domingo, 29 de março de 2009

Austrália - Results & Coments [4]

Enfim, a corrida, a Brawn e tudo mais

A corrida da madrugada ainda vai gerar muitos ecos, quem duvida?

Precisei de algumas horas de recuperação para começar a juntar os cacos, as imagens, os flashes, todas as impressões da corrida da madrugada. O que fica é a sensação de que fui jogado do alto de um prédio mas ainda não terminei de concluir que estou em queda livre (não há aqui nenhuma menção ao caso Isabela Nardoni, que completa um ano hoje. Só percebi a coincidência depois de o texto já estar pronto).

A Brawn venceu a primeira corrida de sua história com dobradinha. É lógico que o feito está na história. Ainda mais por não ser uma daquelas vitórias que resultam de circunstâncias absurdas e sim por ser um êxito de um time que já é apontado como favorito a mais vitórias durante o ano.

Tudo isso na primeira corrida de uma equipe que é descendente de um caos motorizado, a Honda dos anos 2000.

É uma vitória com mais valor do que a dobradinha da BMW em Montreal no ano passado, ocasião em que Kubica e Heidfeld foram beneficiados pelos erros dos pilotos e das equipes grandes em si.

Então é parabéns a Ross Brawn a Jenson Button e, em menor grau, a Rubens Barrichello. Sim, porque o brasileiro cometeu uma série de erros evitáveis, especialmente na primeira parte da corrida. Se chegou em 2º, deve o favor a Robert Kubica e a Sebastian Vettel, de quem falaremos mais tarde.

Por enquanto, o assunto é a Brawn GP.

Button correu sozinho. Não viu Vettel no retrovisor de seu BGP001 porque nem o alemão, nem ninguém conseguiu desempenho paralelo ao seu. Largou e escapou, sabendo que o único com possibilidades de incomodá-lo era Rubens Barrichello. Mas Rubens Barrichello que é bom, nem perto de Button esteve.

O engate errado de marchas na hora da largada fez com que Rubinho ficasse estático por frações de segundo essenciais na hora da partida. Relegado ao meio do grid, Barrichello ainda se envolveu num toque com a McLaren de Heikki Kovalainen. Por uma incrível sorte, o BGP001 de Rubens apenas sofreu uma avaria relativamente amena, enquanto o MP4/24 de Kova abandonou com a suspensão quebrada. Posicionado na 7ª colocação, Barrichello encerrava momentaneamente o sonho de dobradinha da Brawn.

Sebastian Vettel e Felipe Massa agradeciam a Rubinho. Ocupando, respectivamente, o 2º e o 3º lugares, os dois faziam uma corrida que “dava para o gasto”, afinal, nenhum deles tinha chance de se aproximar de Button, que a essa altura já estava a 4 segundos de distância.

Para Massa e para a Ferrari, o GP Austrália se revelaria o pior dos pesadelos. Primeiro, a equipe rubra escolheu mau a estratégia, avaliando, erradamente, que os pneus macios eram os mais apropriados para a 1ª parte da corrida. Em 10 voltas tanto Massa como Kimi Raikkonen estavam com os calçados deteriorados e tiveram que entrar no boxes. Maranello passaria a trabalhar com a arriscada estratégia de 3 pit stops, a despeito das prováveis entradas do Safety Car.

Eis que pouco depois, Kazuki Nakajima acerta o muro de Melbourne rodando sozinho. Inevitável entrada do carro-madrinha no traçado australiano.

Na relargada, Nelsinho Piquet saiu da pista, atolando na caixa de brita. Pôs a culpa nos freios frios por causa do longo período de intervenção do Safety Car, mas sabe que as cobranças vão se intensificar ainda mais na Renault.

Mas Piquetzinho não foi o único a viver momentos delicados no GP Austrália. Giancarlo Fisichella também merece uma citação na sessão que se destina a lembrar das patacoadas da prova australiana. Veterano que é, Físico foi capaz de errar a entrada de boxes da Force India. Sensação de que, sai ano, entra ano, e a equipe indiana continua mergulhada entre as pequenas.

A personagem que mais sofreu, porém, foi a Ferrari. Além da falta de ritmo evidente durante a corrida, a equipe provou que a eficiência do KERS é altamente discutível. O equipamento teve pouca relevância para Massa e Raikkonen na disputa por posições. No fim das contas, nenhum dos dois terminou a corrida, Massa com problemas mecânicos, Raikkonen por bater sozinho no muro e danificar a parte dianteira do carro. Coroaram assim o pior começo de temporada vivido pelo cavalinho rampante em mais de 15 anos.

Quase no fim da corrida, no entanto, ocorreu o lance que decidiu a vida de Rubens Barrichello e determinou sua volta ao 2º lugar da corrida.

No giro 56, Barrichello estava em 4º, já resignado com a posição que, depois de tantos toques durante a corrida, não era ruim. Mas um incidente entre Vettel e Kubica mostrou que a sorte estava do lado do brasileiro em Melbourne.

Kubica, em 3º, com mais desempenho e pneus menos gastos, se aproximou rapidamente de Vettel, em 2º, que sofria com o desgaste dos compostos. Os dois dividiram uma curva lenta da pista e saíram tracionando lado a lado. Vettel, afobadamente, decidiu que tinha direito de ir empurrando Kubica para fora do traçado. O polonês, não menos burramente, teimou em se manter ao lado do alemão. Resultado: o toque que retirou as asas dianteiras de ambos. Fim abrupto e desnecessário para dois dos mais elogiados pilotos do grid.

Do lado positivo da corrida, Nico Rosberg mostrava-se um ferrenho batalhador que não se intimidou diante da Ferrari de Raikkonen ou do carro de qualquer outro adversário. Pena que a escolha dos pneus macios para o terço final da corrida tenha lhe roubado a possibilidade de um pódio.

Outro que surpreendeu positivamente foi Lewis Hamilton. Partindo da 18ª colocação e com o péssimo carro da McLaren, o campeão foi o único das equipes ditas grandes até o ano passado a terminar a prova. O desempenho de Hamilton, porém, deve ser analisado sob a luz das batidas/abandonos de Massa, Kubica, Vettel, Nakajima, Raikkonen, além dos problemas de pneus de Rosberg e da desclassificação de Jarno Trulli que, largando do fim da fila, fez uma corrida valente, mas foi punido por realizar uma ultrapassagem sob bandeira amarela.

Quem, definitivamente, vai deitar a cabeça no travesseiro maravilhado é Sebastian Buemi. O único estreante da temporada conseguiu terminar sua primeira participação na F-1 na zona de pontuação.

O GP Austrália foi, enfim, a corrida dos estreantes!

GP Austrália, após 58 voltas:

1. Jenson Button - Brawn GP - 58 voltas

2. Rubens Barrichello - Brawn GP - a 0s8

3. Lewis Hamilton - McLaren - a 2s9

4. Timo Glock - Toyota - a 4s4

5. Fernando Alonso - Renault - a 4s8

6. Nico Rosberg - Williams - a 5s7

7. Sebastien Buemi - Toro Rosso - a 6s

8. Sebastian Bourdais - Toro Rosso - a 6s2

9. Adrian Sutil - Force India - a 6s3

10. Nick Heidfeld - BMW - a 7s

11. Giancarlo Fisichella - Force India - a 7s3

12. Jarno Trulli – Toyota – punido

13. Mark Webber - Red Bull - a 1 volta

14. Sebastien Vettel - Red Bull - a 2 voltas

15. Robert Kubica - BMW - a 3 voltas

16. Kimi Raikkonen - Ferrari - a 3 voltas (problema mecânico)

17. Felipe Massa - Ferrari - a 13 voltas (batida/problema mecânico)

18. Nelsinho Piquet - Renault - a 34 voltas (escapada)

19. Kazuki Nakajima - Williams - a 41 votas (batida)

20. Heikki Kovalainen - McLaren - a 58 voltas (suspensão)

4 comentários:

Marcos Antonio disse...

Amigo, que corrida! eu preferi escrever no calor do momento porque senão eu não ia dormir! Foi uma corrida espetacular, uma grande vitória Da Brawn, que se desponta ser favorita. E que bom que ela é garagista, é a essência da F1 voltando!Pelo menos espero que isso aconteça.

Ron Groo disse...

É... O Nelsinho tá se destruindo mesmo...

Quanto a uma vitória do 1B, só se o Button não estiver na pista...
Inglês, equipe inglesa, patrocinador inglês num esporte tipicamente inglês... sei não.

Anônimo disse...

kkkkk, aiai eu vou dar mta risada do que o Groo fala esse ano ainda rsss. Coitado do 1B gente rssss
Mas foi realmente maravilhoso pelo q estou vendo, pena que o meu maledito celular não tocou o alarme e qdo eu acordei jah tava rolando o pódio.
Então o paradigma foi mesmo quebrado, e q venha a Insossa Malásia.

Fábio Andrade disse...

Marcão: bicho achei que foi um corridão não tanto pela disputa na ponta, mas pelo resultado histórico;

Groo: eu ainda não havia juntado essas pontas. Mas acho que não faz mto sentido o Brawn tirar o Rubinho de dentro do pijama pra ser escudeiro de novo. Aposto numa disputa mais esportiva entre os dois;

Maeda: vc perdeu mesmo Paulo. E a Malásia esse ano parece que vai ser mais animadinha, previsão de chuva =)