sábado, 4 de outubro de 2008

O Mercado

Não, aqui (pelo menos dessa vez) não falaremos do mercado financeiro mundial, a um passo de entrar em severa convulsão. Falaremos de um mercado que negocia gente, talento, e, claro, muita grana também!

É o mercado dos pilotos de Fórmula-1 nesse fim de temporada 2008. O ano está acabando e, ao contrário das últimas temporadas, muitas equipes ainda não definiram suas duplas e muita gente está sem ter certeza se vai ter carro para correr em 2009 ou se ficará a pé.

O “Elemento X” da atual indefinição do mercado é o bicampeão Fernando Alonso. O espanhol está na Renault, mas o consenso da Rádio-Paddock (a agência não-oficial de notícias, fofocas, boatos e futilidades da F-1) é de que ele mire uma vaga na Ferrari em 2010. Mas, a equipe já tem dois pilotos confirmados até lá. Mas dizem que o contrato de Raikkonen pode ser cancelado até lá. Mas isso ninguém tem certeza porque o contrato é confidencial. E de “mas em mas” segue a boataria em torno da indefinição da vida do espanhol.

A certeza maior é uma só: Alonso não quer ficar limitado em um carro fraco como a Renault que, em condições normais de temperatura e pressão, não lhe oferece chance nem de pódio. Porém, as portas das duas equipes grandes, Ferrari e McLaren, estão (até onde nossa vã filosofia nos permite apurar) fechadas ao bicampeão espanhol.

Alonso teria várias opções para o ano que vem. Os jornais europeus já o garantiram na BMW, na Honda, na própria Renault, na Ferrari, e a última fofoca da qual tive notícia o colocava na Toro Rosso. E a virtual presença de Dom Alonso das Astúrias em cada um desses times significa a derrocada de alguém que deve dar lugar ao espanhol, exceto, talvez, na Renault. Confira os possíveis cenários:

Alonso na Renault: para o editor desta página, é o cenário mais provável. Alonso já é da casa, conhece bem a escuderia francesa e tem moral dentro do time por ter conseguido a glória de dois títulos mundiais guiando pela equipe. A saída do bicampeão para a McLaren em 2007 não parece ter provocado ressentimentos entre os comandados pelo italiano Flávio Briatore.

E mesmo tendo um desempenho tão ruim como o desse ano a Renault pode sonhar com uma perspectiva de melhora. Ano que vem o regulamento sofrerá mudanças profundas quanto ao modelo dos carros. Serão alterações na aerodinâmica (que será restringida), nos pneus (voltam os slicks) e a introdução do KERS, o sistema de recuperação de energia cinética. Nesse ambiente é possível que as duas grandes, envolvidas com disputa do título desse ano, percam algum tempo no desenvolvimento dos bólidos de 2009, e sobre um espaço para os times emergentes;

Alonso na BMW: por falar em emergente, esse é o maior exemplo de equipe que promete e cumpre. Há um tempo atrás Mário Theissen, o alemão que chefia a equipe também alemã, prometeu que 2008 seria o ano de a BMW vencer seu primeiro gp, dada a rápida evolução do time desde que foi comprado pela montadora. E a promessa foi cumprida em Montreal, no GP Canadá. Segundo Theissen 2009 é o ano de brigar pelo título. É perfeitamente crível.

A equipe alemã cresceu fortemente desde que foi vendida por Peter Sauber. Com uma significativa injeção de capital o time fez um bom ano em 2006 e foi o destaque de 2007. No início da atual temporada incomodou as duas equipes-titãs e chegou a liderar o campeonato. De lá pra cá, os alemães parecem ter perdido um pouco daquele brilho, mas ainda são a 3ª força do atual grid, seguramente.

Além da boa equipe técnica o time conta com uma dupla de pilotos festejada: o polonês Robert Kubica e o alemão Nick Heidfeld são rápidos o suficiente para, vez ou outra, terminar as corridas se intrometendo entre as Ferrari e as McLaren. Heidfeld, porém, parece ter se perdido no cockpit do F1.08: é regularmente batido pelo companheiro de equipe, tanto nas classificações quanto nas corridas, e o desempenho modesto do alemão em relação ao polonês levanta desconfianças da direção da equipe. Diz-se que Heidfeld está na corda bamba.

A possível saída de Heidfeld abre uma brecha para uma possível entrada de Alonso no time bávaro. Se a transação realmente se confirmar, Alonso formará com Kubica uma das duplas de maior octanagem do grid: o polonês já exibiu seu grande talento e velocidade e do asturiano não é preciso falar nada.

Essa opção seria, a meu modo de ver, a mais acertada para o bicampeão. A BMW é a mais promissora das equipes médias, estando num patamar acima de Renault, Toyota, RBR e STR, mas um passo atrás de Ferrari e McLaren;

Alonso na Toro Rosso: a equipe do ex-piloto austríaco Gerhard Berger também chegou a sua primeira vitória em 2008. O prodígio alemão Sebastian Vettel levou o bólido italiano ao alto do pódio do GP Itália, em casa, no circuito de Monza, com uma exibição irretocável. Por essas e outras o menino, apelidado de Baby-Schumacher, está de malas prontas para sair da filial, a Toro Rosso, e ir para a matriz, a Red Bull. Não se sabe até onde a mudança de ares será positiva para Vettel, já que a equipe de Berger vem conseguindo resultados mais expressivos do que os do time das bebidas energéticas.

O fato é que a saída de Vettel também deixa uma vaga em aberto. E os postulantes a esse espaço não são poucos. Baseado nas fofoquinhas dos periódicos europeus, pode-se apontar pelo menos três pilotos na briga pelo lugar no time italiano: Alonso, Bruno Senna e, numa hipótese por mim considerada improvável, Nick Heidfeld.

Certa vez, Berger afirmou que a composição ideal para sua equipe teria um piloto jovem e outro mais experiente. E essa descrição cabe perfeitamente no cenário da equipe caso Alonso realmente seja contratado: Bourdais, que forma a atual dupla com Vettel, seria o talento jovem e o bicampeão seria a voz da experiência nos boxes da Toro.

A tal fala de Berger também pode sinalizar a vinda de Bruno Senna para a STR. Nesse caso, Bourdais ficaria a pé e o brasileiro formaria dupla com o espanhol. O mais improvável é a vinda de Heidfeld. Outrora considerado um futuro campeão, Heidfeld teve como sina ser eclipsado pelos companheiros de equipe: levou um banho de Raikkonen na Sauber e está sendo moído por Kubica na BMW. Acabou ficando com um ar de Rubens Barrichello: jovem talento não confirmado na categoria principal.

Para o editor deste mambembe blog, a Toro Rosso é uma opção plausível para Alonso. A equipe já admitiu que aceita o espanhol mesmo com um contrato curto e maleável, para o que o asturiano possa sair quando pintar a desejada vaga na Ferrari. Falando em Ferrari, a STR corre com motores do time do cavalinho rampante. Ótima chance para o espanhol ir se familiarizando;

Alonso na Honda: é, de longe, a pior saída. Apesar dos fartos recursos financeiros que a montadora oferece, a Honda ainda não retomou o sucesso dos anos 80/90, quando equipou os campeoníssimos McLaren de Alain Prost e Ayrton Senna. Vive na pindaíba, brigando com a Force India para não ocupar a última fila do grid.

Mas não é uma chance descartada por Alonso. Vale lembrar que o time está sob a batuta de Ross Brawn , um dos arquitetos da ressureição da Ferrari na virada da última década. Portanto, a Honda pode ser uma das surpresas de 2009. Na hipótese da ida do bicampeão para o time japonês, a primeira cabeça a ser degolada, em tese, é a de Rubens Barrichello. Em um fim de carreira decepcionante, Rubinho ainda não teve menção de renovação de contrato com a equipe e pode “ser aposentado” pela contratação do espanhol.

Como já disse, essa é a pior saída possível para Alonso;

Alonso na Ferrari: coloco a escuderia italiana nessa postagem mais pela insistência da mídia em tratar do assunto do que por acreditar que é algo concreto. Para 2009 a hipótese jamais seria possível porque o contrato de Raikkonen e Massa não oferecia essa brecha. Mesmo assim surgiram teorias que falavam em um rompimento entre a equipe e o finlandês. A possibilidade foi logo anulada por Luca di Montezemolo, presidente da Ferrari, que garantiu não só a manutenção do contrato do nórdico como sua extensão até 2010.

Imediatamente após o anúncio da prorrogação do vínculo de Raikkonen com a Ferrari novos boatos surgiram, dando a renovação como uma espécie de agrado da equipe para incentivar o atual campeão do mundo a ajudar Massa na tarefa de garantir o título desse ano. Segundo as novas especulações, a partir do fim de 2009 a multa rescisória para uma possível dispensa de Raikkonen seria ínfima e/ou facilmente pagável por um patrocinador forte (notadamente fala-se muito no banco espanhol Santander).

A presença do asturiano na equipe italiana não é algo impossível, afinal, já vimos muitos contratos serem rompidos na F-1. Mas, definitivamente, não é algo para 2009 e, na remota possibilidade de se confirmar em 2010, certamente seria uma união de grande sucesso. Há, porém, certo receio em relação ao temperamento desagregador do bicampeão, que poderia gerar atritos importantes entre a dupla de pilotos que vier a se configurar, algo não tolerado na equipe de Maranello.

4 comentários:

Felipão disse...

Estou com vc, Fabio..

acho que talvez a Renaul seja o caminho pra ele

infelizmente

Anônimo disse...

A Toro Rosso é o melhor lugar se ele estiver queredo uma vaga na Ferrari

Felipão disse...

Fabião

Eu mudei o link do meu blog:

http://blogsportbrasil.blogspot.com/

Será que vc poderia trocá-lo na sua lista de links???

Desculpe o incômodo

Obrigado

Felipe

Fábio Andrade disse...

Felipão/Sérgio: com o anúncio da BMW fico com a impressão ainda mais acentuada: a Renault é o único caminho de Fernandito. Mesmo que a Toro ofereça condições médias de competitividade, acho que na Renault ele está mais garantido.