terça-feira, 26 de maio de 2009

Mais do Mesmo: Vamos bajular o Chico Ferrari?

A transmissão de tv cravou: a Ferrari está de volta. De fato o desempenho da scuderia em Mônaco foi muito melhor do que a média das 5 corridas anteriores. Felipe Massa e Kimi Raikkonen foram constantes e o fim de semana monegasco foi tão bom que o brasileiro ficou com a melhor volta da corrida. A equipe italiana brigou pela 1ª fila na classificação e o 3-4 conquistado ao final do GP Mônaco ficou foi de bom tamanho.
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Foi a primeira vez no ano que os dois rossos terminaram uma corrida na zona de pontuação. Ironia das ironias, o melhor resultado da temporada da Ferrari vem justamente na pista em que a scuderia está a mais tempo em jejum: desde 2001 os italianos não comemoram uma vitória no principado. Mas a Ferrari voltou mesmo ao posto de equipe de ponta?

Inegável que Mônaco consagrou o poder de reação do cavalino rampante. Poder de reação que, aliás, já era louvado desde de Barcelona, quando Felipe Massa passou a corrida inteira brigando pelo pódio e se encaminhava para um relativamente bom 4ª lugar, até seu carro apresentar problemas com a medição de combustível. Com o desempenho de domingo, já se fala que a Ferrari já é a segunda força do grid, mas nunca é demais recordar: Monte Carlo é uma prova completamente atípica para qualquer categoria que corra lá. Mônaco não é propriamente o melhor lugar para se elaborar tendências sobre o resto do ano. A natureza particular da pista e da dinâmica da corrida no principado tornam Mônaco um caso único, sem paralelo entre as outras corridas do ano, mesmo as de rua. Por mais que o salto de qualidade da Ferrari seja visível, ainda é cedo para desconsiderar Red Bull e Toyota, que até aqui apresentaram desempenho mais sólido do que o do time italiano.

Mas para a Ferrari abrem-se concessões, e ao menor sinal de melhora, ela já “é a segunda equipe do grid”. O time de Maranello, talvez pela força de seu mito, certamente por carregar consigo uma parte da história da F-1 e, seguramente, devido aos recentes e numerosos títulos, torna-se uma espécie de Chico Buarque da F-1. Explico: dias atrás o cineasta Walter Carvalho cravou: “É uma tarefa complicada fazer algo com o Chico, porque ele pensa e você já começa a elogiar, antes de ele falar”. O paralelo com a Ferrari na F-1 torna-se então, fácil: antes mesmo de a recuperação da equipe ser comprovada, ela torna-se previamente favorita, mesmo que o parâmetro seja uma corrida que não reproduz a realidade dos autódromos do restante do campeonato.

Istambul Park, daqui a pouco menos de 15 dias, dará uma melhor noção do rearranjo de forças no mundial. Aí sim com maior segurança e menor ansiedade provocada pelo recente passado de excelência do time italiano.

5 comentários:

Felipe Maciel disse...

Com certeza houve uma boa melhora. Não dá pra cravar posicionamento na relação de forças mas é uma nítida melhora e está entre as primeiras. Só não devemos esquecer da McLaren, que também vem em ascensão. E não deixa de ser um pouco Chico Buarque também, né?

Daniel Médici disse...

Eu tendo a considerar sempre os resultados de Mõnaco como atípicos. Mas na última década vimos sempre a Ferrari apresentar um poder enorme de recuperação.

Acho que a questão do Chico Buarque é similar à de todos os artistas alçados à questão de destaque. Vamos ao museu para ver Rembrandt, mas a partir do momento que lemos "Rembrandt" na etiqueta ao lado do quadro não conseguimos mais ler o quadro. Idem Van Gogh, Picasso, Monet, Cartier-Bresson etc.

Pelo menos no esporte, ao contrário da arte, existem os resultados...

Henry disse...

Fábio,
A Ferrari melhorou na Espanha e em Monaco. Mas pela competência dos adversários (Ross e Adrian) deverá continuar evoluindo para se equiparar à BrawnGP.

Ainda não está no mesmo nivel.

Aguardemos a Turquia.

1abraço,
Henry

Felipão disse...

Pô, Fabião , grande post, como sempre... E desculpe a ausência... Não sei pq motivo, seu blog andou na parte debaixo dos feeds e acabei achando que não tinha post novo por aqui (ou que vc tinha ido viajar nesses feriados que eu nunca sei. Se não é vc ja teria ido até trabalhar sem precisar... hheheheheh)

Fábio Andrade disse...

Médici, a questão da bajulação vai além disso, eu acho. As vezes basta o cara ser minimamente famoso que os apresentadores de tv já o apresentam como o "fabuloso, espetacular, magnífico, soberbo, estonteante, incrível... ilustre desconhecido".

Nem se faz questão de qualidade para se puxa o saco hoje em dia. Não precisa mais ser Chico Buarque, se for MC Créu já serve.

*Felipão: chega de viajar, pretendo ficar quieto em casa por um bom tempo, rs!