segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

São Paulo -> Schumacher -> Raikkonen

O dia ontem foi dos são-paulinos. Com a vitória de 1 X 0 sobre o Goiás o São Paulo Futebol Clube, com todos os méritos, conquistou o sexto título brasileiro de sua história, sagrando-se o maior clube do futebol nacional. De quebra ainda conquistou o tricampeonato brasileiro em seqüência, outro feito épico.

É difícil encontrar outro paralelo no futebol. O São Paulo vence campeonatos com uma facilidade que nos remete a um outro esporte e a uma outra equipe: a Ferrari que arrasou o quarteirão dessa década com Schumacher, Cabem aqui também a McLaren de fins dos anos 80 e a Williams de 92/93, equipes que reinaram absoultas em suas respectivas épocas. Nenhuma delas, porém com a longeividade e com a existência de um ídolo personalista como Michael Schumacher, que foi o imperador de todos os títulos. O Schumacher da Ferrari é representado no São Paulo por Muricy Ramalho, o técnico do único hexacampeão brasileiro. Ramalho é o comandante da barca infalível do Morumbi, tal como o Schumi foi na equipe italiana.

Vencer um campeonato da magnitude do Brasileirão por três vezes seguidas, além de ser inédito, é indício de uma preperação milimétrica. O São Paulo, com sua rígida estrutura financeira, consegue manter suas contas sadias e assim tem caixa para contratações de certa relevância. Claro, não é nada que se compare aos gigantes europeus, mas é o suficiente para manter uma equipe forte e com jogadores que fazem a diferença. Também salta aos olhos a valorização da chamada prata da casa, os jogadores formados nas bases do time paulistano. Quando não são aproveitados no próprio São Paulo, são negociados de forma rentável pelo clube. O que de uma vez por todas explica o sucesso do São Paulo, porém, não são as finanças nem as pratas da casa. Esses fatores complementam o real motivo dos seguidos êxitos do time do Morumbi. O esquema tático do comandante Muricy Ramalho é vencedor. Contando com jogadores que atuam em várias áres durante o jogo (caracterísitca a qual deram o nome de polivalente) e uma defesa bem estruturada, o São Paulo afirmou-se como um time de peso.

Esse esquema começou a dar sinais claros de sucesso em 2005, com a conquista da Taça Libertadores da América. De lá pra cá vieram um Mundial de Clubes (2005), um Campeonato Paulista (2005) e três Campeonatos Brasileiros (2006; 2007; 2008). Uma folha corrida com tantos êxitos é pra Schumacher nenhum botar defeito.

A história da F-1 conta que o alemão chegou à Ferrari com uma missão quase impossível. Vindo de dois títulos na Benetton, Schumacher era a esperança italiana. Sua meta: reavivar um mito decadente, a Ferrari dos anos 90. Schumacher recebeu poderes quase absolutos na scuderia, contratava, mandava e desmandava. Depois de ser bicampeão na Benetton, Schumi ficou em um jejum de quatro anos. Quando sofreu o acidente em Silverstone, em 1999, e quebrou as duas pernas, foi dado como acabado para o esporte. E o pior, sem conseguir trazer a Ferrari ao hall das campeãs.

Mas depois de suar a camisa, Schumi voltou ainda no fim de 99. Naquela altura a Ferrari chegou ao mundial de construtores, depois de 16 anos. No ano seguinte os esforços acumulados desde 1996 renderam o fruto esperado: Schumacher campeão de pilotos, Ferrari campeã de times. Era o início do reinado da dupla Schumi-Ferrari.

Foram 5 cinco anos de números absurdos alcançados pelo alemão e pouca emoção. Schumacher, apesar do incontestável talento, é um campeão sem ultrapassagens. A superioridade de seu equipamento era tão flagrante que Schumi proporcinou poucas ultrapassagens tensas durante seus anos de glória. Na mesma razão está o São Paulo. Apesar do sucesso e da qualidade de seu elenco, o tricolor paulista não nos apresentou um ídolo supremo. O São Paulo se consagrou fazendo uso da coletividade, marca desse futebol moderno. É o fim definitivo da existência de ídolos máximos como um Rivelino. Esses tempos morreram.

E o que fez Schumacher em seu reinado? Alterou a ordem natural com a qual a F-1 convivia desde sempre. Ultrapassagens passaram a ser feitas nas paradas de reabastecimento, não mais na pista. Era a morte do ritual do "vácuo", da freada no fim da reta. Era a marca do automobilismo pós-moderno, em que correr riscos é encarado como algo desnecessário.

Por fim, o São Paulo hexacampeão também é o time com uma característica que remete a outro ferrarista: Kimi Raikkonen. Porque se em 2006 e 2007 o time paulista dominou a tabela, em 2008 ele só se tornou favorito no final. Assim como Raikkonen em 2007, o São Paulo passou boa parte do campeonato em posições intermediárias. Porém, como um bom finlandês campeão, se aproveitou das falhas dos rivais e mostrou seu poder de reação. Se na F-1 do ano passado, Raikkonen se aproveitou da briga entre Alonso e Hamilton na McLaren, o São Paulo desse ano se beneficiou dos tropeços de Grêmio, Palmeiras, Cruzeiro e Flamengo.

O curioso disso tudo é que apesar de citar dois pilotos consagrados na Ferrari, o texto não toca no único deles que é são-paulino: Felipe Massa ainda não produziu uma história parecida com a de seu time.

Coisas da vida!
*Infelizmente continuo sem tempo para responder aos comentários de vocês. Peço desculpas e mais paciência a todos.

7 comentários:

Diego Maulana disse...

Fazer o que né. Parabéns ao São Paulo pelo Hexa e pelo Tri seguido. Meu Palestra negou fogo no final.

Felipão disse...

O São Paulo é um retrato fiel de uma administração enxuta, com sustentabilidade...
Um exemplo...

Daniel Médici disse...

Tá linkado ;)

Ron Groo disse...

Não vejo paralelo entre Michael e os tricolores.
Schumacher era genial e destruia seu 'adversários' enquanto o São Paulo não tem de fazer força. Os "adversários" vão se destruindo sozinhos. Vide Flamengo e Palmeiras, e coitado do Grêmio, conseguiu perder um campeonato em que estava onze pontos à frente...
Futebol anda muito, muito chato. E isto porque sou santista....
Mas ainda assim o texto tá muito bom.

Marcos Antonio disse...

é concordo com o groo,embora o paralelo que vc traçou foi mto interessante.O São paulo simplesmente fez sua parte enquanto os outros deixavam de fazer.Schumacher vencia mesmo quando todos faziam a sua parte.

Anônimo disse...

é 6-3-3 ...... HEXA

o São Paulo vive um momento incrível e histórico.... sensacional !!!!!!

VALEU TRICOLORRRRRRRRRR !!!!!!

Fábio Andrade disse...

Diego: boto fé. Eu mesmo tava torcendo pelo Palmeiras até o meio do campeonato, já que meu Flu não fez nada esse ano ;(;

Felipão: com ctza. Se os outros clubes tivessem essa noção muita coisa seria diferente no nosso futebol;

Médici: muito obrigdo pela moral!!;

Groo/Marcão: compreendo perfeitamente seu ponto de vista. Também acho que o São Paulo venceu mais pelos escorregões alheios do que por mérito próprio. Mas faz parte do jogo. Há uma vitória do Schumacher em Barcelona-2001 que exemplifica isso com clareza: o Hakkinen tinha mais de 30s de vantagem e quebrou na última volta.

É o inponderável!;

Net: tá esnobando né... Quem pode, pode...