quinta-feira, 2 de abril de 2009

A Mesma Praça, Outro Jardim: Malásia 2008

Na temporada passada o Grande Prêmio da Malásia foi, junto com a etapa chinesa, a corrida mais entediante do ano. Poucas emoções numa prova em que o grande acontecimento foi a “sensação estranha” sentida pelo pole position.

A Fórmula-1 vinha da Austrália esperando confirmar, enfim, o favoritismo da Ferrari. A pista de Sepang tinha todas as características que, teoricamente, agradavam aos carros de Maranello. O consenso do circo era de que a etapa australiana, com suas quebras, batidas e abandonos que eliminaram mais da metade do grid, não havia revelado a real posição dos times. As longas retas e as curvas de raio médio/longo da pista malaia privilegiariam o F-2008.

Além disso, era a hora de a scuderia reagir. Àquela altura somente Kimi Raikkonen estava com pontos na tabela, apenas 2, enquanto Lewis Hamilton figurava soberano com os 10 tentos da vitória em Melbourne. Felipe Massa, muito criticado pelo vacilo na largada australiana, precisava reagir imediatamente, sob o risco de ficar muito para trás na classificação do mundial.

A classificação mostrou o resultado que todos esperavam: 1ª fila inteiramente vermelha, com Massa em 1º e Raikkonen em 2º. A 2ª fila deveria ser da McLaren, com Heikki Kovalainen cravando o 3º tempo e Hamilton o 4º. Mas a lentidão na volta de desaceleração de ambos atrapalhou as voltas rápidas de alguns pilotos, levando a direção de prova a punir os carros da Mercedes com a perda de 5 lugares no grid. Na briga pelo campeonato, a Ferrari não podia receber melhores notícias.

A corrida se desenrolaria no domingo de páscoa e pelo que foi visto na classificação, esperava-se um chocolate italiano. Sabia-se de antemão que Massa estava mais leve e que pararia mais cedo do que Raikkonen. Mesmo assim, na largada, o finlandês mostrou-se competitivo para com o companheiro de equipe brasileiro.

Mesmo largando do lado “sujo”, Kimi avançou rumo à 1ª curva com impetuosidade, levando Massa a espremê-lo no canto da pista. É e sempre foi raro ver dois ferraris brigando de forma tão acalorada, e a manobra de Massa logo foi chamada de “kamikaze.” De toda forma, as posições dos ponteiros não se alteraram, e o 1º terço da prova seguiu um ritmo monótno, com Massa não conseguindo escapar do assédio de Raikkonen, que o seguia de perto.

A única e grande virada da corrida aconteceu no momento da primeira rodada de pit stops. Confirmando as projeções, Massa entrou primeiro, deixando o caminho para que o campeão de 2007 fizesse uma volta voadora, um trabalho de boxes impecável e voltasse à pista na ponta. Sem ter muito o que fazer, Massa resignou-se a tentar, sem sucesso, acompanhar Kimi, que abria certa distância com relativa facilidade.

Pressionado pela imprensa pelo mau resultado em Melbourne e agora em segundo depois de marcar a pole, talvez Felipe tenha deixado transparecer uma ponta de desespero sob o capacete. O desempenho superior de Raikkonen depois da primeira parada deixava claro que se quisesse brigar pela corrida, o brasileiro teria que apertar o acelerador com força. Mas aquela era a F-1 sem controle de tração, e Felipe se esqueceu de que o ato de apertar o pedal com muita intensidade não mais seria corrigido por um sistema eletrônico.

Na 31ª volta, já com mais de 3 segundos de desvantagem para Kimi e sabendo da necessidade de não perder contato, Felipe roda na saída de uma curva lenta do circuito malaio de Sepang. Rodada típica de quem acelerou mais do que devia enquanto contornava a curva, mas jamais admitida por Felipe. Perguntado sobre o motivo do abandono, Massa afirmou ter passado por uma “sensação estranha” na área mecânica do bólido e jamais admitiu integralmente a culpa pela rodada, que iniciou seu período mais difícil na Ferrari.

Sem precisar dar explicações a ninguém, Kimi Raikkonen, agora sem a sombra de Massa, seguiu para uma das mais tranqüilas vitórias de sua carreira, chegando ao final da corrida 20 segundos antes do segundo colocado, o polonês Robert Kubica. Heikki Kovalainen fez boa corrida de recuperação e cruzou em 3º. Lewis Hamilton decepcionou, chegando ao final numa modesta 5ª posição.

Vídeos dos 10 minutos iniciais da prova, com a largada agressiva dos ferraristas e com uma das mais belas ultrapassagens do ano passado, de Heidfeld sobre Alonso e Coulthard, na volta 3:


Resumo de toda a prova:

2 comentários:

Felipão disse...

Nossa

Como o ano passa rápido... Já estamos na Páscoa... Bom, eu aposto numa corrida mais movimentada por conta dos pneus slicks...

A conferir

Fábio Andrade disse...

Eu tmb aposto numa corrida melhor, especialmente se a chuva vier mesmo, Felipão!