terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Quem tem motor vai à Roma?

Roma, a cidade que já dominou metade do mundo pode sediar um gp de Fórmula-1. Sim, a Roma que ascendeu, dominou, foi palco de brigas ferozes pelo poder, se intitulou “clássica” e que, finalmente, sucumbiu aos bárbaros pode ser o lar de mais uma corrida de rua da categoria máxima.

A idéia é de Maurízio Flammini, italiano, ex-piloto de F-2 e SuperBike. Não é nova e, aos olhos de muitos (este blogueiro, inclusive), sequer é interessante. Apesar de membros da prefeitura romana dizerem que o projeto é “possível”, não é isso o que fica evidenciado em algumas observações sobre a capital da Itália:

- Roma sofre com um trânsito caótico. Seus 2,5 milhões de habitantes precisam de uma boa dose de paciência para se locomover na cidade. O metrô praticamente inexiste: são apenas 37km de linhas, insuficientes para a demanda diária. Sendo a F-1 um super-evento internacional, como a prefeitura romana planeja garantir a acessibilidade dos espectadores numa cidade com mobilidade deficiente?;

- Boa parte da dificuldade dos romanos em trafegar pela cidade se deve justamente ao valor histórico de Roma. Escavações de metrô são sumariamente interrompidas assim que se encontram vestígios da história são encontrados. Arquitetar um sistema de metrô sob as ruas romanas é inviável;

- A história conspira contra a F-1 em ruas de Roma ainda por outro motivo: as ruínas históricas da cidade são protegidas pela constituição italiana. Mexer em ruas e imediações de patrimônios desse gênero é algo trabalhoso e que esbarraria em uma série de medidas burocráticas.

Além de tudo, se Roma passar a sediar o GP Itália, a F-1 perde sua pista mais tradicional e uma das mais valorizadas pelos fãs: Monza. E é bom lembrar que, nesse caso, Roma é a bárbara, Monza é a clássica.

5 comentários:

Daniel Médici disse...

Não sou assim tão radical. Roma já teve uma infinidade de circuitos de rua, onde se correu desde os anos 20.

Os GPs de Roma, óbvio, nunca entraram no campeonato mundial de pilotos (a princípio, os GPs eram sempre nacionais, nunca regionais), mas foram competições importantes de carros esporte, de Grand Prix e de Fórmula 1 até os anos 50. A partir de então, as corridas com o nome GP di Roma passaram para o circuito de Vallelunga.

Se Roma entrar na F1, será o primeiro GP da Itália a ser disputado em circuito de rua desde 1948, quando C.F. Trossi venceu em Fiera Campionara, em Milão.

Vale lembrar que Monza é, de longe, a maior sede dos GPs da Itália, mas o automobilismo italiano, principalmente até os anos 50, não era feito de apenas uma corida, mas de dezenas delas em ruas e estradas de diversas cidades: Siracusa, Modena, Brescia, Bari, Nápoles, San Remo, Turim etc.

Daniel Médici disse...

Correção: em 1948, o GP da Itália foi disputado em Turim, circuito de Parco Valentino, e vencido por Wimille.

Os dados que eu mencionei se referem ao mesmo GP, de 47.

Anônimo disse...

olha eu até acho que não seria uma catástrofe até pq eu apostaria q seriam 2 GP's na Italia, mantendo a prova de Monza. Se fizeram isso com Alemanha e agora com a Espanha, por que não né?

Mas rapaiz, num sabia que Roma tinha uma malha metroviária menor que a de SP que eu já acho pequena..

Ron Groo disse...

Que seja então. Corra-se em Roma, contanto que para isto não se tire a corrida da Sagrada Monza, tudo bem.

Fábio Andrade disse...

Médici: uma verdadeira aula! Obrigado pela infinidade de informações que eram desconhecidas por mim. Com elas posso perceber que Roma não é assim tão bárbara, apesar de ainda não concordar com uma corrida de rua na capital italiana.

Valeu demais!;

Maeda: até concordo que a Itália tenha dois gp's, mas então, que volte San Marino.

E sim, o metrô romano é insuficiente como o de São Paulo;

Groo: pensando bem, se não tirarem a F-1 de Monza já será um grande negócio, né?