Unilateralismo. Essa parece ter sido a palavra-chave escolhida por alguns personagens do circo da F-1 para demonstrar insatisfação com os rumos tomados pela categoria. Declarações em tom ameaçador têm ditado o ritmo do noticiário durante essa semana.
A Ferrari se reuniu ontem em Maranello e decretou: se o limite orçamentário passar, a equipe não disputa o mundial de 2010. A tática dos italianos é antiga e conhecida. Consiste em pressionar os opositores acenando para a torcida a possibilidade de a F-1 perder sua equipe mais famosa e tradicional. A notícia da possível saída da Ferrai do mundial foi recebida com ceticismo na Europa. Pouca gente acredita que a real retirada se concretize, até porque o debate em torno do teto ainda está no começo.
Até porque o problema não é o teto em si. A grande cláusula que incomoda as equipes é a que cria duas categoria dentro de uma só. Recapitulando, na semana passada a FIA divulgou um rascunho do regulamento para o ano que vem, e nele consta o tal teto orçamentário de 40 milhões de libras. Até aí os problemas não são tão graves. Limitação de custos é algo que há muito tempo é aguardado na F-1. O problema é que a FIA instituiu duas Fórmulas-1, uma para quem adotar o teto (na prática, equipes pequenas e garageiros sem ajuda de montadoras, caso único na F-1 de hoje, a Williams) e outra para quem quiser romper o limite de gastos (maioria esmagadora do grid de hoje, as montadoras que possuem grana para torrar).
Para os competidores que admitirem disputar o campeonato de 2010 sob o teto, várias regalias seriam permitidas, como uso de motores sem limitação de giros, testes ilimitados em túneis de vento e introdução de apêndices móveis, entre outras. Para quem puder e quiser trabalhar acima do teto, o desenvolvimento do carros ficaria praticamente como hoje, engessado, com motores congelados e testes rigorosamente diminuídos. Ou seja, a F-1 viraria duas e a união entre as equipes estaria em risco.
Sob tudo isso há o reincidente pano de fundo político que permeia a F-1. As sucessivas mudanças e a falta de solidez da F-1 a médio prazo se dão porque quem dirige a categoria está menos preocupado com coerência e mais com poder político. Max Mosley, o todo-poderoso presidente da FIA está claramente engasgado com a união das equipes sob a Associação dos Times de Fórmula-1 (em inglês, FOTA), que se tornou um contraponto político importante o suficiente para incomodar, e o tal regulamento para o teto orçamentário é nada mais do que uma tentativa de minar a agremiação das equipes. Mosley sempre foi unilateral por natureza e jamais se contentou apenas em regular a F-1. Ditar as regras faz parte de seu estilo e ao criar condições vantajosas para alguns e onerosas para outros, Mosley consegue semear discordâncias entre as equipes, retirando da FOTA a coesão que lhe foi peculiar até aqui. Assim, Mosley fica mais perto de voltar a imperar sobre a F-1 como sempre fez.
O prazo para inscrição das equipes para o mundial de 2010 termina no próximo dia 29. Mas a discussão apenas está começando. E o racha entre equipes e FIA deixou de ser possibilidade para ser realidade.
A Ferrari se reuniu ontem em Maranello e decretou: se o limite orçamentário passar, a equipe não disputa o mundial de 2010. A tática dos italianos é antiga e conhecida. Consiste em pressionar os opositores acenando para a torcida a possibilidade de a F-1 perder sua equipe mais famosa e tradicional. A notícia da possível saída da Ferrai do mundial foi recebida com ceticismo na Europa. Pouca gente acredita que a real retirada se concretize, até porque o debate em torno do teto ainda está no começo.
Até porque o problema não é o teto em si. A grande cláusula que incomoda as equipes é a que cria duas categoria dentro de uma só. Recapitulando, na semana passada a FIA divulgou um rascunho do regulamento para o ano que vem, e nele consta o tal teto orçamentário de 40 milhões de libras. Até aí os problemas não são tão graves. Limitação de custos é algo que há muito tempo é aguardado na F-1. O problema é que a FIA instituiu duas Fórmulas-1, uma para quem adotar o teto (na prática, equipes pequenas e garageiros sem ajuda de montadoras, caso único na F-1 de hoje, a Williams) e outra para quem quiser romper o limite de gastos (maioria esmagadora do grid de hoje, as montadoras que possuem grana para torrar).
Para os competidores que admitirem disputar o campeonato de 2010 sob o teto, várias regalias seriam permitidas, como uso de motores sem limitação de giros, testes ilimitados em túneis de vento e introdução de apêndices móveis, entre outras. Para quem puder e quiser trabalhar acima do teto, o desenvolvimento do carros ficaria praticamente como hoje, engessado, com motores congelados e testes rigorosamente diminuídos. Ou seja, a F-1 viraria duas e a união entre as equipes estaria em risco.
Sob tudo isso há o reincidente pano de fundo político que permeia a F-1. As sucessivas mudanças e a falta de solidez da F-1 a médio prazo se dão porque quem dirige a categoria está menos preocupado com coerência e mais com poder político. Max Mosley, o todo-poderoso presidente da FIA está claramente engasgado com a união das equipes sob a Associação dos Times de Fórmula-1 (em inglês, FOTA), que se tornou um contraponto político importante o suficiente para incomodar, e o tal regulamento para o teto orçamentário é nada mais do que uma tentativa de minar a agremiação das equipes. Mosley sempre foi unilateral por natureza e jamais se contentou apenas em regular a F-1. Ditar as regras faz parte de seu estilo e ao criar condições vantajosas para alguns e onerosas para outros, Mosley consegue semear discordâncias entre as equipes, retirando da FOTA a coesão que lhe foi peculiar até aqui. Assim, Mosley fica mais perto de voltar a imperar sobre a F-1 como sempre fez.
O prazo para inscrição das equipes para o mundial de 2010 termina no próximo dia 29. Mas a discussão apenas está começando. E o racha entre equipes e FIA deixou de ser possibilidade para ser realidade.
4 comentários:
Como em outros momentos da história da categoria, a Fia vai ceder, em parte, pra não passar a idéia de derrota. Vai propor alguma outra regra estúpida a ser cumprida em 2011...
Concordo com o Felipão, a Fia cede mas antes vai querer jogar um cabo de guerra. Vai espernear um pouco, mas não vai querer matar sua galinha dos ovos de ouro, no caso a F1.
concordo com vcs. A FIA vai perder a batalha mas não a guerra.... a dupla dinâmica ainda vai aprontar em 2011...
Sobre a (quase inexistente) chance da Ferrari sair da F1, me fez lembrar de qdo a Penske saiu da CART e foi para a IRL. A CART (depois virou ChampCar) até q durou um bom tempo, pq outra equipe tradicional ainda ficou por lá, a Newmann Hass. Mas o tempo passou, a NHL dominou tudo, a categoria se tornou "européia" (apenas circuitos mistos e poucos pilotos americanos, numa categoria orginária nos EUA??? Pois é) e foi se fragilizando, até ceder e se reunificar com a IRL.
Pq falei isso? não sei... pode ser que essa história possa ter alguns ingredientes presentes nessa presepada na F1... Abs Fábio!
Maeda, não sei se um racha na F-1 seguiria a mesma linha. Acho que o prejuízo seria enorme para ambos os lados. A F-1 perderia sua marca mais marcante, a Ferrari, e as equipes que por um acaso bancassem a idéia de fundar uma nova categoria perderiam o estofo histórico que só a F-1 concede.
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