pelo título, acredito que esse ano a disputa ficará mesmo entre Hamilton e Massa ...........

Fábio Andrade disse...

É uma situação delicada, senhores. Também acho que, cedo ou tarde, o Kimi terá de dar o braço a torcer. Afinal, a Ferrari ainda é a Ferrari, a equipe que mais valoriza a hierarquia numa briga por títulos!