terça-feira, 30 de setembro de 2008

Vermelha de Vergonha...

Muitos erros da equipe têm tirado pontos valiosos dos pilotos. E no apagão da Ferrari, Hamilton só agradece.

Coluna do Fábio no EsporteZone. Comentários são muito bem-vindos.

segunda-feira, 29 de setembro de 2008

O Consolo de Piquet

Dizem que Nelsinho Piquet está na iminência de ser dispensado por Briatore em razão da péssima temporada que vem fazendo. Tem razão quem cobra melhores resultados do brasileiro. Eu confesso que demorei a entender que Piquetzinho está mesmo muito abaixo da média dos talentos que têm chegado à Fórmula-1 nos últimos anos.

Enquanto Alonso, seu companheiro de Renault, marcou pontos em 9 das 15 corridas disputadas até aqui, Piquet só conseguiu terminar as provas na zona de pontuação em 3 ocasiões: França, Alemanha e Hungria. Quer dizer, Nelsinho não pontuou em 12 corridas de 2008.

“Comparar Nelsinho com Alonso é uma crueldade”, pensam alguns. Eu também pensava. Mas a discrepância atingiu níveis absurdos. A temporada se aproxima do fim e Nelsinho não cumpriu a promessa de apresentar melhores resultados nas pistas européias, já conhecidas por ele nas categorias de base.

Voltou à corda bamba e corre o risco de não continuar na equipe chefiada por Briatore em 2009. Os possíveis substitutos seriam o brasileiro Lucas di Grassi ou o francês Romain Grosjean.

Mas se comparado a um outro estreante de 2008, Piquet Jr. pode obter um consolo. Stefano Domenicali, o substituo de Jean Todt como homem-forte da Ferrari, está em vias de se tornar o homem-fraco logo, logo. Sucessivos problemas em sua gestão na equipe mais visada da F-1 começam a criar rumores sobre sua real capacidade de liderança. Domenicali agüenta o tranco de chefiar uma equipe como a Ferrari num esporte que não admite erros?

Nelsinho comete seus erros, abandona corridas constantemente, mas as conseqüências se limitam a seu próprio universo particular. Claro, afeta a equipe, que se priva de pontos valiosos no campeonato de construtores, mas os problemas não são maiores. Qualquer coisa é só substituí-lo. Já Domenicali ocupa um cargo-coringa, importantíssimo dentro da Ferrari, e as falhas da equipe, como a de ontem em Cingapura, são ferozmente associadas à sua gestão. E como os erros dentro da equipe italiana não estão sendo poucos, Stefano começa a sofrer forte cobrança por parte da imprensa e torcida italianas, além da pressão interna da própria Ferrari.

O ambiente em Maranello não deve estar agradável.

De Olho No Videokê - Cingapura 2008

Pirulitos, entre muitos outros adereços passíveis de se pôr na boca, são feitos para serem chupados, como ensina a musa Ivete Sangalo em seu show no Maracanã. Portanto, chuuuuupa, Felipe Massa!

domingo, 28 de setembro de 2008

A Luz e a Escuridão [7]

Um detalhe negativo não do GP Cingapura em si, mas do regulamento da F-1. A regra do “pit lane open X pit lane closed” torna as corridas confusas e promove um grande prejuízo a quem está com pouco combustível no momento do Safety Car. Prejudica o espetáculo, tira o prazer de se assistir a uma corrida e desencadeia uma seqüência de punições que põem em cheque o aspecto esportivo da competição.

É algo a ser alterado para 2009.

Tabela 2008, após 15 etapas

GP Cingapura, após 61 voltas:


01
Fernando Alonso
Renault
01h57m16s304

02
Nico Rosberg
Williams
+00m02s957

03
Lewis Hamilton
Mclaren-Mercedes
+00m05s917

04
Timo Glock
Toyota
+00m08s155

05
Sebastian Vettel
Toro Rosso
+00m10s268

06
Nick Heidfeld
Bmw Sauber
+00m11s101

07
David Coulthard
Red Bull
+00m16s387

08
Kazuki Nakajima
Williams
+00m18s489

09
Jenson Button
Honda
+00m19s489

10
Heikki Kovalainen
Mclaren-Mercedes
+00m26s902

11
Robert Kubica
Bmw Sauber
+00m27s975

12
Sebastien Bourdais
Toro Rosso
+00m29s432

13
Felipe Massa
Ferrari
+00m35s170

14
Giancarlo Fisichella
Force India
+00m43s571

15
Kimi Raikkonen
Ferrari
+4 voltas

16
Jarno Trulli
Toyota
+10 voltas

17
Adrian Sutil
Force India
+11 voltas

18
Mark Webber
Red Bull
+32 voltas

19
Nelsinho Piquet
Renault
+48 voltas

20
Rubens Barrichello
Honda
+49 voltas

Classificação Geral de Pilotos, após 15 etapas:


01 - Lewis Hamilton (McLaren) - 84
02 - Felipe Massa (Ferrari) - 77
03 - Robert Kubica (BMW) - 64
04 - Kimi Raikkonen (Ferrari) - 57
05 - Nick Heidfeld (BMW) - 56
06 - Heikki Kovalainen (McLaren) - 51
07 - Fernando Alonso (Renault) - 38
08 - Sebastian Vettel (STR) - 27
09 - Jarno Trulli (Toyota) - 26
10 - Timo Glock (Toyota) - 20
11 - Mark Webber (RBR) - 20
12 - Nico Rosberg (Williams) - 17
13 - Nelsinho Piquet (Renault) - 13
14 - Rubens Barrichello (Honda) - 11
15 - Kazuki Nakajima (Williams) - 9
16 - David Coulthard (RBR) - 8
17 - Sebastien Bourdais (STR) - 4
18 - Jenson Button (Honda) - 3
19 - Giancarlo Fisichella (Force India) - 0
20 - Adrian Sutil (Force India) - 0
21 - Takuma Sato (Super Aguri) - 0
22 - Anthony Davidson (Super Aguri) - 0

Classificação Geral de Equipes, após 15 etapas:


01 - Mclaren-Mercedes - 135
02 - Ferrari - 134
03 - Bmw Sauber - 120
04 - Renault - 51
05 - Toyota - 46
06 - Toro Rosso - 31
07 - Red Bull - 28
08 - Williams - 26
09 - Honda - 14
10 - Force India - 0
11 - Super Aguri - 0

A Luz e a Escuridão [6]

A luz se transformou em trevas na Ferrari. A luz, que deveria guiar em bom caminho, trazer segurança e facilitar a vida do time italiano fez o papel inverso. Produziu um cena digna de filmes de comédia, acabou com a corrida do piloto que disputa o título e atingiu em cheio o ego da maior equipe da Fórmula-1.

Durante toda a história da humanidade eu jamais vi a luz trazer tantos problemas como hoje em Cingapura. Logo a luz, sempre associada ao progresso e à melhoria de vida dos indivíduos. Logo a luz, principal atrativo do gp notruno de Cingapura. Logo ela, símbolo da modernidade, que por sua vez tem como um de seus maiores símbolos o próprio automóvel, foi a responsável pela possível derrocada da Ferrari em 2008.

Na verdade não foi a luz a vilã da noite asiática e sim seu uso incorreto. O piloto, dentro de seu apertado cockpit, preocupado com mil e um fatores que podem interferir em uma corrida, é totalmente dependente da indicação do “homem do pirulito” no pit stop. O piloto não pode olhar para trás, ficar preocupado com o que acontece ou deixa de acontecer ao seu redor porque a maior preocupação é perder o menor tempo possível. Por isso existe o pirulito. Mas a Ferrari, símbolo máximo da velocidade e da eficiência nas pistas, achou que o “pirulito” era algo arcaico, inadequado, talvez “cafona” para um esporte tão baseado em tecnologia de ponta. Os italianos inventaram o sinalizador eletrônico, com luzes verdes, laranjas e vermelhas, tal qual num semáforo. Moderno, elegante, um passo a frente da concorrência, algo que demonstrava a vanguarda e a inovação. Tudo uma grande bobagem.

Nenhuma dúvida paira: o velho pirulito, o antigo, ultrapassado, mas eficiente pirulito teria evitado toda a dor da cabeça ferrarista em Cingapura. No momento em que o problema da bomba de combustível fosse detectado, a partida de Felipe Massa seria abortada imediatamente. O brasileiro não iria sair carregando a mangueira e os mecânicos, proporcionando um razoável risco de incêndio e de ferimentos sérios para o staff da Ferrari. O carro iria ficar parado, a mangueira seria retirada e Massa partiria normalmente de volta à pista. Perderia algum tempo, evidente, mas nada que se compare ao que foi perdido na sua parada no fim dos boxes, aguardando os mecânicos já ocupados com o pit stop de Raikkonen. Mecânicos que tiveram que atravessar todo o pit lane, fazer algum esforço, retirar a mangueira e só então devolver Massa à pista. Com o pirulito, o fora de moda e obsoleto pirulito, Massa não seria punido com um drive-through que simplesmente acabou com suas chances de pontuar. O prejuízo seria muito minimizado.

Quem se aproveitou foi Hamilton. Se a corrida seguisse seu rumo normal, como nas 14 voltas iniciais, o inglês talvez sofreria o assédio de Raikkonen, que voava baixo, como um torpedo endereçado à McLaren de Lewis. Certamente a Ferrari preparava alguma tática para que Kimi estivesse a frente de Hamilton pelo menos em algum momento da prova, talvez com um pit stop mais curto. Mas a entrada do Safety Car mudou tudo, a luz tornou-se escuridão para Massa e o líder da classificação se viu cada vez mais líder. Com os 84 pontos que tem nas mãos, Hamilton pode seguir com segurança nas próximas etapas. Não precisa arrsicar, precisa apenas limitar Massa, para poder correr o sério “risco” de, dependendo da situação das próximas corridas, chegar ao Brasil com o caneco nas mãos. Para ser campeão, o menino-prodígio precisa apenas de três segundos lugares na próximas três etapas.

Sobre Raikkonen é a velha história: está perdido entre a própria desmotivação e a má adaptação ao F-2008. São essas as raízes de seus problemas na Ferrari. Mas não são desculpa para um campeão do mundo passar 4 provas seguidas sem pontuar. “Vergonhoso”, “constrangedor”, “fora da realidade” e “desinteressado” são alguns termos que serão usados para se referir ao desempenho do finlandês em 2008. Com toda a justiça.

No fim das contas, a luz foi a grande personagem do GP Cingapura. Também pelas razões óbvias: corrida noturna precisa de uma eficiente iluminação artificial, e ela deu conta do recado com louvor. Mas a luz do pit stop da Ferrari, essa fez a equipe italiana pagar mico outra vez. Foi a repetição do episódio de Valência, em que Raikkonen, também orientado pelo led verde que se acendeu, saiu carregando o mecânico. Também em Valência, a Ferrari quase joga fora a corrida de Massa ao liberar o brasileiro justamente no momento em que uma Force India deixava os boxes simultaneamente. Em todos os 3 casos os pilotos são os menos culpados porque são condicionados a confiar cegamente na indicação do pirulito ou, no caso da Ferrari, do led. Pelo menos a luz que causou os problemas era verde, talvez sinalizando a esperança de que a equipe encerre seu festival de equívocos e tenha vigor para tentar uma (improvável) virada. O time italiano liderou praticamente todo o campeonato de construtores até aqui e perdeu a ponta hoje para a McLaren. São trevas e mais trevas, com um ponto luminoso verde que orquestra o caos nos boxes italianos.

A Luz e a Escuridão [5]

Ele voltou a vencer. Depois de um longo jejum, depois de amargar um ano inteiro em um carro que não lhe dá condições de brigar nem por pódios, depois de viver a glória de ganhar dois títulos sobre Schumacher e de logo ser comparado ao hepta-campeão. Ele voltou a vencer, depois de viver um inferno astral na McLaren em 2007. Ele é Fernando Alonso, o espanhol que foi o responsável pelo começo do fim da hegemonia Schumacher-Ferrari.

Contrariando o “grande” Galvão Bueno, Alonso deu uma resposta aos que não mais o colocam na lista dos melhores da atualidade. Ok, Hamilton e Massa são ótimos, capazes de lances de grande talento, e não se pode desconsiderar Raikkonen, o campeão do mundo sobre o próprio Alonso em 2007. Mas o espanhol fez o que nenhum dos outros concorrentes conseguiu (eliminando Hamilton, que não teve oportunidade): desbancou Schumacher, alterou a ordem do poder na F-1 e tem todo o direito de estar travando o mercado de pilotos. Massa, Hamilton, Raikkonen, Kubica, todos são ótimos, pilotos futuramente campeões, mas ninguém tem o currículo brilhante de Fernando. É fato.

A vitória de hoje, claro, foi circunstancial. Alonso jamais teria chance de sonhar com a ela não fossem os acontecimentos tortos do gp cingalês. Mas quando teve chance de andar na frente, Alonso fez o mais sabe fazer: acelerou, dominou os adversários, e venceu. Foi bom ver o bicampeão fazendo seu gesto característico com as mãos na volta da vitória. É um gesto que representa as muitas vitórias que ele esperava conquistar e que ele de fato conquistou durante um período de sua carreira, mas que se tornaram escassas graças a sua má movimentação nos bastidores da F-1. Com as portas das equipes grandes fechadas para seu talento, Alonso terá de continuar a contar com a sorte para voltar a vencer.

E Alonso não fez pouco: largou em 15º, pulou para o 12º lugar logo nas primeiras voltas e contou com a “ajuda” do companheiro de equipe para vencer. Nelsinho bateu na volta 14, forçou a entrada do Safety Car e a estrela do campeão começou a brilhar. Alonso já havia feito sua parada e iria para as cabeças. Dito e feito! Poucas voltas após a saída do carro de segurança os líderes virtuais foram para seus pit stops, Alonso pulou na ponta e não mais a abandonou.

Voltou a vencer o bicampeão mundial, após um jejum de 379 dias desde o GP Itália do ano passado. Com a vitória de Alonso a temporada 2008 passa a ter 7 vencedores diferentes em 15 corridas, um equilíbrio que a Fórmula-1 não via há muitos anos.

A imagem de hoje revela um contraste com a de ontem, na classificação, quando o espanhol teve um problema no carro que o impediu de ir ao Q3. Alonso desceu do carro desesperado, socou o ar e o próprio capacete e sabia que perdera a chance de talvez ir para a 1ª fila do grid. Eram as trevas. Hoje, desceu do carro de forma altiva, comemorando muito sua primeira vitória na temporada, deixando claro que esse sempre foi o objetivo desse rapaz de talento nato que sofre por estar em um carro fraco e sem chances de ascender às grandes equipes da categoria. É a luz


Momento de felicidade para Nico Rosberg, que atingiu a melhor posição de chegada em sua carreira na F-1. O segundo lugar do piloto da Williams poderia ser primeiro não fosse o penalty sofrido pouco depois da parada dos boxes. Inclusive, tenho quase certeza de que Nico saiu do pit lane com luzes verdes, portanto de forma lícita. Se alguém aí tiver um contato com a direção de prova...

sábado, 27 de setembro de 2008

Cingapura - Results & Coments [4]

Vamos punir / em outro lugar, baby

Nick Heidfeld foi punido e perdeu três posições no grid de largada em Cingapura. O alemão da BMW sofreu a sanção por ter bloqueado Rubens Barrichello no Q1. Heidfeld estava retornando aos boxes e não facilitou a passagem de Barrichello, que vinha em volta rápida.

Mas a FIA fez do episódio um salseiro. Primeiro porque punir Heidfeld não trará nenhum benefício prático para Barrichello. E para finalizar, a federação também canetou o brasileiro "por não usar a área de desaceleração" no momento do incidente com o piloto da BMW. Barrichello pagará multa de 10 mil euros.

Vai entender...

Foi-se o Newman

Paul Newman nos deixou na noite de ontem. Morreu em sua casa em Nova York, Estados Unidos.

Eu sou pouco gabaritado para falar de Newman. Clicando aqui, aqui e aqui você verá que Felipão do BlogSport e Paulo Alexandre Teixeira do Continental Circus disseram o que havia para se dizer.

O post é apenas para que a partida desse ícone do cinema e da velocidade não passe em branco. Paul Newman, o homem que fez a vida imitar a arte, se foi.

O mundo das corridas fica mais pobre.

Cingapura - Results & Coments [3]

Olho de Coruja

Uma sessão de classificação empolgante hoje em Cingapura. Os líderes do campeonato trocaram décimos o tempo inteiro e no final, Felipe Massa marcou a melhor volta com folga e se tornou o primeiro pole noturno da Fórmula-1.

A diferença entre a volta de Massa, o pole, e a de Hamilton, o segundo, é de mais de 6 décimos. É muita sobra para uma disputa entre carros tão iguais e entre pilotos sempre tão próximos. A volta voadora de Massa deixa todo mundo com a seguinte pulga atrás da orelha: estaria o brasileiro com uma estratégia de paradas diferente?

A excelente volta de Massa é ainda mais surpreendente quando se pensa que, para essa corrida, a vantagem teórica era da McLaren. A maioria esmagadora dos palpites em relação à prova noturna de Cingapura era pró-Hamilton por uma série de fatores: a eficiência mecânica do MP4/23 e a deficiente aderência do F-2008 sendo os mais evidentes. Pelo que foi apresentado pela Ferrari desde os treinos de ontem, os problemas com aquecimento de pneus e aderência foram eliminados nos testes de semana passada.

O que se viu nos treinos de Cingapura foi algo praticamente inédito: Hamilton, esse sim, enfrentou alguns problemas com os pneus e quase ficou fora do Q3. No Q derradeiro o inglês não foi páreo para Massa. Amanhã, largam os líderes do campeonato lado-a-lado, para mais um duelo de talento, perícia e nervos. Hamilton parte por dentro, Massa por fora, prontos para dividir a primeira curva. Teremos surpresas?

Com essa possível evolução da Ferrari, a perspectiva para o fim do ano torna-se ainda mais interessante. Dois pilotos de grande potencial, ávidos por se tornarem campeões e duas equipes que lhes dão possibilidades de duelar em grande estilo. Prestem atenção, senhores, a história está para ser escrita.

Uma nota triste do treino: o precipitado comentário de Luciano Burti sobre o 10º lugar de Hamilton no Q2: “deve ter sentido a pressão”, disse o piloto-comentarista. Baseado em que? Numa simples má volta? Muito pouco para afirmar que o inglês já se sente pressionado.


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Os companheiros do líderes fizeram o papel que lhes cabia, o de coadjuvantes. Raikkonen e Kovalainen foram ótimas escadas, aqueles caras que distraem o público enquanto os protagonistas não chegam. Só isso.
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Kubica deu um jeito de enfiar a BMW entre Ferrari e McLaren. Típico do polonês voador. Enquanto isso, Heidfeld está onde se espera que o time alemão esteja: atrás das duas titãs.
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Vettel foi o único da família RBR/STR a ir ao Q3 e não fez feio: 7º lugar. Moral o rapaz já tem, e talento vê-se que também não falta. Claro, todo já sabe disso depois da galante exibição em Monza. Constrangedor para a Red Bull, que vê a equipe-irmã, mais uma vez, a sua frente.
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Depois de bater ontem no final do segundo treino livre, Glock parece ter se entendido melhor com a pista cingapuriana. 8º posto, única Toyota no Q3.
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Por fim, uma ótima surpresa: as duas Williams na fase final da qualificação. Rosberg é o 9º, Nakajima o 10º. Só se espera que a equipe tenha consistência na hora da corrida amanhã. Lembrem-se que em Monza Rosberg largou em 5º e recebeu a bandeirada apenas na 14ª posição.


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Mais notinhas cingapurianas:

- Pista excessivamente ondulada. Ontem eu havia chamado atenção para o fato, mas a transmissão via internet não me permitiu observar as ondulações com a mesma clareza de hoje, pela tv. O asfalto de Cingapura é um verdadeiro pula-pula, deixando o carro difícil de controlar. Talvez role um festival de rodadas em função disso amanhã;

- A chuva não veio. Será que vem amanhã?

- Corrida longa prevista. Devemos chegar perto de 1h50min de prova, isso com tempo bom e sem Safety Car. Se chover ou houver alguma batida certamente a bandeirada será dada em razão do limite de tempo (2 horas).


01
Felipe Massa
Ferrari
01m44s801
02
Lewis Hamilton
Mclaren-Mercedes
01m45s465
03
Kimi Raikkonen
Ferrari
01m45s617
04
Robert Kubica
Bmw Sauber
01m45s779
05
Heikki Kovalainen
Mclaren-Mercedes
01m45s873
06
Sebastian Vettel
Toro Rosso
01m45s964
07
Timo Glock
Toyota
01m46s244
08
Nico Rosberg
Williams
01m46s328
09
Nick Heifeld
BMW
punido
10
Kazuki Nakajima
Williams
01m47s547

*Atualizado às 19:39

Cingapura - Results & Coments [2]

Abandono negro


Poucas novidades no Q1 e no Q2 de hoje em Cingapura. Na primeira degola, ficaram as habituais Force Índia, a Honda de Barrichello, e a Renault de Piquet. Talvez a maior surpresa seja Bourdais, fora da briga logo na primeira etapa do treino classificatório.

No Q2 as coisas ficaram mais dramáticas e o treino terminou mais cedo para a Renault. Ainda na volta de aquecimento, Alonso encostou o carro número 5 em uma das áreas de escape da pista urbana, desceu do carro e demonstrou desespero e perplexidade ao se ver sem chances de ir ao Q3. A irritação do espanhol tem um motivo muito simples: Alonso sabia que tinha chances de uma boa posição no grid porque a Renault, surpreendentemente, se adaptou bem ao traçado cingalês. O bicampeão liderou duas das três sessões de treinos livres e com uma estratégia de paradas um pouco mais ousada, poderia pensar até em largar na 1ª fila. Mas, a frase-clichê do mestre Fangio existe para ser usada nesses momentos (e eu não tenho o menor desconforto em usá-la, afinal, citar Fangio jamais será algo desabonador): carreras son carreras.

Então, treinos são treinos.

A patologia automotiva que vitimou a Renault de Alonso foi um problema na alimentação de combustível do motor, como informou o Carlos Gil da Tv Globo.

11
Jarno Trulli
Toyota
01m45s038
12
Jenson Button
Honda
01m45s133
13
Mark Webber
Red Bull
01m45s212
14
David Coulthard
Red Bull
01m45s298
15
Fernando Alonso
Renault
01m44s971
16
Nelsinho Piquet
Renault
01m46s037
17
Sebastien Bourdais
Toro Rosso
01m46s389
18
Rubens Barrichello
Honda
01m46s583
19
Adrian Sutil
Force India
01m47s940
20
Giancarlo Fisichella
Force India
00m00s000

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Cingapura - Results & Coments [1]

Melhores tempos dos treinos de sexta-feira em Cingapura:

1. Lewis Hamilton (McLaren) – 1.45.518
2. Felipe Massa (Ferrari) – 1.45.598
3. Fernando Alonso (Renault) – 1.45.654
4. Heikki Kovalainen (McLaren) – 1.45.797
5. Kimi Raikkonen (Ferrari) – 1.45.961
6. Nico Rosberg (Williams) – 1.46.164
7. Robert Kubica (BMW) – 1.46.384
8. Jenson Button (Honda) – 1.46.901
9. Nick Heidfeld (BMW) – 1.46.964
10. Kazuki Nakajima (Williams) – 1.47.013
11. Timo Glock (Toyota) – 1.47.046
12. Mark Webber (RBR) – 1.47.137
13. Nelsinho Piquet (Renault) – 1.47.145
14. Sebastian Vettel (STR) – 1.47.300
15. Sebastien Bourdais (STR) – 1.47.487
16. David Coulthard (RBR) – 1.47.640
17. Giancarlo Fisichella (Force Índia) – 1.47.965
18. Rubens Barrichello (Honda) – 1.48.009
19. Jarno Trulli (Toyota) – 1.48.059
20. Adrian Sutil (Force Índia) – 1.48.311

Notinhas cingapurianas:

- O show está garantido em Cingapura! Pelo menos o de imagens. Os fotógrafos vão ter muito o que registrar nesses três dias de atividades na ilha asiática. A combinação de iluminação artificial e F-1 rendeu imagens lindas;


- E não foi só a F-1 que deu show. A própria cidade de Cingapura (pelo menos essa parte “1º mundo”) fez questão de ser soberba perante o circo. As câmeras sob os helicópteros captaram a cidade, que não parou por causa dos 20 carros de Bernie Ecclestone e CIA. A vida continuou ao redor e sobre o “Marina Bay Circuit”, com os carros de passeio a circular pelas ruas próximas e pelos viadutos que se localizam acima da pista. Um show de luzes, incrementado pelos letreiros dos prédios que piscavam e reluziam;

- Se o ambiente que rodeia a pista é daqueles bem americanos, com prédios imponentes compondo a paisagem que rodeia o traçado, a pista também segue o american model: muitas esquinas, curvas de 90º e poucas dificuldades. A iluminação cumpriu o que havia prometido: fez a noite virar dia em Cingapura;

- Esse estilo de pista me lembrou o traçado da pista de Seattle no Gran Turismo 3. Quem já jogou sabe do que estou falando;

- Chamou atenção a quantidade de ondulações no primeiro setor, pouco depois da reta principal. Os carros pularam bastante no trecho e a suspensão dos F-1 trabalhou freneticamente. Fez aquele “salto” pós-Cassino de Mônaco parecer um suave quebra-molas;

- Agora, o que interessa: carro na pista. E nos treinos se viu um domínio incessante de Hamilton e Massa, só quebrado no fim da 2ª sessão, quando Alonso, o rei do blefe, pulou na ponta. Mas seu tempo não foi o melhor do dia;

- O dono da melhor marca da sexta foi o líder do campeonato. Lewis Hamilton andou forte e foi seguido de perto por Massa. McLaren e Ferrari demonstraram que estão incrivelmente parecidas e os dois postulantes ao título travaram uma guerra mental interessante;

- O equilíbrio das duas maiores forças da temporada se explica: a McLaren se aproveita da pista travada, com muitas reacelerações, e a tal eficiência mecânica do MP4/23 torna-se evidente. Já a Ferrari desfruta como ninguém dos pneus macios e super-macios, e puxa a sardinha para o seu lado;

- Prestem atenção ao treino de amanhã: a Ferrari é melhor nos setores 1 e 3. A McLaren reina no setor 2, o mais extenso da pista;

- A BMW ficou com os 7º e 9º lugares, mas o que chamou a atenção no dia da equipe foi a ameaça de bomba nos boxes bávaros. Mecânicos tiveram que sair do paddock às pressas e a polícia chegou ao local. Nada foi encontrado e os trabalhos continuaram;

- Sensação em Monza, a Toro Rosso não deve repetir a performance em Cingapura: Vettel foi o 14º e Bourdais (pego numa conversa de rádio em que reclamava do equilíbrio do carro) o 15º;

- Alonso aprontou no finzinho da 2ª sessão. Suas voltas voadoras no fim dos treinos livres já são quase uma rotina. Puro blefe. Enquanto isso Piquetzinho ficou lá pra trás, com o 13º posto;

- A temperatura da pista ajudou hoje: esteve sempre na casa dos 28ºC, bem próximo da temperatura ambiente;

- Para amanhã, porém, a previsão do tempo não é tão otimista. Expectativa de chuva forte, assim como no domingo;

- Enfim, a grande novidade do gp desse fim de semana é o fato de a corrida ser a noite. De resto nada demais. O traçado é bem simplista, sem grandes desafios para pilotos e equipes;

- E um último lembrete: a classificação amanhã é às 11 da manhã. Se acordarem cedo vão ter que se contentar com a TV Globinho.

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Grande novidade do dia: Kovalainen admite ajudar Hamilton

Enquanto Raikkonen insiste em não aceitar a pecha de "número 2" da Ferrari, Kovalainen já assumiu que, se solicitado pela equipe, pode trabalhar de escudeiro para Hamilton.

A pergunta é: Kova fez algo além disso do início do ano pra cá?

Sobre a chuva, e outras anedotas escolares

Está na enciclopédia Barsa, referindo-se à Cingapura:

“O clima equatorial caracteriza-se por temperaturas superiores aos 25°C durante todo o ano. As chuvas abundantes se distribuem por todas as estações. As maiores precipitações ocorrem de dezembro a março (monção do nordeste) e de maio a setembro (noção do sul) (...)”

Portanto eu imagino que o clima cingalês se aproxima muito ao do norte do Brasil, em cidades como Belém ou Manaus, as principais capitais da Amazônia. É lógico que é um chute porque eu, do alto da minha experiência de blogueiro-amador-que-nunca-saiu-do-estado-em-que-vive, nunca estive no norte. Mas meus conhecimentos sobre geografia são suficientes para entender que climas equatoriais são caracterizados por grande volume de chuva, bem distribuídas durante todo ano: em bom português isso quer dizer que chove praticamente todos os dias nessas regiões.

Daí partem histórias folclóricas disseminadas aqui embaixo, no sul-sudeste do Brasil. Alguns professores contam às turmas que na região amazônica a noção de tempo (cronológico) está intimamente relacionada ao clima, à chuva que cai diariamente e quase sempre na mesma hora. É dessa regularidade pluviométrica que nasceu uma espécie de relógio informal, que se baseia na chuva, e que inspirou uma anedota de um antigo professor do ensino médio. Segundo ele, localizar-se cronologicamente em função da água que cai regularmente é comum em algumas localidades do norte brasileiro e ouvir o diálogo que segue não é improvável entre os nativos da região:

- Apareça lá em casa mais tarde!
- Que horas?
- Ah, pode ser depois da chuva...

E, segundo viajantes e pessoas naturais da região com as quais já conversei, a coisa não falha: todos os dias são muito quentes, muito úmidos, com um mormaço incômodo que vira uma chuva caudalosa no fim da tarde.

Portanto, essa parece ser a salvação da corrida monótona que se desenha domingo próximo. Ao que parece, São Pedro enviará algumas nuvens à ilha-cidade-estado asiática. A previsão para domingo é de 40% de chances de chuva na hora da corrida. Aí sim a prova passa a prometer fortes emoções e a gente vai descobrir se chuva e iluminação artificial combinam ou não.

Olho na Hora!

O GP Cingapura trás algumas novidades quanto ao horário do treino classificatório. A decisão do grid de largada não será no habitual horário das 9 da manhã e sim as 11, com transmissão ao vivo da Tv Globo.

A corrida de domingo será realizada na hora normal e esperada de sempre: 9 da matina, sempre no horário de Brasília.

Inclusive, será a última corrida matinal (para nós brasileiros) do ano. Daqui em diante são duas "sessões-coruja" (Japão-China) e uma pós-almoço (Brasil).

Sem praça, no memories

Esclarecendo: a corrida de Cingapura é a 1ª da história do país. Portanto, os leitores ficarão órfãos das lembranças costumeiramente postadas nas despretenciosas colunas "A mesma praça, outro jardim" e "Memories", simplesmente porque, nesse caso, não há o que se lembrar.

Mas as "colunas" voltam assim que o GP Japão se aproximar. Até lá eu descanso um pouco.

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

A noite é uma criança... chata!

O vídeo a seguir é uma simulação de como será a volta na pista de Cingapura, lar do 1º gp noturno da história da F-1:



Os recursos gráficos da simulação são meio capengas, mas já pra ter um idéia do que vamos ver domingo: uma longa e interminável fila indiana. O circuito cingalês é repleto de retas curtas se revezando com curvas de 90°. Uma seqüência enjoada de "acelera-freia-acelera" que não deve proporcionar muitas emoções.

O vídeo me faz sentir saudades de Mônaco.

terça-feira, 23 de setembro de 2008

Fim da Novela

Como toda boa novela, o "Caso Hamilton" teve suspense, emoção e expectativa até o último capítulo. E no derradeiro desfecho tudo saiu como o previsto.



Suspense porque a decisão, que era para ter saído ontem, só saiu hoje. Emoção porque, segundo relatos de quem estava presente no julgamento, Hamilton deu depoimento apaixonado e se proclamou o melhor piloto da atualidade. E expectativa porque, por mais improvável que fosse, alguma reviravolta podia acontecer e a FIA podia acatar a apelação da McLaren. Mas, como nas novelas, os autores do espetáculo preferiram a saída mais convencional, politicamente correta, aquela que já era esperada pelo público.


A FIA manteve a decisão do dia 7 e a vitória de Felipe Massa foi confirmada simplesmente porque (como muita gente já havia adiantado e como você pode ver aqui) em decisões como um drive-through não há possibilidade de contestação nem da parte do piloto, nem da parte da equipe, nem da parte do Papa. Simples assim.


Portanto, todo o choro derramado até aqui foi inútil. E por mais que continuem choramingando, a FIA, dessa vez, não se pôs em cheque. Respeitou o regulamento e tomou a decisão legal que lhe cabia.

Inconsciente Blogueiro

Olá!

Eu sou o inconsciente do blogueiro que edita essa página. Venho dizer que estou farto de ter que ficar especulando sobre essa novelinha Alonso-Ferrari. Hoje saiu mais uma "bomba", como vocês podem ver no Grande Prêmio. Toda semana é um boatinho, um furo (sim furos, furadas incríveis) da imprensa européia que no fim não dá um nada. E a minha insatisfação acaba interferindo no raciocínio do cérebro ao qual estou vinculado, como vocês podem comprovar aqui, aqui, aqui e aqui.

Decidi que vou começar uma greve. Sim, a cada vez que pipocar uma notícia dessas me recusarei a trabalhar. Só volto à ativa quando alguma das partes diretamente envolvidas se manifestar oficialmente.

Passar bem.

*PS: não deixem o Fábio saber que passei por aqui, senão deixo de exercer o papel de inconsciente e passo a ser o consciente, ok?

Medo do escuro?

Domingo é dia de corrida noturna na F-1. E é esse o assunto da Coluna do Fábio no EsporteZone.


Comentários são bem-vindos.

Leituras Recomendadas

- Felipão, editor do BlogSport revela imagens e detalhes da iluminação do GP Cingapura;

- Ivan Capelli, do conceituado Blog do Capelli disseca a "linha tênue entre autoconfiança e presunção" nessa postagem que praticamente traduz Lewis Hamilton.

Duas leituras que ajudam a entender o que se passa e o que esperar dos próximos dias.

E daqui a pouco a FIA divulga o resultado do julgamento sobre o drive-through de Lewis em Spa. Não deve mudar nada, mas...

domingo, 21 de setembro de 2008

Quarteto Fantástico

Quatro corridas separam a Fórmula-1 de seu novo campeão. E o De Olho na F-1 faz uma prévia sobre as últimas etapas do mundial 2008.

Lewis Hamilton, Felipe Massa e o azarão Robert Kubica são os três pilotos com chances reais de título. Raikkonen, Heidfeld e Kovalainen têm chances matemáticas, mas estão fora da briga justamente por causa de seus companheiros de equipe.

No trio do título, Kubica é um improvável campeão. Possui chances, mas precisaria de uma combinação de resultados praticamente impossível para ser levar o título. Sua BMW, sabe-se, ainda não é carro para brigar por vitórias com McLaren e Ferrari. Mas, a STR também não tinha chances em Monza...

Portanto, para efeito prático, Kubica é zebra em todas as corridas. Mas lembrem-se do GP Itália e do fim da temporada passada. Fazer previsões é um risco.

- GP Cingapura (Cingapura) – A corrida do próximo domingo é uma grande incógnita para todos. Será a primeira vez na história que a F-1 entrará na pista para uma corrida noturna. O comportamento dos carros, a visibilidade e o nível de aquecimento dos pneus prometem ser pontos decisivos.

A pista é de rua e a vantagem teórica nesse tipo de traçado é da McLaren, com o MP4/23, que se sai melhor em pistas travadas. A favor da equipe inglesa ainda está a questão climática: o carro britânico obtém um desempenho melhor que o da Ferrari com temperaturas amenas. Com a ausência da luz solar, a temperatura da pista deve ficar próxima à temperatura ambiente, favorecendo o time de Lewis Hamilton.

Porém, o pneus, como sempre, podem ser fator ainda mais decisivo. Em Mônaco a vantagem teórica também era da McLaren mas a Ferrari fez a 1ª fila na classificação e teve boas chances na corrida. O motivo: os pneus macios e super-macios, os mesmos que a Bridgestone enviará para Cingapura. É justamente com esse tipo de pneu a Ferrari tem se saído melhor, ao contrário da McLaren, que se adaptou com mais eficiência aos pneus médios e duros. Esta escolha da fabricante dos “calçados” deve tornar a disputa um pouco mais equilibrada. Contudo, a vantagem ainda é da McLaren. Se chover então (e há possibilidades, segundo a previsão do tempo), o time de Woking é franco favorito.

Mas, pistas de rua sempre reservam surpresas.

- GP Japão (Monte Fuji) – Fazer uma prévia do GP Japão sem pensar em chuva é praticamente impossível. A pista de Fuji, numa área montanhosa e aos pés do morro que lhe dá nome, é caracterizada pela presença constante de nuvens carregadas. E na chuva, a vantagem, como já foi salientado, é da McLaren. O carro inglês rende mais debaixo d’água porque possui maior facilidade em gerar calor e aderência nos pneus, ponto em que a Ferrari leva um baile. É curioso, porque a equipe italiana trabalhava com a Bridgestone mesmo enquanto haviam duas fornecedoras de pneus e ainda assim a McLaren (que corria com calçados da Michelin) é superior, demonstrando grande capacidade de adaptação.


- GP China (Xangai) – Depois de receber a Olimpíada e a Para-Olimpíada, a China abre as portas para a Fórmula-1, pela 5ª vez em sua história. O gp chinês é disputado desde 2004 na pista de Xangai, construída especialmente para abrigar a categoria, que está de olho no mercado que mais cresce no planeta.

Xangai é, talvez, a pista onde se nota o maior favoritismo da Ferrari. Das quatro corridas realizadas lá até hoje, a equipe italiana só perdeu uma, em 2005, quando disputou a temporada com um carro extremamente mal-nascido. O traçado é do jeito que o F-2008 gosta: retas longas e curvas de média e alta velocidade, privilegiando a eficiência aerodinâmica dos carros de Felipe Massa e Kimi Raikkonen.

E a pista já deu sorte a um brasileiro: Rubens Barrichello foi o primeiro vencedor do GP China, em 2004, com a Ferrari. Foi sua 9ª e última vitória na Ferrari, última de Rubinho desde então.


Porém, a chuva também não está descartada no autódromo projetado por Hermann Tilke. As duas últimas edições da corrida na China tiveram pista molhada em algum momento da prova, e nessas condições, repete-se a história: vantagem inglesa.

- GP Brasil (Interlagos) – Pela 4ª vez em sua história, o autódromo de Interlagos encerrará uma temporada de F-1 e, provavelmete, decidirá o título. Se a disputa chegar indefinida em São Paulo, será a 4ª vez consecutiva que Interlagos proclamará o campeão.

O traçado da pista brasileira é um caso curioso: com suas curvas lentas e seu miolo travado, em tese, deveria favorecer a McLaren. Mas nos dois últimos anos a Ferrari venceu com folga em São Paulo: em 2006, Felipe Massa não teve adversários, e em 2007 venceria de novo, não existisse a necessidade de fazer o jogo de equipe com Raikkonen.

O fato é que a pista tem um caráter um tanto quanto dúbio: o miolo, do “Laranjinha” até a Junção, é a parte travada, de média/baixa velocidade, privilegiando a aderência mecânica que favorece o modelo da McLaren. Já o “anel externo” (a denominação não é usual, mas faço uso para facilitar as coisas por aqui) é a parte de alta velocidade, que se estende desde a Subida do Boxes até voltar ao “Laranjinha”. É nessa parte do circuito que os carros atingem os maiores picos de velocidade e é onde, em teoria, a Ferrari leva vantagem.



Nos últimos 10 anos, Interlagos faz questão de se apresentar como território neutro: 4 vitórias da Ferrari (2000, 2002, 2006, 2007), 4 da McLaren (1998, 1999, 2001, 2005) e 2 triunfos de outras equipes. É a pista em que há a maior dificuldade em apontar em favorito, mas é a que pode ter sua corrida decidida na escolha dos pneus.

A Bridgestone trará compostos médios e duros para a corrida brasileira, ao contrário do ano passado, quando vieram os compostos macios e super-macios, e a McLaren passa a possuir uma pequena vantagem. Mas, 2008 já provou ser um ano em que fazer previsões é correr grande risco de errar.

Enfim, o campeonato está aberto. A McLaren parece levar vantagem na maioria das etapas restantes, mas o desenvolvimento dos carros é veloz e está perto do limite. As duas equipes estão muito próximas no desempenho geral e certamente a Ferrari trabalhou duro para minimizar suas deficiências com o aquecimento de pneus. Promessa de um fim de ano emocionante.

sábado, 20 de setembro de 2008

Olhar Global

Amanhã o Esporte Espetacular lançará um olhar sobre os últimos acontecimentos envolvendo o piloto inglês Lewis Hamilton. Fiquei sabendo hoje, numa chamada exibida no Globo Esporte.

Na tal chamada, Mylena Ciribelli lança uma dúvida no ar, algo no estilo "Lewis Hamilton! Fenômeno ou piloto desleal?" Certamente a matéria deve girar em torno das últimas manobras em que Hamilton se envolveu, disputando posições de forma nem sempre unanime.


Só espero que a Globo não use a força que tem para forjar uma imagem equivocada sobre o inglês aspirante a campeão. É bom lembrar que a emissora já cometeu excessos ao se manifestar sobre disputas envolvendo brasileiros. Hamilton pode não ser um fenômeno (fenômenos não perdem campeonatos de forma tão embaraçosa como Hamilton em 2007), mas é, talvez, o piloto de maior talento da geração que disputa o título atualmente.


O Esporte Espetacular começa amanhã às 9:30 da manhã.

Notas Semanais

Andei tendo problemas com minha conexão com a internet nesses últimos dias da semana, além de estar com a saúde meio debilitada. Por isso, não se assustem se eu sumir de repente durante os próximos dias. A culpa será (muito provavelmente) do "Lerdox" e de todas as "ites" (bronquite, rinite, etc) que me assolam.

Vamos ao que interessa, as notinhas que essa passagem rápida pelo computador me permitem:

- Quase todas as equipes passaram a semana treinando e se preparando para as últimas 4 corridas do ano (Cingapura, Japão, China e Brasil). "Quase" porque a Force India foi a única das 10 que não participou do expediente. Portanto, 8 equipes passaram a semana se preparando em Jerez.

Oito? Sim, oito! Porque a nona equipe que deveria estar treinando na Espanha é a vovó Ferrari, que preferiu se isolar. Raikkonen e Badoer (piloto de testes) treinaram em Mugello e Massa andou com o F-2008 em Fiorano. Certamente a nona está preparando algo para tentar reverter o favoritismo da McLaren nesse fim de temporada;

- Em Jerez, Espanha, Vettel confirnou a boa fase e fez o melhor tempo da semana, 1min18s001, 9 décimos melhor que o espanhol Pedro de la Rosa, da McLaren.
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Segurem esse menino!;

- E, para fechar, uma demonstração clara de que a rusga entre Alonso e Hamilton ano passado ainda não foi superada: perguntado sobre o campeonato desse ano e sobre quem gostaria de ver como campeão, Fernando Alonso respondeu: "preferiria que Massa ganhasse, porque, senão, Hamilton vai ganhar", disse o espanhol, num arrombo de sinceridade;

É uma idéia fortuita, mas seria interessante ver Alonso na Ferrari um dia. Imaginem, o espanhol no carro vermelho, Hamilton no prateado, as duas equipes com a maior rivalidade da categoria e os dois pilotos que já provaram quão explosiva pode ser a disputa entre os dois. Era garantia de emoção... quem sabe um dia, né?

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Eles não usam Black-Tie

Titio Max Mosley, presidente da FIA, anda falando em dar motor e câmbio padronizado pra todo mundo, algo a ser discutido no próximo “Pacto de Concórdia.” A medida, que seria adotada para reduzir os custos com o desenvolvimento dos bólidos, deixaria todo mundo igualzinho e já gerou polêmica.

Flávio Briatore, chefão da Renault, é o primeiro da lista dos que apóiam a idéia. Pelo regulamento atual, os motores estão com o desenvolvimento a potência "congelados" e não podem receber nenhuma inovação sem a autorização da FIA. Isso gerou uma desvantagem para a Renault, por exemplo, que não possuía um dos propulsores mais poderosos na época do congelamento.
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A situação se torna mais injusta para a montadora francesa quando se olha a situação de equipes-clientes como a Toro Rosso. O time recém-chegado ao olimpo das vitórias não fabrica os próprios motores, apenas os compra da Ferrari, uma das equipes com motorização mais potente do grid. Sem nenhum trabalho específico, a STR consegue um desempenho melhor que o da Renault, que gasta milhões tentando melhorar seu equipamento.

Mas se há uma Renault querendo padronização, do outro lado há a Ferrari querendo manter a estrutura atual. A equipe italiana já se manifestou contrária à medida posta em discussão por Mosley. Ao seu lado, o time vermelho tem toda a tradição da Fórmula-1: tentativas de padronização já foram discutidas em outras épocas, mas jamais foram efetivamente praticadas.
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Particularmente, acho que essa é uma briga difícil para Mosley. Se for mesmo colocada em prática, numa situação hipotética, a padronização vai contrariar não só a Ferrari, mas também McLaren e BMW. Comprar briga com as escuderias mais poderosas do grid pode não ser um bom negócio para o esporte como um todo. Além disso, tentar vestir esse black-tie na F-1 é querer obrigar a categoria a apresentar uma igualdade que ela nunca fez questão de possuir. A diferença de equipamento para equipamento é algo que está na alma da Fórmula-1. Padronizar os carros é retirar boa parte do sentido da existência de equipes tão míticas quanto Ferrari e McLaren.

Crash!

A bolha imobiliária da economia americana estourou e ameaça levar o mercado financeiro mundial pro buraco, à reboque. E a crise causa reflexos na F-1.

O Lehman Brothers era o 4º maior banco de investimentos dos EUA e era o 2º maior acionista da Fórmula-1. A falência do Lehman (que possuía 16,7% dos direitos comerciais da categoria) e suas conseqüências prometem respingar na F-1, não pelo colapso do banco, mas pela crise econômica que irá se desencadear. Com o fechamento da instituição, o mercado financeiro reagiu (como só poderia ser) mal, e a semana é muitas perdas nas bolsas de todo mundo. Mas o que isso tem a ver com a Fórmula-1?

A expectativa para o futuro da economia mundial é, no cenário mais otimista, de uma diminuição no ritmo de crescimento do mercado global, como um todo. É o fim de um extenso período de prosperidade financeira. Com isso a Europa, palco primordial da F-1, deve enfrentar uma considerável recessão econômica e o público deve diminuir nos próximos anos. Um bom exemplo disso foi o GP Bélgica: os organizadores do evento registraram um prejuízo na casa dos milhões de dólares já na última edição, por falta de público, e falou-se em transferir a corrida de Spa para os meses de maio ou junho, quando a primavera está no auge e, em tese, há mais público para o gp.
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Os 16,7% de ações do Lehman já tem dono: o grupo CVC, da Holanda, atual maior proprietário dos direitos comerciais, já manifestou interesse em comprar a fatia que ficou no “vácuo.” Quem disse que o esporte está imune às turbulências do mercado?

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Mais do mesmo: Berger volta ao pódio de Monza, 20 anos depois

A foto acima quase dispensa um comentário. Na onda da (batida) teoria do “uma imagem vale mais do que mil palavras”, o austríaco Gerhard Berger, um dos donos da Toro Rosso, e o alemão Sebastian Vettel, que levou a equipe a seu primeiro triunfo na Fórmula-1.

Porém, as palavras se fazem necessárias. Como bem foi lembrado pelo Paulo Alexandre Teixeira, do ótimo Continental Circus, o GP Itália 1988 foi especial para os tiffosi. Vai um resumo:

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Há exatos 20 anos, Gerhard Berger vivia naquele circuito um dos momentos mais marcantes de sua carreira, na Ferrari. Numa temporada em que os McLaren de Alain Prost e Ayrton Senna venceram 15 das 16 corridas, o GP Itália foi a redenção da escuderia de Maranello. Prost e Senna abandonaram a prova e a vitória caiu no colo de Berger, com Alboreto (ambos da Ferrari) em 2º, fazendo a festa da torcida rubra que lotava o autódromo.

O leitor imagina que dobradinha da Ferrari em Monza é algo que foge aos padrões. A torcida italiana, com sua calorosa paixão pelos bólidos vermelhos, explode de emoção e a festa atinge o auge com a invasão da pista. Mas naquele 1988 havia algo que dava um tom de superação à conquista da dupla vermelha: Enzo Ferrari, o fundador da marca que se tornou sinônimo de luxo e velocidade, falecera pouco tempo antes e aquele GP Itália era o primeiro sem a presença do “comendador”, como Enzo era conhecido, em sua terra natal. A dobradinha vermelha na Itália foi um show de comoção, uma vitória inesperada e que devolveu a moral ao time italiano.

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Domingo passado, Berger voltou àquele pódio para receber mais um troféu, desta vez representando o time vencedor do GP Itália. Sua Toro Rosso era a vencedora, guiada de forma habilidosa pelo moleque Vettel. O significado do pódio e a emoção estampada no rosto de Berger emocionaram que acompanhava a premiação (o editor desta página incluso). Imaginar o que se passou na cabeça de Gerhard, 20 anos depois, foi um exercício interessante.

Clique aqui e visite a página inicial do blog Continental Circus.

terça-feira, 16 de setembro de 2008

VettelMania

A primeirona de Sebastian Vettel é o assunto dessa semana no EsporteZone, como não poderia deixar de ser.


Coluna do Fábio no EsporteZone, espaço cedido por Deivison Conceição. Comentários são muito bem-vindos

Onde fica?

Entre as muitas dúvidas que o GP noturno de Cingapura trás, uma delas é primordial: onde raios fica Cingapura?

Alguns amigos têm me feito essa pergunta com certa freqüência. “Cingapura fica em algum da Ásia ou da África, né?”, me perguntam, já tentando arriscar uma resposta.

A República de Cingapura é uma espécie de cidade-estado localizada ao sul da parte continental da Malásia. Trata-se de uma ilha de cerca de 620 km², totalmente urbanizada, e com grande movimentação portuária. Por estar localizada numa região que concentra grande trânsito de navios (Cingapura fica no meio do caminho das rotas comerciais entre Europa e Ásia), os portos do país são uns dos maiores do mundo em tonelagem e em valor de carga.

Apesar do alto índice de densidade demográfica, Cingapura proporciona uma boa qualidade de vida a seus quase 4 milhões de habitantes. O IDH (Índice de Desenvolvimento Humano, um dos mais importantes indicativos da ONU) do país é de 0,881 (quanto mais próximo de 1, melhor. Para se ter uma idéia o IDH do Brasil é de 0,800 e o da Islândia, o melhor de todos, é de 0,968).

A corrida noturna em Cingapura foi motivada, entre outras coisas, pelo interesse em melhorar a audiência das corridas asiáticas na Europa. Provas como o GP Malásia acontecem em um horário pouco confortável para o telespectador europeu. Enquanto é tarde nessa porção de Ásia, é manhã na Europa e o horário de exibição da corrida no velho continente afasta a audiência. Para alavancar o índice de televisores sintonizados e tornar o horário mais confortável para o torcedor europeu, teve-se a idéia de um GP noturno em Cingapura, início de tarde na Europa.

Já se cogita a possibilidade de também empurrar o GP Malásia, em Kuala Lumpur, para a noite.

(PS1: ainda bem que eu não matei a aula de geografia essa semana)
(PS2: mal sabem os europeus que nós brasileiros temos que acordar as 4 da madrugada para ver a corrida malaia)

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Itália - Memories

Causos de Monza

O GP Itália do ano 2000 não foi uma corrida convencional. Decisão do título se aproximando, Schumacher, mais uma vez, com chances e a velha esperança da torcida ferrarista de ver um piloto vermelho campeão, numa ocasião em que já se acumulavam 21 anos desde que o sul-africano Jody Scheckter sagrou-se campeão pela Scuderia.

O circo chegava à Monza, literalmente, pegando fogo. Restando, antes da corrida italiana, 4 provas para o fim da temporada, Mika Hakkinen, o bicampeão finlandês que era a maior pedra no sapato de Schumi, tinha 74 pontos e Schumacher 68. A vantagem de Mika era relativamente confortável, mas não segura. Foi o que se viu naquele fim de semana.

No sábado, a Ferrari domina a classificação: Schumacher faz a pole e Barrichello é o 2º. A McLaren ocupa a segunda fila com Hakkinen em 3º e Coulthard em 4º. No domingo, a largada ocorre, e Barrichello, que deveria servir de escudeiro, larga mal, perdendo muitas posições e caindo para o 5º lugar. Mas o pior daquela 1ª volta ainda estava por vir.

Os pilotos passam pela Variante Del Rettifiglio com certa tranqüilidade. A corrida segue, aparentemente sem maiores problemas até a próxima chicane, a Variante della Roggia. Na freada para o contorno da primeira tomada, o alemão Heinz Harald Frentzen se afoba, e tenta espremer sua Jordan entre os carros de Jarno Trulli e Rubens Barrichello. Sem conseguir concluir a manobra e sem espaço para frear adequadamente, o alemão atinge a Ferrari de Barrichello e a Jordan do companheiro de equipe. Barrichello, empurrado pelo carro de Frentzen, se choca com a McLaren de Coulthard e um incrível acidente acontece. A tentativa desastrada de ultrapassagem iniciada por Frentzen resulta num engavetamento envolvendo 7 carros.




Embalado no mega-engavetamento, Pedro de La Rosa chega à variante completamente desgovernado, capotando e girando com sua Arrows, que mergulha na nuvem de poeira formada pelo 1º acidente. O temor dos espectadores e dos comentaristas de TV era de que o carro de de La Rosa caísse sobre um dos outros bólidos nocauteados no genocídio automotivo promovido por Frentzen. E foi por pouco que essa hipótese não se tornou fato. A Arrows de Pedro, sem controle, atingiu a McLaren de Coulthard, ganhou altura e caiu ao lado da Ferrari de Barrichello, arrancando uma lasca do capacete do brasileiro, sortudo por não sofrer nenhuma contusão mais grave.

Porém, as batidas não foram os piores acontecimentos da 1ª volta maluca de Monza. Na confusão, um comissário de pista foi atingido por destroços dos carros e se feriu gravemente. Enquanto o Safety Car permanecia na pista, a ambulância prestava socorro ao fiscal inutilmente. O fiscal morreu no hospital, oficialmente, horas depois da conclusão da corrida.

Até hoje não se chegou a um consenso sobre o culpado pelo acidente. Na época, Frentzen e Barrichello trocaram acusações sobre a colisão. O brasileiro dizia que o alemão merecia uma “punição exemplar”, ao passo que Frentzen acusava Rubens de ter freado muito cedo e causado a batida. Um inquérito foi aberto, com o objetivo de encontrar os culpados pelo acidente (eu confesso que pesquisei e não encontrei o resultado da investigação. Se alguém souber de alguma pista sobre a conclusão dos trabalhos da perícia policial da Itália, por favor, se manifeste!).

Depois de ficar na pista por 10 voltas, o Safety Car voltou aos boxes e o GP Itália recomeçou. Schumacher seguiu em 1º, sempre acompanhado de perto por Mika Hakkinen. As posições não se alteraram até o fim da corrida e, para histeria dos tiffosi presentes em Monza, Michael Schumacher venceu o Grande Prêmio da Itália, com Hakkinen em 2º e Ralf Schumacher, da Williams, em 3º.




Daí em diante, a Fórmula-1 moderna conheceu uma das seqüências mais emocionantes de sua história. Após realizar a volta da vitória e descer do carro, um Michael Schumacher diferente do habitual foi para a festa do pódio. Visivelmente emocionado, Schumi cumprimentou vários mecânicos da Ferrari, e, gesticulando muito, subiu ao pódio de Monza para ouvir o hinos da Alemanha e da Itália. A massa ferrarista presente no autódromo ferveu quando o hino italiano se pôs a tocar, e Schumacher se emocionou ao ver a estrondosa festa oferecida pelo público, que, como manda a tradição do GP Itália, invadiu a pista. Porém, as emoções ainda não haviam terminado.

Na sala de imprensa, onde os três primeiros colocados concedem a tradicional coletiva exclusiva, aconteceu um lance que marcou a carreira de Schumacher. A vitória em Monza, sob a euforia da massa vermelha, era a 41ª da carreira de Schumacher, que acabara, talvez ainda sem assimilar a informação, de igualar o número de vitórias de Ayrton Senna. Perguntado sobre como se sentia ao atingir tal feito, Michael Schumacher, o alemão conhecido pela frieza que àquela altura havia lhe rendido dois títulos mundiais, desabou num choro compulsivo. A entrevista seguiu, com Hakkinen e Ralf Schumacher tentando falar e, simultaneamente, controlar o pranto de Schumacher.




A imagem de Schumacher chorando, com a cabeça baixa, correu o mundo e foi manchete de todos os jornais no dia seguinte. E o alemão voltaria a ser destaque na imprensa por mais três vezes naquela temporada. Depois de Monza, restavam três corridas para o encerramento do ano e Schumi estava apenas 2 pontos atrás de Hakkinen na classificação. Em um fim de ano perfeito, Schumacher ganhou o GP EUA e, menos de um mês após a epopéia italiana, retribuiu o carinho oferecido pela apaixonada torcida ferrarista tornando-se tricampeão do mundo no GP Japão, tirando a Ferrari de uma espera de 21 anos. De quebra, ainda ganhou a última corrida do ano, na Malásia, ratificando o primeiro dos cinco títulos que viriam na vertiginosa seqüência de domínio da Ferrari na F-1.

Vai ou não vai?

"Eu sempre disse que o nosso principal interesse é a equipe e os pilotos sabem disso. Neste momento do campeonato, não podemos tirar pontos um do outro. No que for possível Kimi será bastante agressivo, mas sempre considerando que Felipe está mais perto do líder."

Stefano Domenicali, chefe da equipe Ferrari.

"Minha situação não está boa, mas eu continuarei lutando pelas melhores colocações nas próximas corridas."

Kimi Raikkonen, atual campeão do mundo, 21 pontos atrás do líder Lewis Hamilton e 20 atrás do companheiro de equipe Felipe Massa.

Como era previsto, a Ferrari sinaliza (tardiamente, na opinião de muitos) que a hierarquia dentro da equipe será estabelecida. Massa, o único capaz de acompanhar o desempenho de Hamilton, passará a obter vantagem nas estratégias da Ferrari, e Raikkonen assumirá o papel de escudeiro. Será mesmo?

A situação na equipe italiana é inusitada: o atual campeão do mundo atravessa uma péssima fase, está mais de 20 pontos atrás dos líderes restando apenas 40 possíveis. Não há dúvidas sobre quem merece prioridade na equipe. Mas Raikkonen, apagado ou não, desmotivado ou não, está carregando o número 1 na frente de sua Ferrari. O que está envolvido nessa tentativa de hierarquizar a dupla vermelha é mais do que simplesmente Massa ser o número 1 e Raikkonen o 2. A questão passa por vários outros pontos.

Um deles é o fato de Kimi ser o atual campeão. O triunfo de 2007 dá ao finlandês a possibilidade de não se sentir obrigado a “escudeirar” Massa. Raikkonen carrega o trunfo de ter ganho um campeonato em condições extremamente desfavoráveis ano passado, tirando uma diferença enorme nas últimas 4 corridas. Talvez essa lembrança, ainda muito viva, cause certa dificuldade de compreensão a Kimi e a relutância em se submeter a Massa.

Mas, o título conquistado de forma surpreendente por Kimi teve a importante colaboração do brasileiro. No GP Brasil, Massa era líder, com certa sobra, e caminhava para mais uma vitória dentro de casa. Raikkonen, o segundo, precisava de mais 2 pontos para ser campeão, e a Ferrari fez (dessa vez com extrema competência) o jogo de equipe: Massa parou nos boxes mais cedo, Kimi continou na pista com o carro leve e ao voltar do pit stop, era o líder em Interlagos. Felipe abdicava de uma vitória dentro de casa, algo que todo piloto valoriza, mas era o homem da equipe, priorizando o sucesso coletivo em detrimento do êxito pessoal. Muita gente considera que Raikkonen tem uma dívida com Felipe por causa da manobra de Interlagos. Não tem. Massa apenas foi profissional e atendeu a um pedido dos patrões. Nada mais que isso.
_
As cartas estão na mesa e o jogo está claramente favorável a Massa. Raikkonen sabe que a Ferrari é caracterizada pelo pensamento na equipe como um todo, como bem disse Domenicali, e o sucesso desse “todo” é a conquista do mundial de pilotos. Kimi está fora da briga e tem plena consciência de que se não ceder aos interesses do chefe pode estar comprando uma briga histórica dentro da equipe mais visada do automobilismo mundial. É esperar para ver.

domingo, 14 de setembro de 2008

Vettel em números

Números da carreira do mais novo vencedor, até o momento:

Idade: 21
GP’s disputados: 22
Poles: 1
Vitórias: 1
Pódios: 1
Pontos conquistados na carreira: 29
_

Vettel conquistou a vitória de número 103 da Alemanha na F-1;

Também se tornou o 6º piloto diferente a vencer uma corrida em 2008: juntou-se a Felipe Massa, Lewis Hamilton, Kimi Raikkonen, Robert Kubica e Heikki Kovalainen;

Tabela 2008, após 14 etapas

GP Itália, após 53 voltas:


01
Sebastian Vettel
Toro Rosso
01h26m47s494

02
Heikki Kovalainen
Mclaren-Mercedes
+00m12s512

03
Robert Kubica
Bmw Sauber
+00m20s471

04
Fernando Alonso
Renault
+00m23s903

05
Nick Heidfeld
Bmw Sauber
+00m27s748

06
Felipe Massa
Ferrari
+00m28s816

07
Lewis Hamilton
Mclaren-Mercedes
+00m29s912

08
Mark Webber
Red Bull
+00m32s048

09
Kimi Raikkonen
Ferrari
+00m39s468

10
Nelsinho Piquet
Renault
+00m54s445

11
Timo Glock
Toyota
+00m58s888

12
Kazuki Nakajima
Williams
+01m02s015

13
Jarno Trulli
Toyota
+01m05s954

14
Nico Rosberg
Williams
+01m08s635

15
Jenson Button
Honda
+01m13s370

16
David Coulthard
Red Bull
+1 volta

17
Rubens Barrichello
Honda
+1 volta

18
Sebastien Bourdais
Toro Rosso
+1 volta

19
Adrian Sutil
Force India
+2 voltas

20
Giancarlo Fisichella
Force India
+42 voltas

Classificação Geral de Pilotos, após 14 etapas:


01 - Lewis Hamilton (McLaren) - 78
02 - Felipe Massa (Ferrari) - 77
03 - Robert Kubica (BMW) - 64
04 - Kimi Raikkonen (Ferrari) - 57
05 - Nick Heidfeld (BMW) - 53
06 - Heikki Kovalainen (McLaren) - 51
07 - Fernando Alonso (Renault) - 28
08 - Jarno Trulli (Toyota) - 26
09 - Sebastian Vettel (STR) - 23
10 - Mark Webber (RBR) - 20
11 - Timo Glock (Toyota) - 15
12 - Nelsinho Piquet (Renault) - 13
13 - Rubens Barrichello (Honda) - 11
14 - Nico Rosberg (Williams) - 9
15 - Kazuki Nakajima (Williams) - 8
16 - David Coulthard (RBR) - 6
17 - Sebastien Bourdais (STR) - 4
18 - Jenson Button (Honda) - 3
19 - Giancarlo Fisichella (Force India) - 0
20 - Adrian Sutil (Force India) - 0
21 - Takuma Sato (Super Aguri) - 0
22 - Anthony Davidson (Super Aguri) - 0

Classificação de Equipes, após 14 etapas:


01 - Ferrari - 134
02 - Mclaren-Mercedes - 129
03 - Bmw Sauber - 117
04 - Toyota - 41
05 - Renault - 41
06 - Toro Rosso - 27
07 - Red Bull - 26
08 - Williams - 17
09 - Honda - 14
10 - Force India - 0
11 - Super Aguri - 0

Itália - Results & Coments [7]

Estrela de campeão

Foi absolutamente fantástico. O feito de Vettel, hoje em Monza, é um daqueles que tão cedo não será esquecido. A vitória o alemão foi madura, segura e muito festejada, não só por ele, mas todos no grid. Foi bonito ver Alonso fazendo questão de saudar o novo vencedor, numa atitude de reconhecimento do talento precoce que surge na F-1. Lugares-comum à parte, é histórico!

Vettel derrubou marcas com a conquista hoje em Monza. Foi sua primeira vitória, também a primeira da Toro Rosso, que, curiosamente, atinge o êxito antes da sua “matriz”, a Red Bull. Vettel se torna, aos 21 anos, 2 meses e 11 dias, o mais jovem piloto a vencer um grande prêmio e o primeiro alemão a vencer uma corrida desde Michael Schumacher, no GP China em 2006, há quase dois anos atrás. E falando em Schumacher...

No pódio, o alemão demonstrava nervosismo. O significado do pódio, aliás, foi especial. Vettel, Kovalainen (meio cavalo paraguaio, mas tudo bem) e Kubica são os novos vencedores de 2008, os pilotos que estrearam no hall dos vencedores de corrida nesse ano. Mas, voltando a falar de Vettel, o alemão me fez lembrar muito de Schumacher hoje. No momento da festa do pódio, me toquei que ouviríamos, depois de tanto tempo, o hino alemão seguido pelo hino italiano. A ligação com o nome do heptacampeão foi imediata. Talvez por isso, Vettel já esteja sendo chamado de “O Novo Schumacher.”


Mas, vamos começar do começo (sim, a redundância é proposital):

Sebastian fez uma corrida irrepreensível. Foi perfeito, sem dar chances a Kovalainen (me lembrei da primeira vitória do Kova em Hungaroring e me espantei com a diferença entre as duas. Enquanto o triunfo de Vettel foi emocionante, daqueles realmente memoráveis, o de Heikki foi sem graça, sem brilho, mas isso não tem a ver com a postagem). Foi maduro, rápido, consistente, administrando as eventuais desvantagens técnicas de sua STR. Não foi ameaçado por ninguém, nem no molhado, nem no seco. Demonstrou imenso controle sobre o carro e sobre sí mesmo, pois para um moleque jovem como Vettel é muito fácil cair na armadilha de passar do limite, em especial com a pista molhada. Vettel, porém, ignorou todas essas possíveis chances de erro, e venceu o GP Itália de forma espetacular.

Kovalainen não foi páreo para o menino-prodígio. O curioso é que se Kova rendesse como Hamilton, possivelmente ganharia a corrida. Ok, ok, Hamilton pôde alterar a configuração de sua McLaren, enquanto Kovalainen não teve essa chance. Mas o finlandês não consegue extrair um rendimento sequer parecido com o Lewis. Vai ver é a desregulagem naquela peça entre o cockpit e o volante.

_

Kubica voltou ao pódio que começou a revelá-lo em 2006, no mesmo terceiro lugar. É uma excelente posição, numa corrida em que ele largou em 11º. Kubica foi muito mais eficiente que Massa, por exemplo, que chegou na mesma posição em que largou. E, de quebra, o polonês conseguiu chegar à frente de Heidfeld, mesmo largando em pior posição.

Alonso beliscou o pódio, de novo. O bicampeão, anotem, corre o risco de passar o ano inteiro sem visitar a festa do champagne.

Completando a pontuação, Mark Webber faz a RBR corar. Enquanto a filial largou na pole e venceu, a matriz largou com chances de pódio e terminou a prova com apenas 1 pontinho.

Esse GP Itália prova, por fim, que Vettel é mesmo o nome do futuro. Já havia falado isso ontem e o rendimento do alemão hoje só confirma minhas palavras. Assistindo à cerimônia da premiação, confesso que fiquei emocionado ao ver o garoto, no auge de seus 21 anos, recebendo a atenção da torcida italiana. Afinal, venceu um carro italiano e de motor Ferrari. A vitória de Vettel parece ter escolhido um lugar especial para acontecer: Monza, com chuva, saudado pela grande torcida que invade a pista, tradicionalmente. Possuir essa estrela, é típico dos campeões.


Itália - Results & Coments [6]

Guerra Fria

A briga do campeonato foi exuberante hoje em Monza. Hamilton e Massa travaram uma espécie de “Guerra Fria”: os dois se enfrentaram psicologicamente durante toda a prova, mesmo estando distantes um do outro. Foi uma corrida nervosa para ambos, já que os dois precisavam de ultrapassagens mas também não podiam correr o risco de bater e ficar fora da zona de pontuação.

Massa fez o seu trabalho da forma que foi possível. Enquanto a pista estava muito molhada, na primeira metade da corrida, Felipe fez o que esteve ao seu alcance: conseguiu a ultrapassagem sobre Rosberg de forma brilhante, espremendo a Ferrari entre a Williams de Nico e a zebra (alta, como são as zebras de Monza) da Variante della Roggia. O curioso nesse caso, é imaginar como a F-1 mudou depois da punição sofrida por Hamilton em Spa, semana passada. A manobra de Massa foi, aparentemente, limpa: Felipe não saiu da pista, não tocou o adversário, não fez, enfim, nada de irregular. Mas só a possibilidade de a manobra ser interpretada como “excesso de risco” pelos comissários motivou a Ferrari a instruir Felipe a devolver a posição ao alemão da Williams. No fim da mesma volta, Massa fez prevalecer a superioridade de seu equipamento, e deixou Rosberg para trás.
_
Mas quem apavorou em Monza foi Hamilton. O rendimento do inglês não encontrou paralelo na corrida. Com tanque cheio, para fazer uma parada só, Hamilton escalou as posições com rapidez e determinação. A McLaren de Lewis esteve um nível acima de qualquer outro carro, enquanto a pista esteve molhada. E Lewis aproveitou-se da grande performance de seu carro de forma magistral. Não tomou conhecimento de Raikkonen, em teoria, o adversário mais forte que Lewis encontraria no início da prova, e em poucas voltas já estava na zona de pontuação. Tudo bem, correu alguns riscos, como na ultrapassagem sobre Glock, que poderia desencadear outra daquelas investigações dos fiscais de prova. Mas o arrojo de Lewis, assim como o de Felipe é pra ser louvado porque, mesmo com a traumática punição de Spa, Hamilton não alterou sua forma agressiva de pilotar. Melhor para a F-1 e para nós, fãs do esporte.

Na metade da prova, Hamilton parecia caminhar para, no mínimo, um pódio. A McLaren contava com a chuva, e equipou o MP4/23 de Lewis com calçados para chuva forte. Porém, dessa vez a Ferrari acertou a previsão do tempo e a estratégia. A equipe italiana apostou na estiagem e na secagem da pista, e devolveu Massa à pista com pneus intermediários. Hamilton precisou fazer um pit stop extra, e terminou na 7ª colocação, atrás de Massa, o 6º.

O lucro,nesse caso particular, foi de Hamilton. Massa chegou na mesma posição em que largou, mas Lewis deu show, saiu da 15ª e chegou em 7º. Garantiu a liderança do campeonato por um pontinho que pode ser decisivo no fim do ano em Interlagos.

Entre as coisas que o GP Itália definiu, está a superioridade da McLaren com pista molhada e fria. Enquanto Hamilton ultrapassava quem estivesse na frente, Massa e Raikkonen sofriam para levar o F-2008 ao limite. E é bom lembrar que, das 4 corridas que restam, 3 delas foram disputas com chuva em pelo menos um período da prova nos últimos anos (Xangai, Fuji e Interlagos). Teórica vantagem para a McLaren, que, considerando apenas o critério “temperatura”, deve se dar bem em Cingapura, a primeira corrida noturna da F-1. Na ausência de luz solar, a temperatura da pista deve ser mais baixa que o habitual.

Itália - Results & Coments [5]

Adeus, Kimi!

Na rabeira, a infelicidade de Sébastien Bourdais, o companheiro de equipe do vencedor da prova. Justamente no momento em que o francês parece se adaptar ao carro, o motor de Bourdais apaga na largada, e deixa o garoto absolutamente fora da briga. Uma pena, que de certa forma é um remake do que aconteceu em Spa. Domingo passado, Bourdais estava para chegar ao pódio, mas a chuva no finalzinho o empurrou para o 7º lugar. Hoje, de novo, uma fatalidade tirou a boa chance que Sébastien possuía. Se bobeassse, a Toro Rosso podia sair de Monza com uma dobradinha, ou com os dois carros no pódio, seguramente;

David Coulthard é o figuraça do grid. Só hoje, o escocês se envolveu em dois acidentes: se enroscou com Fisichella e tirou o italiano da corrida. No fim, ainda conseguiu deixar partes do bico da sua Red Bull no meio da Parabólica, ao se envolver num toque com Nakajima (nessa, me parece que a culpa não foi de David). De qualquer forma, a freqüência com que Coulthard anda se envolvendo em confusões é curiosa.

Raikkonen deu provas concretas de que não merece ser tratado de igual para igual com Massa na Ferrari. Depois do modesto (para ser eufêmico) desempenho do finlandês hoje em Monza, não faz sentido uma equipe como a Ferrari continuar com o discurso da igualdade entre sua dupla de pilotos. Os que pensam que a escolha de um primeiro piloto é algo anti-esportivo, devem mudar de esporte favorito. É assim que a F-1 racionaliza suas ações, há algum tempo. Kimi, definitivamente, está deixando a desejar.

Eu não me lembro de ter visto um campeão em exercício tão apático como Raikkonen. Hoje em Monza, Kimi completou sua terceira corrida consecutiva fora da zona de pontuação, esteve totalmente sem ritmo na maior parte da corrida, só evoluindo quando o asfalto já secava, no fim da prova. No princípio, foi facilmente superado por Hamilton (que comprovou a tese de que tem mais capacidade para frear no último momento), e o 9º lugar acabou ficando de bom tamanho. Agora, o campeão começa a sentir a aproximação de Heidfeld na tabela de pontuação: Raikkonen estacionou nos 57, Kubica disparou, com 64, e Nick está se aproximando, já com 53 pontos. Se, nas próximas corridas, Kimi passar a desempenhar o papel de escudeiro, finalmente o óbvio passará a ser a verdade dentro da Ferrari.

Entre as coisas que a corrida deixou claro, está a superioridade de Massa na Ferrari em 2008, devolvendo com juros o fim da temporada passada, em que Felipe teve de abdicar da vitória diante de sua torcida, no Brasil.

Itália - Results & Coments [4]

Genial!

Sim, senhores. É esse o adjetivo: genial! Corrida cheia de opções, nervosa, indeterminada até pouco tempo antes do desfecho. Briga do campeonato embolada, tanto no de pilotos, quanto no de construtores, e a vitória histórica de um certo garoto. Esse GP Itália definiu muita coisa na atual Fórmula-1.


Volto já.

sábado, 13 de setembro de 2008

The Next

Sim, esse é um post muito pretencioso. Se você é um daqueles que não gosta de palpitaria, nem comece a ler.

Se num sábado qualquer, há uns 5 ou 6 anos atrás, você perguntasse a alguém quem é o pole para um grande prêmio qualquer, e esse alguém lhe respondesse que a posição de honra era de um carro da Minardi, certamente você não acreditaria. Pois o inacreditável resolveu dar as caras hoje, em Monza, para surpresa de todos.


Sebastian Vettel é o pole-position. A água que desabou sobre Monza tirou favoritos da disputa e trouxe à tona um dos pilotos mais promissores pilotos da novíssima geração de moleques que chegam à Fórmula-1. Vettel não tomou conhecimento de ninguém no Q3. Nem Kovalainen com sua McLaren voadora, nem Massa, com a toda-poderosa Ferrari, que corre em casa. E, curiosamente, Vettel defende uma equipe equipada com o motor Ferrari, a Toro Rosso, sucessora da Minardi na F-1.

Vettel deu mostras de seu talento em grande estilo. Claro, hoje foi apenas o treino classificatório, a corrida ainda é amanhã e muita coisa vai acontecer. Sim, mas o jovem alemão de 21 anos fez bonito hoje. Sua pole gerou uma infinidade de números e se tornou histórica: é o mais jovem piloto a conquistar a pole-position; é a 1ª pole de sua carreira e da Toro Rosso; é a 76ª vez que um alemão sai na frente em um gp de F-1; é a 1ª vez desde Schumacher, no distante GP França de 16 de julho de 2006, que um alemão crava a melhor volta numa classificação.

Pessoalmente, acho que Vettel é o principal piloto da geração que irá suceder Alonso, Raikkonen e CIA, daqui a uns anos. É rápido, tem talento, e apresenta um grande desempenho, mesmo com um carro mediano nas mãos. A chuva que caiu hoje em Monza fez germinar esse prodígio exuberante que é o jovem alemão. Muitos, como eu, já prestavam muita atenção em Vettel desde o GP Japão do ano passado, quando, também sob um severo temporal, o alemão fazia uma corrida para pensar em chegar ao pódio. Uma batida com Webber, porém, acabou com o sonho do menino, de então 20 anos.


Vettel parece ser a maior promessa alemã na F-1 desde Schumacher. Até mais promissor do que Nick Heidfeld, que era sensação nas categorias de base, mas nunca esteve entre os bam-bam-bam da F-1. É evidente que o alemãozinho está só engatinhando na F-1, e que sua carreira pode desandar, assim como a de Nick, que hoje enfrenta uma crise na BMW. Vettel também precisa ser “lapidado”, ganhar muita experiência e quilometragem até ser considerado um dos grandes da atualidade. O alemão já deve estar despertando olhares cobiçosos de equipes como a McLaren e a Ferrari, ávidas por atraírem bons pilotos à seu staff. Não à toa, Vettel será “promovido” em 2009. Da filial STR, o rapaz passará à matriz RBR. Com mais possibilidades e com um carro (teoricamente) melhor, espera-se, pelo menos, ver Sebastian no pódio em diversas ocasiões no ano que vem.

Itália - Results & Coments [3]

O novo emergente

O Q3 de Monza foi, até agora, o mais inusitado do ano. Uma BMW, uma Ferrari e uma McLaren fora, e nenhuma das três na pole-position. Sebastian Vettel e sua Toro Rosso surpreenderam o público.

Foi uma pole que dependeu muito da chuva, que caiu caprichosamente com mais intensidade após o giro de Vettel no Q2 e complicou a vida dos outros pilotos. O alemão se garantiu no Q3 e não fez feio. Pelo contrário, superou as eventuais desvantagens de sua Toro Rosso e sagrou-se pole, ignorando solenemente a McLaren de Heikki Kovalainen, que fez de tudo para roubar o 1º posto de Sebastian, em vão. O precoce talento alemão, contra todos os prognósticos, é o pole em Monza.
_

Kovalainen, o segundo, está em ótima posição para a longa corrida de amanhã, que promete tanta chuva quanto a classificação de hoje. As 53 voltas do gp de amanhã estarão sujeitas às circunstâncias que toda corrida molhada gera: Safety Car, erros dos adversários e até uma possível secagem da pista, que daria vantagem técnica à sua McLaren.

Webber e Bourdais, em boas posições, acabaram eclipisados pelo grande feito de Vettel. Webber por ser da equipe “matriz”, a RBR, e não conseguir uma posição melhor que a “filial”. Bourdais, por ser companheiro de Vettel e, mesmo numa excelente 4ª posição, estar levando um certo baile do companheiro e quase-xará. Até a sorte lhe nega um olhar mais efetivo: semana passada, em Spa, Bourdais tinha chances de ir ao pódio, mas a última volta maluca encerrou seu sonho repentinamente.

Rosberg em boa colocação com a Williams. O 5º lugar lhe dá boas expectativas para amanhã.

Trulli, que não acreditava no potencial da Toyota em Monza, larga em 7º. Seu companheiro Glock também está no Top-10 italiano: 9º colocado. Apenas Toyota e Toro Rosso levaram os dois carros ao Q3.

Felipe Massa, em 6º, larga, talvez, para assumir a liderança do campeonato. Porém, terá de se superar e de superar a desconfiança causada por seu recente desempenho na chuva. Em Silverstone, o brasileiro defendia a liderança do campeonato, e fez uma corrida para esquecer: 13º, último dos que completaram, duas voltas atrás do líder, Hamilton, Massa fez sua pior apresentação em 2008. Amanhã em Monza, o fantasma da Inglaterra terá de ser vencido e Felipe precisará mostrar, mais uma vez nessa temporada, que merece ser chamado de top driver.

Enfim, boas chances para todos, total indefinição e chance de uma zebra surgir e vencer em Monza. Expectativa de corrida emocionante, com os líderes do campeonato precisando ganhar posições em correr riscos. Corrida na chuva vira loteria e, amanhã, veremos que tem mais sorte.


01
Sebastian Vettel
Toro Rosso
01m37s555

02
Heikki Kovalainen
Mclaren-Mercedes
01m37s631

03
Mark Webber
Red Bull
01m38s117

04
Sebastien Bourdais
Toro Rosso
01m38s445

05
Nico Rosberg
Williams
01m38s767

06
Felipe Massa
Ferrari
01m38s894

07
Jarno Trulli
Toyota
01m39s152

08
Fernando Alonso
Renault
01m39s751

09
Timo Glock
Toyota
01m39s787

10
Nick Heidfeld
Bmw Sauber
01m39s906