Há um ano esse blog iniciava de verdade sua jornada. Um post tímido sobre o GP Canadá que se aproximava. Um jeito de escrever bem diferente, um moleque que achava que sabia de alguma coisa, muito envaidecido pelos comentários dos amigos, e que decidiu que aquilo que ele pensava a respeito de Fórmula-1 certamente iria interessar a muitas pessoas. E por isso criou um blog.
Pois é, esse moleque sou eu e esse blog é o presente. Há um ano o De Olho na F-1 começava a existir de verdade e deixava de ser uma simples idéia diversas vezes adiada pelas inúmeras dúvidas na cabeça do blogueiro. E o começo foi cheio de dúvidas, em que o escriba fazia uso de um modo empírico para levar o diário virtual a diante. “Aprender fazendo”, era mais ou menos o único lema por aqui.
E para falar a verdade ainda é.
No começo o pensamento era o de “durar pelo menos um ano”. E está cumprido o objetivo, para grande surpresa do blogueiro que achava que não ia durar 6 meses.
Foi durante esse um ano que o blogueiro conheceu de verdade o que é ter um blog. Blogar é muito mais do que redigir uma algaravia todos os dias. É relacionar-se com outros blogs, porque isolado ninguém faz nada na web. É surpreender-se com a quantidade de gente boa fazendo trabalhos soberbos. É aprender muito, divertir-se, sentir-se reconhecido e, claro, ter uma boa dose de senso autocrítico para reconhecer os vacilos.
Foram até aqui 365 dias de aprendizado constante, a cada dia. Não só sobre automobilismo, mas também sobre o próprio ritual de criação. Hoje, tenho muito mais objetividade na hora de redigir textos em geral e sei onde quero chegar já no início do processo de criação. Foi o blog, com a quase diária rotina de produção que me deu essa rapidez.
Por outro lado, manter o De Olho exigiu uma certa dose de sacrifício, algumas faltas a compromissos que fizeram com que familiares me mandassem a lugares não muito publicáveis e uns pecadinhos contra o sistema fisiológico nas corridas da madrugada. Isso sem falar nas horas de estudo roubadas para manter a página do jeito que eu queria. Mas o saldo é positivo, ainda assim.
Há ainda muitas nuances a observar. A interação social é uma das mais interessantes. Amigos “virtuais” foram feitos, impressões trocadas, admiração mútua e, (por que não?) críticas recebidas por aqui como sinal de que certas perspectivas precisavam melhorar.
Mas, é com pesar que o blogueiro anuncia que é hora de dar tchau. Se não tchau, pelo menos um “até breve”.
Acho que todo mundo sabe, o objetivo do editor-chefe do De Olho é ingressar no curso de jornalismo, de preferência da Universidade Federal do Espírito Santo, a UFES. E, como foi amplamente noticiado nos últimos dias, o Ministério da Educação decidiu, agora, no meio do ano, alterar o modo de avaliação dos aspirantes a universidade, unificando a prova, obrigando os cursinhos a mudar todo o planejamento às pressas, e a alterar profundamente a dinâmica dos vestibulares do país. O objetivo do MEC é fazer do ENEM o novo e universal vestibular para todas as instituições de ensino superior público do Brasil. Não entrando no mérito da mudança e da forma como ela foi operada, o que dá pra dizer rapidamente é que todos os envolvidos com o vestibular, alunos, professores, diretores, estão sofrendo com a indefinição e com a falta de um modelo de prova a seguir. Somos todos cobaias do Novo Vestibular, com suas paquidérmicas 180 questões, sem saber se será mantido o nível do ENEM dos últimos anos ou se a prova ganhará caráter mais conteudista. E no meio do fogo-cruzado, os cursinhos resolveram aumentar a carga horária e intensificar o ritmo das aulas. Afinal, a prova agora não será mais aplicada em novembro/dezembro, como era o costume dos vestibulares regionais, e sim em outubro. Restam 4 meses para que todo um novo conteúdo (sim, detalhe: muitos assuntos contemplados pela grade do vestibular da UFES simplesmente não constam no programa do Novo ENEM, ao passo que tópicos historicamente ignorados pela federal capixaba passarão a ser exigidos) seja passado aos alunos.
Resultado: todo mundo perdido, tentando se adaptar repentinamente a um novo modo de “ver” uma prova que na verdade é inexistente. A impressão que se tem, fazendo um paralelo com o futebol, é a de que mudaram as regras com o primeiro tempo de jogo concluído e que ainda subtraíram uns 15 minutos da segunda etapa. E todo sai correndo atrapalhado, tentando se adaptar não se sabe bem a que.
Portanto, a vida do blogueiro muda a partir de agora e o comprometimento com o vestibular ganha um contorno mais importante. E o blog fica prejudicado.
Já há algumas semanas o ritmo do De Olho tem diminuído progressivamente. Sim, dar um tempo no blog já era algo estudado há um certo tempo, desde que o anúncio das mudanças na provas começou a se concretizar.
Como que não poderia deixar de fazer, agradeço muitíssimo aos companheiros de jornada: aos outros blogueiros que fecharam parceria com esta casa e que enriqueceram este blog com seus comentários. Aos leitores anônimos e aos que eu não conheço pela imagem de exibição que aparece no blogger. Aos que nunca comentaram, mas que rotineiramente visitaram o De Olho e aos tais “seguidores”. A todos, um muito obrigado por levar a sério tudo o que foi feito aqui.
O blog está aí, retratando um ano (e que ano) de corridas de F-1 na sempre visão de um moleque. Estão aí as opiniões, os erros, os acertos, os puxões de orelha e o retrato de um cara que começou meio sem saber onde estava se enfiando e hoje tem um outro olhar sobre carros que ficam dando voltas pelo mesmo local. E não só sobre isso, esse cara hoje vê muita coisa a seu redor de outra forma. E o blog, o contato com gente de tão longe mas que é capaz de fazer a gente se surpreender, tem boa parcela de responsabilidade nisso. Até porque os acertos e erros cometidos aqui serviram para o blogueiro ter uma melhor noção do exercício e da responsabilidade de publicar opiniões. Talvez o maior aprendizado seja o da disciplina e da correção antes de levar palavras a público.
Pretendo não sumir das caixas de comentários dos amigos. E, se possível, continuar a conhecer gente nova. Porque a blogosfera não pára de se reinventar.