Samba do árabe doido
Em 4 de abril de 2004 era dada a largada para o 1º GP Bahrein da história. Sobre a corrida há pouco assunto. Michael Schumacher e Rubens Barrichello largaram, passearam, desfilaram a competência da Ferrari e limitaram-se a dar 57 tranqüilas voltas. Era a 2ª dobradinha da Ferrari em 3 corridas e a 3ª vitória de Schumacher no ano, aproveitamento de 100% no ano que, junto com 2002, foi o mais fácil da vida do alemão.
Mas a corrida árabe começou bem antes, curiosamente em 2002, o ano mais vermelho de todos os tempos. Foi em Monza, no Grande Prêmio da Itália de dois anos antes da primeira corrida desértica, que as autoridades barenitas anunciaram que o país sediaria uma corrida de F-1. Era setembro de 2002 e o GP Itália assistiu a uma dobradinha ferrarista, para delírio de milhares de tiffosi histéricos que invadiram a pista para saudar Barrichello e Schumacher, respectivamente, 1º e 2º colocados. Dois anos depois, quando a prova barenita tornou-se realidade, a dupla rossa repetiu a dose lá no oriente, apenas com as posições invertidas.
As obras para a construção do circuito ao redor de Manama, a capital do minúsculo país, começaram em novembro de 2002. A expectativa era de que fossem gastos US$ 85 milhões. Ao final das obras, os gastos superaram os US$ 130 milhões, indicando que as autoridades não economizaram na intenção de exibir para o mundo um Bahrein moderno e atrativo.
As razões que levaram os sheiks a abrir o bolso? Luís Fernando Ramos, in loco, esmiúça aqui. O que dá pra adiantar: petrodólares jorram do solo barenita. Grana não é um problema.
Galvão Bueno fez questão de salientar, durante a transmissão global, aquilo que o Ico não deixou de observar em seu blog: a infra-estrutura do autódromo é impecável. Tudo de primeira, espaçoso, confortável, irrepreensivelmente correto. As corridas lá, entretanto, costumam ser mornas, mas atraem um bom público, público este mais interessado em badalação e em ser visto no maior evento do país do que propriamente na corrida e nos motores. E enquanto o luxo e a ostentação promovem grid girls vertiginosas nos cartazes oficiais, as nativas ainda vivem sob o julgo do falso e cínico conservadorismo árabe.
O GP Bahrein é, enfim, uma corrida de contrastes. Contraste entre a super-organização do evento e o evento em si, que sempre deixa a desejar no quesito qualidade da corrida e é, sobretudo, um contraste de si mesmo. Corridas de automóveis são tão presentes na cultura árabe quanto parar para rezar voltado para Meca às 5 da tarde no ocidente. São valores incompatíveis. Mas o Bahrein que se mostrar para o mundo e a F-1 não é nada mais do que uma vitrine.
É assim desde 2004. E vai continuar a ser.
Em 4 de abril de 2004 era dada a largada para o 1º GP Bahrein da história. Sobre a corrida há pouco assunto. Michael Schumacher e Rubens Barrichello largaram, passearam, desfilaram a competência da Ferrari e limitaram-se a dar 57 tranqüilas voltas. Era a 2ª dobradinha da Ferrari em 3 corridas e a 3ª vitória de Schumacher no ano, aproveitamento de 100% no ano que, junto com 2002, foi o mais fácil da vida do alemão.
Mas a corrida árabe começou bem antes, curiosamente em 2002, o ano mais vermelho de todos os tempos. Foi em Monza, no Grande Prêmio da Itália de dois anos antes da primeira corrida desértica, que as autoridades barenitas anunciaram que o país sediaria uma corrida de F-1. Era setembro de 2002 e o GP Itália assistiu a uma dobradinha ferrarista, para delírio de milhares de tiffosi histéricos que invadiram a pista para saudar Barrichello e Schumacher, respectivamente, 1º e 2º colocados. Dois anos depois, quando a prova barenita tornou-se realidade, a dupla rossa repetiu a dose lá no oriente, apenas com as posições invertidas.
As obras para a construção do circuito ao redor de Manama, a capital do minúsculo país, começaram em novembro de 2002. A expectativa era de que fossem gastos US$ 85 milhões. Ao final das obras, os gastos superaram os US$ 130 milhões, indicando que as autoridades não economizaram na intenção de exibir para o mundo um Bahrein moderno e atrativo.
As razões que levaram os sheiks a abrir o bolso? Luís Fernando Ramos, in loco, esmiúça aqui. O que dá pra adiantar: petrodólares jorram do solo barenita. Grana não é um problema.
Galvão Bueno fez questão de salientar, durante a transmissão global, aquilo que o Ico não deixou de observar em seu blog: a infra-estrutura do autódromo é impecável. Tudo de primeira, espaçoso, confortável, irrepreensivelmente correto. As corridas lá, entretanto, costumam ser mornas, mas atraem um bom público, público este mais interessado em badalação e em ser visto no maior evento do país do que propriamente na corrida e nos motores. E enquanto o luxo e a ostentação promovem grid girls vertiginosas nos cartazes oficiais, as nativas ainda vivem sob o julgo do falso e cínico conservadorismo árabe.
O GP Bahrein é, enfim, uma corrida de contrastes. Contraste entre a super-organização do evento e o evento em si, que sempre deixa a desejar no quesito qualidade da corrida e é, sobretudo, um contraste de si mesmo. Corridas de automóveis são tão presentes na cultura árabe quanto parar para rezar voltado para Meca às 5 da tarde no ocidente. São valores incompatíveis. Mas o Bahrein que se mostrar para o mundo e a F-1 não é nada mais do que uma vitrine.
É assim desde 2004. E vai continuar a ser.
3 comentários:
Bem lembrado, Fabio...
Inclusive, lembro que a Williams fez uma demonstração por lá, qdo o autodromo ainda nao estava concluido. A Ferrari pegou no pé, dizendo que eles haviam colhidos dados e tal...
Samba do arabe doido foi ótimo. Só faltou aparecer o Khaled... hahaha.
Gostei da foto da Claudia Leite ai em baixo.
O difusor dela é o melhor!
É, Felipão, a F-1 é também a arte de pegar no pé dos rivais. Faz parte.
E Groo, se fosse boa de voz como é de bunda, Cláudia seria um fenômeno mundial!
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