quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Remakes, Encontros & Despedidas

Remake, na cultura pop-americano-brasileira, é a reedição de uma história já contada. É algo muito comum nas novelas globais, que vez por outra contam de novo a mesma história, até com o mesmo título. As vezes dá certo, proporciona um grande sucesso de audiência. Outras vezes é desastroso, e a nova-velha versão da mesma história é um mico retumbante.

O remake que se desenha na F-1 é o novo casamento entre o nome Senna e a marca Honda. Segundo as últimas especulações, o sobrinho do tricampeão que virou ídolo na terra do sushi e a marca que é um dos símbolos da eficiência da indústria japonesa estão cada vez mais próximos. Bruno Senna estaria para ser contratado como piloto titular da equipe para o ano que vem.

Seria uma dobradinha reeditada, semi-cópia do que aconteceu há 20 anos atrás. Na ocasião, a união entre Ayrton Senna e a Honda, que motorizava a McLaren, rendeu a parceira de maior sucesso da F-1 até então. Para 2009 o cenário é muito menos modesto: a Honda não tem aquela liderança de 20 anos atrás e não me parece ser um bom lugar para se estrear na F-1.

Bruno também tem seu nome ligado à Toro Rosso, mas na equipe de Gerhard Berger já há muita gente pleiteando vaga. E a Honda me parece mais provável porque em 2009 a Petrobras passará a patrocinar a equipe e a presença de um brasileiro é algo dado como certo.

Esse brasileiro poderia ser Rubens Barrichello, atual titular da equipe junto com Jenson Button. Rubinho, porém, parece caminhar para uma aposentadoria forçada. Apesar de viver declarando que ainda sente prazer em guiar na F-1 e que gostaria de continuar, apesar dos 36 anos, Barrichello não teve o contrato renovado até o momento. Pode ser uma saída forçada e pouco elegante de um piloto que foi apontado como o sucessor de Senna nos anos 90 e acabou se tornando escudeiro do multicampeão que cravou o nome entre os maiores do automobilismo.

A possível reedição da parceira Senna-Honda pode marcar a despedida de um veterano que por anos foi a maior esperança de vitórias brasileiras na F-1. Se as coisas se encaminharem assim, confesso que ficarei divido entre dois sentimentos inversos: a alegria por ver mais um brasileiro chegando à categoria e a tristeza por ver o boa-praça Barrichello se despedindo. Rubinho não é unanimidade, para muitos é um atrapalhado que resolveu brincar de carrinho, mas foi com ele que eu e boa parte dos atuais espectadores do automobilismo aprendemos a gostar do esporte. Rubens, sem dúvida, merecia uma saída mais digna.

3 comentários:

Ron Groo disse...

Eu disse isto no blog do Ico, talvez fique um pouco fora do contexto de seu post, porém tem a ver com Brunno Senna.
Penso que desta vez o Rubinho acertou em lhe recomendar prudencia e paciência. Tá certo que o Barrica quer defender o proprio emprego, mas, a grosso modo pode-se dizer que:
Talento, Bruno tem sim e mais tem um sobrenome que querendo alguns ou não ainda vai lhe abrir um monte de portas.
Seria a hora de aguardar, Testar por uma equipe médiam talvez Renault e ter a chance de estrear numa equipe de média para grande. Com o peso do "Senna" a forçar as portas, não duvido que a tal equipe apareça.

oliver disse...

Duas coisas.


Primeira.

Acho que a grande decepção que o Rubinho causou foi em consequência de, aos poucos, as pessoas virem a descobrir que o contrato com a Ferrari era realmente de segundo piloto, não mais que isto.

E que as palavras dele, que a cada duas usava 10 vezes a expressão "o Ross e eu", não passavam de uma forma de vender uma ilusão.


Segunda.

O Bruno deve agarrar esta oportunidade com unhas e dentes.

O resto é o resto, é futuro e fica pra depois.

O ano em que Vettel ganhou, Alonso ganhou, mostra que na F1 tudo é possível.

Até a Honda piorar, OU NÃO.


Grande abraço.

Fábio Andrade disse...

Groo: estou com você. A Honda não me parece o lugar mais apropriado para uma estréia. Bruno pode correr o risco de de comprometer seu começo na F-1, preso a um carro ruim onde seu talento dificilmente poderá será notado.

Acho que seria o caso de aguardar uma chance numa média e/ou esperar mais um ano, por que não?

O sobrenome é forte, abre muitas portas, mas também cria muitas cobranças. Uma vez que o nome Senna for citado, se exigirá performances fantásticas e resultados fora do comum. A Honda dificilmente irá proporcionar essa possibilidade ao sobrinho do Ayrton;

Oliver: em primeiro lugar tenho que lhe pedir desculpas por um ato falho que eu venho cometendo há semanas: tratar-te por OlivIer. Me desculpe, cara!

E quanto ao Rubens, não há dúvidas: frustou muita gente, sempre tinha uma desculpa mirabolante para os maus resultados. Virou uma caricatura viva ao se submeter passivamente ao que acontecia na Ferrari. Mas sempre terá meu respeito por me fazer chorar com a brilhante vitória em Hockenheim.

Eu não me esqueço do dia: eu, no auge dos meus 11 anos, deitado na sala de casa, num dia frio, de pijama, eletrizado com o fim da corrida. Na bandeirada as lágrimas quentes já desciam e eu gritava que nem um louco. Era um grito que estava engasgado e que saiu com toda a força que eu pude fornecer.

O relato é essencialmente emocional. Mas é retrato do meu respeito, apesar de todos os pesares, pelo Barrica. Foi ali que a F-1 me contagiou de vez. Foi a partir dali que eu passei a acordar nas madrugadas para ver as corridas. Por esse poder de cativar e de manter o interesse (ainda que modesto) de uma parte dos espectadores, eu acho que o Rubinho foi um cara muito necessário. Creio que muitos da minha faixa etária começaram a acompanhar F-1 nesse difíceis "Anos-Barrichello".

Quanto ao Bruno, reitero: ainda acho que é melhor esperar outra chance. Toro Rosso e Renault, os carros de Vettel e Alonso, são razoavelmente superiores à Honda. Claro, 2009 trás mudanças intensas no regulamento, mas acho improvável que os japoneses consigam uma grande virada, apesar de torcer por isso.

Abraços com os protocolares agradecimentos!